Através de um vídeo de propaganda no YouTube publicado pela mídia estatal, pudemos saber que anarquistas do grupo “Black Nightingales” [“Rouxinóis Negros”, em tradução livre] foram detidos na Bielorrússia há vários meses. De acordo com a versão do regime, eles estavam planejando atacar a infraestrutura estatal e sabotar o apoio aos militares russos na Bielorrússia. A lista dos membros do grupo inclui Maria Misyuk, Trofim Barysau, Sergey Zhigalyou, Dmitry Zahoroshko, Anastasia Klimenka e Aleksandra Pulinovich. Com base na atitude do regime bielorrusso em relação aos anarquistas, acreditamos que qualquer testemunho tenha sido obtido sob tortura até que se saiba o contrário.
O regime de Lukashenko frequentemente divulga histórias épicas sobre seus oponentes políticos, nas quais ele conta sua própria versão da história. E não importa quanta verdade haja nessas histórias – é importante transmitir o clima de ameaça constante representado pela Ucrânia e pelo “Ocidente” em geral. Não é à toa que o próprio filme enfatiza tanto o fato de Maria Misyuk ter cidadania ucraniana. Nos últimos 30 anos ouvimos a mesma coisa: “inimigos, inimigos em toda parte”. Por um lado, pode-se dizer que ninguém na Bielorrússia acredita mais nesse absurdo, mas a realidade é mais complicada e uma parte da sociedade continua a consumir a propaganda do Estado bielorrusso misturada com a loucura transmitida pelo “mundo russo”.
Por outro lado, podemos dizer com segurança que, apesar de todas as tentativas de esmagar o movimento anarquista da parte da GUBOP/KGB em 2020 e de outras estruturas punitivas, os anarquistas ainda existem na Bielorrússia. As ideias de libertação do autoritarismo e de criação de uma sociedade com base na solidariedade e na cooperação continuam a animar as mentes dos bielorrussos que estão prontos para resistir à ditadura de Lukashenko. As tentativas de tornar os ativistas do grupo “Black Nightingales” apenas “crianças” que não sabiam o que estavam fazendo são ridículas. No país onde em 30 de abril de 2024 pelo menos 153 pessoas com 22 anos ou menos estão presas por motivos políticos, vemos que os jovens não são apenas “recrutas da revolução”, mas grandes participantes da luta contra a ditadura. E os órgãos de punição sabem disso muito bem. Caso contrário, o vídeo sobre a necessidade de combater a radicalização dos jovens não teria aparecido na mídia estatal.
Hoje é difícil julgar exatamente o que aconteceu e as repressões contra o grupo, mas já podemos dizer que, por sua coragem de resistir politicamente ao regime de Lukashenko em uma sociedade constantemente aterrorizada pelo Estado, os ativistas merecem profundo respeito e solidariedade não apenas do movimento anarquista, mas também de toda a diáspora bielorrussa. Por meio de sua luta, eles estão abrindo caminho para um futuro livre de ditadores, fascismo e guerra.
Tradução > anarcademia
agência de notícias anarquistas-ana
na cama de nuvens
o sol espreguiça-se
oblongo
Eugénia Tabosa
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!