[Colômbia] 11ª Feira do Livro Anarquista de Medellín, 15 e 16 de novembro

Nesta 11ª versão da feira anarquista do livro e da publicação, invocamos e convocamos a alquimia que jaz nos caldeirões onde se forja o que sustenta a vida: o alimento. O cuidado das mãos que descascam, amassam, fatiam, esperam, lavam e servem serão as topografias que exploraremos para que essas palavras das quais nos gabamos conhecer, como autonomia e autogestão, nos deem pistas de como rondá-las de maneiras mais apropriadas, dada a situação presente na qual estamos, onde a fome é uma das formas de sofisticação do aparato do Estado em sua versão mais macabra: o genocídio.

Nutrir-se supõe brincar com os elementos que possibilitam o movimento em espiral do orgânico e inorgânico: água, fogo, terra, ar. Recordar nossas composições e sua tendência à decomposição nos põe em contato com o comum que nos chama, a eterna metamorfose que supõe o ato mesmo da cocção, fermentação e compostagem. Misturas às quais recorremos como quem não pode fazer outra coisa, com aquela doce suavidade que impregna o ímpeto do selvagem. Acorrer, atender, sintonizar-se, disso sabe a alma vegetal que nos compõe, o repouso mineral que nos sustenta e o olhar aberto do animal que não duvida, mas que simplesmente: sabe. Nutrir a própria vida supõe costurar comunidade e solidão, que não é senão a outra face da anarquia. Recordar sua tão potente e difícil etimologia: anarkhia, sem origem, sem princípio, sem mando. Temos atendido ao que isso supõe? Talvez seja hora de olhar para nossas mãos e saber o que estas fizeram e o que podem; entre um calo e outro, entre uma linha oblíqua e uma reta, tecem-se histórias de comunidades que migram, se enraízam e desenraízam, se deslocam e fazem ninho. Jaz, pois, a memória entre nossas mãos e seus tão necessários esquecimentos. Então voltar: acorrer, atender e sintonizar-se, sejam os modos pelos quais pensemos que a anarquia seja a única possibilidade de coabitar com tudo quanto existe, sem que a fome seja uma arma de guerra, mas a forma mais elementar do movimento.

Fazemos um chamado para participar deste caldeirão ácrata onde poderão ofertar o que o território de suas mãos lhes sugerir.

Mais infos: https://www.instagram.com/feria.anarquista.del.libro.ylp/

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

o sapo, num salto,
cresce ao lume do crepúsculo
buscando a manhã

Zemaria Pinto

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