Ácratas de Salta é um projeto de autogestão que se propõe indagar, reunir e publicar diversas fontes e estudos sobre a história do anarquismo na província argentina de Salta.
A atividade anarquista no norte argentino, mas mais precisamente na província de Salta, é praticamente desconhecida em comparação à grande quantidade de estudos, análises e fontes existentes que atestam a efervescência libertária em Buenos Aires ou Rosário. Dentro das possíveis causas encontramos um certo centralismo na hora de historiar e o grande peso que tiveram as organizações anarquistas nestas importantes cidades. Por isso tem maior relevância o saber como se desenvolveram as ideias anarquistas em uma zona tão separada dos principais centros industriais.
Os desafios não são poucos, entre os que são recorrentes, a falta de testemunhos diretos ou as escassas fontes que se conservam (seja pela repressão sofrida ao longo da história ou a pouca conservação de registros sobre as lutas no movimento obreiro saltenho). Ambos os fatores dificultam a própria tarefa de reconstruir as lutas anarquistas no norte argentino. No entanto nos apoiaremos em fontes indiretas como jornais de Tucuman, Buenos Aires, biografias de outros militantes da região ou documentos conservados exclusivamente em Arquivos do velho continente.
À medida que transitamos nesta longa viagem de reconstrução do anarquismo saltenho, nos encontramos com várias histórias que começam a contrariar uma série de ideias pré-concebidas que se tem habitualmente sobre Salta. A primeira é sobre a inexistência de uma cultura ácrata em Salta e a segunda, não menos importante, é a percepção de uma província profundamente conservadora.
Pudemos reconstruir uma série de eixos sobre a atividade anarquista de Salta entre 1900 a 1932. Entre eles podemos mencionar: o desenvolvimento da imprensa Anarquista Saltenha; o funcionamento da organização gremial anarquista nesta província; o esquema dos diversos ramais ferroviários saltenhos; a origem das diversas greves declaradas no ferrocarril “Huaytiquina” – hoje o conhecem como “Tren a las nubes”-; o papel das mulheres saltenhas nas lutas obreiras; a participação do anarquismo na formação do Club Atlético Libertad fundado em 1901. Tudo isto nos permitiu confeccionar um primeiro mapa das organizações anarquistas que existiram tanto na cidade como na província de Salta.
O ter podido reunir todo este material sobre as publicações anarquistas de Salta, nos trouxe consigo um segundo ponto a resolver, que foi como divulgá-lo. Pelo que no ano de 2016 surgiu a ideia de tornar público e compartilhar todo o material agrupado mediante o Blog Ácratas de Salta.
Ali se encontram disponíveis diversas investigações como:
- Estudos sobre publicações periódicas anarquistas saltenhas: ¡Verdad! (1920), Despertar (1920-1921), El Coya (1924- 1930).
- Documentos sobre os vínculos dos saltenhos com Max Nettlau.
- Diversos exemplares de La Protesta (Buenos Aires, 1897-1904) que pertenceram a bibliotecas pessoais de anarquistas saltenhos.
- Os primeiros esboços biográficos de militantes como: Luis Martínez Fresco, Juan Riera Torres o Modesto, Pastor e Ruben Yañez.
- Testemunhos sobre a visita de Pietro Gori a Salta e os denominados giros de propagandas.
- Um mapa dos principais pontos da atividade anarquista de Salta durante a época.
Ao que esperamos em breve poder somar um “dicionário biográfico” de anarquistas Saltenhos, entre outros estudos.
Convidamos a percorrer algumas das histórias do anarquismo saltenho:
https://acratasdesalta.wordpress.com
Tradução > Sol de Abril
Conteúdo relacionado:
https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2022/10/10/argentina-anarquistas-em-salta/
agência de notícias anarquistas-ana
Saudades da amada —
Caem flores de cerejeira
às primeiras luzes.
Kaya Shirao
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!