Union Communiste Libertaire
De 30 de Novembro a 12 de Dezembro de 2023 se celebrou em Dubai a 28ª Conferência das Partes (COP28). Duas semanas de debates que, como era de se esperar, não resultaram em nada de interessante ou assertivo na hora de se oferecer soluções concretas aos problemas climáticos causados pelas atividades industriais. Para lutar contra o aquecimento global, a única solução possível é abandonar o capitalismo.
A cada ano, com a mudança climática, se alcançam novos recordes: recordes do ano mais quente jamais registrado, recorde de emissões de CO2, recorde de temperaturas alcançadas… Hoje em dia, são milhões de pessoas que sofrem seus efeitos e esse número seguirá crescendo à medida que o impacto se estende por toda Terra. O IPCC aponta que cada aumento de 0,1°C na temperatura provoca a morte de ao menos 100 milhões de pessoas.
O aumento do calor faz com que as condições de vida e de trabalho sejam insustentáveis e é uma das fontes de insegurança alimentar e do aumento da frequência de fenômenos meteorológicos extremos e mortais, assim como a propagação acelerada de doenças. Frente a isso, os governos celebram a COP vez após outra, afirmando que buscam acordos para limitar o desastre ecológico. Mais uma vez mais, a COP28 se mostrou incapaz de propor soluções reais e se dobrou e se alinhou com as demandas dos combustíveis fósseis.
COP 28, a serviço dos combustíveis fósseis
Desde a eleição do sultão Al Jaber como presidente da COP28, diretor-geral do grupo do petróleo emiradense DNOC e ministro da Indústria, ficou nítida a falta de interesse demonstrada à saída do uso de combustíveis fósseis. Especialmente, quando vemos as posições tomadas. De fato, segundo ele, não há evidências científicas que paramos de usar combustíveis fósseis ajudaria a limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C e que sem combustíveis fósseis voltaríamos a era dos “homens das cavernas”[1]. Estas são as posições que saíram vitoriosas já que, no documento do encontro final, não há nada sobre eliminar os combustíveis fósseis, mas apenas reduzi-los e limitar as perfurações.
É somente um pequeno passo, nada ambicioso nem atrativo, e de fato é o resultado da pressão dos países produtores de petróleo nas negociações para que não tenham os combustíveis fósseis como pauta central [2]. Para não ofender a indústria do petróleo, as soluções previstas se concentram em inovações tecnológicas que ainda não existem… O capitalismo verde tem um futuro brilhante adiante: dois dias depois da COP28, Total Énergies anunciou que firmaria um novo contrato de extração no Suriname para desenvolver um projeto que produza 200.000 barris por dia [3].
A urgência de um novo modelo de sociedade
Em essência, o capitalismo e a ecologia não trabalham juntos, a prova é esta COP que reuniu a maioria dos lobbystas dos combustíveis fósseis (seis representantes da Total Enérgie credenciados pela França!). O capitalismo é a concentração de recursos por parte de uma minoria privilegiada, que sempre busca acumular mais para enriquecer ainda mais diante o estabelecimento de atividades industriais nocivas para o meio ambiente.
É vital difundir massivamente um projeto de sociedade anticapitalista onde não seja esta minoria que dite a forma em que se estabelecem as atividades econômicas, agrícolas e energéticas, mas sim as pessoas que vivem e trabalham nestas terras. Estarão em melhores condições de gerenciar os recursos para satisfazer as necessidades da sociedade. A luta pela preservação do meio ambiente também é internacionalista! Nos solidarizamos com as pessoas que sofrem com o desmatamento e a monopolização dos recursos para o lucro das empresas ocidentais, como o projeto Total em Uganda, denunciado por inúmeras associações como a Human Rights Watch.
Elsa (UCL Grenoble)
[1] Carrington, Damian y Stockton, Ben, “O presidente da COP28 diz que ‘não há ciência por trás das demandas de eliminação gradual dos combustíveis fósseis”, The Guardian, 3 de dezembro de 2023.
[2] O secretário geral da OPEP pediu a seus membros para não firmarem documentos relacionados a combustíveis fósseis, como recorda Mickaël Correia, “COP28: um acordo curto para a emergência climática”, Mediapart, 13 de dezembro de 2023.
[3] “Crises climática: TotalEnergies assina uma nova permissão de exploração no Suriname, dois dias depois do final da COP28”, France Info, 16 de dezembro de 2023.
Tradução > 1984
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