Após cinco dias de trabalho, o Encontro Global pelo Clima e a Vida – AntiCOP 2024 foi concluído em Oaxaca, reunindo mais de 250 representantes dos povos Waorani, Yaqui, Purépecha, Zapotec, Chatino, Mixteco, Ngiwa, Chontal, Wayuu, Ikoot, Sami, K’Ana, Kanak, Maya Q’echi, Mundurukú e Nasa, além de representantes de países como Argentina, Bolívia, Palestina e Curdistão, para denunciar a “lavagem verde” (Greenwashing) das Cúpulas sobre Mudanças Climáticas (COP) e traçar rotas de organização para enfrentar a crise climática global.
Diante da inação dos líderes mundiais para proteger a natureza, os representantes do Encontro propuseram como linhas de ação a gestão comunitária da água, a promoção da educação ambiental intercultural, realizar a AntiCOP regionais, uma mobilização para a COP30 no Brasil e reuniões climáticas em diferentes partes do mundo, a criação de um Fundo Autônomo para Desastres Climáticos, a recuperação de terras e práticas pré-coloniais para promover iniciativas de revitalização de espécies e sistemas agrícolas ancestrais, entre outras medidas coletivas.
As propostas coletivas dos povos foram o resultado de cinco dias de trabalho em mesas redondas sobre os megaprojetos impostos em seus territórios, a criminalização de migrantes, jornalistas e defensores de direitos humanos, a militarização, o deslocamento forçado de povos e a mercantilização da vida.
“All COPs Are Bastards! (ACAB-Todas as COPs São Bastardas!) A COP29 tenta esconder por trás de uma hipócrita lavagem verde o registro de ecocídio, genocídio e as atrocidades cometidas pelo Azerbaijão contra o Povo Armênio, que não são apenas um capítulo terrível da história, mas um eco de como a guerra e a exploração de recursos naturais e pessoas se entrelaçam e exacerbam a crise climática e social que enfrentamos. A omissão do Genocídio do Povo Palestino durante a COP28 em Dubai foi uma prova disso”, acusaram os participantes do Encontro em uma declaração final.
De 4 a 9 de novembro, povos, coletivos e organizações indígenas denunciaram como “governos, empresas e grupos criminosos continuam a perpetrar uma profunda guerra contra os povos e a natureza para sustentar esse sistema heteropatriarcal, capitalista e colonial, que ameaça destruir o planeta”.
Essa guerra, explicaram, “é disfarçada por meio de processos institucionais e oficiais que não resolvem fundamentalmente os conflitos estruturais, nem respondem às necessidades territoriais coletivas. Graças a isso, estamos nos dirigindo a um mundo de aquecimento global catastrófico, caminhando para um mundo de 2,6 a 3,1°C até o final do século, desafiando o equilíbrio planetário e a sobrevivência da humanidade”.
Eles acrescentaram que a reunião AntiCOP 2024 permitiu a articulação dos povos em resistência e de um movimento que desafia o extrativismo, o colonialismo verde e os megaprojetos que desapropriam as comunidades de seus recursos e terras.
“É uma articulação desde baixo que lembra, imagina e constrói outros mundos em harmonia com os ecossistemas, a biodiversidade e a justiça. Desde a AntiCOP 2024, nos comprometemos a continuar construindo juntos, respeitando nossas diferenças e reconhecendo nossas lutas compartilhadas. Somos o Sul Global, somos os guardiões de nossas terras e culturas. Essa luta é nossa e a defendemos com determinação e unidade”, enfatizaram os participantes.
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Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!