Com a FRAP (Front Révolutionnaire Anti Patriarcal – Frente Revolucionária Antipatriarcal), queríamos ver coisas grandes este ano com o Mês do Orgulho. Elaboramos um programa político e cultural de workshops, cursos de treinamento e outros eventos (incluindo uma grande festa na noite do Orgulho de Rennes) durante todo o mês de junho. Ele se chama Radicalisons Juin! [Vamos Radicalizar Junho!]
Nosso coletivo feminino não misto e TransPédéGouines vem trabalhando em questões LGBTI+ há três anos. Nossos métodos são os seguintes: tornar as questões LGBTI+ visíveis nas lutas de Rennes, trabalhar em rede com outros coletivos e tomar a ofensiva contra as instituições que nos oprimem.
Temos um projeto revolucionário e uma crítica radical ao patriarcado e a todos os sistemas de opressão e dominação.
Diante da fragilidade ideológica das demandas feitas por nossas comunidades; diante das ameaças fascistas e reacionárias que nos ameaçam; diante da recuperação neoliberal e da individualização de nossas lutas: nasceu o desejo de repolitizar o Mês do Orgulho.
Não nos importamos com o respeito às nossas identidades. Não vamos nos contentar com um marketing extravagante ou com “mais tolerância”. E muito menos nos contentaremos em aparecer ao lado de um Macron que está se mostrando favorável à extrema direita.
Esse pinkwashing humilhante só pode satisfazer os membros mais burgueses e brancos de nossas comunidades. Ele condiciona o imaginário de um LGBTI+ que é adequado e compatível com o capitalismo, em oposição ao LGBTI+ que é perigoso, provocador e misterioso. Esse pinkwashing é, em última análise, cúmplice das estruturas de dominação nas quais esse imaginário se baseia.
O projeto de lei transfóbico aprovado pelo Senado no final de maio é um ataque muito violento aos poucos direitos conquistados pela comunidade trans nos últimos anos. Ele deve ser visto no contexto de outras leis que mantiveram e manterão muitas pessoas na pobreza: a reforma da previdência, a lei de imigração e o próximo orçamento da seguridade social, que ameaça cortar os cuidados gratuitos de longo prazo. Esse é um ataque sem precedentes às pessoas com deficiência. É também um ataque ao reembolso dos cuidados relacionados às nossas transições.
Estamos reivindicando condições de vida dignas para todos. Rejeitamos a instrumentalização de comunidades estigmatizadas umas contra as outras. Estamos revoltados com o uso de nossas vidas e experiências queer para legitimar políticas racistas e coloniais. Sentimo-nos insultados quando gays de direita atuam como apoiadores progressistas das políticas mais islamofóbicas. Sentimos vergonha quando um soldado da IDF [Forças de Defesa de Israel] agita nossa bandeira sobre as ruínas do genocídio do povo palestino.
O neoliberalismo perdeu o fôlego e está aumentando sua brutalidade e seu autoritarismo para se manter. Isso dá credibilidade à extrema direita, que se alimenta do colapso social e da erosão da solidariedade. Pior ainda, acaba se fundindo ideologicamente com ela. Na França, na Europa, desde a Itália de Meloni até a Hungria de Orban, no mundo, desde a Argentina de Milei até o provável retorno de Trump ao poder, a ascensão do fascismo deve nos acordar, nos alertar, nos revoltar.
É por isso que precisamos de uma repolitização global das lutas do TPG [TransPdGouines], para que não nos concentremos apenas nas demandas liberais e comunitárias. Como também somos marginalizados, precários, alienados, profissionais do sexo, racializados e brancos, fazemos parte de uma perspectiva revolucionária: somente a abolição dos sistemas de dominação pode nos garantir uma existência digna, livre e feliz.
Em junho, realizaremos workshops e eventos sobre temas anticapitalistas, antifascistas, antirracistas, anticarcerários e contra tudo, porque queremos desintegrar essa sociedade, não nos integrar a ela. Também estamos convidando você a se juntar a nós em uma passeata radical na Pride em 15 de junho e, depois, para festejar longe dos espaços aceitos e superfaturados. Em resumo, a mensagem é clara: Repolitizar junho!
Fonte: https://expansive.info/Mois-des-fiertes-Radicalisons-Juin-4623
agência de notícias anarquistas-ana
greta no muro –
dois olhos ao fundo,
lá no escuro
Carlos Seabra
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!