Encontramo-nos e rápido nos reconhecemos. Em nosso olhar tristeza e frustração pela incerteza que se mesclava com uma esperança irredutível. Encontramo-nos, após gloriosas derrotas e alguma tenebrosa vitória, e rápido nos reconhecemos. Chegamos órfãos e desarmados, atolados em uma espessa nostalgia. O gosto ruim na boca compartilhado nos uniu até converter-se em um lema: “Contra a derrota. Contra todo derrotismo”. Mas isso não era suficiente.
Combater a derrota começou por nos unir. Com os bolsos cheios de pedras, insignes derrotas e alguma terrível vitória, que não poderiam seguir sendo lastro, mas projéteis, tem que ser a munição de nossos combates seguintes contra a ordem estabelecida, contra a derrota. Buscamos nos contemplar plenamente, acompanhados de nossos medos comuns, e na cumplicidade da ação e das ideias. Unir-nos foi o primeiro passo, logo tratou-se de construir em torno à experiência das lutas passadas.
Unir-nos para combater a desagregação e o desarme de uma classe trabalhadora mais numerosa, precarizada, diversa e feminizada que em nenhum outro período da história. Unir-nos para unir o que querem separado. Unir-nos para reconhecer-nos, para acender a chispa que nos permita conhecer o que nos rodeia. Unidas sem negar as diferenças, sem pretender a uniformidade. Detectando os privilégios, toda forma de domínio, para combater a exploração.
Unidas e organizadas. Rearmados contra desvios e saídas falsas. Fazendo nossa a responsabilidade de vencer as indiferenças com solidariedade, apoio mútuo, consciência e ação direta. Auto-organizadas para tomar a rédea de nossas vidas e nosso futuro antes que se arruíne sob os interesses de uns quantos e muitos cúmplices. Este sistema criminoso não se pode reformar, só cabe destruí-lo. Quem diga o contrário se equivoca e nos leva à derrota.
Organizadas para não engolir mentiras que nos animam a lutar entre nós. Nossa classe transpassa suas fronteiras. A guerra sempre deve ser contra os de cima e nunca entre nós. Alertados de que pretendem que assumamos seus interesses como próprios, como nossos, quando seus interesses jamais serão os nossos. Lutar entre nós é uma derrota. Fazer a guerra a suas guerras é o começo para alcançar a vitória.
Sua ganância é infinita, voraz, é insustentável. Nossos corpos, nosso mundo, nossas mentes, não podem sustentá-lo sem quebrar. Unidas e organizadas, armadas de experiência e focadas na superação de sua avareza. Sem permitir que estendam suas garras sobre outros povos, em outras latitudes. Com solidariedade internacionalista e de classe. Contra toda campanha imperialista que quer nos calar e nos apaziguar sangrando mais além de nossos muros.
Muros levantados para tentar frear o desespero que eles mesmos geram. Muros com farpas, câmeras e guardas que rasgam uma pele e uma carne que também é a nossa. Arames farpados, valas e fronteiras. Mecanismos para conter a luta. Juízes, policiais, burocratas e líderes carismáticos. Mecanismo para desviar a força que gera nossa união, nossa organização e nosso propósito emancipador.
Fomos, somos e seremos combativos, estaremos na retaguarda ou na linha de frente, com serenidade e entusiasmo quando se necessite, mas só alcançaremos esse objetivo unidas e organizadas. Jamais renunciaremos a essa vitória, porque será a conquista mais bela da Humanidade.
Assinado por:
Embat – Batzac – FEL – Liza – Regeneración
Tradução > Sol de Abril
agência de notícias anarquistas-ana
sinto um agudo frio:
no embarcadouro ainda resta
um filete de lua
Buson
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!