A decisão tomada no Conselho de Ministros na quarta-feira, 3 de março de 2021, de dissolver a organização neofascista Génération Identitaire (Geração Identitária) é sem dúvida uma boa notícia, mas a luta antifascista não se resume ao oportunismo governamental. Se este anúncio provavelmente terá o efeito de desestabilizar o pequeno grupo racista por um tempo, a ineficácia das dissoluções de grupos de extrema-direita para combater a aceitação e promoção de suas ideias no espaço público tem sido demonstrada em inúmeras ocasiões.
Dissolver e depois o quê?
Esta não é a primeira vez que o Estado francês dissolveu uma organização de extrema-direita. A própria Génération Identitaire era herdeira da Unité Radicale (União Radical), que foi dissolvida em 2002. Não faltam exemplos de carreiras políticas dentro de partidos institucionais de direita entre antigos líderes ou ativistas de grupos de extrema-direita, como o que foi dissolvido agora.
Entre os mais conhecidos estão Patrick Devedjian, Gérard Longuet e Alain Madelin, todos eles encarregados de um ministério quando fizeram parte do Mouvement Occident (o resultado da dissolução da seção de Paris da Fédération des Étudiants Nationalistes), conhecida como FÉN por seus múltiplos ataques armados contra organizações de esquerda antes e durante o mês de maio de 68.
A extrema-direita sabe como mudar a embalagem sem tocar em suas receitas. A Generation Identitaire não está mais lá, mas seus ativistas ainda estão presentes e suas ideias estão presentes nos discursos e ações dos líderes dos partidos eleitorais.
Oportunismo e a fantasia do voto de castigo
Se Macron e Darmanin decidiram pôr um fim à Génération identitaire, não é porque suas ideias sejam perigosas para a democracia burguesa. A proximidade de Macron e seus ministros com as ideias e até mesmo com figuras de extrema-direita não precisa mais de qualquer demonstração [1].
Esta dissolução representa o fruto da estratégia macroniana que gostaria de jogar como firewall com LePen. Macron pretende fazer isso das duas maneiras: visando o eleitorado nacionalista e racista, popularizando suas teorias [2], e fingindo ser a única alternativa à vitória do RN [partido de Le Pen] nas eleições presidenciais de 2022.
As ideias fascistas são combatidas nas ruas, não nos salões do Eliseu, nem nas urnas eleitorais.
Esta dissolução dará ao movimento social algum espaço para respirar. Mas não temos nada a esperar de um Estado que administrativamente ataca a extrema-direita enquanto implementa parte de sua agenda. A luta antifascista não se dá no Eliseu. Ela deve tornar-se mais parte dos movimentos sociais, para que a burguesia não possa instrumentalizá-la e assim manter sua capacidade de dominação sobre a sociedade.
União Comunista Libertária, 11 de março de 2021.
Notas:
[1] Ver o artigo da comissão em Alternative Libertaire n°301 Droite-extrême: Le tango mortifère de la Macronie.
[2] Ver o editorial de Alternative Libertaire n°311, Islamo-gauchismo ?
Tradução > Liberto
agência de notícias anarquistas-ana
Ah, lua de outono —
Andando em volta do lago
Passei toda a noite.
Bashô
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!
Um puta exemplo! E que se foda o Estado espanhol e do mundo todo!
artes mais que necessári(A)!
Eu queria levar minha banquinha de materiais, esse semestre tudo que tenho é com a temática Edson Passeti - tenho…
Edmir, amente de Lula, acredita que por criticar o molusco automaticamente se apoia bolsonaro. Triste limitação...