Apesar de ainda haverem inúmeros negacionistas acerca do tema, as mudanças climáticas são uma das questões mais urgentes e debatidas do nosso tempo. Elas referem-se a longas alterações nos padrões climáticos e de temperatura da Terra, frequentemente atribuídas às atividades humanas. A ciência tem mostrado consistentemente que o aquecimento global, uma faceta crucial das mudanças climáticas, está sendo exacerbado pela emissão de gases de efeito estufa, como dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4). Todavia, o que não se diz é como o capitalismo figura como um elemento significativo dessas mudanças.
Antes de mais nada, esclarecemos que as alterações de longo prazo nos padrões climáticos globais e regionais comumente são chamadas de mudanças climáticas. Embora mudanças no clima tenham ocorrido naturalmente ao longo da história da Terra, nos últimos séculos, a influência humana tornou-se a principal força motriz. O aumento na concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, principalmente devido à queima de combustíveis fósseis, desmatamento e atividades industriais, tem levado a um aquecimento global rápido e sem precedentes.
Dessa forma, a principal causa das mudanças climáticas é a emissão de gases de efeito estufa, que retêm calor na atmosfera da Terra. As atividades humanas, especialmente desde a Revolução Industrial, aumentaram drasticamente a concentração desses gases. A queima de carvão, petróleo e gás natural para geração de energia, transporte e indústrias libera grandes quantidades de CO2. Além disso, o desmatamento reduz a capacidade da Terra de absorver CO2, exacerbando o problema.
É nesse contexto que o capitalismo, com seu foco no crescimento econômico incessante e no consumo desenfreado, tem desempenhado um papel central no caos denominado crise climática. Este sistema econômico, desigual, violento e opressor, incentiva a extração e o uso intensivo de recursos naturais sem considerar os limites ecológicos do planeta. A busca incessante por lucro leva à exploração descontrolada de combustíveis fósseis e à destruição de florestas, resultando em emissões massivas de gases de efeito estufa.
As empresas e indústrias, impulsionadas pelo capitalismo, priorizam unicamente o lucro sobre a sustentabilidade ambiental. A obsolescência programada, por exemplo, um fenômeno em que produtos são projetados para ter uma vida útil curta para aumentar o consumo, elucida como o capitalismo promove o desperdício e a degradação ambiental. Além disso, a desigualdade econômica, uma característica inerente ao sistema capitalista de produção, significa que os países e comunidades mais vulneráveis sofrem desproporcionalmente com os impactos das mudanças climáticas.
Para mitigar as mudanças climáticas (se é que isso ainda é possível), especialistas afirmam ser crucial reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa. Isso pode ser alcançado através de várias medidas, como a transição para energias renováveis (substituir combustíveis fósseis por fontes de energia limpa, como solar, eólica e hidroelétrica), o reflorestamento e conservação (proteger e restaurar florestas, que são importantes sumidouros de carbono), a eficiência energética (melhorar a eficiência dos sistemas de energia e promover o uso de tecnologias de baixo carbono) e a economia circular (adotar práticas de economia circular, onde os produtos são projetados para serem reutilizados, reciclados e mantidos em uso por mais tempo).
No entanto, se as mudanças climáticas continuarem a se agravar, o planeta enfrentará consequências ainda mais catastróficas, como o aumento do nível do mar, eventos climáticos extremos, perda de biodiversidade e crises cada vez mais constantes de segurança alimentar e hídrica.
Para nós, eis o ponto em que o anarquismo mostra sua relevância e viabilidade, ao propor uma sociedade sem hierarquias opressivas, onde as decisões são tomadas coletivamente e os recursos são geridos de forma racional e sustentável. O anarquismo deixa claro que não basta a implantação de um capitalismo verde, ecofascista e supostamente sustentável. O capitalismo em si é o problema e, portanto, não fará parte da solução.
De outro lado, as práticas anarquistas, como o antiestatismo, o horizontalismo, a autogestão, a economia solidária e o apoio mútuo, oferecem um modelo alternativo ao capitalismo, que valoriza o bem-estar humano e ambiental. Assim sendo, a implementação prática de princípios anarquistas pode promover uma sociedade mais justa e ecológica, onde o foco está no bem comum e na sustentabilidade. Coletivos e cooperativas podem substituir empresas capitalistas, priorizando práticas agrícolas regenerativas, produção local e uso consciente de recursos.
O desafio é continuar a luta pela transformação social com foco na transição para um modelo econômico mais justo e sustentável, como o proposto pelo anarquismo, mitigando e revertendo os impactos climáticos e construindo um futuro mais equilibrado para todos os habitantes do planeta – enquanto ainda temos um planeta para isso.
Liberto Herrera.
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