Quem é Renato Canova?
Filho de Virgínia e Iedo, ambos trabalhadores no setor do comércio, já aposentados. Moro desde sempre em um município localizado na região oeste de São Paulo. Estudante de escola pública na década de 1990, sou cria deste combo que atravessa do lixo ao luxo (a minha rasa referência que tenho de luxo). Atuei por muitos anos na cena cultural da cidade onde moro como DJ de Jazz-Rap, além de rasurar alguns discos em algumas casas noturnas de São Paulo. Desde 2008, sou professor bacharel desempregado e, por muito tempo venho no corre fazendo bicos. Sou um trabalhador freela (nome técnico: precarizado), que os liberais em conserva chamam de empreendedor, microempresário (risos).
Como e quando conheceu o anarquismo?
Meu primeiro contato se deu quando eu ia visitar meus avós maternos, cuja casa se localizava em um bairro operário da cidade. Meu falecido avô materno Anchise (Anschizie) guardava jornais e livros anarquistas em um velho baú, que ficava em um biombo de madeira, junto às ferramentas que tinha. Ainda criança, com meus 10, 11 anos, ia escondido no biombo para brincar com as ferramentas, junto aos bonecos que tinha e, vez por outra, lia os velhos jornais e livros que ele guardava. Tudo isso sem ninguém saber. O tal biombo era um lugar proibido da casa, onde eu e meus primos não podíamos ir. Posso dizer que meu primeiro contato com o anarquismo se deu ainda em minha fase lúdica, pois nem sabia do que se tratava, e tentávamos ler aqueles nomes russos e alemães impronunciáveis, que eu e meus primos ríamos a cada tentativa e erro, dada a quantidade de consoantes. Aos 16 anos de idade e precocemente adotado pela cena hip-hop / punk, tive acesso aos primeiros zines, onde minha memória do que vi já no extinto biombo de meu avô veio à tona. A partir de então, participei dos extintos coletivos pela libertação de Mumia Abu-Jamal e Leonard Peltier, além de grupos de estudos de formação política de base.
Você se identifica mais especificamente com alguma corrente histórica do anarquismo?
Não tenho um autor(a) ou movimento político-histórico em especial. Como já trampava, de forma itinerante, por alguns sebos em São Paulo, tive a chance de acessar muita coisa ainda na adolescência, o que me fez tentar buscar por livros que pertenciam ao meu avô, que foram vendidos por minha família para alguns sebos. Assim foi meu primeiro contato, como a maioria de nós, caíram em minhas mãos: Proudhon, Bakunin, Kropotkin e Malatesta. Isso mudou após meu ingresso acidental na faculdade de sociologia e meus primeiros passos à sociologia da arte, quando me deparei com ‘anartistas’ pouquíssimos(as) ou nada conhecidos(as) por aqui. São artistas e autores(as) que, mesmo entre poucas enciclopédias de história da arte sérias, são reverenciados(as), mas dado de muitos(as) serem anarquistas, são apagados. Me refiro à cena, ou se preferir, ao movimento anti-arte Dada (Dadaísmo). Então, respondendo a sua pergunta: hoje, me identifico com meu trabalho de pesquisa quase vocacional que está em mergulhar no movimento cuja experiência destrutivo-criativa foi a mais radical da história e o anarquismo teve um papel vital em tais processos. Para possíveis interessados(as) que quiserem saber mais sobre, basta se encaminharem para o Instagram: @palentete.
>> Para ler a entrevista na íntegra, clique aqui:
agência de notícias anarquistas-ana
tarde de chuva
ninguém na rua
guarda a chuva
Alonso Alvarez
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!