
O lançamento, neste dia 21 de novembro de 2024, de um míssil balístico intercontinental pela Rússia contra a Ucrânia representa um dos momentos mais inquietantes da guerra em curso, reafirmando a irracionalidade da escalada militar. Embora o projétil não estivesse armado com uma ogiva nuclear, sua simples utilização demonstra a disposição de recorrer a instrumentos de destruição massiva, expondo a humanidade ao risco de catástrofes de proporções inimagináveis. Essas armas, projetadas para atingir distâncias superiores a 5.000 km, evidenciam a crescente militarização das relações internacionais e a falência dos Estados, mais uma vez, para lidar com conflitos.
Essa situação é indissociável da lógica do capitalismo global, que alimenta guerras por meio de interesses econômicos e industriais. A indústria armamentista, motor de economias inteiras, prospera às custas da instabilidade internacional e do sofrimento humano. Grandes potências, frequentemente lideradas por conglomerados privados, utilizam conflitos como pretextos para justificar investimentos exorbitantes em defesa, enquanto necessidades sociais básicas permanecem negligenciadas. Sob essa ótica, a guerra não é apenas uma tragédia humanitária, mas também um negócio lucrativo, uma engrenagem que move o capital global em direção à destruição, não ao progresso humano.
A guerra, nesse sentido, deve ser compreendida como um subproduto direto de um sistema que valoriza o lucro acima da vida. Sob o capitalismo, a busca incessante por recursos naturais e mercados transforma nações em campos de batalha, e populações inteiras em peões sacrificáveis. Nos conflitos atuais (e em especial na guerra Rússia X Ucrânia) os interesses econômicos, como o controle de corredores energéticos e recursos estratégicos, são mascarados por discursos nacionalistas ou ideológicos. A retórica da segurança nacional frequentemente esconde o fato de que a guerra é um meio de perpetuar desigualdades globais e consolidar hegemonias econômicas e políticas.
Dessa forma, o uso de tecnologias avançadas em guerras modernas é mais uma afronta capitalista à razão e à humanidade. Os recursos direcionados ao desenvolvimento de armas poderiam ser empregados na erradicação da fome, na universalização da educação e na mitigação da crise climática — desafios também ocasionados pelo capitalismo e que ameaçam a humanidade de forma muito mais profunda que qualquer conflito armado.
Portanto, mais do que nunca, é necessário um rompimento político, econômico e ético com as estruturas que perpetuam o militarismo e a violência. A superação do capitalismo como sistema global é fundamental para construir uma sociedade em que o valor da vida humana prevaleça sobre os interesses do capital. Apenas por meio da rejeição ao militarismo e à exploração será possível alcançar um futuro de verdadeira paz e justiça social, longe dos Estados, longe do Capital.
Liberto Herrera
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Estrela Ruiz Leminski
Anônimo, não só isso. Acredito que serve também para aqueles que usam os movimentos sociais no ES para capturar almas…
Esse texto é uma paulada nos ongueiros de plantão!
não...
Força aos compas da UAF! Com certeza vou apoiar. e convido aos demais compa tbm a fortalecer!
Não entendi uma coisa: hoje ele tá preso?