[Chile] La Zarzamora completa 7 anos pela liberação total

Por La Zarzamora

Mídia livre La Zarzamora está de Aniversário e é uma boa oportunidade para conhecer algo de nossa história como mídia e também os detalhes da jornada de aniversário que realizaremos em Concepción no próximo 5 de abril.


A HISTÓRIA DE ZARZA

Em 4 de abril de 2018 criamos a mídia livre La Zarzamora entre o bosque do cerro Caracol em Concepción, a ideia primeiramente foi gerar material audiovisual, gráfico e informativo para mulheres e dissidências desde uma perspectiva ácrata, autônoma, anti-institucional, confrontacional, distanciado do estereótipo feminista que reproduz o poder e do assistencialismo.

Queríamos comunicar desde nossa vivência de dissidências e mulheres anti-especistas, veganas pobres, do povo, que não acreditam na justiça, posicionadas contra o monopólio estatal da violência, com vontade de exercê-la em nossa autodefesa, sem hipocrisias nem disfarces de pacifismos reacionários.

Desde então começamos a registrar comícios, intervenções (registráveis) em marchas e atividades. Ao mesmo tempo começávamos a escrever notas de opinião, e pequenas reportagens, aprendendo redação de maneira autodidata. É assim como fomos cobrindo a necessidade, de comunicar desde nosso olhar anti-hegemônico, desde a rua, desde a raiva.

O grupo era diverso e pouco a pouco foi mudando desde um olhar amplo, mas ligado à autonomia, para um anarcofeminismo mais de acordo com as nossas experiências individuais, menos complacente, menos de cair bem a todos, que nos deixasse expressar o que realmente sentimos ante a estrutura patriarcal e as opressões do domínio.

NOSSAS FERRAMENTAS

Tendo já o meio digital funcionando e a difusão por redes, se tornou prioridade começar com uma rádio que nos permitisse expandir nossas ferramentas de propagação, desde uma linguagem que gostamos bastante já que é mais seguro, permite resguardar identidades se fosse necessário e também nos permitia continuar a relação com o resto de rádios livres de Abya Yala, que já conhecíamos por participar em outras rádios anteriormente. Com este objetivo em março de 2020 lançamos Radio La Zarzamora.

Os anos passaram e nos demos conta que muitas vezes as informações se tornam efêmeras, no ritmo da velocidade das redes, queríamos algo que perdurasse no tempo, algo que pudesse chegar onde a internet não chega. É assim que decidimos continuar com a longa historicidade dos jornais anarcofeministas e compreendemos a necessidade de seguir colaborando desde essa trincheira. Assim em novembro de 2022 tiramos nosso primeiro número em papel.

La Zarzamora, nome que escolhemos pensando nas características da zarça ou murra (expandir-se rapidamente, defender-se com seus espinhos e ao mesmo tempo dar um fruto doce e delicioso), começou a crescer como as coisas boas (mal chamadas coisas más).

Nossas notas e artigos foram republicados e traduzidos múltiplas vezes a diversos idiomas como o grego, português, italiano, inglês e francês.

Graças a muitos compas, nossas publicações chegaram a longínquos territórios, onde atualmente fazem parte de arquivos e bibliotecas livres, em lugares como Costa Rica, Argentina, Bolívia, Equador, México, Brasil, e mais longe ainda, como quando nos avisaram que deixaram nossos números no arquivo de cultura juvenil de Berlin. Hoje já temos conversas para imprimir a publicação em lugares como Grécia, América do Norte e Itália.

Da mesma maneira desde o começo do funcionamento da rádio, participamos em mais de 27 cadeias radiais junto a companheiros de outras rádios livres e anarquistas e incontáveis transmissões radiais, conseguindo contato e trabalho conjunto com rádios dentro e fora de Abya Yala. Estas cadeias nos permitiram propagar a situação de nossos companheiros na prisão, visibilizar a violência estatal, o especismo, a violência racista para o povo e a infância mapuche, a brutalidade do extrativismo e expandir nossa memória negra, entre outras temáticas. Da mesma forma, propagamos e aprendemos das experiências e lutas dos povos e comunidades de Abya Yala, graças à bela rede de rádios livres e anarquistas que durante anos construímos juntos.

Em todos estes anos, realizamos tantas coberturas que perdemos a conta, conseguimos fazer monitoramento informativo de greves de fome, acampamentos solidários, julgamentos e processos de busca. Também criamos várias campanhas: a campanha pelo fim do zoológico centro de extermínio animal de Nonguen, campanhas de arrecadação solidária para os companheiros presos e campanhas contra o extrativismo, entre outras.

Além disso é bom recordá-lo em tempos de grosseiras difamações, geramos jornadas informativas e solidárias com nossos companheiros na prisão, lançamentos de publicações anticarcerárias, arrecadações solidárias, ajuda a familiares de presos, visitas e apoio a compas na prisão e a mulheres encarceradas, entre outros gestos, que nunca serão suficientes, mas que são imprescindíveis na luta contra a sociedade carcerária.

Todos estes anos trabalhamos de maneira autogestiva, não aceitamos nenhum tipo de financiamento, reciclamos nossos equipamentos, aprendemos a repará-los e às vezes inclusive a criá-los, começamos com nada e hoje já podemos instalar transmissões onde queremos.

As últimas novidades em nosso que fazer foram ser parte da Escola de meios de comunicação de Abya Yala, que nos brindaram de maneira gratuita e graças a estes anos de trabalho, a oportunidade de capacitar-nos em segurança digital, proporcionando-nos mais ferramentas de cuidado, as quais coletivizamos com diversos grupos afins.

Como resultado disto, hoje contamos também com um serviço de nuvem segura de armazenamento e seguimos aprendendo para proporcionar mais instâncias de segurança digital a nossas afinidades e grupos em luta.

A JORNADA DE ANIVERSÁRIO


Após essa revisão de nossa história, lhes contamos que para este 5 de abril temos preparada uma grande jornada de aniversário na qual compartilharemos com nossos leitores e ouvintes, diversas surpresas. Esta jornada nos permitirá auto financiar nosso trabalho contrainformativo anual para seguir incomodando.

A jornada começa às 11 da manhã com uma Oficina de Autodefesa para mulheres e dissidências, que se realizará em @casalaescoba.conce. Para participar só deves inscrever-te enviando-nos um email a mediolivrelazarzamora@riseup.net. O aporte sugerido para esta oficina é de 3.000 pesos (não excludente, quer dizer se não puder, converse conosco).

Na tarde por volta das 16 horas, seguiremos com a jornada da tarde, que começa com o lançamento de nosso novo número de Publicação La Zarzamora, no qual abordaremos os artigos em informações que compõem este «especial anti-extrativista».

Posteriormente desfrutamos de deliciosa comida vegana, várias bebidas (com e sem álcool) e da música de tremendas bandas e cantautores. Só para tentar-te te contamos que estaremos vendendo a mundialmente conhecida pizza vegana a La Zarzamora capaz de deleitar qualquer paladar, também contaremos com sobremesas vegan e algumas das famosas empanadas vegan de La Zarzamora: a napolitana anticana, a fora florestais (de pino vegan), e se nos pedem igual fazemos as bahía livre de mineração (pino de cochayuyo da bahía).

E como lhes contávamos, na música não ficaremos atrás, estaremos desfrutando o potente ruído de M.A.L.A, a força do rap de Expressão Fem, o fogo dos acordes de YadirA cantautore e a magia da costa valdiviana com Tara. Desfruta e aproveita para pegar nosso trabalho.

Não é demais recordar que esta atividade e o espaço no qual se desenvolverá, são livres de atitudes patriarcais, especistas, racistas e nefastas.

Vem e festeja conosco este 5 de abril para sacudirmos juntos, fortalecer-nos e seguir nossa luta contra toda dominação.

La zarza segue como a má erva, espetada e sem perder a ternura, fortalecendo-se após cada golpe, a 7 anos do começo desta travessia. Desde aqui agradecemos a todos que caminham junto conosco, nos vemos logo, cuidemo-nos entre todos.

lazarzamora.cl

Tradução > Sol de Abril

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agência de notícias anarquistas-ana

Em morosa andança
Ao léu com meu ordenança —
Contemplação das flores.

Kitamura Kigin

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