[Irã] Declaração de protesto pela suspenção imediata da sentença de execução de “Goli Houhkan”, uma mulher Balúchi

Somos a voz da ira, a dor e a resistência; a voz de mulheres que durante anos foram esmagadas sob mecanismos de dominação, discriminação e violência sistêmica.

Hoje erguemos esta voz por Goli Kouhkan; uma mulher que não só é vítima de violência doméstica, mas vítima de todas as estruturas que reproduzem, justificam e legalizam a violência.

A Goli Kouhkan lhe roubaram sua infância aos 12 anos e foi forçada a casar-se; aos 13 se converteu em mãe; e durante anos seus ossos e alma foram destroçados sob os golpes de um patriarcado armado santificado pela lei. No entanto, quando resistiu para salvar sua própria vida e a de seu pequeno filho, o mesmo sistema que a tinha abandonado indefesa e desprotegida agora assinou tranquilamente sua sentença de morte.

Este não é o destino de uma só mulher; é o retrato completo de uma ordem repressiva que esmaga as mulheres, ignora os pobres, despoja as minorias étnicas de identidade e direitos, e logo, no momento de sua resistência, as elimina.

Quando a família da vítima fixa o “preço do perdão” em 10 mil milhões de tomanes (aproximadamente 80,000 dólares), isto não é nem justiça nem uma possibilidade; é uma declaração explícita de que as vidas das mulheres pobres sem documentos de identidade não têm valor para esta estrutura fascista.

Para Goli Kouhkan, esta quantidade não é uma “opção,”, mas um muro de ferro entre ela e sua vida.

As 241 mulheres executadas em mais de uma década não são meros números; são nomes apagados, todas presas em uma estrutura que ignora a violência masculina e criminaliza a autodefesa feminina.

Um sistema que oculta o verdadeiro perpetrador e santifica a violência doméstica, a discriminação judicial, o patriarcado legalizado e uma dominação que quer que a vida das mulheres seja um espaço seguro para a violência.

O caso de Goli Kouhkan é a intersecção de duas formas de opressão: a misoginia e a discriminação contra o povo Balúchi. Esta combinação de repressão não é nem um acidente nem uma exceção; é a lógica da ordem existente.

Declaramos:

Deter esta sentença não é só defender uma mulher; é um ato de desobediência contra uma ordem que ata o valor da vida ao gênero, a classe, a etnia e o autoritarismo.

Se executar-se esta sentença, não só se matará uma mulher; enviará uma mensagem de que “as vidas das mulheres marginalizadas seguem sendo prescindíveis.”

Portanto, rechaçamos tanto esta mensagem de morte como esta ordem patriarcal dentro do estado islâmico que governa a geografia do Irã.

MULHER–VIDA–LIBERDADE!

Frente Anarquista

anarchistfront.noblogs.org

@AnarchyFront

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

De que árvore florida
chega? Não sei.
Mas é seu perfume…

Matsuo Bashô

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