Feministas iranianas se manifestam

20 de junho de 2025


Publicado originalmente no Anarchist Communist Group

Publicamos abaixo declarações de feministas iranianas. A primeira é do Grupo de Libertação Feminista do Irã.

7 lembretes cruciais para nossos aliados internacionais sobre o conflito no Irã

  1. Priorize a desescalada
    Evite contas ou narrativas que comecem com slogans como “O Irã tem direito à legítima defesa” (muitas vezes propaganda estatal) ou “Israel libertará o Irã e não atacará civis” (muitas vezes propaganda sionista). Tais declarações frequentemente encobrem ou justificam a violência estatal. Em vez disso, devemos sempre nos concentrar nos civis, não nos Estados.
  2. Verifique novamente suas fontes
    Há uma quantidade avassaladora de desinformação online. Antes de compartilhar algo, verifique com veículos de mídia confiáveis ou jornalistas de credibilidade. Publicações virais nem sempre são precisas, mesmo que sejam emocionalmente convincentes. Algumas contas para seguir: @middleeastmatters e @centerforhumanrights.
  3. Não se esqueça dos presos políticos
    À medida que os ciclos de notícias evoluem, muitas pessoas são esquecidas. No Irã, inúmeros presos políticos, incluindo condenados à morte, correm grave perigo diariamente. Durante a guerra Irã-Iraque, milhares foram executados em 1988 sob o pretexto do conflito. Não permitamos que a história se repita.
  4. Evitemos idealizar qualquer forma de poder estatal
    A oposição a um regime opressor não implica apoio a outro. Todos os governos devem prestar contas, seja Israel, EUA, Irã ou qualquer outro Estado. O verdadeiro anti-imperialismo exige questionar constantemente todas as formas de opressão.
  5. Foque nas vozes dos diretamente afetados
    Dê poder a quem está na linha de frente, não a influencers que se apropriam da narrativa. Encontre e apoie ativistas de base, jornalistas independentes e pessoas que falam a partir de suas próprias experiências.
  6. As mulheres e os homens iranianos estão presos entre duas formas de violência
    Muitas pessoas no Irã se opõem ao regime islâmico e, ao mesmo tempo, temem a intervenção militar estrangeira. Elas não querem ser usadas como peões em jogos geopolíticos. A verdadeira solidariedade significa apoiar suas demandas por liberdade, sem intervenção militar.
  7. Não ignoremos as outras lutas em curso, especialmente contra o genocídio na Palestina


Em solidariedade às mulheres e homens iranianos, continuem a levantar suas vozes contra as atrocidades na Palestina, Sudão, Ucrânia e injustiças globais. Essas lutas não competem entre si, mas estão entrelaçadas por sistemas comuns de opressão, militarismo e violência estatal. A solidariedade deve ser interseccional.

A segunda e a terceira declarações vêm de mulheres na terrível prisão de Evin. Ambas exigem o fim da guerra, condenam o ataque do Estado de Israel contra o Irã e, ao mesmo tempo, rejeitam o regime teocrático e autoritário do Irã, responsável pela morte de milhares de dissidentes. Ambas enfatizam a necessidade de uma luta popular para derrubar o regime, enquanto rejeitam a intervenção estrangeira. Embora possamos criticar o uso de certos termos como “democracia”, apoiamos o antimilitarismo e o internacionalismo dessas mulheres corajosas.

Em uma dessas declarações, quatro presas políticas — Reyhanna Ansari, Sakineh Parvaneh, Verisheh Moradi e Golrokh Irai — afirmaram que a verdadeira liberdade do Irã só será alcançada através da resistência generalizada e do poder dos movimentos sociais. Elas rejeitaram firmemente qualquer esperança de depender de governos estrangeiros para trazer liberdade ou democracia ao povo iraniano e condenaram vigorosamente os recentes ataques israelenses em solo iraniano, que resultaram na morte de civis e destruição de infraestrutura. Escreveram:

“Nossa libertação, a libertação do povo do Irã da ditadura que governa o país, só é possível através da luta das massas e recorrendo às forças sociais, não se agarrando a potências estrangeiras nem depositando esperanças nelas… As potências que sempre trouxeram destruição aos países da região através da explotação e da colonização, incitando guerras e assassinatos em busca de maiores benefícios, não terão outro resultado para nós senão nova destruição e explotação.”

Em uma mensagem separada, as presas políticas Anisha Asadollahi, Nahid Khodabakhashi e Nasrin Javadi escreveram uma carta diretamente ao povo do Irã. Começaram sua carta saudando o povo oprimido e justo e declararam: “As guerras nunca beneficiarão o povo.”

É o povo, que não teve nenhum papel no início dessas guerras, quem sempre paga o preço.

Essas presas políticas se autodenominam “reféns do governo”, mantidas indefesas atrás de portas de ferro. No entanto, mesmo de dentro da prisão, expressaram profunda preocupação com as pessoas que estão fora, convocando para a resistência coletiva contra a guerra.

Fonte: https://panfletossubversivos.blogspot.com/2025/06/las-feministas-iranies-se-pronuncian.html

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

Na banca da feira
Tudo a preço de banana:
morangos maduros.

Alberto Murata

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