[Espanha] Redes sociais

Por Charo Arroyo

As chamadas Redes Sociais nasceram de forma incipiente como uma forma de comunicação entre jovens, ignorando o sistema de correio eletrônico que já estava implantado muito antes.

Podemos considerar que a generalização do uso das redes sociais, na Espanha, começou no século XXI, embora houvesse várias aplicações que já estavam funcionando anteriormente. MySpace e LinkedIn apareceram em 2003, mas podem ser consideradas redes muito mais profissionais e voltadas para empresas, ainda que até hoje sejam usadas como forma de intercomunicação entre usuários.

A rede social à qual podemos atribuir o privilégio de iniciar o mundo das comunidades virtuais é o Facebook. Em 2004, Mark Zuckerberg criou uma aplicação inicial do Facebook para a comunicação entre alunos de Harvard. Hoje, embora seja considerada uma rede de pessoas mais maduras, o número de milhões de usuários é impressionante, e ela tem uma linha de publicação voltada para a visualização de negócios e publicidade. Mas, no nível pessoal, é frequentemente usada para compartilhar o estado de espírito, opiniões sobre situações e para se tornar conhecido pela comunidade. Podemos considerar que é um tipo de exibicionismo e vitrine onde se mostram suas afinidades musicais, esportivas ou políticas. Se você é do tipo que se preocupa em estabelecer critérios de privacidade, pode ser que compartilhe com apenas seus amigos, mas o habitual é não se dar conta dessas “pequenas” questões e, de repente, perceber que muitas pessoas que você não conhece estão bisbilhotando o que você posta. Mesmo assim, ao selecionar a opção de compartilhar ou permitir que apenas amigos vejam suas publicações, muitos amigos são apenas digitais, não os mesmos com os quais você pode dar um aperto de mãos. Foi com essa rede que começou o fenômeno do ciberapoio. Ao dar um “Curtir”, parece que você está dentro da manifestação que está apoiando do sofá da sua casa.

Em 2006, surgiu o Twitter, que agora se chama X após a compra por Elon Musk. Hoje em dia, o impacto dessa rede é tão grande que até meios de comunicação como televisões, rádios e jornais dedicam espaços inteiros para falar sobre o impacto de algum tweet, tendência ou menção especial em alguma notícia do momento. E, apesar de contar com alguns detratores, a verdade é que muitos atribuem seu sucesso à simplicidade de uso; o mesmo uso de quando foi criado: um número limitado de caracteres que permitem que seus usuários se comuniquem. Nos dias de hoje, a rede conta com cerca de 556 milhões de usuários ativos por mês. Ou podemos dizer… tinha. Porque, desde que Elon Musk comprou o Twitter, a polêmica não saiu dessa rede, e a fidelidade de seus usuários foi se perdendo. Primeiro com as condições impostas aos seus trabalhadores, depois os desligamentos em massa, depois a cobrança, depois a mudança de nome, depois as manipulações e o pouco controle sobre os bots, etc. Mas agora, com o apoio entusiástico e a implicação com Donald Trump e os discursos de claro signo fascista, a rede ultrapassou todos os limites. A figura central obscureceu o produto e, nas últimas semanas, foi anunciada a saída da rede social X por parte de meios de comunicação, organizações sociais e muitos usuários.

Todas essas aplicações comunitárias foram perdendo força para novos produtos que chegaram ao mercado, como Instagram, TikTok ou Twitch, para citar as mais conhecidas e usadas pelos jovens.

Atualmente, todas as organizações sociais e políticas possuem um perfil em alguma, se não em todas, dessas Redes sociais mencionadas. E elas praticamente substituíram a função das equipes de imprensa. De fato, os meios de comunicação emitem suas notícias principais através desses canais na internet. E o que isso significa?

Em meios muito manipulados e sem filtro, como acontece no Twitter (X), onde não há garantias de que quem escreve seja a pessoa que aparece no perfil, onde não há controle sobre as fake news, etc., podemos acabar sendo vítimas de fraudes informativas e acreditar em eventos que foram manipulados ou criados com inteligência artificial. E, em uma sociedade que escolheu abandonar os meios de comunicação tradicionais e está submetida ao domínio dos celulares… é muito fácil que a opinião pública seja manipulada.

Isso não é nada novo. Mas antes, havia uma assinatura que se responsabilizava pelo que era publicado, e também havia um autocontrole em relação às acusações feitas contra alguém. Porém, após os julgamentos por piadas e comentários feitos no Twitter, o número de perfis falsos ou disfarçados cresceu de forma exponencial.

Portanto, só posso avaliar isso como um retrocesso na sociedade livre, já que de forma intuitiva ou você ataca, ou é atacado por uma multidão de seres aos quais não se pode dar nome nem rosto.

É verdade que é possível viver sem Redes Sociais. Mas é uma invenção que poderia ajudar na difusão de ideias. Tornou-se algo tão inerente ao ativismo que, como mencionei antes, gerou uma campanha de assédio à aplicação X, antigo Twitter. Como se fosse uma atividade a mais na luta dos coletivos, todos os que os seguem se lançam a retuitar os ataques contra X, ou melhor dizendo, contra Elon Musk.

E, a partir daqui, faço minha reflexão ou crítica à atividade militante nas redes. Ela é eficaz se o objetivo é atacar um negócio (pela grande visibilidade da má imagem que se pode transmitir), mas não podemos nos contentar apenas com o apoio por meio do “Curtir” 👍. Já está acontecendo o fenômeno das ruas vazias, mas nas redes, milhares de “curtidas”. Do sofá, com os celulares nas mãos, há muita gente, mas esse apoio é um pouco frio e não leva à unidade na luta. Porque nunca ajudou tanto ao Estado controlar a cidadania quanto a internet e suas aplicações. É evidente que o poder tem seus mecanismos para acompanhar a atividade nas redes. E também conhece a possibilidade de disseminação através delas, por isso governos como o da China proíbem o uso de algumas redes ou… os EUA!!! País democrático, segundo eles!!!

Embora seja difícil, deveríamos aproveitar as qualidades das redes sociais, como a capacidade de alcançar muitos usuários e promover uma atividade ou encontro, etc. Mas, se nos limitarmos a essa conexão através das redes, perderemos um dos grandes feitos da vida em comunidade: a união e a força que reflete um grupo de pessoas unidas, lado a lado, na luta. Não devemos nos contentar em apoiar as lutas de casa, pelo celular. Vamos para a rua defender nossos direitos e a nossa forma de viver em comunidade.

Fonte: https://redeslibertarias.com/2025/02/17/redes-sociales/

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

Jasmineiro em flor.
Ciranda o luar na varanda.
Cheiro de calor.

Guilherme de Almeida

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