
Desde maio de 2022, o companheiro anarquista Alfredo Cospito foi transferido para o regime prisional de 41 bis. O cárcere duro que prevê uma socialidade extremamente restrita, a censura permanente sobre a correspondência e diversos impedimentos para o acesso a livros. Refeitórios realizados rigorosamente com familiares autorizados, separados por um vidro à prova de balas. Uma área de passeio projetada para limitar seu olhar com muros altos até o céu e uma rede como teto. Uma pressão constante do Estado sobre o detento, seus familiares, seus advogados. Uma única mensagem para todos aqueles que são forçados a orbitar em torno desse universo: o que acontece no 41 bis não pode ser comunicado. O objetivo é destruir o prisioneiro, torturá-lo a ponto de levá-lo à colaboração. Um dogma intocável que não é questionado nem mesmo diante da morte.
Um regime – visto pelo próprio direito burguês que o criou como uma exceção a si mesmo – cuja renovação deve necessariamente ser endossada pelo Ministro da chamada “Graça e Justiça”, por meio de um decreto motivado que justifique sua prorrogação. Esse trâmite administrativo soaria como uma boa notícia, considerando que o encarregado desse dicastério é Carlo Nordio. Um homem afetado por uma desmemória crônica, presa de amnésias fulgurantes que o levam a repatriar, com voos de Estado, notórios torturadores como o general líbio Almasri, esquecido, subitamente, dos mandados de prisão pendentes contra ele por cortes internacionais.
Infelizmente, a patologia de que sofre o ministro é objetivamente seletiva e ataca apenas quando algum poderoso tem algo a perder. Portanto, para o destino prisional do companheiro Alfredo Cospito, há pouca esperança na doença de Nordio. Afinal, Alfredo não é procurado por crimes de múltiplos homicídios de pessoas em condição de defesa diminuída (detentos nas prisões que o general administrava, presos principalmente por terem tentado clandestinamente fugir dos horrores e da miséria de seus lugares de origem), não é acusado de sevícias e estupros, praticados com maior sadismo em prisioneiros acusados de ateísmo ou homossexualidade, visando à extorsão, não é chefe de bandos de milicianos a soldo do poder e do dinheiro. Sobretudo, não é acusado de ter feito isso e muito mais a serviço do imperialismo italiano, internando e torturando refugiados em nosso nome e combatendo sua parte da guerra civil pelas facções patrocinadas por nosso país e pela Eni [multinacional petrolífera italiana].
Alfredo é, ao contrário, um anarquista que acredita, como acreditam os anarquistas, que um pouco de justiça, diferente daquela comumente chamada de lei, pode realmente ser trazida a este mundo condenado, afetado por lógicas de dominação. Por isso, reivindicou ter baleado as pernas, em uma esplêndida manhã de maio de 2012, de um dos maiores dirigentes da energia nuclear na Itália. Alfredo é um anarquista e, como os anarquistas, como a companheira Anna Beniamino, não se deixa dobrar por um Estado que primeiro os acusa e depois os condena com acusações totalmente desproporcionais, como a de “massacre político”, permanecendo de cabeça erguida e, ainda que submetidos a um processo farsante, reafirmando por meio de declarações espontâneas a verdadeira natureza massacrante do Estado italiano.
Alfredo, portanto, não é um líder e não ocupa cargos de chefia. Os anarquistas não têm chefes nem hierarquias. É apenas um homem coerente em um mundo no qual a coerência assusta.
Por isso Alfredo não usufruirá das amnésias seletivas dos poderosos. Para tirá-lo do 41 bis, é necessária a nossa determinação.
Tradução > Liberto
agência de notícias anarquistas-ana
brilha o grampo
ou ela tem no cabelo
um pirilampo?
Carlos Seabra
boa reflexão do que sempre fizemos no passado e devemos, urgentemente, voltar a fazer!
xiiiii...esse povo do aurora negra é mais queimado que petista!
PARABÉNS PRA FACA E PRAS CAMARADAS QUE LEVAM ADIANTE ESSE TRAMPO!
Um resgate importante e preciso. Ainda não havia pensado dessa forma. Gratidão, compas.
Um grande camarada! Xs lutadores da liberdade irão lhe esquecer. Que a terra lhe seja leve!