Repressão e Desaparecimento Forçado na Argentina
Em 1º de agosto as forças da Gernarmeria Nacional Argentina levaram a cabo uma ação repressiva com mais de 100 agentes armados contra membros da comunidade no território de Lof em Resistencia Cushamen, em Chubut. Estas são terras ancestrais que o empresário italiano Benneton pretende usurpar. Os efetivos entraram golpeando e disparando balas de chumbo e de borracha e incendiaram pertences da comunidade. A partir deste momento se desconhece o paradeiro de Santiago Maldonado, 28 anos, que estava em acampamento solidário.
A ministra de Segurança Nacional, Patricia Bullrich, enviou Pablo Nocetti, Chefe de Gabinete (e defensor de genocidas da última ditadura na Argentina) como encarregado da operação da Gendarmeria. Foram os esquadrões de Gendarmeria de El Bolson e Esquel que, disparando balas de borracha e chumbo, provocaram a fuga das pessoas que se encontravam no local, dentre elas Santiago Maldonado, que correu até o rio, onde foi capturado pelas forças de segurança. Foi golpeado e colocado em uma caminhonete rumo a Esquel, frente a testemunhas da comunidade que inclusive ouviram quando algum policial gritou “Temos um!”
Há que se explicitar que mais de 10 dias antes a Gendarmeria estava assentada no lugar intimidando as pessoas da comunidade com refletores e disparos. Patricia Bullrich usou a desculpa de enviar as forças de segurança dizendo que mandava remover um bloqueio na via, que com certeza nunca existiu.
Este é um ato de desaparecimento forçado nas mãos das forças de segurança, e o Estado Argentino é o único responsável pelo desaparecimento forçado de Santiago. A ministra Bullrich não se apresentou para declarar ante a convocatória do Congresso Nacional, ela é a responsável por acionar a Gendarmeria e está desviando a atenção do caso para todos os lados.
Chegaram a dizer que Santiago pertencia a um grupo de luta armada, e a ministra Bullrich e o chefe de gabinete Nocetti negam que a Gendarmeria tenha detido Santiago, chegando a dizer inclusive que duvidam que tenha estado naquele lugar, que não têm idéia sobre seu desaparecimento e que deve estar em algum lugar.
A investigação do caso está cheia de irregularidades e anomalias no que diz respeito às perícias. Por exemplo, as perícias nas caminhonetes da Gendarmeria foram realizadas 5 dias depois da detenção e desaparecimento de Santiago Maldonado, tendo tido tempo suficiente de esconder e limpar provas. Os veículos ranger e Amarok sob investigação contavam com inúmeras suspeitas, estavam recém lavadas antes da perícia, sem rastros sequer de terem estado no campo. Isto mostra que tiveram 5 dias de vantagem para apagar qualquer evidência, inclusive liberando 9 dos mapuches detidos para desviar a atenção.
Mas aqui a única certeza é que a Gendarmeria Nacional realizou uma brutal repressão contra a Comunidade sem nenhuma ordem judicial. A certeza é que o chefe de gabinete do Ministério de Segurança da Nação, Pablo Nocetti, junto a ministra Bullrich, foram responsáveis pela operação que desapareceu com Santiago Maldonado. A certeza é que desde 1º de agosto Santiago Maldonado não aparece.
E mesmo com testemunhas que afirmam que a Gendarmeria levou Santiago, a ministra Bullrich tenta desvincular a ação da gendarmeria com o sequestro. Em um comunicado que deu no dia 11 de agosto, afirma que o desaparecimento de Santiago não é um caso de desaparecimento forçado. O presidente da Argentina, Mauricio Macri, se pronunciou a 11 dias do desaparecimento culpando o povo mapuche dizendo que dificultam a busca e acusa a comunidade mapuche de ter meios violentos, justificando desta forma o uso da brutal repressão que este povo sofre cotidianamente.
Hoje o que se vive em Cushamen é um estado de sítio, e o único responsável pelo desaparecimento de Santiago é o Estado. O desaparecimento forçado é um crime do Estado.
Precisamos saber o que aconteceu com Santiago, queremos que apareça e com vida.
Vivo o levaram, vivo o queremos.
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