Depois de estar observando e escutando as poucas notícias e declarações dos maus governos sobre o naufrágio com centenas de migrantes do dia 14 de junho de 2023 no Mar Mediterrâneo, perto da Grécia, situação que ocorreu centenas de vezes e se ocultam da luz pública, este acontecimento nos dá um espelho da atual situação migratória no Sudeste do México e suas similitudes com as fronteiras da União Europeia. O fogo arde em nossos corações pela necessidade de exigir VERDADE e JUSTIÇA.
Com muita tristeza e raiva, repudiamos este impune assassinato de ao menos 650 migrantes e refugiados no Mar Mediterrâneo, que buscavam desesperadamente ajuda. As autoridades portuárias com sua indiferença ante seu resgate e por claras ações homicidas, violaram o direito internacional sobre resgate de pessoas e barcos em perigo, conduzindo estas pessoas à morte. Os chocantes testemunhos dos sobreviventes chegaram até aqui. As vozes dos mortos também. O silêncio não é uma opção.
As fronteiras matam…
As fronteiras matam os que tentam escapar da pobreza, da guerra e da crise climática derivada do despojo e saque dos bens naturais e culturais, a imposição de guerras, a violência e a destruição dos ecossistemas em centenas de territórios ao redor do mundo. Os de cima, os que ostentam o poder global, seguem com o discurso de “proteger o meio ambiente, manter a paz e segurança de sua nação”, sob este discurso se implementam leis e políticas de morte, se fortificam a si mesmos, investindo na dissuasão e na guerra contra os que tentam fugir delas. As políticas migratórias atuais são fascistas, racistas e genocidas.
Sabemos muito bem que a fronteira que querem construir no Sul – Sudeste do México com os megaprojetos do Corredor Interoceânico e o mal chamado Trem Maia, não vem trazer desenvolvimento, nem bem estar às populações locais, pelo contrário, se anunciou o despojo da natureza e das pessoas, indígenas e migrantes, da água, da terra e do ar. Esta fronteira é planejada como um grande Corredor militar, energético, industrial e comercial, que contenha as migrações massivas para ser utilizada como mão de obra barata – neo escravismo –, em um paraíso fiscal livre de impostos e sem repreensões por violações dos Direitos Humanos, tudo isto em resposta ao Plano de Segurança Nacional dos Estados Unidos, que através da OTAN e seus aliados do Norte Global, impulsionam a guerra e novas fronteiras. Os fluxos migratórios globais se reorganizam.
Enquanto do outro lado do Atlântico, as políticas cruéis, desumanas e absurdas da União Europeia como uma instituição do Norte Global, truncou os esforços desesperados dos refugiados de países do Oriente Médio, africanos e do sudeste asiático, por encontrar um lugar seguro onde sobreviver. Assim como criminalizado o trabalho das organizações que oferecem auxilio e solidariedade. Os mares estão se convertendo em um imenso cemitério líquido. As constantes medidas dissuasivas e as violações dos direitos humanos nas fronteiras da Europa estão levando milhões de pessoas desesperadas por rotas ainda mais perigosas. Onde poderão encontrar as famílias e seus desaparecidos neste imenso mar de criminalização, violência e ódio?
Os migrantes do sul global, proveniente de países do Oriente Médio, africanos e do sudeste asiático, iniciam sua travessia (muitas vezes fugindo) desde seus territórios destruídos por megaprojetos e guerras, viajando à costa Atlântica da África, para chegar ao outro extremo na América do Sul, com o objetivo de chegar aos Estados Unidos: “o sonho americano retornou globalizado”. E é evidente, já que os últimos anos, encontramos na região do Istmo de Tehuantepec, em ruas e avenidas de Chiapas, Oaxaca, Veracruz, CDMX, etc… mais e mais gente da África, Ásia e Oriente Médio. Quantos morreram no caminho? Não sabemos.
Compas do Sul Global, que fique claro, enquanto os de cima queiram nos dividir, nós temos que insistir com tudo o que temos e somos, para nos unirmos. A luta contra o patriarcado, o capitalismo, contra a destruição da natureza e das pessoas, é uma luta pela vida, pelo futuro e pela dignidade.
JUSTIÇA PARA OS MORTOS!
ABRAÇAMOS AS FAMÍLIAS, EXTERNAMOS NOSSAS CONDOLÊNCIAS.
SOLIDARIEDADE COM TODOS QUE LUTAM NO SUL DA EUROPA CONTRA O RACISMO, PELOS REFUGIADOS, MIGRANTES E PELA VIDA.
Desde o Istmo de Tehuantepec, México, nem mais uma fronteira…
Assembleia dos Povos Indígenas do Istmo em Defesa da Terra e do Território – APIIDTT
Tradução > Sol de Abril
agência de notícias anarquistas-ana
Ah! claro silêncio do campo,
marchetado de faiscantes
pigmentos de sons!
Yeda Prates Bernis
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!