[Por um mundo sem Estados nem fronteiras]
Introdução
Desde a queda da União Soviética e o fim da Guerra Fria, o mundo está agora em uma fase multipolar. O discurso que nos foi vendido de que, em um mundo globalizado, as tensões e guerras internacionais diminuiriam, é uma mentira. Atualmente, os conflitos armados são uma constante na Europa e no resto do mundo. Além disso, muitos conflitos ainda são consequência do colonialismo europeu, e muitos outros do “neocolonialismo” que surgiu como resultado dos processos de descolonização.
O motor da guerra: a indústria militar
A guerra é prejudicial em todos os sentidos: para a população, forçada a virar bucha de canhão, para a sociedade como um todo e para o ecossistema. Mas nunca para aqueles que vivem da indústria da morte e se beneficiam dela.
Nos últimos anos temos visto como a indústria de armas está no seu auge, aumentando seus lucros e disparando nas bolsas de valores. Os principais beneficiários são os empresários do setor, os bancos que o financiam e os investidores que o promovem. Tudo isso no calor dos preceitos da OTAN, que exige que os Estados invistam 2% de seu PIB em gastos militares. É por isso que, na Espanha, o investimento em gastos militares aumentou para 1,3%. Embora ainda esteja longe das exigências da OTAN, esse valor chega a 13,4 bilhões de euros.
A Espanha está no “top 10” de vendas e suprimentos de armas, chegando a 594 milhões de dólares em 2021, com países em conflitos armados, como Arábia Saudita e Israel, entre seus clientes.
O discurso bélico dos poderes políticos
Os poderes políticos nos preparam, por meio de discursos bélicos, para aceitar as mudanças econômicas que resultarão do aumento do investimento na indústria militar. Isso prejudicará o “estado de bem-estar social” por meio de cortes orçamentários e do desmantelamento do mesmo, o que é claramente contraproducente para a classe trabalhadora.
Já durante a pandemia do “coronavírus”, tornou-se normal que os militares aparecessem na televisão e em outros espaços públicos com uma retórica nacionalista e belicista. O autoritarismo, o abuso de poder pela polícia e o exercício do controle social também foram normalizados. O Estado continua legalmente armado por meio da “lei da mordaça” (Lei Orgânica 4/2015, de 30 de março, de proteção da segurança dos cidadãos) para exercer repressão contra a ação política de indivíduos e grupos de trabalhadores.
Hoje em dia, altos funcionários da UE, como Josep Borrell ou Ursula von der Leyen, apresentam em seus discursos questões como exportação de armas, economia de guerra ou crescimento do investimento militar. O governo francês, por meio de seu primeiro-ministro ou ministro da Defesa, fala abertamente de uma “economia pré-guerra”, do envio de tropas militares ou do “derrotismo”. Países como a Polônia ou a Turquia usam argumentos semelhantes quando começam a materializar o discurso belicista, abolindo o tratado internacional europeu que limita as forças militares na Europa.
Os anarquistas contra a guerra
Nossa posição política como anarquistas é contra a guerra e a fragmentação da sociedade por ódios nacionais, étnicos e identitários, exacerbados pelas economias globalizadas. Em um mundo multipolar em que os interesses geopolíticos e a economia capitalista giram em torno da guerra, da morte e da destruição para obter recursos e mercados, é mais do que necessário que nós como anarquistas divulguemos nossas posições políticas contra a guerra entre a classe trabalhadora da Europa e o mundo. Não apenas como um meio de aumentar a conscientização, mas para que os trabalhadores usem os meios à nossa disposição: boicote, greve ou sabotagem, para impedir o máximo possível a máquina belicista para a qual os poderes políticos e a economia capitalista estão nos empurrando.
Contra a ordem militarista baseada na dominação, exploração, medo e opressão, defendemos a desmilitarização e a dissolução dos exércitos. Acreditamos na prática da solidariedade e do apoio mútuo entre todos os trabalhadores e em sua independência política de partidos e instituições parlamentares.
Nem guerra entre povos, nem paz entre classes.
Pela anarquia.
Grupo Tierra
Federação Anarquista Ibérica (FAI)
federacionanarquistaiberica.wordpress.com
Tradução > anaracademia
agência de notícias anarquistas-ana
sob o último sol,
ave beija a face do lago;
o espelho trêmulo se arrepia.
Alaor Chaves
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!