Olá!
Com o processo de compra da Disgraça em andamento – dos quais já arrecadámos 6.555€ em crowdfunding, 4.000€ no Smash the Estate Fest no mês passado, bem como alguns empréstimos de companheires – permitimo-nos alguma nostalgia e decidimos relembrar os primeiros passos do centro social.
Tudo começou no 11 de Setembro de 2015. No topo de umas das colinas de Lisboa, abriram-se as portas da Disgraça. Das paredes brancas e insípidas, das salas vazias e de eco enfezado, e da multitude das vontades que convergiram para aquele lugar, desabrochou este projeto irrequieto. Paredes caíram, paredes subiram, paredes rabiscaram-se. E como se de uma nascente de insubordinação se tratasse, vinda das profundezas do subsolo da cidade, materializámos, sala por sala, o potencial comunitário de cada uma. Movides por sonhos, vontades e necessidades comuns, construiu-se uma cantina e sala de convívio, uma biblioteca, uma sala de concertos D.I.Y., uma oficina onde impera o caos, uma sala de ensaios e uma de serigrafia, um ginásio (o lugar mais arrumado da casa), a loja livre Desumana, e, da memória de uma montra vazia, fez-se uma acolhedora livraria anarquista – a Tortuga.
Porém, o trabalho de arrecadação de fundos, construção de afinidades e exercício do imaginário coletivo começou alguns meses antes, em momentos e espaços espalhados pela zona metropolitana da cidade, onde váries companheires se reuniram, muites pela primeira vez, motivades pela seguinte chamada:
“Estamos aborrecidos.
Fartos da cíclica e entediante procura por um espaço de expressão livre. Livre das expectativas de gestores de espaços “coolturais” presos a métodos enraizados no medo da dissonância e distorção humana. Livre das pressões económicas dos profissionais da cultura. Livre daqueles para os quais a criatividade gratuita ou a baixo preço não parece uma boa premissa e que querem a todo o custo taxá-la, regularizá-la, limitá-la e obter lucro a partir dela. Vai sempre existir uma licença em falta, uma lei inventada, uma queixa falsa ou qualquer outra coisa com vista a impedir e complicar algo tão simples como 3 acordes.
Não queremos ser castrados nem esterilizados.
Queremos motivar e ser motivados.
Queremos abrir um espaço que seja um laboratório de expressão individual, onde qualquer um possa realizar os seus projectos e ideias de maneira espontânea e incondicionada. Um espaço que estimule o espírito DIY e de autoprodução.
Queremos espaço para a música percorrer um caminho mais curto entre os executantes e o público.
Queremos providenciar ferramentas para a emancipação individual e colectiva através de espaço para o corpo, a mente e habilidades, assim como para a canalização da frustração e da raiva.
Não nos vamos deixar subjugar por quem claramente não quer que certas ideias sejam difundidas, que certos eventos sejam realizados, ou que certas verdades sejam berradas.
Por isso criámos um colectivo para auto-gestionar um espaço arrendado no centro de Lixoboa. Uma sala de espetáculos, um estúdio, uma infoshop, um espaço para actividades físicas, serigrafia, workshops vários e tudo o que a imaginação e as oportunidades nos permitirem. Um lugar para construir, destruir e reconstruir.
Para que esta ideia se torne realidade, planeámos uma série de eventos benefit que contribuirão para a primeira renda e despesas iniciais inerentes à abertura do espaço.
Até lá se não antes.
Disgraça.
15/03/2015″
Para acabar, aqui vai uma data de materiais que podem usar para nos ajudar a divulgar o crowdfunding:
Fanzine em 6 línguas diferentes:
https://cloud.coletivos.org/s/s2Nwr3WyfB4dj94
Poster em várias línguas e formatos:
https://cloud.coletivos.org/s/PoX4WkAFiBNdgwr
Slides quadrados (instagram, etc)
https://cloud.coletivos.org/s/REzyQkrpZREbaKQ
>> Apoie aqui (crowdfunding):
https://www.gofundme.com/f/disgraca
agência de notícias anarquistas-ana
Horizonte rubro
Ave branca atravessando
O branco do luar.
Zuleika dos Reis
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!