Anos após sua demolição, o ABC No Rio vai ganhar um novo e energeticamente eficiente quartel-general no mesmo lugar do famoso ponto de encontro de artistas da rua Rivington.
Por Melanie Marich | 16/07/2024
Há dezoito anos, o pessoal da ABC No Rio comprou seu prédio da cidade por um dólar. Uma década depois, ele foi demolido. Agora, finalmente, o famoso centro anarco-cultural da baixada leste está iniciando a construção de um novo prédio – em seu endereço original.
“Se alguém dissesse que um grupo de artistas anarquistas levantaria todo esse dinheiro pra fazer isso acontecer, que a cidade de algum modo manteria sua palavra e transferiria a propriedade do prédio para nós, e ainda nos daria todo o dinheiro que precisávamos para concluir o projeto, quem iria acreditar?”, disse Eric Goldhagen, copresidente do conselho do ABC No Rio.
O coletivo que se tornou uma organização sem fins lucrativos iniciará agora um esforço de 18 meses para construir uma “casa passiva”, com alta eficiência energética, na rua Rivington, 156. Desde a demolição do prédio original em 2016, o ABC No Rio tem estado “no exílio”, realizando programas em diferentes centros culturais da cidade.
O novo prédio do ABC No Rio também incluirá uma câmara escura para fotos, uma instalação de serigrafia, uma pequena biblioteca de imprensa e espaços de reunião para a comunidade – tudo para honrar seu uso original como um centro para artistas. Em seu auge, o centro cultural abrigava shows de punk hardcore, um estúdio de serigrafia e uma biblioteca gratuita de zines.
Punks, artistas, veteranos e autoridades municipais se juntaram à diretoria do ABC No Rio para a cerimônia oficial de abertura de terra, que foi iniciada com música do conjunto de metais Hungry March Band.
A Comissária de Assuntos Culturais, Laurie Cumbo, parabenizou o diretor do coletivo, Steven Englander, por sua persistência diante do aumento dos custos de construção, destacando a contribuição de US$ 21 milhões do Departamento de Assuntos Culturais para o projeto, a maior parte dos custos de construção.
“Este espaço é muito importante neste exato momento porque agora, mais que nunca, precisamos da sua criatividade, precisamos das suas ideias, precisamos das suas soluções”, disse Cumbo.
“O poder da ação comunal”
O ABC No Rio foi fundado em 1980, depois que um grupo de artistas que ocupava a rua Delancey organizou o The Real Estate Show, uma exposição sobre políticas de habitação e território na cidade de Nova York. Embora a polícia tenha rapidamente encerrado a exposição, os artistas entraram em negociações com a prefeitura para ocupar uma das dezenas de propriedades vazias no bairro.
Eles escolheram o prédio da Rivington Street, que tinha um letreiro de neon quebrado onde se lia originalmente “ABOGADO CON NOTARIO”, mas as únicas letras que funcionavam eram “ABC NO RIO”, dando nome ao coletivo.
Becky Howland, uma das fundadoras originais do ABC No Rio, ficou emocionada ao compartilhar suas observações, maravilhada com a comunidade multigeracional que manteve o coletivo funcionando por mais de quarenta anos.
“Isso mostra o poder da ação comunal”, disse Howland.
Harvey Epstein (vereador democrata da baixada leste) disse que seu primeiro contato com o ABC No Rio foi como estudante de direito nos anos 90, quando foi observador jurídico em uma ação do grupo no início dos anos 90.
“Este é o bairro da luta e da reconstrução”, disse Epstein, morador da baixada leste por toda a vida. “Este edifício voltará ambientalmente mais forte e servirá a este bairro com o qual todos nós nos importamos.”
Apesar das atuais relações amistosas entre o ABC No Rio e os políticos locais, os membros de longa data continuaram a relembrar as origens antiestablishment do coletivo durante a comemoração. Muitos se referiram às tentativas de despejo que a organização enfrentou durante o governo do ex-prefeito Rudy Giuliani na década de 1990.
O membro de longa data Seth Tobocman cita essa história turbulenta como a razão pela qual o ABC No Rio durou tanto tempo: “É o resultado do fato de que as pessoas que trabalharam na defesa do No Rio têm dez anos de experiência em ter sido despejadas”, disse Tobocman, referindo-se aos despejos de outras ocupações na era Giuliani, como o infame par na décima terceira rua.
Jenna Freedman se envolveu pela primeira vez com o ABC No Rio em 1992 por meio de um treinamento de desobediência civil do qual participou no espaço, embora ela tenha então perdido contato com o grupo por muitos anos. Eventualmente Freedman não só voltou ao coletivo como em 2005 organizou o jantar de ensaio de seu casamento na rua Rivington 156, com seu agora marido, o copresidente do conselho, Goldhagen.
“Temos conversado muito sobre como isso poderia ser daqui para frente”, disse Freedman. “Atualmente, há quatro gerações de voluntários, e é bom imaginar: qual será a quinta?”
Fonte: https://www.thecity.nyc/2024/07/16/abc-no-rio-groundbreaking-cultural-center/
Tradução > anarcademia
agência de notícias anarquistas-ana
Uma flor desabrocha
para a vida.
Alegria no jardim.
Aprendiz
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!