Cinco Provocações Sobre a Inexistência de Deus

Abertamente inspirado pela releitura do livro Doze Provas da Inexistência de Deus, de Sebastien Faure, resolvi discorrer sintética e provocativamente, sobre as cinco provas da inexistência de qualquer entidade deísta – parodiando Tomás de Aquino e sua obra “Cinco Vias que Provam a Existência de Deus”.

De início, sabemos que a existência de Deus é um dos temas mais debatidos ao longo da história humana, com argumentos tanto a favor quanto contra sua existência. Nestas parcas linhas, abordaremos cinco provas da inexistência de Deus, explorando, sem qualquer intenção de esgotar o tema, algumas proposições que contestam a crença em uma entidade divina. Este exercício não visa desrespeitar crenças pessoais de ninguém, mas sim fornecer uma análise crítica com base em argumentos racionais e empíricos.

O Problema do Mal

O problema do mal é um dos argumentos mais antigos e debatidos contra a existência de Deus, questionando como um Deus onipotente, onisciente e benevolente pode aceitar a existência do mal no mundo. Pensadores como Epicuro e David Hume defendem que a presença do mal, seja moral (ações humanas) ou natural (desastres naturais), é incompatível com a existência de um Deus bom e todo-poderoso. Por consequência, se Deus fosse capaz de impedir o mal e quisesse fazê-lo, o mal não deveria existir.

A Incoerência dos Atributos Divinos

Esta ideia indica que os predicados tradicionalmente associados a Deus são logicamente incoerentes. Por exemplo, a onipotência (poder ilimitado) e a onisciência (conhecimento absoluto) podem entrar em conflito. Se Deus sabe tudo que vai acontecer, ele não pode mudar o futuro, o que limita sua onipotência. Filósofos como J.L. Mackie exploram sagazmente essas incoerências, questionando se um ser com esses atributos pode realmente existir.

A premissa da Causalidade

O argumento da causalidade, também conhecido como o argumento cosmológico (ou ainda argumento da causa primeira), afirma que tudo que existe tem uma causa. Todavia, este argumento pode ser usado também contra a existência de Deus, já que se tudo precisa de uma causa, Deus não escaparia dessa lógica e precisaria igualmente. Postular Deus como a “causa não causada” (defendida por Tomás de Aquino) cria uma exceção especial sem justificação. Richard Dawkins e outros ateus argumentam que a existência de Deus não resolve o problema da causalidade, mas apenas o adia furtivamente.

A Tese da Evidência Insuficiente

Bertrand Russell e outros críticos argumentam que não há evidências suficientes para justificar a crença em Deus, comparando, por exemplo, a crença em Deus com a crença em outras entidades não comprovadas, como o unicórnio ou o dragão invisível na garagem. A ausência de evidências tangíveis e verificáveis coloca a existência de Deus no mesmo campo das crenças infundadas e supersticiosas.

O Argumento do Naturalismo Científico

O naturalismo científico sustenta que tudo no universo pode ser explicado por leis naturais e fenômenos físicos, sem a necessidade de postular um ser sobrenatural. Avanços em cosmologia, biologia evolutiva e neurociência, apesar de estarem em sua maior parte embebidas de Capitalismo, ajudam a fornecer explicações naturais para a origem do universo, a diversidade da vida e a consciência humana. Cientistas, como o finado Stephen Hawking, argumentam que a ciência, gradualmente, elimina a necessidade de um Deus para explicar o mundo que nos cerca.

Concluindo…

As cinco provocações acima oferecem uma análise crítica (e que merece ser aprofundada pelo leitor) de algumas das razões para duvidar da existência de uma entidade divina. Embora esses argumentos não possam definitivamente provar a inexistência de Deus, eles levantam questões importantes e desafiam as crenças teístas, fornecendo material argumentativo para um debate necessário sobre a natureza da fé e da razão.

Recordo, derradeiramente, o inesquecível Mikhail Bakunin, para quem a existência em Deus implica necessariamente a escravidão de tudo abaixo dele. Ele dizia que se Deus existisse, só haveria um meio de servir à liberdade humana: seria o de deixar de existir.

Liberto Herrera

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agência de notícias anarquistas-ana

Algo de dança
nas algas,
quase canção dos corais.

Yeda Prates Bernis

 

One response to “Cinco Provocações Sobre a Inexistência de Deus”

  1. Henrique

    Textão!