[Espanha] O processo eleitoral no centenário de Kafka

Não há necessidade de fazer campanha pela abstenção. A abstenção eleitoral é sua própria campanha. E para que fique registrado, nós, anarquistas, não demos um pio. Não podemos ser acusados de nada. Somos inocentes. Aproximadamente 51% de abstencionistas nas eleições europeias, com um avanço da direita e da ultradireita na União Europeia. E a esquerda está no fundo do poço, consumida por suas próprias contradições. Menciono, por exemplo, que ela enche o saco o tempo inteiro sobre unidade, e se fragmenta sempre que pode.

E eles fazem isso por causa das posições, das listas e das pequenas postagens? Aqui vai uma ideia, olha só. Não é a mesma coisa prosperar no PSOE do que em seu próprio cercadinho, mesmo que seja um pequeno. Ocorreu-me que poderia ser isso. Por outro lado, eles dizem que a União Europeia não tem valor, dando assim asas ao euroceticismo de extrema direita. E dizem que a União Europeia é cúmplice do massacre na Palestina, quando acontece que suspiram por um cargo em Bruxelas. Não sei, tudo isso me parece muito estranho. Eu poderia procurar um monte de bobagens, mas… Qual é o objetivo? As pessoas, cinquenta e poucos por cento do eleitorado, percebem por si mesmas que seu voto é, na realidade, irrelevante.

Não falta quem diga que é a abstenção a culpada pelo avanço dos extremistas… Porra, quando Hitler ganhou as eleições na Alemanha, com dezessete milhões de votos, 89% do eleitorado votou. Em outras palavras, os que não votaram foram os doentes, os inválidos, os marinheiros, os que estavam viajando e os pastores nas montanhas, e o NSDAP ganhou. O que isso prova? Que os extremistas, fascistas e reacionários não vencem porque há muita abstenção. Eles vencem porque muitas pessoas votam neles. Para evitar isso, tudo o que a esquerda eleitoral precisa fazer é fazer com que as pessoas votem nela em vez de votar no nacionalismo. Muito simples.

E quanto aos pactos antinaturais, ou o que quer que digam… Ora, a esquerda não tem problema em fazer pactos com a direita quando lhes convém. Aí você pode ver os pactos que eles fazem com o Junts, que é um partido reacionário ao extremo, de direita, eu diria bem de direita, e até mesmo a CUP está em um pacto com eles, pela matemática eleitoral.

De qualquer forma, para esclarecer mais uma vez: a esquerda promove o voto passivo, o voto acrítico, o voto apático. E promove a abstenção. Eles não querem que você vote, eles querem que você vote neles. Seu objetivo é obter uma maioria de eleitores e governar. O governo divide a sociedade em governantes e governados. Entre os governados e dominados, nós, anarquistas, somos e sempre seremos uma minoria que não quer governar, nem ser governada, nem mandar, nem obedecer. E é por isso que não votamos, já que a convocação para votar, o que ela faz é dar ao governante o aval para nos governar, para legislar por nós. Desde a Revolução Francesa de 1789, passaram-se 235 anos em que a legislação, após sucessivos experimentos eleitorais, criou o mundo moderno. Suas leis, com muitos governos de esquerda em várias épocas, foram criadas para tornar os ricos das democracias muito ricos.

Agora imagine uma pessoa pobre que quer, sei lá, uma dessas coisas mesquinhas que os pobres pedem, como um emprego ou dinheiro para a cerveja. Será que a pessoa pobre espera tranquilamente as eleições chegarem e vota em seu representante, imaginando que ele legislará a seu favor? Pense bem: o que uma caixa de supermercado, em um turno infernal, com uma raiva assustadora, que chega em casa e tem que trabalhar para três filhos e um marido, ganha com seu voto na esquerda? Nada.

Possivelmente por isso, não vota. Ou vota na direita.

Fonte: https://alasbarricadas.org/noticias/node/54774

Tradução > anarcademia

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Zemaria Pinto