C o m u n i c a d o:
8 de março
Dia Internacional da Mulher Trabalhadora
O poder só traz desigualdade
Nem amas nem escravas
8 de março marca o Dia Internacional da Mulher Trabalhadora. Em 8 de março de 1857, mulheres trabalhando em fábricas têxteis em Nova York organizaram uma greve exigindo salários mais altos, e foram reprimidas pela polícia, algumas delas perdendo suas vidas durante os protestos. Foi em 1911 que o Dia Internacional da Mulher Trabalhadora foi celebrado pela primeira vez com a intenção de reconhecer as mulheres como participantes ativas na luta pelos direitos e justiça social, não só para as mulheres, mas para toda a humanidade.
Apesar de tudo isso, em 1975 a ONU declarou 8M como Dia Internacional da Mulher, removendo o adjetivo “trabalhadora”. Mas é nos últimos anos que a intenção de retirar o discurso da classe trabalhadora deste dia comemorativo se tornou mais evidente por parte de organizações políticas com vocação governamental, unidas por muitas organizações de mulheres e plataformas feministas ligadas a instituições estatais, da classe branca e média, que preferem simplesmente celebrar o “Dia da Mulher”, escondendo-se e virando as costas às exigências e lutas sociais das mulheres pobres da classe trabalhadora, limitando suas exigências à discriminação interclasse e que, na melhor das hipóteses, lutam para quebrar os tetos de vidro que as impedem de alcançar cargos executivos importantes, enquanto precisam explorar outras mulheres que estão em empregos precários para realizar tarefas de cuidado e domésticas para elas. Tudo isso distorce a razão principal pela qual o 8 de março é comemorado.
Acreditamos que existem razões mais do que suficientes para continuar a reivindicar este dia como o Dia da Mulher Trabalhadora, como demonstra a luta das Kellys (trabalhadoras diaristas que executam tarefas domésticas), das trabalhadoras dos armazéns de frutas, das trabalhadoras sazonais dos campos, das enfermeiras, das trabalhadoras domésticas e de cuidado… Todos estes trabalhos são feitos em sua maioria por mulheres e são realizados em condições de miséria e exploração. Muitas vezes sem um contrato, elas estão constantemente expostas à precariedade. Não devemos esquecer que as mulheres não são afetadas apenas pelas hierarquias de classe, mas também pelas hierarquias raciais e coloniais. Assim, na Espanha, vemos como as mulheres migrantes e racializadas, após serem exiladas de suas pátrias, são as que realizam os trabalhos mais precários e assumem o trabalho doméstico e de cuidado das mulheres brancas para que possam cuidar de sua emancipação. Elas enfrentam os perigos de uma Lei de Estrangeiros desumana, deportação, CIEs, separação forçada de suas famílias, seus filhos e suas vidas. Elas enfrentam chantagem e abuso sexual por parte de empregadores sem coração, como vimos recentemente. São elas que carregam uma grande parte do peso desta sociedade construída sobre os alicerces da hierarquia.
A tudo isso, gostaríamos de acrescentar que o status de classe consiste em pertencer a uma classe social e não estritamente na realização de trabalho remunerado. Portanto, somos classe trabalhadora, quer sejamos trabalhadoras ativas, desempregadas, estudantes, aposentadas, pensionistas, etc. Portanto, há boas razões para que o 8 de março seja o alto-falante de todos estes protestos e não um dia para felicitar as mulheres pelo simples fato de serem mulheres, ou por terem alcançado uma importante posição executiva em uma grande multinacional exploradora ou em uma pasta ministerial. O “gesto” de retirar o adjetivo “trabalhadora” do dia 8 de março é muito mais importante e significativo do que parece, pois não passa de uma outra estratégia por parte do poder e da socialdemocracia para absorver nossas lutas históricas emancipatórias e esvaziá-las de conteúdo. Não é nada mais que uma tentativa de nos despojar de nossa memória de luta contra todo e qualquer poder, de aveludar as correntes que, como no passado, nos sufocam hoje de uma maneira mais sofisticada, de nos fazer perder o horizonte pelo qual lutamos e nos sentar no banquete dos poderosos e considerar nossas exploradoras e tiranas como nossas companheiras.
Não buscamos poder, não procuramos ser representadas nos parlamentos ou nas forças de segurança do Estado ou na presidência de uma empresa exploradora. Não procuramos dar uma nova camada de tinta à velha e enferrujada estrutura hierárquica sobre a qual nossa sociedade está historicamente baseada. O poder é o expoente mais claro do patriarcado, e é por isso que lutamos por sua abolição.
8 de março: Dia da Mulher Trabalhadora
Nem amas nem escravas
Fraga, 8 de março de 2022
CNT-AIT Fraga Federação Local
Fonte: https://bajocincalibertario.blogspot.com/2022/03/el-poder-solo-trae-desigualdad-ni-amas.html
Tradução > Liberto
agência de notícias anarquistas-ana
sob o sol se pondo
como alfinete no lago
descansa a garça
Marcelo Santos Silvério
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!