Sobre a anarquia que virá

Apesar de todas as inércias, / impotências e comodismos eleitorais, / há entre nós alguns bravos, / indignados e inconformados / com tudo que atualmente se impõe como fato.

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Para eles, não importa o governo / e a constituição, / tudo vai sempre mal onde / mansamente servem ao Estado / e obedecem cegamente / a lei e a ordem do Capital.

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Apesar dos tantos e mansos rebanhos / que embriagam e calam a multidão / alguns ainda seguem resmungando e transgredindo na contramão.

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Há entre nós, felizmente, / alguns poucos loucos e delirantes / que sonham honestamente / com uma grande rebelião.

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Contamos, não duvidem, / com sinceros revoltados / que ousam dizer não / e inventam contra todo circo midiático / outra realidade, / outra forma de organização e sociedade.

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Cotidiana e bravamente, / em suas pequenas trincheiras / eles apostam e aguardam, / contra todas as vanguardas, / o porvir de uma grande insurreição.

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Acreditam sem fé ou esperança / na festa dos grupelhos e párias / que testemunharão a queda / da nossa república autoritária e oligárquica / diante da soberania do sem nome da multidão.

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Um dia seremos um povo / na autonomia e anonimato dos múltiplos rostos / que inventarão a ordem de uma grande e fecunda anarquia.

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O mundo / será, então, para todos / em uma terra sem amos / ou demagogos.

Carlos Pereira Júnior

agência de notícias anarquistas-ana

Caminho do mar:
A navalha no meu rosto
corta que nem gelo.

Antonio Cabral Filho