Na última quinta-feira, na primeira reunião bipartite para tratar da redução da jornada de trabalho realizada entre os empregadores (CEOE e Cepyme) e os sindicatos representativos (UGT e CCOO) – os Quatro Magníficos – foi acordado que qualquer tipo de redução da jornada de trabalho a ser aplicada deve ser considerada em termos de uma redução da jornada de trabalho anual e não de uma redução da jornada de trabalho semanal, conforme anunciado pelo Ministro do Trabalho e Economia Social. Em outras palavras, o objetivo é que a semana de trabalho continue a ser de 40 horas e que a suposta redução da jornada de trabalho seja calculada como dias de férias e não como redução da jornada semanal.
Essa aplicação, se levada a cabo, atenta contra um dos princípios fundamentais da demanda histórica do sindicato pela redução da jornada de trabalho, o compartilhamento do trabalho (trabalhar menos para trabalhar todos), já que isso não geraria trabalho estável e somente geraria, no melhor dos casos, emprego precário/temporário para cobrir os supostos dias gerados por essa redução da jornada de trabalho anual.
Faria todo o sentido que a CEOE e a Cepyme propusessem isso, pois elas seriam as principais beneficiárias, já que não veriam nenhuma mudança na jornada de trabalho semanal dos trabalhadores e só teriam que se preocupar em cobrir (se o fizessem) os poucos dias de folga que seriam gerados pela redução da jornada de trabalho no cômputo anual (o governo pretende torná-la 37,5 horas semanais a partir de 2025).
Mas, por outro lado, o fato de isso estar sendo apresentado pela CCOO e pela UGT, ou seja, por aqueles que deveriam representar os trabalhadores nessas negociações e que deveriam defender seus direitos, é, para dizer o mínimo, e para colocar de uma forma mais comum, uma coisa pequena. Se a proposta do governo de reduzir a semana de trabalho para apenas 37,5 horas semanais já parece completamente insuficiente, o fato de a CCOO e a UGT quererem que essa redução seja aplicada de forma pouco benéfica para a classe trabalhadora, usando como desculpa “a diminuição da produtividade das empresas e que dificultaria suas condições de produção, tornando-as muito menos competitivas” é algo que confirma o quanto os líderes sindicais da CCOO e da UGT estão distantes das condições de trabalho existentes nas empresas da Espanha.
O primeiro e mais importante é recuperar nossa vida, aquela vida que nos foi tirada durante as últimas décadas para produzir sem consideração e gerar lucros milionários para poucos, mas também para que nós, trabalhadores, possamos ter mais tempo para nós mesmos, conciliar melhor nossa vida pessoal e familiar, enfim, mais tempo para nos dedicarmos ao que queremos e não apenas para fazer parte da máquina produtiva, pois essa luta não é apenas para recuperar direitos, essa luta é principalmente para recuperar nossas vidas tornando-as mais sustentáveis e longe do consumismo capitalista.
A redução da jornada de trabalho que deve ser aplicada deve ser a mais benéfica para os trabalhadores, dependendo de cada acordo e da forma como é feito o cálculo das horas trabalhadas, mas sempre com foco na redução da jornada de trabalho semanal para ganhar qualidade de vida.
Fonte: https://cgt.org.es/los-cuatro-magnificos/
Tradução > Liberto
agência de notícias anarquistas-ana
fim de tarde
depois do trovão
o silêncio é maior
Alice Ruiz
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!