COMUNICADO DO BLOCO LIBERTÁRIO 2024
O fascismo volta a sair na rua.
Queremos apelar à responsabilidade individual e coletiva, se as ruas não respondem a esta chamada, quem o fará?
A lei é uma ferramenta dos Estados para manter sua dominação sobre os oprimidos. Recorrer a ela como um instrumento que pode nos proteger do fascismo é recorrer ao próprio poder que precisa dele. O poder, entendido como o Estado e as classes dominantes, precisa do fascismo para repelir e sufocar as tentativas de revolta e insurreição no calor das ideias e propostas revolucionárias, que propõem uma ruptura e uma transformação social ou que são simplesmente um obstáculo à acumulação de capital pelas classes dominantes. É por isso que, insistimos, nenhum governo silenciará o fascismo.
O atual governo, por mais que seja chamado de “o mais progressista da história”, continua a promulgar leis sobre estrangeiros que servem à fortaleza Europa. O Estado espanhol continua a impedir os fluxos migratórios para a Europa. Ele é cúmplice de massacres como o de Tarajal, e nós sabemos disso. A Europa que é tão idolatrada e idealizada não pode se sustentar sem saquear e extrair recursos dos países do sul, muito mais empobrecidos. Nada de sua pretensa superioridade moral e de sua “sociedade” desenvolvida seria possível sem o colonialismo que ela exerce atualmente e que vem praticando há séculos.
Além disso, esse governo não revogou a lei da mordaça, uma ferramenta de repressão que dá grande poder à polícia. Uma polícia que, desde este mesmo mês, começou a treinar com a empresa Desokupa, especializada em ocupações ilegais, por meio de seu sindicato oficial.
A lei de crimes de ódio, que parecia ter nascido contra o ódio promovido por grupos neonazistas como Alfonso Primero e que nasceu no calor das mobilizações pelo assassinato da companheira Lucrecia e, mais tarde, foi revivida pelo assassinato do antifascista Carlos Palomino, tornou-se uma arma democrática contra as mobilizações e que muitas vezes protege o esquadrão fascista, colocando esses grupelhos no mesmo lugar que os antifascistas.
Portanto, se o antifascismo se concentra em pedir aos partidos parlamentares que proíbam, e que seus quadros é quem que participem da questão, as proibições aos atos de rua mais uma vez se voltarão amanhã contra nossos próprios eventos organizados. Isso reforçará a falsa identidade rebelde que os fascistas estão tendo hoje e, finalmente, reforçará a falsa ideia de que o fascismo é o oposto da democracia capitalista e não um complemento necessário em determinados momentos históricos.
Como eles vão nos fazer crer que o fascismo tem algo a ver com a revolução social se ele está completamente em sintonia com os estados e o poder? Como é possível pensar que a corrente mais conservadora é algum tipo de objetivo transformador?
O fascismo é reacionário por definição e eles têm medo da mudança, da qual não há como voltar atrás. O mundo está mudando mais uma vez, as grandes verdades hegemônicas, como a de gênero, estão desmoronando diante de nossos olhos, e isso é imparável. Estamos nos emancipando do colorismo, do racismo e do capacitismo para prestar atenção à interseccionalidade e nos liberar por meio da definição de nossas vulnerabilidades.
O fascismo não é uma ameaça à democracia capitalista, mas funciona como segurança voluntária e militante para seu próprio status quo. É por isso que sempre insistiremos que não basta nos opormos ao fascismo e aos nazistas em sua versão mais violenta e de rua, mas que a raiz do problema está no sistema capitalista e em todas as formas de opressão. Não se trata de abstrações, estamos vendo isso nas moradias; como as empresas de despejo ampliam as manobras dos especuladores imobiliários, dos rentistas e da polícia para expulsar as pessoas das casas com todos os meios necessários. Estamos vendo isso no gerenciamento de fronteiras, já que a mídia aponta a imigração como o principal problema a ponto de influenciar a opinião pública dominante. Em um cenário de crise energética, o que podemos esperar? Bem, o óbvio, que os nazistas, mesmo que se apresentem como rebeldes, tomem para si a tarefa de perseguir e conter as minorias políticas e sociais que se colocam no caminho, enquanto o capitalismo continua a usar suas novas formas de extração e acumulação às custas de tudo e de todos.
O que fazer? Não temos a chave, mas consideramos importante não delegar às instituições a tarefa de fazer com que a expressão mais violenta desse sistema, os neonazistas, seja impedida de correr solta. Consideramos necessário que as ruas contra o fascismo não sejam apenas nós que estamos aqui hoje, mas o restante dos explorados, com toda a diversidade que isso implica.
As coisas estão difíceis, mas a organização desta manifestação e toda a preparação anterior é um exemplo pequeno, mas vivo, de que podemos nos organizar a partir de nossas diferentes posições e enfrentá-las, porque sim, o fascismo não é uma opinião e não se debate, se combate.
Para isso e muito mais, vamos nos organizar entre iguais, horizontalmente, sem delegar nossas vidas e nossas decisões a outros. Vamos usar a ação direta para enfrentar os conflitos cotidianos, como o fascismo nos dias de hoje. Vamos criar vínculos de solidariedade com os problemas e ataques que sofremos todos os dias por parte dos poderes constituídos, em todo o mundo. Não demos trégua ao fascismo, não demos trégua a qualquer forma de autoridade.
Tradução > anarcademia
agência de notícias anarquistas-ana
A rede range
sob o peso do sono
e do almoço
Gustavo Alberto Correa Pinto
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!