Na internet podem se encontrar tutoriais patrocinados pelos bancos – por exemplo, o BBVA – que costuma tratar de histórias de superação pessoal, resiliência e psicólogos falando de como se podem enfrentar os traumas e a vida em geral. Com o logo do banco bem visível, a ninguém parece ocorrer que a atividade do banco seja antissocial, desumana e homicida: a angústia e a depressão provocadas por ele, responsável pelos desalojos nos quais há pessoas que chegam ao suicídio, não poder pagar a hipoteca ou um empréstimo, financiar projetos ecocidas ou a especulação financeira, na qual se há algo que sai mal já virá o Estado para resgatá-la à custa de todos. Os desmandos do capitalismo estão ausentes do discurso público. Se não tens casa, se não tens emprego, é que não mereces, não te formou, não és suficientemente flexível, te falta ambição, em todo caso é culpa tua, mas isso se, se te sentes mal, aqui tens cientistas sociais que, graças ao banco, te aconselharão sobre como superar teus próprios limites. Esta é a sociedade de trabalhadores felizes por serem explorados e desempregados pacientes e silenciosos, com um sorriso nos lábios se possível, e há aqui uma contradição dos anarcossindicatos: denunciar o trabalho assalariado como uma forma de escravidão e ao mesmo tempo defender a morte e ao posto de trabalho.
O matrimônio entre o Estado-Capital e a Ciência, faz com que os cientistas não tenham o mais mínimo vislumbre de crítica sobre sua própria função e quando criticam, se remetem a demandas de maior financiamento e propostas autoritárias para solucionar problemas como a mudança climática. A dependência da Ciência do Estado-Capital nos leva para o desastre. As aplicações tecnológicas daninhas – a era do carbono, o motor de combustão de gasolina e o desenvolvimento nuclear do complexo industrial militar – são o reflexo da miséria material, moral e mental do Estado-Capital. Agora manifestam para que não percamos a fé na Ciência, e quem tem fé está tão cego como quem a demanda, que será a própria tecnologia quem dará soluções aos problemas causados por ela mesma, sem necessidade de mudar a estrutura hierárquica e autoritária da sociedade atual. A mudança climática avança irrefreável, mas os cientistas dizem que o único que faz falta é uma transformação da mentalidade da autoridade e a conscientização dos que estão obrigados a obedecer. Enquanto que a Ciência siga sendo uma mercadoria e não se envolva nos processos de liberação individuais e coletivos ou como disse David Graeber: ¨para ser livres, há que atuar como se já fossemos livres¨. Enquanto isto não se dê, vamos diretos para a catástrofe planetária -já aconteceu antes, se tivermos em conta os genocídios e o extermínio de povos e culturas ocorridos na história, além da extinção de inumeráveis espécies animais, tudo em nome da superior civilização branca. O triunfo definitivo do progresso será a autodestruição. O último que veremos é cientistas patrocinados por um banco dando lições de sobrevivência.
V.J. Rodríguez González
Tradução > Sol de Abril
Fonte: https://www.portaloaca.com/articulos/anticapitalismo/la-dictadura-del-buen-rollito/
agência de notícias anarquistas-ana
Quietude –
O barulho do pássaro
Pisando as folhas secas.
Ryushi
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!