Por CNT La Felguera
Extraído da CNT nº 438
A humanidade está enfrentando o desafio do cuidado a partir de uma perspectiva neoliberal que ataca profundamente os valores e princípios básicos de uma sociedade que torna rentável o apoio e o cuidado de nossos idosos.
O serviço de assistência domiciliar está em uma profunda situação de privatização que tem repercussões tanto para as pessoas que acessam esse recurso quanto para os próprios trabalhadores.
As trabalhadoras envolvidas nesse setor são principalmente mulheres e se enquadram em duas categorias diferentes: de um lado, assistentes sociais encarregados de coordenar, gerenciar e organizar o serviço e, de outro, assistentes de assistência domiciliar, que são os principais protagonistas, sendo os mais próximos das pessoas dependentes e com funções de cuidado como limpeza, alimentação, controle de medicação, apoio emocional…
As multinacionais que concorrem a licitações públicas para esse serviço estão mais preocupadas com a geração de renda do que com a situação dos dependentes e dos trabalhadores, ao que os conselhos locais não respondem com um controle exaustivo do serviço e com a implementação de melhorias para ambos os grupos (trabalhadores e dependentes).
A plataforma de serviços de assistência domiciliar das Astúrias vem denunciando há vários anos situações de injustiça e abuso por parte dessas empresas. As mais importantes são o reconhecimento de doenças ocupacionais, tanto ergonômicas quanto psicossociais, o coeficiente de redução para aposentadoria antecipada e a remunicipalização do serviço.
Suas reivindicações também incluem a discordância com a quilometragem para trabalhadores em áreas rurais, pois esses trabalhadores usam seu próprio carro para se deslocar de uma casa para outra. As empresas utilizam o “método google” para pagar o valor da quilometragem, que consiste em calcular os quilômetros utilizando o GOOGLE MAPS, levando em conta que esse APP não reconhece estradas rurais em alguns locais e que não leva em conta imprevistos como animais, semáforos ou trânsito. Infelizmente, essa situação também teve repercussões para os dependentes, já que os novos acordos dos conselhos locais decidiram subtrair cinco minutos do tempo de serviço para que os trabalhadores tenham mais tempo para viajar. O sistema tem medo de exigir das empresas o tempo de deslocamento correspondente e prefere cortar os direitos das pessoas mais vulneráveis.
Por outro lado, os trabalhadores também denunciam o banco de horas. Método usado para disfarçar horas extras como horas comuns… esse banco é usado como saldo de horas, vale tudo pelo banco de horas, reduz-se a jornada de trabalho no que diz respeito aos contratos, mas trabalha-se mais horas incluindo-as no famoso banco de horas. Quando um dependente não tem serviço porque tem uma consulta no hospital, a tendência empresarial é descontar essa hora de serviço do trabalhador, gerando um banco horas negativo. Alguns trabalhadores se propõem a usar essa hora para outra pessoa ou para apoiar outro colega no serviço, mesmo assim, é uma situação injusta, pois eles não se recusam a realizar o serviço e, às vezes, a empresa cobra a hora inteira e eles só recebem 15 minutos dessa hora.
Em relação ao reconhecimento de doenças ocupacionais, essa é uma demanda contínua que causa sérios problemas, pois muitas trabalhadoras veem suas capacidades físicas ou mentais reduzidas devido a esforços contínuos e tarefas repetitivas que levam ao desenvolvimento de doenças que não são reconhecidas nem avaliadas pelas empresas ou pelas inspeções médicas. Destacar a incoerência de um sistema que afirma valorizar o trabalho de cuidado, realizado principalmente por mulheres, mas que, no final das contas, não é capaz de estimar as doenças que esses trabalhos acarretam e que aumentam a diferença de gênero no reconhecimento de doenças ocupacionais.
Do ponto de vista do gerenciamento de serviços, nós, assistentes sociais, também somos muito limitadas. A cada ano ou dois anos, vemos uma mudança de empresa, o que implica uma mudança de metodologia, sistema de computador, diretrizes e, em muitos casos, de pessoal. Na maioria dos casos, também nos é confiado o gerenciamento de serviços de plantão telefônico. Enquanto os conselhos locais solicitam às empresas um número de telefone de contato das oito da manhã às dez da noite, de segunda a domingo, as empresas aceitam esse serviço, sobrecarregando os coordenadores de serviços, que muitas vezes não descansam e precisam gerenciar os incidentes a qualquer hora do dia, seja no almoço, no descanso, na academia ou dormindo.
As empresas que gerenciam esses serviços não se especializaram em serviços de assistência social e de saúde, mas, após a crise dos tijolos em 2008, elas puderam redirecionar sua atividade de trabalho para negócios em expansão para continuar aumentando seus lucros e especulando com o serviço, as pessoas e os trabalhadores.
Este é o meu caso, no qual fui demitida em 17 de novembro de 2023 após comunicar minha gravidez ao chefe do serviço de assistência domiciliar nas Astúrias. Eu estava trabalhando como coordenadora do serviço de assistência domiciliar para o conselho de Siero e estava grávida de 5 meses. Quando isso aconteceu, entrei em contato com a CNT Felguera, que me deu total apoio. A CNT entrou em contato com o chefe de RH para informá-lo sobre a ilegalidade da demissão e para exigir a reintegração imediata. No entanto, a resposta da pessoa que deveria garantir boas relações trabalhistas e conciliação dentro da empresa (ainda mais em uma empresa certificada como “Empresa Responsável”) foi uma recusa total em me readmitir e, com uma atitude arrogante, ele encerrou a ligação e desligou o telefone.
O serviço oferecido pela Ingesan OHLA, empresa a quem foi adjudicado o serviço do conselho de Siero, que deveria ter um forte caráter social e de atendimento ao público, não esquecendo que é responsável por garantir o atendimento dos nossos e das nossas idosas, está focado, como todas as empresas que concorrem aos nossos serviços públicos, em obter a máxima rentabilidade, sobrecarregando de trabalho os seus trabalhadores. Esses serviços, que deveriam ser públicos para garantir o respeito e a qualidade do atendimento aos usuários, assim como aos seus trabalhadores, são terceirizados para multinacionais em prol de uma “otimização” que só se reflete em aumento de lucros para seus acionistas.
Portanto, a CNT La Felguera exige a minha reintegração ao meu trabalho, bem como a supervisão efetiva da prefeitura de Siero nas práticas trabalhistas para evitar o abuso das multinacionais e as repercussões no serviço prestado à população. No momento, estamos aguardando o julgamento que ocorrerá no dia 6 de março, no qual esse conflito trabalhista será resolvido de forma judicial, já que a negociação verbal não foi possível.
Mesmo assim, isso serviu para continuar a levantar muitos casos de abuso, com mais mulheres trabalhando no SAD ou em casas de repouso, onde sofrem condições semelhantes. Com baixos salários, sem reconhecimento de doenças relacionadas ao trabalho, com jornadas de trabalho precárias e sem intervalos para descanso.
Seguimos na luta!
Eles por dinheiro, nós por dignidade.
Fonte: https://www.cnt.es/noticias/la-ayuda-a-domicilio/
Tradução > Liberto
agência de notícias anarquistas-ana
Saci Pererê
fuma seu cachimbo
à sombra do ipê
Carlos Seabra
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!
Um puta exemplo! E que se foda o Estado espanhol e do mundo todo!
artes mais que necessári(A)!
Eu queria levar minha banquinha de materiais, esse semestre tudo que tenho é com a temática Edson Passeti - tenho…
Edmir, amente de Lula, acredita que por criticar o molusco automaticamente se apoia bolsonaro. Triste limitação...