O recluso povo Mashco Piro do Peru usou arcos e flechas para atacar madeireiros que invadiram seu território na Amazônia, segundo uma organização indígena regional. A FENAMAD, que representa 39 comunidades indígenas nas regiões de Cuzco e Madre de Dios, disse em 5 de agosto que acredita que a extração ilegal de madeira estava ocorrendo no território Mashco Piro e que um madeireiro foi ferido no ataque de 27 de julho. Dias antes do incidente, surgiram fotos de cerca de 50 membros da tribo isolada aparentemente procurando comida em uma praia fluvial – o que, segundo o grupo de defesa Survival International, é prova de que as concessões madeireiras estão “perigosamente próximas” de seu território. A foto foi tirada perto do assentamento indígena Yine de Monte Salvado, no Rio Las Piedras, província de Tambopata, Madre de Dios. Acredita-se que os Yine sejam parentes próximos dos Mashco Piro.
Dois madeireiros foram atingidos por flechas enquanto pescavam na área em 2022, um deles fatalmente, em um encontro com supostos membros da tribo Mashco Piro. Esse incidente ocorreu no Rio Tahuamanu, assim como Las Piedras, um afluente do Rio Madre de Dios, perto de onde a Reserva Territorial Madre de Dios, criada sob pressão da FENAMAD para proteger povos isolados, faz fronteira com uma concessão de madeira operada pela empresa madeireira Maderera Canales Tahuamanu. Mas os Mashco Piro, por definição, não sabem onde termina a reserva criada para eles, e acredita-se que os madeireiros tenham entrado ilegalmente na reserva.
A Survival International está pressionando o governo do Peru a tomar medidas para proteger o grupo. “Esta é uma emergência permanente. No último mês, temos visto os Mascho Piro a cada duas semanas em diferentes pontos, e em todos eles estão cercados por madeireiros”, disse Teresa Mayo, pesquisadora da Survival International, à Associated Press. “É realmente uma questão de vida ou morte. E somente o governo pode e tem o dever de impedir isso.”
Um relatório de 2023 do relator especial das Nações Unidas sobre os direitos dos povos indígenas lembrou que o governo do Peru havia reconhecido em 2016 que os Mashco Piro e outras tribos isoladas estavam habitando territórios que haviam sido abertos para concessões madeireiras. O relatório expressou preocupação com a sobreposição e protestou contra o fato de o território de Mashco Piro não ter sido demarcado “apesar da evidência razoável de sua presença desde 1999”. (CBS News, ABC, AP)
Alfredo Vargas Pio, diretor da FENAMAD, disse que as novas fotos são “provas irrefutáveis de que muitos Mashco Piro vivem nessa área, que o governo não só deixou de proteger, como também vendeu para empresas madeireiras. Os madeireiros podem trazer novas doenças que acabariam com os Mashco Piro, e há também o risco de violência de ambos os lados”.
Várias empresas madeireiras têm reivindicações em terras que se acredita serem habitadas pelos Mashco Piro. A Canales Tahuamanu construiu mais de 160 quilômetros de estradas no território dos Mashco Piro em preparação para novas atividades madeireiras. Caroline Pearce, diretora da Survival International, disse que a operação é “um desastre humanitário em andamento”.
A Survival International protesta contra o fato de que, apesar da presença dos Mashco Piro, o Forest Stewardship Council certificou a operação da Canales Tahuamanu como sustentável e ética. A organização está solicitando ao conselho que retire a certificação, com Pearce dizendo que “se isso não for feito, todo o sistema de certificação será ridicularizado”. (YaleEnvironment360)
A maioria dos relatos da mídia, incluindo alguns mencionados aqui, usa o termo “”não-contatado”” para grupos como os Mashco Piro, mas é melhor chamá-los de povos isolados. Apesar dos crescentes encontros com pessoas de fora e até mesmo das tentativas equivocadas de “contatá-los”, esses grupos resistem ativamente ao contato.
Foto: Survival International
Fonte: https://countervortex.org/blog/peru-uncontacted-tribe-attacks-loggers/
Tradução > Contrafatual
agência de notícias anarquistas-ana
pousada na lama,
a borboleta amarela,
com calor, se abana
Alaor Chaves
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!