Rasura o Céu da Bala

Não é por Estado, nem por bandeira,

nem por fronteira cravada no chão.

É pela carne que a terra alveja,

pelo pó que era lar, e agora é só pó.

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O canhão fala a língua do Império,

a farda é a pele do opressor.

Eles erguem muros de concreto e desprezo,

escrevendo estatísticas com sangue e suor.

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Mas a Anarquia grita no peito da praça,

na rede que tecem sem rei nem patrão:

é a solidariedade que cruza a trincheira,

o pão compartilhado, a única nação.

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Enquanto o drone, frio zumbido da Morte,

despeja o fósforo sobre o quintal,

cresce no escombro uma semente teimosa,

que não é do Hamas, nem de Israel.

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É da vida que insiste, da raiva que abraça,

do povo que é povo, sem Estado ou senhor.

É o “Basta!” que ecoa da faixa de Gaza,

um grito sem dono, de puro terror.

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Contra a máquina de moer corpos,

erguemos as mãos, não por um novo poder,

mas pela ausência de todos os cárceres,

pelo direito simples de simplesmente ser.

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Abaixo a bota que esmaga o poema,

o genocídio que vestem de “guerra”.

A única lei é a do apoio mútuo,

a única pátria, a Terra Inteira.

Liberto Herrera.

agência de notícias anarquistas-ana

Sopra o vento
Segura-te borboleta!
Na pétala da flor.

Rodrigo de Almeida Siqueira

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