Terceira parte de um projeto dirigido por Leonardo Fernández e realizado com material de arquivo, entrevistas com militantes anarquistas e música original. O documentário confronta o uso atual da palavra “libertário”.
Dezoito anos após a estreia do filme “Anarquistas 2 Filhos do Povo”, o documentarista de Mar del Plata Leonardo Fernández propõe com o filme “Libertarios” encerrar a história que já havia iniciado em 2003. Em seguida, lançou seu primeiro filme, “Anarquistas 1 Mártires e Vindicadores”, no qual mostrou a rica história do movimento anarquista na Espanha, na Argentina e em Mar del Plata, em torno da biblioteca Juventude Moderna e sempre ligado à Guerra Civil Espanhola.
A equipe do filme não é ingênua: Fernández e o editor Mauro Spadafore nos lembram que a origem do termo “libertário” não é propriedade dos partidos de direita, mas tem um contexto histórico e um conteúdo diferente do que é usado atualmente.
“É claro que não concordamos com a apropriação do termo por setores da direita e da ultradireita que buscam estabelecer o fascismo, a liberdade das corporações e a liberdade dos milionários”, disse Fernández, referindo-se ao uso desse conceito pelo candidato presidencial Javier Milei, líder do partido Libertad Avanza.
Nesse novo filme de uma hora e meia, que será lançado oficialmente em 7 de outubro, às 20h, na Biblioteca Juventude Moderna (Diagonal Pueyrredon 3324), Fernández resgata as histórias de dois famosos militantes anarquistas que lutaram na revolução anarquista na Espanha em 1936. São eles Eusebio Zotes e Felipe Bayo: o primeiro chegou a Mar del Plata na década de 1950 e trabalhou como construtor. O segundo também veio para Mar del Plata. Embora já tenham falecido, na época da entrevista eles estavam na casa dos 80 anos e eram “muito lúcidos” quando se tratava de testemunhar sobre suas experiências, eles são vistos e ouvidos como entusiastas e autocríticos sobre aspectos dessas antigas lutas.
Os dois primeiros filmes (estão no Youtube) têm roteiros do célebre escritor e jornalista Osvaldo Bayer, com quem Fernández trabalhou, e como a terceira parte sempre fez parte do projeto original, esse novo capítulo também o tem como co-roteirista.
Um documentário com momentos de guerra e uma forte presença da música (incluindo a participação dos músicos de Mar del Plata Neven-k, Raúl Islas e Jaco Simón, que compuseram a trilha sonora original), “Libertarios” começa fazendo um paralelo com o golpe de Estado de 1930 na Argentina e a situação na Espanha por volta de 1936, quando ocorreram os eventos revolucionários.
“Em 1930, o anarquismo estava desaparecendo no mundo, mas na Espanha foi a primeira vez que houve uma revolução anarquista em Barcelona. E o que foi muito interessante é que as entrevistas que fizemos puderam ser ilustradas com um material incrível”, disse o documentarista.
Ele obteve esse material histórico, que documenta o relato de cada entrevistado, do Archivo General de la Nación, de cinejornais da época e de material audiovisual gratuito encontrado em sites da Internet. “Foi incrível o cinema daquela época, algo muito popular, o cinema tinha muito a ver com propaganda e esse material agora está digitalizado. Assisti a cerca de quinhentas horas de vídeos”, disse ele.
Além de contar a história do grau de envolvimento na rebelião – Zotes era um artilheiro que lutou em Barcelona, fugiu pelos Pirineus quando a revolta foi reprimida e acabou em um campo de concentração nazista, e Bayo estava na linha de frente, mas desempenhou um papel mais teórico – o filme fala sobre a organização anarquista interna, o papel dos sindicatos, os vínculos com outras organizações e a luta contra o comunismo e o socialismo, outros movimentos de mudança na época.
“Em meus outros filmes, eu mergulhei em diferentes mitos e mitologias anarquistas, mas percebi que estava lidando com aspectos mais emocionais porque a revolução espanhola sempre me tocou. Mas em Libertarios há questões controversas dentro do anarquismo, por exemplo, como eles reagiram durante a militarização, ou o que aconteceu após os eventos de Barcelona em 1937, quando o comunismo assumiu o controle da guerra civil”, disse Fernández, que garantiu que transformará esse filme em três capítulos de meia hora e acrescentará uma faixa bônus, uma espécie de quarto capítulo com material inédito.
No seu entender, para ambos os entrevistados, o conceito de “libertário” significava “lutar por outro mundo, pela liberdade, pela justiça social e pela possibilidade de os oprimidos poderem participar da luta pelo poder”.
“O conceito libertário faz parte da ideologia anarquista, é uma liberdade que implica responsabilidade, há uma frase de Bakunin que diz que liberdade sem socialismo é privilégio e que socialismo sem liberdade é escravidão. Libertário é um conceito com raízes anarquistas e é um conceito que tem a ver com a libertação dos oprimidos, não é a liberdade das corporações ou de grandes grupos econômicos”, concluiu.
Tradução > Liberto
agência de notícias anarquistas-ana
Sobre o mar do Anil
Despedida de andorinhas —
O céu escurece.
Benedita Silva de Azevedo
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!