A Biblioteca Anarquista Maria Rius nasceu em 2017 para oferecer à cidade de Lleida e seus arredores um espaço político para disseminar o pensamento e as práticas libertárias e promover o conhecimento, a reflexão e o debate.
A Biblioteca é uma das partes mais importantes do projeto. Temos uma coleção de mais de 3.000 livros, revistas, fanzines e outros documentos, com seções especializadas em anarquismo clássico e contemporâneo e na história do movimento e das lutas anarquistas aqui e em todo o mundo.
Também temos seções sobre outras lutas sociais, pensamento político socialista, filosofia e ciências sociais, além de um espaço para romances e poesia. O acervo pode ser consultado em nosso site: cataleg.bibliotecamariarius.org e quase tudo está disponível para empréstimo.
O projeto inclui outros espaços, como:
– Sala central para trabalho, leitura e atividades culturais.
– Sala de reuniões.
– Banco de materiais para os coletivos.
– Gráfica “La Guillotina”: para impressão e fotocópia de documentos, pôsteres, folhetos…
– La “Distri”: onde vendemos livros (novos e usados) e outros materiais. Com o dinheiro das vendas, compramos livros para aumentar o fundo de empréstimo.
– Espaço de divulgação (manifestos, pôsteres, adesivos…).
Da teoria à prática
Na Biblioteca Anarquista Maria Rius procuramos colocar em prática os princípios libertários, sendo um espaço diversificado onde convergem diferentes perspectivas do anarquismo, rico em debates, reflexões e propostas.
A “biblio” não é pública nem privada, mas um espaço coletivo construído de forma autogestionária graças às contribuições de muitas pessoas, com tempo, livros e publicações, conhecimento, propostas, apoio econômico, etc.
Todos nós que participamos do espaço assumimos a responsabilidade por ele, tomamos decisões em assembleia e de forma horizontal: não há “chefes”, presidentes ou porta-vozes.
Praticamos a ação direta, entendida como uma forma de agir sem mediação, delegações ou autoridades; denunciamos e nos rebelamos contra as injustiças causadas pelo regime social e econômico em que vivemos; nos relacionamos com base no apoio mútuo e na solidariedade; promovemos iniciativas que, de uma perspectiva libertária, nos levam a ser mais livres.
Ações atuais
Nossas atividades decorrem de nossas preocupações políticas, bem como daquelas propostas por outros coletivos e indivíduos.
Apresentação de livros
Como biblioteca, uma de nossas atividades é obviamente a apresentação de livros, sejam eles ensaios ou romances, o que nos permite interagir diretamente com os autores e com o debate coletivo.
Atividades de memória histórica
Um de nossos objetivos é a recuperação, o conhecimento e a divulgação de nossa memória histórica, pois, se nossa emancipação é obra nossa, não podemos esperar que outros falem por nós. Assim, realizamos diferentes atividades: apresentações de livros, palestras, exposições e ciclos temáticos. Por exemplo, organizamos recentemente uma conferência sobre a “Transição em chave libertária”, ou tentamos participar com nossa própria atividade da conferência anual “Memòria 2-N”, promovida pelo Ateneu la Baula, que comemora o bombardeio da cidade de Lleida por aviões fascistas italianos em 2 de novembro de 1937.
Há também outros projetos em andamento, como o arquivo libertário e um projeto de pesquisa muito inicial sobre o papel das mulheres no movimento aqui no Ponent.
Ciclo de formações
Nosso treinamento transversal durante o ano é o ciclo de formações em torno do anarquismo, com o objetivo de nos formar para esclarecer certas bases ideológicas, disseminar nosso pensamento e estimular o debate.
Organização, sindicalismo, ecologia, nacionalismo, feminismo, urbanismo, pedagogia e autogestão são alguns dos temas que abordamos ao longo dos anos. Outros ciclos de treinamento que desenvolvemos recentemente são os já mencionados sobre o papel da “Transição em uma chave libertária” e “Organização, autonomia e contrapoder”.
Feira do Livro Crítico “Lo Crit”.
Nos últimos dois anos (2022 e 2023) promovemos, com a colaboração de outros atores de Lleida (organizações, editoras e livrarias da cidade), de forma autogestionária, sem subsídios e em uma organização horizontal, a Fira del Llibre Crític “Lo Crit” (@locritponent). Trata-se de uma feira organizada em uma das ruas mais movimentadas da cidade, com o objetivo de divulgar uma perspectiva crítica da atualidade e levar a reflexão para as ruas. Para isso, são organizadas diversas atividades e debates ao longo do dia. Além disso, o objetivo é promover a leitura de ensaios políticos ou livros que nos ajudem a pensar sobre os assuntos atuais a partir dessa perspectiva crítica e divulgar nossos projetos para os habitantes da cidade. A terceira edição ocorrerá em 5 de outubro de 2024.
Coleção de histórias Soledad Estorach
Neste ano de 2024, apresentamos nosso primeiro livro publicado como uma biblioteca. Trata-se da “1ª Coletânea de Contos de Soledad Estorach”, uma coletânea de contos resultante de um concurso literário com a premissa de escrever sobre uma utopia ou distopia com uma visão libertária que acontece nas terras onde vivemos. Esta edição inclui 15 histórias de companheiros, nas quais também aproveitamos a oportunidade para recuperar a figura de Soledad Estorach Esterri, militante da CNT e das Mujeres Libres, nascida em Albatàrrec (Lleida) em 1915. No futuro, queremos continuar com esse projeto e recuperar figuras de militantes anarquistas que foram invisibilizadas e recuperar sua memória e suas ações.
A “Maria Rius”
O nome da biblioteca é uma homenagem a Maria Rius, mas quem era ela?
Maria del Riu Berengué nasceu em Arbeca (Les Garrigues) em 1º de dezembro de 1900.
Ainda muito jovem, começou a trabalhar como aprendiz de camiseira em seu vilarejo. Aos 18 anos, ela e sua família se mudaram para Barcelona, onde ela se interessou pelas lutas sindicais e pela ideologia anarquista. Ela se tornou membro do Sindicato del Vestir de la CNT em Barcelona.
Dedicou uma parte muito importante de sua luta ao apoio aos prisioneiros, fazendo parte do comitê pró-prisioneiros da CNT, ajudando a preparar fugas, participando do assalto à prisão feminina de Barcelona em 1931 etc. Ela também participou do grupo de ação “Los Solidarios”.
Durante a ditadura de Primo de Rivera, exilou-se na França
No verão de 1936, ela se juntou à coluna Hilario-Zamora, estacionada em Sástago. Lá, ela foi miliciana e, mais tarde, montou uma oficina de costura para vestir os combatentes.
No final da Guerra Civil, ela voltou para o exílio na França, onde parece que não continuou sua militância ativa.
Contato
Se quiser entrar em contato, entre em contato conosco:
– E-mail: bibliotecamariarius@riseup.net
– Telegram: @MariaRiusBibliotecarix
– Web: http://www.bibliotecamariarius.org
– Twitter: @BiblioMariaRius
– Telegram (canal de notícias): @BiblioMRius
– Instagram: @distrimariarius
– Facebook: @BibliotecaAnarquistaMariaRius
Fonte: https://redeslibertarias.com/2024/04/29/la-biblioteca-anarquista-maria-rius/
Tradução > Liberto
agência de notícias anarquistas-ana
sussurro sem som
onde a gente se lembra
do que nunca soube
Guimarães Rosa
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!