Um informe municipal assegura que a Prefeitura de Madrid não encontra “nenhum local adequado” em Chamberí, seu bairro de nascimento, para a que se converteu na primeira ministra na história da Espanha, a quem foi acordado homenagear com um busto na edição de Orçamento Participativo de 2021.
Por Diego Casado | 30/05/2024
Nem nos Jardins de Concha Méndez, nem no Parque Santander, nem no de Enrique Herreros nem em nenhuma parte dos 4,68 quilômetros quadrados que abrange o distrito de Chamberí. A Prefeitura de Madrid não encontra nenhum lugar “ideal” para dedicar um busto à primeira ministra na história da Espanha, Federica Montseny, segundo um informe a que teve acesso este jornal e que se debaterá esta quinta-feira na Comissão de Qualidade da Paisagem Urbana.
A homenagem em forma de estátua foi aprovada pela própria Prefeitura em 2021 através da edição de Orçamento Participativo desse ano no distrito de Chamberí, onde nasceu Montseny em 1905. A proposta foi eleita ao ser a quinta mais votada pelos cidadãos desta zona central de Madrid e para sua fabricação e colocação se orçou a quantia de 18.000 euros.
Mas dois anos depois de conhecer os resultados desta votação popular, a equipe de Almeida resiste a colocar o monumento, segundo os documentos aos quais teve acesso Somos Chamberí. Em um informe prévio à Comissão de Qualidade da Paisagem Urbana, o conselho assegura que sua colocação é “inviável” porque descarta as localizações propostas pelo autor da ideia e a Junta de Chamberí manifesta que “não foi possível a localização de nenhum lugar que se considere ideal para sua colocação”.
Concretamente, a Prefeitura assegura que o busto não pode ir ao Jardim de Concha Méndez, na Rua Bretón de los Herreros “porque é dedicado a outra pessoa reconhecida da vida madrilenha” e “não resulta apropriado”. Tampouco pode situar-se no Parque Enrique Herreros por idêntico motivo. E nos parques Santander e do Canal se descartou por ser “propriedade da Comunidade de Madrid”. Assim que o grupo de trabalho de monumentos “considera inviável a solicitação”.
Nascida na Rua Cristóbal Bordiú, Federica Montseny (1905-1994) foi uma importante escritora e política espanhola, defensora do anarquismo. Em 1936, durante o governo de Largo Caballero na Segunda República, se converteu na primeira ministra do país ao assumir a pasta da Saúde e Assistência Social. Em seu breve mandato (até 1937) impulsionou pela primeira vez a descriminalização do aborto, cujo projeto de Lei não chegou a se aprovar ainda que sim na Catalunha através da Generalitat até as doze primeiras semanas de gestação.
Obrigada ao exílio depois da vitória franquista na Guerra Civil e a posterior ditadura, Montseny fixou sua residência em Toulouse, onde seguiu militando na CNT, a organização na qual estava filiada. Regressou à Espanha após a morte de Franco e continuou ministrando conferências e comícios até 1985.
Local para as estátuas militares
Mas Madrid lamenta que a Prefeitura não encontre espaço para este monumento. “É um veto a tudo o que Federica representa: as liberdades, os direitos das mulheres e a própria democracia”, denuncia sua conselheira Cuca Sánchez.
A edil acusa ao PP de “sectarismo ideológico” e assegura que “já alcançou os níveis de seus sócios do Vox”. Sánchez recorda: “Após demolir a marteladas a memória das vítimas da repressão da ditadura e do que foi primeiro ministro Largo Caballero, após levantar homenagens ao colonialismo da Legión, os tercios de Flandres ou os últimos de Filipinas, agora veta uma proposta cidadã aprovada nos orçamentos participativos de 2021”.
Almeida chegou à alcaldia em 2019 com a promessa de colocar uma estátua em Chamberí dedicada a Los últimos de Filipinas. Neste caso a Prefeitura encontrou local rapidamente: junto à Rua Alberto Aguilera, em um extremo da praça del Conde de Valle de Suchil, outro espaço do distrito dedicado à memória de uma pessoa que neste caso não foi um impedimento para receber o novo pedestal.
Muito perto desse mesmo lugar o alcaide permitiu a colocação de outra homenagem em forma de escultura: uma cabine vermelha em memória a Antonio Mercero, a pouca distância do lugar de rodagem de seu famoso filme.
Mais polêmica resultou a inauguração do monumento à Legión junto ao Passeio de la Castellana, outra estátua militar à qual o Governo de Almeida buscou uma localização em menos tempo do que está empregando para o busto da primeira mulher espanhola a dirigir um ministério.
Tradução > Sol de Abril
Conteúdo relacionado:
agência de notícias anarquistas-ana
O gato no cio
mia e remia
canta ao desafio
Eugénia Tabosa
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!