O anarquista libertado falou sobre solidariedade e abolicionismo no Cowley Club, em Brighton
Por Elizabeth Vasileva
Uma palestra do ex-prisioneiro anarquista Toby Shone no Cowley Club, em Brighton, reuniu cerca de 20 pessoas na sexta-feira (7 de março). O clima foi acolhedor e a recepção a Toby, muito positiva.
Ele contou que o apoio dos amigos e camaradas, escrevendo, visitando e organizando protestos com fogos de artifício do lado de fora da prisão — foi essencial para manter seu ânimo. Assim como se organizar com outros presos, apoiar uns aos outros e construir solidariedade. Toby observa que o sistema simplesmente não tolera quando prisioneiros se solidarizam entre si — e foi aí que ele encontrou a verdadeira força lá dentro. “A máquina do Estado morre de medo dos laços que criamos entre nós”, afirma, argumentando que as condições nas prisões são o retrato de uma sociedade em seus dias finais. Ouvindo Toby, fica fácil concluir que a única ação possível diante das prisões é aboli-las.
Toby Shone foi preso em 2020 durante a operação Adream, acusado de envolvimento no projeto 325. A Adream foi uma investigação antiterrorista de várias agências estatais contra o coletivo anarquista 325, nascido da cultura rave e dos squats de Brighton nos anos 2000. O grupo publicava um zine e um site, divulgando informações sobre diversas ações anarquistas.
Toby foi preso após alguns incidentes em que veículos foram incendiados na região entre Bristol e Bath. Ele foi acusado de administrar o site do 325 por “distribuição de publicações terroristas”, “financiamento ao terrorismo” e “posse de informações usadas para fins terroristas”. Uma série de ações diretas assinadas por FAI, ELF e ALF também foram jogadas nas costas dele, enquanto a polícia invadia sua casa, a casa de amigos, espaços coletivos e veículos. Embora até o próprio Estado reconhecesse que não havia líderes, tentaram enquadrá-lo como liderança e ainda ligá-lo a supostos “chefes” anarquistas na Grécia. Felizmente, poucas dessas acusações se sustentaram, e no fim Toby acabou condenado por posse de drogas.
Em novembro de 2024, Toby saiu da prisão após 5 anos em vários presídios de segurança máxima. Na palestra, ele focou principalmente nas condições dentro das prisões, na crítica ao sistema de justiça criminal, nas ações do Estado para mantê-lo preso e no apoio recebido dos camaradas.
As prisões, comenta Toby, são lugares horrendos: “Lá dentro não existe esse papo de direitos humanos. Você é tratado do jeito que decidem te tratar”. Falta cobertor, falta comida decente, falta higiene, falta banheiro digno, as celas nunca foram limpas, não tem academia, nem espaço ao ar livre… e a lista segue. Isso te destrói. Mas o pior é o jeito como seres humanos são tratados. Para alguns, o isolamento, o trauma e a dor são insuportáveis. Presos se machucam em desespero, e ninguém chama ajuda ou sequer vai ver como estão.
Na experiência de Toby, não há espaço para dúvidas: vidas humanas são desperdiçadas, não existem oportunidades de reabilitação, e raramente há chance de estudo, desenvolvimento pessoal ou qualquer atividade que dê algum sentido à existência. “Nessas circunstâncias, você precisa achar uma razão dentro de você para estar lá. E a razão é que somos revolucionários, queremos um mundo melhor, queremos isso para todos”, disse ele.
>> Foto de capa: Ato de solidariedade com Toby em frente ao escritório da condicional em Cardiff, março de 2024.
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