Indigenous Action (Ação Indígena) examina maneiras fundamentais das pessoas “voltarem ao básico” à medida que a era Trump chega ao fim.
Somos ingovernáveis em terras roubadas. Foda-se Biden.
Biden substituiu Trump. Enquanto alguns estão celebrando uma forma “mais segura” de violência colonial, estamos nos preparando para o reinício da guerra.
Não é apenas porque Trump intensificou o nacionalismo autoritário da supremacia branca (também conhecido como fascismo) e quase continuou seu legado explicitamente brutal, não é só que os colonizadores liberais mal abriram seus caminhos para a vitória. É que, no final das contas, Trump e Biden são as duas faces da mesma moeda. Estaremos mais uma vez sujeitos àquela lúgubre diminuição do fervor político pós-eleitoral até que a maré liberal recue e sejamos confrontados com a mesma violência ecológica e social de antes.
O governo Obama-Biden foi responsável pela deportação de mais pessoas do que qualquer outro regime dos EUA na história. Entre 2009 e 2015, Obama-Biden deportou à força mais de 2,5 milhões de pessoas, o que representa mais do que a soma das deportações de todos os outros presidentes do século XX. As comunidades de Tohono O’odham e Hia Ced O’odham foram fortemente militarizadas e divididas ao meio pela fronteira colonial EUA / México. Aldeias inteiras foram desalojadas e locais sagrados foram profanados em várias comunidades indígenas ocupadas na fronteira. Isso foi agravado pelo “muro da fronteira” de Trump, mas a militarização da fronteira e a ocupação colonial de terras indígenas continuarão, estejam os EUA sob controle republicano ou democrata. Os colonizadores estão unidos em suas crenças e práticas do colonialismo. O regime Obama-Biden não foi um adiamento para aqueles que foram bombardeados e atacados por drones, o que, no Afeganistão, significou o assassinato de vidas inocentes em 90% das vezes. Não podemos comemorar quando sabemos que com Biden (ou quem quer que seja), o imperialismo dos EUA e a guerra sem fim contra os negros em todo o mundo continuarão.
Biden se apresentou como o restaurador de uma “normalidade” sob a qual estávamos sendo mortos, agredidos, desaparecidos, bombardeados, poluídos, encarcerados, empobrecidos e profanados. Um retorno ao normal neoliberal é um retorno à morte para povos indígenas, negros e pardos em todo o mundo.
Há um discurso sobre o menor dos males e uma diatribe sobre esperança em algum lugar ali, mas esses temas foram gravados em nossa carne de forma que nossa pele perdeu a capacidade de cicatrizar. É como se nossos corpos fossem a terra profanada a cada ciclo de nosso agressor. No caso da política eleitoral, o ciclo não é contestado e nem o abuso. Se é preocupado apenas com o grau em que o véu cobre as feridas. A questão não é ver o abuso, é ver o efeito que move a zona de conforto para quase o perturbador.
Recusamos a dominação, o controle e a exploração dessas terras pelas forças coloniais desde 1492. Ser ingovernável significa que não juramos lealdade à autoridade colonial nem dependemos de seus sistemas para nossa sobrevivência, identidade, pertencimento ou bem-estar.
Diante da COVID-19 e do fascismo mais aberto, celebramos as expressões poderosas de ação direta e intervenções não mediadas contra o capitalismo, a supremacia branca, o cis-heteropatriarcado e o estado policial colonial. Dos poderosos levantes do Black Lives Matter à demolição de estátuas racistas, de zonas autônomas a milhares de projetos de apoio mútuo em Turtle Island fornecendo suprimentos e apoio necessários, nossas comunidades têm atuado diretamente e construído infraestrutura alternativa por gerações para não sermos dependentes do estado ou de empresas.
Procuramos organizar e intervir o mais diretamente possível nas causas profundas que sustentam ordens sociais opressivas, enquanto trabalhamos para construir e apoiar criativamente alternativas baseadas no apoio mútuo, dignidade e autodeterminação coletiva para além do capitalismo. Somos ingovernáveis e devemos tornar impossível para este sistema colonial governar em terras roubadas e ocupadas. Construir, sustentar e proliferar organizações e organizações autônomas e abraçar seu papel nessas lutas.
16 coisas que você pode fazer para ser ingovernável:
• Crie um grupo de afinidade.
Um grupo de afinidade é um pequeno grupo de 5 a 20 pessoas que trabalham juntas de forma autônoma em ações diretas ou outros projetos. Os grupos de afinidade geralmente consistem em pessoas com ideias semelhantes que se reúnem para realizar algo. Se vocês já tem um grupo de afinidade, vinculem e unam esses grupos!
• Desenvolva Habilidades.
Desligar-nos do capitalismo e dos aparatos coloniais exige que aprendamos como fazer coisas para nós mesmos e uns para os outros, para além de comprar, vender, trabalhar ou pedir ajuda ao Estado. Da autodefesa e da defesa coletiva à jardinagem, construção de bicicletas, desescolarização e o cuidado uns para com os outros – podemos aprender e compartilhar uma habilidade. Podemos mudar a forma como valorizamos as habilidades e desmantelar hierarquias de classe e capacidade.
• Estabeleça e pratique uma boa cultura de segurança.
A cultura de segurança é necessária para sobreviver à repressão do Estado. Podemos impedir muita infiltração e desinformação desde o começo, melhorando nossas formas de comunicação e navegação de conflitos. Ainda podemos ser horizontais e transparentes sem sacrificarmos a segurança e a proteção.
• Pratique uma justiça transformadora e restaurativa.
Comunidades fortes tornam a polícia e as prisões obsoletas. Podemos mudar nossa cultura para prevenir a violência e o abuso. Podemos desenvolver nossas capacidades para enfrentar e resolver conflitos. Podemos fortalecer nossos laços e desintoxicar nossos relacionamentos para que os danos não tenham espaço para crescer em nossas comunidades.
• Apoio mútuo.
Comece um grupo de apoio mútuo e forneça o suporte necessário para aqueles que precisam. A organização de apoio mútuo pode garantir que nossas comunidades não sejam dependentes de corporações e do Estado. Mude o uso de recursos para coisas que você pode cultivar e fazer ou adquirir de outros resistentes. Construa redes de ajuda e recursos para além do capitalismo.
• Defesa mútua.
De treinamento com armas à táticas de rua, intervenções de observadores e equipes de segurança, precisamos ter as habilidades e recursos para defender nossas comunidades de ataques fascistas ao nosso povo, seres não humanos e terras.
• Construir e manter infraestrutura de conflito.
Infraestrutura de conflito é qualquer estrutura que organizamos para ajudar a sermos mais eficazes em nossas lutas. Essa é uma infraestrutura que vai além de apenas fornecer conscientização e serviços, mas que constrói nossa capacidade de enfrentar uma resistência real. De hortas comunitárias e fazendas coordenadas coletivamente a infoshops e comunicações independentes de mídia.
• Criem ocupações para povos desabrigados.
Aluguel é roubo. A propriedade privada é a violência colonial sobre a terra. É preciso abolir o aluguel e a propriedade privada, e rematriar as terras aos cuidadores originais. Crie espaços para viver para além dos proprietários.
Defenda e recupere terras ancestrais.
Porque #landback significa acabar com a ocupação colonial e restaurar a gestão indígena de nossas terras ancestrais. Regenerar nossas relações sagradas, e tudo o que implica espiritual e materialmente, para com nossa pátria original. Liberte o sagrado.
• Reparações.
Pegue o que foi roubado dos Povos Negros e Indígenas e libere de volta. A redistribuição radical é necessária.
• Acabe com essa merda.
Intervenham na infraestrutura crítica dos pontos onde o capitalismo e o colonialismo estão mais vulneráveis. Tomem as ruas, fábricas, portos, blocos de fracking, oleodutos, usinas de energia, quebrem as fronteiras, sejam inteligentes e criativos! Isso também é uma forma eficaz de atacar as indústrias que perpetuam as mudanças climáticas.
• Seja ferozmente interseccional.
Porque não vamos levar esses velhos comportamentos de merda conosco. Foda-se a anti-negritude, foda-se o orientalismo, foda-se a islamafobia, foda-se o anti-semitismo, foda-se a transfobia, foda-se o heteropatriarcado, foda-se a supremacia branca, foda-se o imperialismo, foda-se o capacitismo, foda-se a hierarquia, foda-se o racismo, foda-se a cidadania, foda-se o privilégio, foda-se a merda toda!
• Pratique Auto-cuidado Radical e Coletivo.
Para permanecermos perigosos para o poder, devemos cuidar de nós mesmos e uns dos outros.
Aprenda quais são os gatilhos comuns e como se comunicar sem falar merda. Aprenda a comunicar suas necessidades, limites e desejos de maneira eficaz e não tóxica – lembre-se de que as pessoas na luta e na resistência têm mais dificuldade em acessar recursos para cuidados mentais e espirituais. O trabalho dentro do movimento pode ser insustentável para aqueles com muitas experiências de policiamento colonial e gatilhos de violência – encontre maneiras de comunicar e negociar as normas e limites do grupo de forma que acomodem as necessidades das pessoas, quando for razoável. Identifique padrões de comunicação tóxicos e aprenda / crie maneiras de desmantelá-los e de se comunicar de maneiras mais saudáveis e menos prejudiciais. Seja honesto sobre suas limitações e cuide de si mesmo e dos outros. O Estado colonial cristianizado e capitalizado nos ensinou a nunca descansar ou curar. Rejeite qualquer tentativa de coagir as pessoas a irem além de seus limites. O autocuidado radical nos mantém seguros e invulneráveis quando nos engajamos consistentemente em agitar a governabilidade por parte do Estado.
• Torne tudo acessível para todos.
Rejeite o capacitismo e a objetificação de nossos corpos e vidas, estabeleça redes de cuidados comunitários com pessoas equipadas para fornecer primeiros socorros e suporte de cuidados em um espectro completo de necessidades. Desafie o capacitismo do nosso idioma, como nos organizamos e como valorizamos uns aos outros. Todos nós somos bons o suficiente.
• Abolir a cultura do estupro.
Estude o estupro e a cultura do estupro e como isso se relaciona com a profanação de terras sagradas. Transforme nossa cultura e práticas em torno do namoro, humor, relacionamentos, sexualidade, consentimento, festas, trabalho sexual e brincadeiras para a abolição da cultura do estupro. Responsabilize mactivistas, estupradores, abusadores, oportunistas e canalhas. Concentre no consentimento e nos relacionamentos saudáveis em tudo o que fizer e em todos os lugares.
• Espalhe alegria radical e militante.
Podemos destruir essa porra toda enquanto dançamos, cantamos, festejamos, rimos, brincamos, nos maravilhamos, temos conversas profundas, contamos histórias, fazemos arte, fazemos amor, fazemos mágica, fazemos brilho, fazemos maravilhas e nos divertimos.
Fonte: https://itsgoingdown.org/16-things-you-can-do-to-be-ungovernable-ps-fuck-biden/
Tradução > A. Padalecki
agência de notícias anarquistas-ana
Sobre o monte liso
contra o céu uma só árvore.
Gesto de vitória!
Alexei Bueno
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!