Nasce Redes Libertarias, coletivo que busca tecer redes de afinidades no movimento libertário com uma revista digital e um site web (redeslibertarias.com), assim como com a divulgação de outras muitas iniciativas
Somos um coletivo de afinidades que se baseia nas similitudes ideológicas entre nós, as pessoas que o compomos, desde o reconhecimento de nossas diferenças, levando em consideração e aceitando o temperamento, as diferentes formas de sensibilidade, os diferentes traços de caráter e as diferentes maneiras de nos integrarmos com as demais. A associação baseada na afinidade deve ser a arte de despertar em cada pessoa a capacidade de mobilizar recursos novos, positivos e portadores de liberdade e de vida.
Este coletivo, dotado de uma estrutura e funcionamento não hierárquico, acaba de ver a luz este ano de 2023 com o propósito e o desejo de analisar e refletir coletivamente sobre a realidade e a sociedade atual, sob uma perspectiva libertária e anarquista do mundo que habitamos, com o objetivo de avaliar o que está acontecendo, assim como propor e promover alternativas que abarquem desde o plano pessoal até o coletivo.
Esta análise e reflexão, queremos fazer com independentemente de nossa filiação, participação ou militância em movimentos sindicais, sociais e culturais, mas através de nossa experiência organizativa. Nessa confluência de interesses nos guia um princípio de simbiose: nascemos sabendo que, para crescer, teremos que nos apoiar em outras pessoas, em outros coletivos, gerando redes em contínua expansão, forjando alianças com quem compartilha um radical rechaço à dominação em todas as suas formas.
Não nos satisfaz em absoluto o sistema neoliberal e capitalista em que vivemos e optamos por confluir, compartilhar, ensinar e aprender juntos/as… nossas visões libertárias e anarquistas do que está acontecendo e contribuir com elementos de debate e desconstrução que se oponha radicalmente às mensagens de dominação, manipulação, doutrinamento e submissão com que nos bombardeia o sistema e a escassa capacidade de resposta.
No coração de nosso coletivo pulsa uma pergunta: Como pensamos esse mundo que habitamos? Nos conectamos com uma rica tradição filosófica que queremos submeter ao escrutínio e atualização. Fugimos da mera especulação teórica: o nosso pensamento quer estar em movimento impulsionado diretamente desde a prática.
Nos unem os ideais do apoio mútuo, o antiautoritarismo, a educação libertária, o assemblearismo, o antipoliticismo alheio à política partidária e eleitoralista, a ação direta frente às formas de representação política baseadas na delegação, no internacionalismo solidário frente aos nacionalismos excludentes, o feminismo frente ao patriarcado, o ecologismo social frente à destruição ambiental, e a liberdade e a igualdade frente à dominação autoritária, baseada no protagonismo dos que sofrem dominação e exploração em suas diferentes modalidades.
Todos estes ideais, junto a muitos outros que nos unem, representam os sinais de identidade dos anarquismos como uma sensibilidade política ampla que aspira a uma sociedade livre e igualitária.
Para veicular nossos propósitos, neste caminho que iniciamos, nos dotamos, junto a uma lista de correio, de duas ferramentas básicas autônomas e autogestionadas que tem por título o nome de nosso coletivo e que formulamos desde o mundo do pensamento e a cultura tendo em conta, também, os campos sociais, econômicos, políticos, ambientais, culturais, educativos, pessoais ou organizativos: uma revista digital e uma página web que acolhe a revista e que, também, permita a divulgação de outras muitas iniciativas, vídeos, podcast, etc…. tudo isso autofinanciado por nossas colaborações pessoais (em tempo e monetárias segundo nossas possibilidades) com objetivo de não depender de nada nem de ninguém, só de nossas ideias, ética, sentimentos e capacidades.
Pretendemos que, estas ferramentas, sejam não tanto um meio de expressão como de encontro, entre nós e com outras. As concebemos como um espaço para compartilhar e dialogar, fomentando, desde a cordialidade, a diversidade e a divergência de opiniões como condição necessária para o desenvolvimento de pensamentos livres e criativos. As esboçamos para que nelas possam caber múltiplas formas de expressão.
Em nosso imaginário sobre como plasmar essa reflexão, o pensamento e a cultura, em todas as suas formas de expressão, ocupam um lugar destacado. Abordamos nossa relação com o mundo desde a sensibilidade e o desfrute dos afetos e sua relação fugaz com as palavras. Sabemos que às vezes jogam com elas e que outras as evitam, e se albergam e transmitem em imagens e músicas. Reivindicamos a cultura não como uma ferramenta de liberação, mas como um espaço de gozo emancipador.
Nós, as pessoas que atualmente integramos este coletivo, não queremos ser um grupo fechado e tampouco está em nosso imaginário a homogeneidade do pensamento, mas a criatividade, a divergência, sempre desde a liberdade e a crítica.
Não nos representa um discurso único, fechado, definitivo, universal. Caminhamos por um caminho no qual se integram meios e fins, teoria e prática, vida e pensamento, no qual não existe a verdade absoluta, mas a busca pessoal e coletiva dela, compartilhando um compromisso ético e prefigurativo pessoal com o aqui e agora.
Redes Libertarias
Fonte: https://acracia.org/redes-libertarias-tejiendo-redes-de-afinidade-en-el-movimento-libertário/
Tradução > Sol de Abril
agência de notícias anarquistas-ana
Sempre perseguido
o grilo fica tranquilo
cantando escondido.
Luiz Bacellar
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!