Existem certos momentos, como hoje na Síria, em que só podemos nos alegrar. Ver as estátuas de Bashar e seus parentes saqueadas, as multidões nas ruas, as portas das prisões abertas. Esses momentos nos lembram que todos os regimes, até os mais autoritários, podem cair.
Se há uma constante em revoluções, é a libertação de prisioneiros. Símbolo de poder, de quem pode decidir a liberdade de seus súditos, a prisão é um dos pontos sobre onde repousa a submissão ao Estado e a aceitação das normas sociais.
Uma das piores prisões do mundo, Sednaya, aparentemente foi completamente esvaziada de seus prisioneiros, permitindo que as pessoas revissem seus parentes dos quais não tinham notícias há muitos anos ou até mesmo que os encontrassem pela primeira vez. Mas não nos enganemos, enquanto os “rebeldes” esvaziam as prisões do regime caído, aquelas sob seu controle já estão cheias de opositores.
Revolucionários já caíram antes na armadilha de apoiar organizações pró-Estado, a favor do terceiro-mundismo, contra o imperialismo, seduzidos pelo comunalismo curdo ou o romantismo da guerrilha. Infelizmente, trata-se muito mais de uma aliança religiosa, desejando dar direção à “vontade do povo”, do que dos insurgentes na Síria que conseguiram derrubar o regime. Estruturas como essas, que utilizam práticas militares, nunca serão desejáveis. Queremos carregar uma solidariedade antiautoritária e sem fronteiras para com os revoltados na Síria, porque nossas esperanças na revolução síria vão além da perpetuação de uma sociedade mantida pelas armas, submetida a um poder celeste e terreno, que exige que as prisões existam.
Enquanto celebramos a libertação dos sírios das algemas do clã Assad, só podemos esperar que o que estava em germinação durante as insurreições de 2011 possa ir ainda mais longe, rumo a uma autorganização de todas as esferas da vida cotidiana, ataque e total questionamento ao poder e a propriedade.
Tanto aqui como lá, muito ainda existe para ser destruído. Prisões, Religiões, Estados.
Felicidade ao reencontro dos libertados, força àqueles aprisionados em todo o mundo!
Anarquistas, confiantes e cautelosos,
França, 9 de dezembro de 2024
Tradução > Alma
agência de notícias anarquistas-ana
Flor esta
De pura sensação
Floresta.
Kleber Costa
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!