[Grécia] Aqui afogados, ali bombardeados – os migrantes são os miseráveis da Terra

Em um momento em que bombas estão caindo na Síria, na Líbia, na Palestina e, de forma mais ampla, no norte da África e no Oriente Médio, quando a fome, a miséria, o tráfico de pessoas, o genocídio e a guerra continuam, tudo com o financiamento, o envolvimento militar e o apoio da UE, as pessoas que tentam escapar são rotuladas pelo Estado grego como “invasores”, uma “ameaça híbrida”, um “perigo”.

Esses rótulos servem mais uma vez para endurecer as leis (como a suspensão dos procedimentos de asilo, a prisão de pessoas sem documentos), a escalada da repressão e a construção de novos campos de concentração.

Os migrantes que tentam buscar um futuro melhor dentro da Fortaleza Europa são assassinados no mar pela guarda costeira grega e pela Frontex, seja por meio de empurrões ou afundando deliberadamente seus barcos, como aconteceu ao largo de Pylos. Ao mesmo tempo, a marinha está posicionada em águas internacionais perto da fronteira com a Líbia.

Para aqueles que chegam ao território grego, o que os aguarda são campos de concentração, assassinatos em delegacias de polícia, deportações e torturas, tudo para “mostrar” as políticas antimigratórias do Estado grego.

Ao mesmo tempo, o Estado grego assinou acordos interestaduais para importar trabalhadores migrantes, que são forçados a trabalhar como escravos na agricultura e no turismo, para depois serem enviados de volta aos seus países de origem. Assim, chegamos à conclusão de que os verdadeiros traficantes não estão nos barcos com os destituídos, mas nos escritórios do governo.

Nessa realidade sombria, a retórica racista transborda do pântano da grande mídia, inundando a vida cotidiana com seu veneno em meio ao alto custo de vida, ao empobrecimento, à miséria e à desvalorização de nossos salários e de nossas vidas, todos causados pelos mesmos sistemas responsáveis pelas condições que forçam milhões de pessoas a seguir o caminho do exílio.

Os responsáveis pela pobreza, exploração, opressão, morte e guerra são os Estados e o capital, não os pobres e perseguidos que fogem das terras saqueadas pelo “Ocidente”.

Não temos nada que nos separe dos oprimidos do outro lado das fronteiras. Estamos unidos por um destino compartilhado e, juntos, lado a lado, devemos construir solidariedade, organizar e lutar contra nossos inimigos comuns: nossos exploradores e opressores.

Devemos nos posicionar contra o racismo e o canibalismo social e construir comunidades de resistência para um mundo de liberdade, igualdade e solidariedade, um mundo que não conhece fronteiras.

As fronteiras são cicatrizes no corpo do planeta.

Contra o genocídio cometido pelo Estado israelense, com o apoio da UE e da OTAN. Força para os oprimidos na Palestina.

Solidariedade com todos os migrantes. A solidariedade é a arma do povo. Guerra contra a guerra dos patrões!

Coletivo Anarquista Acte

acte@riseup.net/acte.espivblogs.net

agência de notícias anarquistas-ana

entre os vinte cimos nevados
nada movia a não ser
o olho do pássaro preto

Wallace Stevens

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