É sabido que o Brasil, com sua vasta biodiversidade, é um dos países mais ricos em recursos naturais do mundo. No entanto, nas últimas décadas, tem sido palco de uma destruição ambiental alarmante, com destaque para as queimadas/incêndios que devastam florestas, principalmente na Amazônia e no Cerrado. Estas queimadas não são eventos isolados, mas sim reflexos de uma lógica capitalista e mercantilista que vê a natureza como uma mercadoria a ser explorada e que nestes meses de agosto e setembro de 2024 estão enfumaçando um país de proporções continentais.
As queimadas no Brasil são frequentemente justificadas como uma prática agrícola, necessária para a expansão das fronteiras do agronegócio e para o “desenvolvimento” econômico. No entanto, essa prática é impulsionada por uma lógica capitalista que prioriza o lucro acima de qualquer outra consideração. A expansão agropecuária, a exploração de recursos naturais e a conversão de florestas em áreas de pastagem ou cultivo são impulsionadas pela demanda global por commodities, como soja e carne bovina, produtos que têm um papel central na economia brasileira e mundial.
Por consequência, a natureza é reduzida a um recurso a ser explorado, um item que pode ser transformado em lucro. Essa visão é ecocida porque ignora o valor intrínseco do meio ambiente e as complexas interações ecológicas que sustentam a vida na Terra. A destruição das florestas e a perda de biodiversidade são vistas como “externalidades” do processo econômico, custos que não são contabilizados nas contas das empresas, mas que têm consequências devastadoras para o planeta e para as gerações futuras.
Sem embargo, o Meio Ambiente não é uma Mercadoria. O conceito de mercadoria no capitalismo refere-se a qualquer bem ou serviço que pode ser vendido ou trocado no mercado. Florestas, rios, e a biodiversidade em geral não são simplesmente recursos para serem explorados; eles são parte de um sistema ecológico interdependente no qual a própria humanidade está inserida.
Ao tratar o meio ambiente como uma mercadoria, o capitalismo desconsidera os valores não econômicos da natureza. As florestas, por exemplo, não apenas capturam carbono e ajudam a regular o clima global, mas também fornecem habitat para milhares de espécies, muitas das quais ainda desconhecidas pela ciência. Elas também têm valor cultural e espiritual para muitas comunidades indígenas e locais, que veem a natureza como sagrada e essencial para a sua identidade e modo de vida.
Essa visão mercantilista é particularmente evidente nas políticas públicas dos governos, que incentivam a exploração dos recursos naturais sem considerar os impactos ambientais. O desmatamento, muitas vezes ilegal, é frequentemente promovido por uma combinação de interesses econômicos e políticos, com pouca ou nenhuma consideração pelo meio ambiente ou pelas populações que dependem dele.
Assim, não é absurdo afirmar que a insanidade capitalista é uma ameaça à Terra e à Humanidade, pois o capitalismo é, por natureza, uma força destrutiva quando também aplicado ao meio ambiente. A busca incessante por lucro e crescimento econômico leva à superexploração dos recursos naturais e à degradação ambiental. As queimadas no Brasil são apenas um sintoma de um problema maior: a absoluta incompatibilidade entre o modelo capitalista de desenvolvimento e a sustentabilidade ambiental.
O modelo econômico atual baseia-se na ideia de que os recursos naturais são infinitos ou substituíveis. No entanto, esta premissa é fundamentalmente mentirosa e falha. A Terra tem limites biológicos e físicos, e a destruição dos ecossistemas tem consequências graves, não apenas para as espécies que habitam esses ambientes, mas também para a humanidade como um todo. A perda de biodiversidade, as mudanças climáticas e a poluição são apenas algumas das crises ambientais que ameaçam a estabilidade do planeta e a sobrevivência da espécie humana.
A destruição das florestas e outros ecossistemas naturais está diretamente ligada às mudanças climáticas, que já estão causando eventos climáticos extremos, como secas, enchentes e ondas de calor, que afetam milhões de pessoas em todo o mundo. Lado outro, a perda de biodiversidade aumenta o risco de pandemias, pois a destruição dos habitats naturais força os animais a se aproximarem dos seres humanos, facilitando a transmissão de doenças zoonóticas.
Diante do cenário atual, é imperativo que combatamos, mais do que nunca, o modelo socioeconômico vigente, reconfigurando também a nossa relação com a natureza. Isso exige uma ruptura com a lógica capitalista que vê a natureza como um simples recurso a ser explorado e, em vez disso, adotar uma visão que reconheça o valor intrínseco do meio ambiente, seu limite ecológico, e a necessidade de preservá-lo.
As queimadas que ocorrem no Brasil são, portanto, apenas mais um sintoma da loucura capitalista e mercantilista que está destruindo o planeta…
Destruir o capitalismo e o estado. Desenvolver uma relação harmoniosa e viável com o Meio Ambiente: somente assim poderemos garantir um futuro sustentável para as próximas gerações e evitar a extinção da própria humanidade, seja pelo fogo ou qualquer outro tipo de ameaça!
Liberto Herrera.
agência de notícias anarquistas-ana
O vento fustiga
a folhagem da varanda –
Joaninha cai… não cai!
Mahelen Madureira
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!