Desde a CNT Comarcal Sur, seguindo com nosso trabalho internacionalista, organizamos este ato com um companheiro peruano onde repassaremos a história do movimento libertário e a atualidade dos conflitos sociais.
Nestes últimos trinta anos, o Peru teve grandes convulsões sociais, que abalaram a mais de um governo e a todas as camadas do país.
Podemos mencionar o início da guerra interna nos anos 80, que deixou um saldo de mais de 70 mil mortos e desaparecidos, e que hoje em dia não se encerrou como capítulo traumático. Nos 90 o início da ditadura fujimorista, que implementou o neoliberalismo no Peru, e a consequente eliminação das melhorias sociais, como a jornada de 8 horas que foram um triunfo da histórica FORP (Federación Obrera Regional Peruana), de orientação anarcossindicalista, da perseguição e eliminação dos sindicatos, dos comedores populares, organizações estudantis, o jornalismo independente, e demais organizações civis que se viram perseguidas, até seu total desmantelamento, com muitos de seus líderes assassinados ou exilados.
Também vale mencionar a assinatura dos Tratados de Livre Comércio, e sua concretização na exploração mineira e petroleira em prejuízo das comunidades nativas e camponesas. É aqui um dos focos das nascentes convulsões sociais. Porque devemos ressaltar que as grandes Lutas que se dão na atualidade no território peruano são precisamente as que se originam em defesa do território e contra a contaminação. Hoje em dia há pouco mais de 200 conflitos deste tipo no Peru.
Por outro lado cabe destacar que o mundo laboral formal se reduz a tão somente a 20% da população total, a grande maioria de peruanos pratica uma economia de subsistência. As desigualdades sociais aumentaram a despeito dos burocratas que aplaudiram a bonança econômica dos 2000. Os bolsões de pobreza e extrema pobreza podem ser vistos rodeando as cidades onde a cada ano centenas de crianças morrem em consequência do frio e da anemia.
Se pode avaliar o inconformismo da população das cidades que ganham salários de miséria com um salário médio no Peru de 285 dólares mensais. Dinheiro que não cobre as necessidades básicas de uma pessoa e esta é uma das razões dos últimos protestos à nível nacional. Tudo isto somado a uma educação paupérrima, a privatização do ensino público universitário, as nulas políticas de saúde, a grande corrupção que carcome a base moral da nação e os bandos delinquentes que tomaram de assalto todos os estamentos estatais, fazem do Peru um país em permanente crise.
Resumindo podemos dizer que a população está farta do discurso político e dos políticos tanto de esquerda como de direita. Sob este panorama adverso, a propaganda anarquista esteve presente ininterruptamente nestes últimos 15 anos, em forma de jornais, como o Desobediencia, Vitamina A, Sabot e outros, também em conferências, atos culturais, em manifestações, em grupos de afinidade.
Devemos dizer que há uma resposta positiva a nossos ideais, sobretudo em círculos de estudantes universitários e em jovens que buscam uma alternativa por fora das podres estruturas partidárias. No último grande protesto de 15 de novembro de 2020, onde houve 4 assassinatos nas mãos da polícia, se podia escutar em todos os bairros de Lima e do Peru o lema: que se vão todos!
Uma de nossas últimas propostas organizativas de propaganda foi a Furia del Libro Anarquista que está em sua terceira edição. A primeira foi como Feira Do Livro Anarquista. A edição de uma nova imprensa “Acracia”, a implementação de uma editoria “Anarcrítica” e nosso grande sonho é contar com um ateneu ou centro social.
Em conclusão podemos dizer sem nos equivocarmos e sem sermos voluntaristas que o programa e o discurso anarquista é bem recebido nas diversas regiões do Peru. Fica por fazer um longo e incansável trabalho para levar a revolução social a bom termo.
Os esperamos em 20 de abril às 19 horas na Fundación Anselmo Lorenzo.
Fonte: https://comarcalsur.cnt.es/Luta-territorio-coyuntura-politica-peru/
Tradução > Sol de Abril
agência de notícias anarquistas-ana
Velho no farol
vendendo buquês de rosa
O sorriso é brinde.
Marcelino Lima (Suzumê)
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!