Este 20 de novembro, no 48º aniversário da morte do ditador, a Coordenadora Antifascista de Zaragoza e a Plataforma Uesca Antifascista foram para as ruas. Duas mobilizações que reuniram mil pessoas e que foram marcadas pelo anúncio do governo de Aragão -PP e Vox- de revogar a Lei de Memória Democrática aragonesa.
Pisando forte contra o fascismo. Com este lema, em Zaragoza cerca de mil pessoas, de todas as idades, respondiam à convocatória antifascista pelo 20N. Uma mobilização convocada pela Coordenadora Antifascista e a campanha pela Absolvição dos 6 de Zaragoza que percorreu o centro da capital aragonesa, desde a plaza España até o bairro da Madalena. Durante todo o percurso não se deixou de entoar cânticos como “Fora fascistas de nossos bairros” ou “Aqui estão as antifascistas” e lemas contra a repressão, o patriarcado e o capitalismo. Também se mostrou a solidariedade internacionalista com a resistência palestina, que sofre desde 7 de outubro passado uma brutal ofensiva do Estado de Israel, uma autêntica limpeza étnica.
“Frente ao discurso de ódio e a normalização do fascismo”, desde a Coordenadora chamaram a “confrontá-lo e construir uma sociedade onde o que não caiba seja o medo”. “Vivemos tempos onde o fascismo volta a tomar as ruas, onde já não se ocultam porque se sentem legitimados com os pactos onde a direita, mal chamada democrática, e a extrema direita pós franquista governam em dezenas de Prefeituras e comunidades autônomas. É o caso de Zaragoza e o governo de Aragão, onde inclusive dois declarados franquistas do Vox ocupam altos cargos, sem que o ‘democrata’ Jorge Azcón os destitua porque, ainda que não o digam abertamente, o franquismo está no DNA também do Partido Popular”, denunciaram na leitura do comunicado.
“O novo auge do fascismo, que nunca desapareceu por muito que o tentaram vender desde muitas posições, se produz como resposta à crise sistêmica do capitalismo, ante a possibilidade de que os que não tem nada que perder se levantem contra um sistema opressor da classe trabalhadora. Por isso, o fascismo reorienta a frustração e a raiva das pessoas, para qualquer inimigo visível que a canalize e a afaste dos que realmente exercem o poder e assim sustentar o sistema”, advertiram para assinalar que “o sistema, através de suas leis, reprime a quem não aceita sua normatividade, a quem decide enfrentar os poderosos”. “Em nosso país há milhares de pessoas com causas judiciais abertas. Ativistas feministas, sindicalistas, artistas, militantes antifascistas e antirracistas, defensoras do direito à moradia, defensoras da autodeterminação do povo catalão, migrantes, e em nossa cidade os 6 antifascistas de Zaragoza. Por isso exigimos uma anistia justa para todas elas e a revogação da Lei Mordaça”, destacaram.
Também deixaram claro que, “como sempre nos opusemos, não podemos permitir que sigam impondo o relato de que todas as ideologias devem ser toleradas. O fascismo não se discute, se combate. Porque não podemos aceitar como normal uma ideologia que se baseia no ódio ao diferente, que defende os interesses das classes dominantes perpetuando o capitalismo”. “Por isso – continuaram – denunciamos os discursos de ódio que assinalam culpados, que incitam à violência e que dizem defender uma democracia que só é legítima se governam eles, com chamados para abortá-lo ou derrubá-lo por qualquer meio. ‘O que possa fazer, que faça’ ou ‘até a última gota de sangue’. Discursos que falam de um país no qual cada vez cabemos menos gente, enfrentando-nos ao outro, e no qual se volte a normalizar o uso da violência como argumento político”. Ao grito unânime de “Não passarão” finalizaram a mobilização antifascista.
Que não pintem tudo de rosa. Fascismo nunca mais. Em Uesca 200 pessoas se concentraram na plaza Zaragoza com este lema, em uma mobilização convocada pela plataforma Uesca Antifaixista. Durante o ato foram lidos diversos comunicados, do Coletivo 28J LGTB e da CNT. “Hoje 20 de novembro, comemoramos a morte de um lutador. Tal dia como hoje morreu Buenaventura Durruti combatendo o fascismo e a reação”, começava o comunicado da plataforma convocante. “Também um 20 de novembro morreu o ditador fascista Francisco Franco em sua cama. 48 anos depois, o fascismo segue presente nas instituições, nas mais altas esferas da sociedade e nas ruas, abarrotadas dos filhos da ultradireita, com seus símbolos, saudações e cânticos criminosos. Enquanto isso, são centenas os casos de repressão contra movimentos sociais, sindicais e ecologistas”, acrescentaram.
Uesca Antifaixista denunciou que “o fascismo velho e reacionário se camufla entre o neoliberalismo mais selvagem. E vemos como em nossa cidade se manifesta mediante a deterioração do público e da precarização das condições das trabalhadoras municipais, a não cobertura de praças dos bombeiros, a biblioteca e, definitivamente, empregos públicos. Se manifesta quando se tampa a porta em uma moradia funcional enquanto se criminaliza a ocupação, se fecham centros sociais e se fomenta a especulação imobiliária. Se prefere investir em quarteis militares que em centros de saúde. Tudo isto enquanto os políticos de Uuesca aumentam seu soldo”. Frente a estes “abusos reacionários” puseram como exemplos as lutas da classe trabalhadora “da limpeza da Pirâmide, as de Litera Meet en Binefar, dos bombeiros florestais por todo Aragão, referências todos eles na defesa de seus direitos”.
“Hoje a extrema direita pretende apropriar-se da rua, mas as ruas são nossas, jamais as perdemos. A luta, as reivindicações e os avanços pertencem e pertencerão ao antifascismo”, defenderam. Também houve críticas aos meios de comunicação que “tentam branquear marchas fascistas mediante a equidistância”. “Nós gritamos que o fascismo não se discute, se combate. Esta corrente neoliberal e nacionalista busca arrasar a diversidade, negar a violência machista e criminalizar as pessoas migrantes”, continuaram para citar os casos da “Polônia, Hungria, Itália, Argentina ou Israel”.
Segundo Uesca Antifaixista, “as diversas caras do fascismo se expressam com a política do ódio, da uniformidade e do extermínio do adversário. Como o sionismo, cometendo genocídio na Palestina e outros massacres que seguem ignorados, a traição ao povo saharaui, ao Kurdistão ou as violações massivas em Tigray”. “Ali onde o ódio tente abrir caminho, aí nos encontraremos, enfrentando com solidariedade e apoio mútuo, com organização de moradores e sindical, com companheirismo e antifascismo”, frisaram para concluir afirmando: “As ruas são e serão sempre nossas”.
Fonte:https://arainfo.org/20n-antifascista-las-calles-son-y-seran-siempre-nuestras/
Tradução > Sol de Abril
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Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!