[Grécia] Solidariedade às ocupações despejadas

De Tessalônica a Creta, nada ficará sem resposta.
 
Uma faixa foi afixada na fachada do Centro Social Ocupado “Zizania” como um sinal mínimo de solidariedade com as três ocupações que foram alvo de operações militares de despejos nos últimos dias. De nossa parte, em Victoria, enviamos sinais de força, camaradagem e solidariedade. Nada termina aqui, vamos retomar tudo de volta, constantemente dando espaço às nossas lutas. Respondemos a cada despejo com 10.100 mil (re)ocupações.
 
SOLIDARIEDADE E FORÇA PARA RASPRAVA, EVANGELISMOS E STEKI FYSIKOU
 
Tirem suas mãos das ocupações
 
OCUPAÇÕES EM TODAS AS PARTES
OCUPAÇÕES SÃO ESPAÇOS DE REBELDIA
 
Centro Social Ocupado “Zizania”
 
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agência de notícias anarquistas-ana
 
Parada do trem –
Com o vendedor de flores
Vêm as borboletas.
 
Sôshi Nakajima

[Espanha] O fogo de Casilda Hernáez, a libertária que não se apaga

Completam 111 anos do nascimento de Casilda Hernáez, uma cenetista “pragmática” e com uma “vida interior muito intensa”.

Por Iban Gorriti | 15/04/2025


Inovadora. Revolucionária. Líder. Referência. Feminista. Nudista. Iconoclasta. Antifranquista. Cigana. Valente. Anarcossindicalista. Vocábulos como estes e mais se utilizaram para vestir a figura de Casilda Hernáez Vargas. A ela, havia termos que não gostava como o de miliciana. Preferia envolver-se em locuções como combatente. Duas décadas depois de seu falecimento, as bibliotecas, a hemeroteca, internet… mantêm com vida a essas denominações. No 111º aniversário de seu nascimento, diferentes pessoas que a conheceram das portas adentro de sua casa aportam à DEIA suas visões a respeito de sua figura histórica.

Mikel Orrantia recorre à “austera”, “um pouco seca, mas de afetos constantes”, “muito da CNT”, “de vida interior muito intensa”, “de vida quase monástica”, “muito trabalhadora”. Eugenio García, por sua parte, a distingue como “muito séria”, “comprometida”, “próxima”, “pragmática”, “boa”.

Não obstante, quem foi esta mulher nascida em Zizurkil em 9 de abril de 1914 e falecida em Lapurdi em 31 de agosto de 1992 por causa de um câncer pouco alegre desde que falecera seu companheiro em 1982, uma década justa antes que ela? Em sua lápide se aprecia a legenda atribuída a sua amiga Begoña Gorospe: “Andra! Zu zera bukatzen ez den sua!” (Mulher! Tú és o fogo que não se acaba!). Ela apresentava a si mesma como neta de uma mulher cigana que vivia em uma carroça cigana. Daí seu sobrenome materno: Vargas. “Eu era de uma família magnífica, dessas que tem todos as cores”, precisava em um livro de Luis María Jiménez de Aberasturi, impresso em 2012 e sob o título de ‘Casilda miliciana, historia de un sentimiento’. “Aquela avó e seus tios anarquistas influíram nessa militância que lhe encaminhou a participar nas primeiras greves que as obreiras bascas realizaram na capital de Gipuzkoa”. De fato, existe um ensaio informativo intitulado Anarquismo gitano, obra de Silvia Agüero e Nicolás Jiménez. Estes autores estimam que a “gitanologia clássica está carregada de estereótipos que considera esta cultura como anarquista por suas características”. O estudo reúne as impressões de seis personalidades ciganas — ou assim consideradas — que tiveram uma participação no anarquismo estatal durante a primeira metade do século XX: Casilda Hernáez Vargas, Casto Moreno Vargas, Catalina Junquera y Valencia, María de la Salud Paz Lozano Hernández, Helios Gómez Rodríguez e Mariano Rodríguez Vázquez. Uma HQ de Rubén Uceda, datada de 2022, também difunde sua biografia.

Tomando como referência a enciclopédia do anarquismo espanhol, de três tomos, a que também se citou Casilda ‘Méndez’ Vargas a citam como uma rebelde e idealista, feminista total, iconoclasta, das Juventudes Libertárias e que se tornou popular nas barricadas donostiarras de outubro de 1934. Antes de ser detida por aqueles fatos, assembleias anarquistas evocam que aquela basca era filha de mãe solteira. Cresceu no bairro donostiarra de Egia. Aprendeu a ler e escrever na escola pública de Atocha. Naqueles tempos nos quais a guipuzcoana rompia com o puritanismo católico banhando-se desnuda na praia de Gros, foi detida por distribuir pasquins e por posse de explosivos. Acabou condenada a 29 anos de prisão pelo que foi internada no forte de Guadalupe e em Madrid. Recobrou a liberdade com a anistia de fevereiro de 1936 da Frente Popular. Destacou-se nas lutas de julho daquele mesmo ano após o golpe de Estado. Lutou em Donostia e na batalha de Irun após o que ficou em Iparralde. Entrada por Catalunha, marchou na defesa de Madrid e a sua volta, combateu em uma brigada anarquista em Aragão.

Em maio de 1937, Hernáez esteve em Barcelona junto a quem passaria a ser seu companheiro de vida, o anarquista Félix Likiniano, artista autor do anagrama do ETA, organização com a qual teve contato, ainda que não tenha feito parte dela. Cruzada ao Estado francês, Casilda sofreu o campo de Argelès-sur-Mer e residiu um tempo em Lorient, região da Bretanha. Sua casa foi refúgio de sabotadores antinazis. Em outubro de 1943, o casal se estabeleceu em Biarritz e seu domicílio situado na rua principal da comuna labortana se converteu no centro de operações antinazis e antifranquistas, com organização de grupos na selva navarra de Irati. “Ante a decadência confederal, o casal se sentiu solidário com a luta do ETA, ao mesmo tempo que as relações entre o casal se azedavam, devido a que se disse que Likiniano era muito libertário, mas muito menos anarquista, e Casilda entrou em uma fase depressiva da qual parece que se recuperou mais tarde”, segundo o investigador Miguel Iñiguez.

Diferentes pessoas a recordam bem de ter estado em sua casa como por seu compromisso político. Neste último grupo estão pessoas como Iñaki Astoreka, histórico memorialista da CNT Bilbao. “Eu não conheci pessoalmente Casilda. As referências eram de companheiros veteranos como o falecido Luis Arrieta que contavam fatos acontecidos em 1936 na defesa de Donostia contra a sublevação fascista, na qual fez parte ativa. Depois através dos estudos sobre sua memória é importante ressaltar o papel que ela e outras mulheres desempenharam na luta pelas liberdades e desmontar as falsidades que sobre elas se verteram”.

Os históricos Mikel Orrantia, de Balmaseda e vizinho de Forua, e Eugenio García, que trabalhou durante quase quatro décadas na Imprensa Luna de Bilbao, trataram com Hernáez e Likiniano. “Recordo Casilda em sua casa e que costumava ir ajudar a uma amiga a trabalhar em um mercado”, começa García e continua: “Era uma tia muito séria e comprometida a nível da CNT. Era próxima e por sua casa passava todo mundo”. O encarcerado, por sua parte, conheceu a antifascista em dois tempos. Primeiro, após sua saída do ETA em 1971 e em seguida, após o falecimento do recordado revolucionário. “Casilda era de trato reservado e muito seca. Fechada em si mesma com uma vida interior muito intensa por causa das barbaridades cometidas pelos golpistas em Donostia, pelo sofrido no cárcere e no exílio. Tinha poucas relações com as pessoas, muito solidária e altamente comprometida, como também o era Likiniano”. Na opinião de Orrantia, a ácrata era “mais de Juventudes Libertárias e do anarquismo tipo Durruti que outra coisa”. Daí que pense que Hernáez “não foi uma líder política. Isso sim, as primeiras armas que ETA teve foram dos anarquistas. Liki e Casilda as entregaram porque acreditavam que o ETA ia ser sucessor da FAI”.

García avalia que eram muito diferentes. “Eu recordo Casilda como uma mulher muito pragmática e muito boa pessoa sempre disposta a ajudar, e Félix, por sua parte, como um pouco idealista. Ela, mais séria”. Morreu aos 78 anos.

Fonte: https://www.deia.eus/historias-vascas/2025/04/15/casilda-hernaez-fuego-libertaria-9524806.html

Tradução > Sol de Abril

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agência de notícias anarquistas-ana

o fogo partiu saciado
a floresta de luto
soluça

Eugénia Tabosa

[Finlândia] Workshop de fabricação de ovos cozidos veganos e noite de solidariedade para prisioneiros políticos veganos russos

Leppäsuonkatu 11, Helsinque

No interfone, pressione Ulrika e aguarde de 1 a 2 minutos – nós desceremos para levá-lo

3 de maio | Início às 15:00

Nas prisões russas, o direito a um estilo de vida ético é rotineiramente negado. Os prisioneiros veganos geralmente enfrentam discriminação simplesmente por suas crenças. A iniciativa Vegan Peredachki apóia cerca de 20 desses prisioneiros, enviando-lhes regularmente alimentos veganos, vitaminas e itens essenciais.

Programa:

15:00 – Chegada dos convidados e início do workshop (chegue pontualmente se quiser participar da culinária)

15:30 – Redação de cartas e cartões postais de solidariedade

17:30 – Degustação de nossos ovos veganos caseiros com tortas tradicionais da Carélia

Participação no workshop: 15€

(Pague em dinheiro ou MobilePay – toda a renda será destinada aos ingredientes e ao apoio aos prisioneiros)

Haverá lanches e bebidas gratuitos veganos e sem glúten disponíveis.

Por favor, não traga nenhum alimento não vegano,

Crianças e animais de estimação são muito bem-vindos!

O local é acessível para cadeiras de rodas, com passagens largas, elevador e banheiro acessível.

FB: https://www.facebook.com/events/1066713868628049

agência de notícias anarquistas-ana

Nuvem de mosquitos –
As flores da jujubeira
se espalham à volta.

Katô Kyôtai

[Grécia] Ilha de Creta: Ocupação Evangelismos é despejada pela segunda vez

A ocupação Evangelismos em Heraklion, Ilha de Creta, foi invadida pela polícia e despejada novamente na manhã desta terça-feira (22/04). Os companheiros que estavam lá dentro foram detidos e levados para o Departamento de Polícia de Heraklion e liberados ao longo do dia. A evacuação ocorreu a pedido do reitor da Universidade de Creta, Giorgos Kontakis.
 
História
 
A ocupação Evangelismos era uma clínica abandonada desde 1985, quando foi ocupada em 2002. Vinte e três anos de ocupação fizeram de Evangelismos um local emblemático do movimento anarquista na Grécia. Na madrugada de 30 de setembro para 1º de outubro de 2023, ela foi despejada pela primeira vez em meio à campanha eleitoral municipal e às negociações interacadêmicas.
 
Protesto
 
Hoje (23/04) à noite (às 20 horas), uma grande manifestação acontecerá na Praça dos Leões, no centro de Haraklion. O cartaz (em destaque) de convocação do protesto é bem claro:

TODA A CIDADE SABE: NENHUM DESPEJO FICARÁ SEM RESPOSTA. SOLIDARIEDADE COM A OCUPAÇÃO EVANGELISMOS.”
 
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agência de notícias anarquistas-ana
 
Sob esta ameixeira
Até mesmo o boi vem dar
Seu primeiro mugido!
 
Bashô

Espanha: Em memória de Colette

Algumas notas vitais sobre a companheira de Buenaventura Durruti, Émilienne Morin, e sua filha Colette, por ocasião do falecimento recente desta última na França.

Por Chema Álvarez Rodríguez | 22/04/2025

Há poucos dias faleceu na França Colette, também conhecida como Diana, de sobrenome de casada Marlot e de solteira Durruti. A notícia de sua morte, da qual não sabemos a data exata, chegou a uma imprensa restrita e aos meios libertários por ser filha de quem foi: Buenaventura Durruti, anarco-sindicalista morto na frente de Madri em 1936, defendendo a capital contra o fascismo. Quem não conhece Durruti?

Sabemos quase nada da vida de Colette, exceto o que teve a ver com a memória de seu pai. Às vezes, essa lembrança também traz a figura esmaecida de sua mãe, Émilienne Morin, a francesa que Durruti conheceu na Livraria Internacional Anarquista de Paris.

Émilienne tinha 26 anos e trabalhava, ou havia trabalhado, como secretária no jornal Ce qu’il faut dire…, fundado por Sébastien Faure. Filha de uma operária de fábrica, Ernestine Giraud, e de Étienne Morin, sindicalista e compagnon du bâtiment, Émilienne fez parte, em sua juventude, do grupo do 15º distrito de Paris, junto aos Jovens Sindicalistas do Sena. Ativa e comprometida com a causa revolucionária, também participou das campanhas pela libertação de Sacco e Vanzetti, assim como dos comitês de apoio à libertação de Durruti, Ascaso e Jover quando estiveram presos na França, mesmo sem conhecê-los. Em 1924, casou-se com o anarquista Mario Antonio Casari, também conhecido como Cesario Tafani e Oscar Barodi, de quem se divorciou três anos depois.

Em 14 de julho de 1927, Émilienne estava na Livraria Social Internacional, também chamada Livraria Internacional Anarquista, no número 72 da Rue des Prairies, no 20º distrito de Paris. A livraria, cuja abertura contou com apoio financeiro de anarquistas espanhóis, era gerida por Séverin Férandel, anarquista francês, poliglota, editor e companheiro à época de Berthe Suzanne Faber, diretora do jornal em língua espanhola Acción. Berthe e Émilienne não eram apenas companheiras, mas grandes amigas.

Naquele dia de verão parisiense, Berthe e Émilienne viram entrar na livraria dois espanhóis. Reconheceram imediatamente Durruti e Ascaso, que trabalhavam na Renault, e bastaram poucas palavras para que Durruti e Émilienne unissem suas vidas a partir daquele momento, selando uma relação no melhor paraíso que um anarquista poderia sonhar: uma livraria. Com o tempo, Berthe Faber também se tornaria companheira sentimental de Francisco Ascaso. A relação entre Émilienne e Berthe, os rumos de suas vidas após a perda dos companheiros, sua troca de cartas enquanto Berthe estava na Barcelona sitiada e faminta no fim da guerra, em dezembro de 1938, e Émilienne em Paris participando dos comitês de ajuda, sua amizade ao longo do tempo — daria para escrever outro artigo inteiro.

As forças vitais de Mimí, apelido de Émilienne, eram a inteligência e a independência. Esse testemunho foi escrito por Lola Iturbe, amiga pessoal, em seu livro A mulher na luta social e na guerra civil da Espanha. Lola a descreveu como uma mulher muito simpática, de pele clara e olhos azuis, com cabelo cortado à garçon, dotada de grandes habilidades oratórias, demonstradas nos debates públicos. Lola e Émilienne se conheceram em Bruxelas, pouco depois de Durruti ser expulso da França em 1927. Émilienne logo se reuniu com ele e participou dos debates públicos. As polêmicas a que Lola se refere eram discussões na Casa do Povo de Bruxelas, especialmente com os comunistas.

A morte de Durruti em 20 de novembro de 1936, na frente de Madri, foi um golpe duro para Émilienne. Colette já havia nascido. Tinha cinco anos.

Em março de 1979, Roberto Merino, advogado parisiense de Émilienne, publicou uma carta no jornal El País, fácil de encontrar na internet (Pensão para a viúva de Durruti), denunciando que Émilienne havia solicitado ao Estado espanhol a pensão de viuvez como familiar de “espanhol falecido em decorrência da guerra de 1936-1939”, com base num decreto real que permitia tais solicitações. No entanto, a resposta do Estado espanhol, por meio do cônsul em Paris, onde ela residia, foi que a maior dificuldade seria provar a existência de casamento entre Buenaventura e Émilienne, já que jamais haviam se casado. Certa vez, quando perguntaram a Mimí se havia se casado com Durruti, ela respondeu:

“Durruti e eu nunca nos casamos, é claro. O que você pensa? Os anarquistas não vão ao cartório. Nos conhecemos em Paris. Ele acabara de sair da prisão. Houve uma imensa campanha por toda a França e o governo cedeu. Ele foi libertado. Saiu naquela mesma tarde, visitou alguns amigos. Eu estava lá, nos vimos, nos apaixonamos à primeira vista e assim seguimos.”

Na carta ao El País, Merino denunciava a exigência dessa prova absurda por vários motivos: primeiro, porque os anarquistas não costumavam se casar, por não reconhecerem nem Deus nem Patrão (nem Igreja nem Estado); segundo, porque existiam numerosas e notórias provas de que Durruti e Émilienne eram, de fato, um casal, reconhecido em recortes de jornal e crônicas da época, pai e mãe de sua filha Colette.

Não sabemos se, ao fim, ela conseguiu o direito à pensão. Imaginamos que sim, pois não vemos uma mulher como Émilienne aceitando os desígnios de um Estado mesquinho que fundamenta a união entre pessoas em um contrato escrito.

Lola Iturbe conta que, quando Durruti morreu, viu Émilienne sofrida, mas espiritualmente forte. Iturbe guardou até sua morte a folha que Mimí, estremecida de emoção, escreveu à máquina em um escritório do Conselho de Defesa, com o título “À mon grand disparu“, “Ao meu grande ausente”, publicada na edição número 6 da revista Mujeres Libres, e antes em Tiempos Nuevos. A carta dizia:

“Em meio a esta imensa multidão que chora sinceramente sua morte, me sinto menos sozinha, e esta grandiosa manifestação de simpatia (de adoração, mais precisamente) me dá a força necessária para sobreviver a você.

Nenhum orgulho dita estas palavras; a glória, como para você, sempre me foi indiferente, e na solidão cultivarei sua lembrança.

Até a vitória final darei à luta antifascista meus modestos esforços. Tenho também outra missão: educar dignamente nossa pequena Colette, sua filha, de quem você tanto se orgulhava. Minha única ambição é fazer dela uma militante que se pareça com você tanto no espírito quanto nos traços físicos; você deixou à Humanidade um pouco de sua carne e sangue: nossa Colette é uma viva reprodução de sua face enérgica e bondosa. Diante de seu pobre corpo desfeito, que quis contemplar pela última vez, prometi solenemente a mim mesma superar minha dor e inculcar em nossa filha a energia indomável e a nobreza ingênua que nortearam toda sua vida.

Fazer de nossa Colette uma verdadeira DURRUTI, digna de sua linhagem espiritual, será toda a ilusão da minha vida quebrada.

A vocês, a todos os camaradas que o choram, dedico uma saudação fraternal e, em nome de todos os militantes anônimos que deram a vida pela Revolução, digo: Avante, até a vitória definitiva!”

Émilienne Morin

SAÚDE E FRATERNIDADE

A vida de Colette esteve ligada à memória de seu pai… e de sua mãe. Em uma intervenção para o jornal El País, quando se completaram 60 anos da morte do herói na Cidade Universitária, depois traduzida e publicada em francês, Colette Durruti recordou que sua mãe nunca quis falar com ela sobre a morte do pai, pois doía demais. Pessoa de caráter reservado, nas palavras de Colette, Émilienne nunca quis entrar no debate sobre se a morte de Durruti foi ou não acidental. “Ela me disse apenas uma coisa: seu pai, mais que um herói, era uma boa pessoa.”

Émilienne e Colette tinham apenas lembranças tangíveis de Durruti. A ocupação da França pelo fascismo nos anos 40 as obrigou a queimar todos os documentos que pudessem comprometê-las, incluindo fotografias e cartas. Apenas conservaram a máscara mortuária que Vittorio Macho fez de Durruti poucas horas após sua morte, e que estava pendurada em uma das paredes da casa em Quimper. Colette sempre afirmou que conheceu a vida do pai pelos muitos livros que foram escritos — e continuam sendo escritos — sobre ele.

Colette se casou em 1953 com Roger Marlot, com quem teve um filho e uma filha. Veio à Espanha em diversas ocasiões, algumas delas convidada para participar de homenagens ao pai e à memória de sua época. Morava nos Pirineus Orientais, em uma localidade que conhecemos — porque hoje as redes sociais e a internet permitem descobrir detalhes íntimos de qualquer um —, mas que preferimos não divulgar aqui. Sabemos que sua neta, que já deve estar beirando os 40 anos, sabe perfeitamente quem foram seus bisavós e o que significaram para a história de um país que sempre foi tão ingrato com aqueles que quiseram torná-lo melhor.

Colette Marlot, de solteira Durruti, também chamada Diana, nascida em 4 de dezembro de 1931 e falecida em um dia incerto de meados de abril de 2025, nos deixou na primavera. Intuímos que foi sempre feliz com sua família, para além dos sobrenomes. Que la terre lui soit légère (Que a terra lhe seja leve).

Fonte: https://www.elsaltodiario.com/obituario/memoria-colette

Tradução > Liberto

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Abelhas procuram
— na florada escassa —
prolongar a lida.

Maria Helena Sato

[França] Anarquistas: uma história curta mas apaixonante

O nascimento de uma força

Logo após o nascimento do capitalismo moderno no século XIX, e no contexto de lutas generalizadas contra a exploração e o Estado, o termo “anarquista”, como é entendido hoje, começou a ser usado por revolucionários que romperam com a lógica reformista ou burguesa de seu tempo.

Em um contexto de revoltas em grande escala nas quais o capitalismo havia se enraizado, sob o impulso de novas formas de Estado, e após a revolução de 1848 na França, Proudhon, Coeurderoy e ainda mais Joseph Déjacque, exilado nos Estados Unidos, formularam uma crítica conjunta do Estado e do capitalismo. Max Stirner, um pensador amaldiçoado até hoje, desenvolveu reflexões fascinantes sobre o indivíduo, em grande parte em desacordo com seu tempo. Marx formulou uma crítica geral do capitalismo, mas baseada na economia e marcada pelo determinismo e por uma concepção “científica” da história.

A partir das experiências radicais da Primeira Internacional, da Comuna de Paris (1871) ou das contribuições de Bakunin, as tendências ativas do movimento operário ou camponês se diziam anarquistas. A Espanha viu numerosas greves e movimentos insurrecionais (como a de Jerez, Andaluzia, em 1892) e viu o nascimento do grupo armado dos Desheredados (os Deserdados). Na Itália, Malatesta e outros camaradas tentaram uma insurreição na região de Matese.

Os movimentos foram fortemente reprimidos, e as correntes anarquistas divergiram sobre a questão da organização ou métodos a serem utilizados para alcançar uma sociedade liberada.

Nos anos 1880 e 1890, os anarquistas defendiam a ação individual, a expropriação, a “propaganda por ação” e a revolta armada para derrubar o poder. Pequenos grupos eram particularmente ativos, como a Bande Noire (banda negra) de Montceau-les-Mines, no norte da França.

O caso do corredor da morte de Haymarket em 1886 tornou os anarquistas conhecidos em todo o mundo.

Numerosas ações brilhantes foram realizadas: bombardeios, assassinatos de Sadi Carnot, o presidente francês (1894), do presidente espanhol do Conselho (1897), da Imperatriz Sissi (1898), depois do rei da Itália (1900) e de McKinley, o presidente americano (1901).

Era a época de Ravachol, os Trabalhadores da Noite e outros grupos e indivíduos menos conhecidos, como os ladrões de trens de Arles.

Muitos desses rebeldes foram enviados para a colônia penal de Cayenne, onde foram os primeiros a se rebelar e escapar: Placide Schouppe, Jules Clarenson, Honoré Leca, Léon Pélissard e outros.

Revolução em todos os lugares

Em 1905, os anarquistas tomaram parte ativa na revolução que abalou a Rússia. Eles formaram os primeiros soviets e tinham redes muito ativas, como no gueto judeu de Bialystok, um centro insurrecional sem precedentes na história libertária. Estas redes serviram como uma experiência para a ação na segunda revolução russa de 1917.

Desde seus primórdios, a história dos anarquistas tem sido uma história de imigração. Muitos libertários partiram para a Argentina, Estados Unidos ou América Latina, onde muitas vezes estiveram na origem das organizações ou iniciativas mais radicais da época. Os anarquistas espanhóis fundaram grupos e organizações em Nova York, América Central e do Sul. Publicações em Yiddish, alemão e italiano apareceram da América do Norte até Buenos Aires.

1909 foi o ano da “Semana Sangrenta” na Argentina. No vizinho Chile, o governo já havia massacrado os grevistas nas obras do salitre de Santa Maria Iquique um ano e meio antes.

Na Espanha, é convocada uma greve geral em Barcelona. A cidade estava coberta de barricadas e os edifícios religiosos foram incendiados. O educador libertário Francisco Ferrer foi fuzilado pela monarquia no final da “Semana Sangrenta”.

Em 1910, eclodiu a Revolução Mexicana. Os anarquistas, organizados dentro do PLM (Partido Liberal Mexicano), já haviam tentado numerosas insurreições contra a ditadura de Porfirio Diaz. Eles têm uma base de apoio entre os trabalhadores mexicanos nos Estados Unidos e estão em estreito contato com as correntes revolucionárias americanas.

Mais lúcidos que os Zapatistas (a outra corrente radical da revolução) sobre a questão do Estado, eles levaram o projeto mais coerente do período: abolir o Estado e o capitalismo, e unir os esforços dos trabalhadores, camponeses e comunidades indígenas. É a única corrente que é implantada ou ligada a estes três componentes do proletariado mexicano.

Após a década de 1910, o movimento operário foi agitado e sacudiu o capital em todos os lugares: propostas anarquistas haviam se espalhado por várias décadas e foram adotadas em larga escala nas lutas da época. A insurreição ou a greve insurrecional é defendida como o meio decisivo para desencadear a revolução.

Fala-se de anarquistas em toda parte: no Japão, onde onze rebeldes são executados no que será chamado de “incidente de alta traição” contra o Imperador. Na França, os ilegalistas, como os do Bando Bonnot, permaneceram ativos. Alexandre Britannicus foi assassinado e Joseph Renard executado em 1913.

Desenvolveram-se as correntes do sindicalismo revolucionário (para o qual o sindicalismo é autossuficiente), do anarco-sindicalismo (mais anarquista do que o primeiro) ou do anarquismo operário argentino. As duas últimas foram reforçadas após a guerra de 1914-18, especialmente na América Latina.

A Argentina estava à beira da revolução, e a FORA (Federación Obrera de la Región Argentina) estava na vanguarda das lutas sociais.

Na Espanha, os combates entre os pistoleiros dos chefes e a CNT anarco-sindicalista resultaram em centenas de mortes em ambos os lados.

Nos Estados Unidos e no Canadá, a IWW lutou muito no mundo do trabalho, às vezes com armas na mão, e sofreu uma repressão feroz. Havia uma mistura de trabalhadores itinerantes e vagabundos, anarquistas e trabalhadores de todas as origens. As redes da IWW se espalharam pelos países de língua inglesa através dos marinheiros do sindicato.

Os anarquistas têm uma forte presença nos movimentos dos trabalhadores na China e na Coréia, mas também em países como a Suíça e a Suécia.

Críticas anarquistas

Desde o início do século, nas Causas Populares em Paris ou nos Ateneus, um grande número de questões importantes relativas à educação, sexualidade, saúde e cultura foram discutidas, na maioria das vezes em clara ruptura com as concepções dominantes da época e sem especialistas. Isto deu uma forte consistência às propostas dos anarquistas, reforçadas por sua participação nos movimentos e na vida cotidiana. A ação direta é defendida como um motor essencial para transformar as relações sociais e destruir a exploração e o domínio.

É uma tentativa de acabar, pelo menos parcialmente, com as separações deste mundo: os anarquistas pegam em armas e praticam o naturismo ou se apresentam no teatro. Os expropriadores espanhóis atacaram bancos e financiaram a publicação da Enciclopédia Anarquista. Outro expropriador, o ítalo-argentino Severino Di Giovanni, publicou as obras do geógrafo libertário Elisée Reclus.

As mulheres eram especialmente ativas no movimento. Na Argentina, o primeiro jornal anarquista escrito por mulheres, La voz de la mujer (A Voz da Mulher), foi publicado em 1896… Teresa Claramunt na Espanha, He Zhen na China, Voltairine de Cleyre nos Estados Unidos e muitos outros camaradas lutaram pela emancipação das mulheres e de todos. Fumiko Kaneko, uma imigrante coreana no Japão, lê Stirner e planeja com sua companheira matar o imperador do Japão ou seu filho.

Na Alemanha, posições muito avançadas são comuns nos círculos anarquistas: Erich Mühsam faz intercâmbios com Freud e o revolucionário psicanalista Otto Gross, a homossexualidade é defendida por anarquistas como Adolf Brand ou Senna Hoy.

Da Rússia até a Espanha

1917 foi o ano da revolução russa: os anarquistas, tendo acreditado que as alianças com os bolcheviques de Lenin eram possíveis, defenderam as formas mais radicais utilizadas pelos movimentos operários e camponeses e se opuseram ao novo poder com as armas na mão. Foi a epopeia da Ucrânia (às vezes idealizada) anarquista, e depois a repressão, que destruiu o movimento revolucionário (Kronstadt foi derrotada em 1921).

Os sobreviventes logo estarão no gulag e terão que lutar na clandestinidade.

Durante 1919, uma grande parte da Europa viu experiências revolucionárias: a República dos Conselhos na Baviera, a comuna de Budapeste, os conselhos de fábrica em Turim.

Na Alemanha, os anarquistas participaram de uma espécie de governo revolucionário. Em Budapeste, seus camaradas, confrontados com uma situação semelhante, estavam divididos sobre a questão. Uma corrente, os Almassistas, rejeitou a colaboração com os comunistas autoritários liderados por Bela Kun.

A tomada do poder pelo governo desencadeou a repressão. Os regimes que foram estabelecidos rapidamente evoluíram para o fascismo ou nazismo.

Na Argentina, a FORA sofreu duras repressões e o massacre da “Patagônia Trágica”. O alemão Kurt Wilckens matou o homem responsável pela repressão.

Os anarquistas não desistiram da luta e agiram na clandestinidade na Rússia, Bulgária (ao redor de Cheïtanov) ou na Alemanha (o Grupo Vermelho e Negro ou Schwarzrotgruppe tentaram duas vezes, após anos de clandestinidade, assassinar Hitler).

O caso de Sacco e Vanzetti, anarquistas de ação convencidos de origem italiana, condenados à morte nos Estados Unidos, desencadeou protestos de solidariedade em todo o mundo.

Na Itália, os anarquistas tentaram assassinar Mussolini: Gino Lucetti em 1926 e Angelo Pellegrino Sbardaletto em 1932 (que foi fuzilado), além da ação do muito jovem antifascista Anteo Zamboni em 1926.

Na América Latina, o anarco-sindicalismo continuou sendo uma força importante na década de 1920. Foram forjados laços estreitos entre os trabalhadores revolucionários na Bolívia e o movimento indígena altamente ofensivo.

No Paraguai houve uma tentativa de insurreição em 1931, o que levou à breve experiência da Comuna Encarnación.

A repressão era dura em todos os lugares. No início dos anos 30, os anarquistas haviam perdido grande parte de sua influência para as tendências reformistas, colaboracionistas e autoritárias.

Na Suécia, os grevistas de Adalen foram fortemente reprimidos pelas autoridades.

Foi neste contexto que a revolução espanhola eclodiu em julho de 1936. Os nazistas estavam no poder na Alemanha e os fascistas controlavam a Itália. A revolta militar espanhola se seguiu ao golpe de Estado organizado dois anos antes em Portugal por Salazar, ao qual os anarco-sindicalistas portugueses haviam respondido com armas na mão. As autoridades os enviaram para a prisão Tarrafal em Cabo Verde.

Os anarquistas da CNT, com sua experiência histórica de greves de massa, várias tentativas de insurreição localizada no início dos anos 30 e a revolta das Astúrias (1934), resistiram ao golpe de Estado fascista, em particular graças a comitês de defesa preparados e treinados. O proletariado espanhol e a CNT lançaram a experiência de coletivizações na parte livre do país (Catalunha, Aragão, Valência, Murcia, Castela), e colocaram em prática seu projeto de comunismo libertário, discutido e amadurecido por anos.

A experiência foi enfraquecida pela participação no novo governo que queria unir as organizações de “esquerda”. A CNT, a primeira força revolucionária, apesar das diferenças dentro dela, renunciou à defesa da autonomia do proletariado e colaborou. Esta lógica política, contrária às concepções anarquistas afirmadas durante décadas, não foi perdoada: combatido pelos comunistas autoritários ligados à URSS de Stalin, assim como pelo exército de Franco, o proletariado espanhol sofreu uma sangrenta derrota.

O último bolsão revolucionário deixado no Ocidente antes da Segunda Guerra Mundial foi derrotado, e com ele a experiência mais bem-sucedida de transformação revolucionária do século 20. Os anarquistas espanhóis estão estacionados em campos de concentração no sul da França. Alguns foram para o exílio. Muitos queriam continuar lutando e se envolveram com a Resistência na França.

Os anos trágicos e o período pós-guerra

Quando eclodiu a Segunda Guerra Mundial, os maquis anarquistas permaneceram na Espanha, como os irmãos Quero (1940-1946) e os Jubiles (1939-1944) na Andaluzia, de Santeiro (Astúrias e León), de os Pinches na Galiza (ativos até 1950), assim como os que uniram os anarquistas com outras correntes.

Na Romênia, os Haiduks da Cotovschi realizaram atividades guerrilheiras de 1939 a 1941 e foram exterminados.

Na Itália, os anarquistas foram muito ativos na resistência e foram capazes de restabelecer seu movimento na Liberação.

Na França, os anarquistas, principalmente espanhóis, eram muito ativos como maquis antifascistas ou FFI, e liberaram várias cidades.

Os anarquistas do “terceiro campo” e certas correntes marxistas tentaram durante a guerra afirmar posições hostis aos diferentes campos beligerantes, e liderar ações em uma perspectiva internacionalista e proletária.

Na Alemanha, grupos clandestinos de anarquistas e comunistas de conselho estavam ativos após a guerra, especialmente em torno de John Olday, que esteve envolvido durante a guerra na revista War Commentary, na Inglaterra.

Após o armistício, uma CNT foi reconstituída na França. De acordo com algumas fontes, seus números eram significativos. Mas, uma peculiaridade francesa, os libertários iam favorecer o entrismo nos principais sindicatos, o que enfraquecia as posições da classe autônoma. Entretanto, a luta social foi intensa, com movimentos de greve maciça em 1947 e 1950, e episódios insurrecionais, como em 1955.

Por sua vez, os anarquistas espanhóis no exílio se lançaram na Espanha: vários ataques contra Franco foram organizados (incluindo um ataque aéreo em 1948), e a guerrilha organizou operações a partir da França. Gradualmente foram abandonados por sua organização, que se tornou imobilizada. Caracremada, o último guerrilheiro ativo, foi assassinado em 1963, depois de Facerías, Quico Sabaté e muitos outros.

Apesar da recomposição do mundo e da polarização em torno dos dois blocos vencedores da Segunda Guerra Mundial, revoltas importantes rapidamente nos lembraram da necessidade de uma revolução contra os blocos, os estados e o capital. O clima foi criado pela revolta dos trabalhadores em Berlim Oriental em 1953, que foi derrubada pelas autoridades comunistas, e depois em Budapeste, em outubro de 1956, quando foram criados os conselhos de trabalhadores.

Cuba é um dos países onde os anarquistas ainda estão ativos, após décadas de luta. De 1953 a 1959, eles participaram da luta para derrubar a ditadura de Batista. Assim que Fidel Castro chegou ao poder, eles foram severamente reprimidos. Aqueles que não acabaram na prisão foram para o exílio nos Estados Unidos e criaram fortes redes na Flórida.

Embora alguns revolucionários tenham escolhido defender um ou outro lado nestes anos turbulentos, na lógica do “mal menor”, estes eventos, como as intervenções dos Estados Unidos ou da França no exterior, demonstram a falsidade da lógica conciliadora.

A Revolução novamente

Os anarquistas começaram a se fazer sentir novamente por volta de 1968, especialmente as correntes capazes de captar os desenvolvimentos da época (a juventude como uma nova força revolucionária, o papel colaborativo dos sindicatos ainda mais marcado do que antes da guerra). Eles tomaram parte ativa no movimento de 1968.

Agora eles se inspiram no Socialismo ou Barbárie e na Internacional Situacionista e criticam a militância desligada da vida ou os aspectos ideologicamente marcados das teorias revolucionárias do passado.

Se a revolução fracassara na França, muitas pessoas se envolveriam nos anos seguintes em várias lutas de grande escala, desde o movimento anti-nuclear e greves selvagens até motins urbanos.

Na Itália, os “anos de chumbo” começaram com o assassinato do anarquista Giuseppe Pinelli.

Nos Estados Unidos, um movimento de protesto fundamental sacudiu a sociedade, contra o pano de fundo da Guerra do Vietnã (onde pelo menos mil oficiais foram mortos por soldados rebeldes!). Revistas como a Fifth Estate ou os textos de Freddy Perlman criticaram a base científica das teorias revolucionárias históricas e seu culto ao Progresso (incluindo o anarquismo). As organizações são questionadas em todos os lugares.

Grupos “autônomos”, às vezes armados, mais ou menos estruturados e especializados dependendo do caso, surgiram em vários países: em particular a Brigada da Raiva na Inglaterra (1970-1972), a GARI na França em 1974, e a Brigada George Jackson no Noroeste americano (1975-1977).

A Espanha, onde a agitação foi forte desde o início da “transição democrática”, especialmente nas fábricas, foi marcada pelos confrontos em Vitória, em 3 de março de 1976. Este massacre ocorreu após a execução de Salvador Puig Antich dois anos antes pelo governo de Franco. Em 1978, o caso Scala, uma criação do novo Estado “democrático”, tentou enfraquecer os anarco-sindicalistas da CNT e outros revolucionários de rua.

Levantamentos revolucionários, com tons antiautoritários mais ou menos fortes, ocorreram em Portugal (a “Revolução dos Cravos” de 1974), e depois na Itália em 1977, onde o prazer armado, um manifesto anarquista, circulou maciçamente em Bolonha. Depois veio a revolução iraniana de 1979, Polônia, África do Sul contra o apartheid…

Lutas importantes contra a indústria nuclear foram travadas tanto na Europa (Wyhl na Alemanha; Plogoff, Chooz e Golfech na França) quanto nos Estados Unidos, nos quais anarquistas e outros antiautoritários participaram ativamente.

Os anos 80 foram marcados pelas derrotas dos principais movimentos revolucionários, e a ideia de uma transformação revolucionária da sociedade tornou-se menos visível, especialmente após a aniquilação dos mineiros britânicos no final da grande greve de 1984-85.

No entanto, movimentos e revoltas menores continuaram a ocorrer. Os anarquistas foram ativos no movimento anti-prisão na Espanha, em vários grupos autônomos, na luta anti-nuclear na Itália.

Nos anos 90, a riqueza das propostas anarquistas foi redescoberta em países em tensão. Este foi particularmente o caso na América Latina após o período de ditaduras, através dos movimentos punk e anarco-punk.

Os anarquistas italianos, apesar de seus próprios aspectos ideológicos do insurrecionalismo, mostram que é possível agir aqui e agora, sem um movimento de massa, enquanto alguns anarquistas permanecem fortemente apegados ao passado, a lógicas comemorativas ou culturais.

Novas redes estão se formando. As correntes anarquistas e antiautoritárias continuam fortes em muitos países, apesar das perdas significativas em termos de crítica desde os anos 70, do avanço da alienação e da crescente invasão da mercantilização em todos os cantos do mundo.

O peso da ideologia às vezes é pesado, assim como a permeabilidade à lógica política, ou às novas modas que saem da Universidade. Nasceu uma enxurrada de correntes e “ismos”, compostos e recompostos de acordo com falsas novidades que os burocratas, pequenos líderes e intelectuais mais ou menos institucionais capitalizaram.

Entretanto, os anarquistas permaneceram em posição de dar importantes contribuições para as lutas de seu tempo. Eles estão no centro do movimento de revolta na Grécia, que culminou em 2008. Casos e esquemas repressivos, às vezes sob o rótulo de luta contra o “terrorismo”, visaram camaradas na França, Itália, Chile, Espanha ou México.

Além das lutas lideradas por anarquistas, é particularmente importante compreender a importância das lutas lideradas em toda parte contra a exploração e o domínio (contra os transgênicos, contra projetos industriais e de desenvolvimento, lutas urbanas desenfreadas, etc.), sejam elas de escopo limitado ou não. Várias correntes e grupos antiautoritários foram capazes de fazer isso e se equiparam com os meios para intervir diretamente na busca de coerência com os objetivos reivindicados.

As contribuições das diversas correntes anarquistas do passado continuam sendo fundamentais. A consequência histórica dos anarquistas em sua luta contra o existente, sua promoção da ação direta e da vontade humana como motores essenciais da transformação revolucionária, ou sua insistência na importância da coerência entre os meios e o fim, representam armas fundamentais na luta contra este mundo.

Também vale a pena notar sua concepção anti-elitista de luta e atividades, incluindo a teoria. Ao contrário dos especialistas que ganham fama com suas “contribuições” e reivindicam a autoria, é importante apontar o que nos oprime, em nossas próprias condições, e esclarecer as lutas que travamos, identificando seus limites e contradições. Contra a frieza analítica e a suposta objetividade dos intelectuais, é necessário fazer referência a situações e momentos vividos, rejeitando papéis e lutando contra a reprodução das relações hierárquicas desta sociedade.

Os anarquistas escreveram e continuam a escrever belas páginas de luta, que falam com nossas cabeças e corações. Porque eles eram e ainda são indivíduos de carne e osso, com suas contradições e sua grandeza.

Sem a necessidade de forjar ícones e modelos, encontramos inspiração nas magníficas canetas de Armand Robin ou Stig Dagerman, no entusiasmo combativo do argentino Rodolfo González Pacheco, na ação revolucionária realizada em todo o mundo pelos anarquistas italianos (do Egito à América), na profundidade das contribuições de André Prudhommeaux.

A história dos anarquistas e suas lutas também é veiculada através da memória de personalidades cativantes e apaixonadas como Octave Jahn, eterno rebelde da França à Espanha e depois ao México; de rebeldes vitalícios como Gino Gatti, o expropriador; inovadores como os jovens holandeses libertários do grupo De Moker; Louise Michel que confraternizou com os Kanaks em seu exílio na Caledônia; indivíduos fortes como Maria Monbiola, também conhecida como Maria Dinamita, de Toulouse, Emma Goldman, a chilena Flora Sanhueza, e muitos outros.

Que chovam os paralelepípedos!

Maio 2017

souslaplagelespaves[@]riseup.net

> Nota final <

Este pequeno texto não pretende oferecer um ABC, um manual chave de anarquismo chave, nem apresentar uma história suave, sem contradições, feita de heróis e mártires. Ela deve estar ligada a nossas Perspectivas.

É, portanto, mais uma evocação da riqueza das lutas travadas pelas correntes anarquistas que nos precederam do que uma apropriação, um desejo de justificar nossas lutas atuais no passado.

Esperamos que sirva para restabelecer alguns elementos de uma história que alguns muitas vezes criticam a partir de posições confortáveis, com frieza ou a partir de teóricos “reconhecidos”, quando a história foi escrita em lágrimas e sangue.

Não pretendemos evacuar as contradições da história anarquista. Mas pensamos que isto deve ser feito pelas revoltas, em relação à crítica que elas carregam contra o que as oprime.

A Sociedade do Espetáculo tem feito muito para que as ricas experiências do passado caiam no esquecimento, em um momento em que a temporalidade das redes sociais facilita a superficialidade, em detrimento da transmissão de práticas e experiências. Que este texto sirva como uma modesta contribuição para reverter esta tendência, e o resto.

> Uma nota adicional sobre a história <

Não subscrevemos a visão linear que apresenta a história humana como uma sucessão qualitativa de fases, no final das quais chegaríamos à liberdade.

A história da luta pela liberdade não começou com os anarquistas. Varia de acordo com os diferentes contextos vividos pelas sociedades humanas em sua diversidade histórica, desde a luta das tribos contra as civilizações, passando pelos grandes movimentos camponeses do Ocidente, até as lutas dos escravos ou das comunidades contra a colonização na América e em outros lugares…

Em alguns desses contextos, algumas vezes surgiram concepções que podem ser semelhantes às dos anarquistas, historicamente ou hoje. Pensamos, por exemplo, que as revoltas que abalaram a Inglaterra a partir do século XVII e suas correntes radicais, a experiência de certos piratas e Ludditas quebradores de máquinas, têm um conteúdo antiautoritário mais pronunciado do que as experiências que ocorreram “em casa” durante a Revolução Francesa, cujas correntes são todas marcadas pelo centralismo, o culto do Estado e da Nação.

Não há nenhum sujeito revolucionário, nenhum grupo cujo papel, missão ou vontade natural seja fazer a revolução. Não há nenhuma categoria, assunto ou contexto a ser idealizado.

Cabe-nos, portanto, continuar a estudar, com suas contradições e sem fetiches, a rica história das revoltas tribais e camponesas, as lutas dos mendigos, dos miseráveis e outros lúmpen proletariados, que trabalharam antes de nós para perturbar o existente, a fim de viver de forma diferente.

Fonte: https://www.meneame.net/m/Lib%C3%A9rtame/anarquistas-historia-corta-pero-apasionante?

agência de notícias anarquistas-ana

Cai da folha
a gota d’água. Lá longe,
o oceano aguarda.

Yeda Prates Bernis

[Espanha] Apresentação de Horizontal Madrid, Coordenadora Anarquista

É hora de organizar-se, de que nossas propostas tenham maior visibilidade, fazendo delas uma alternativa viável.

Sábado 26 de abril

Ateneu Libertário La Garra (calle pico Moncayo 22)

Puente de Vallecas L1

Queremos apresentar e divulgar esta coordenadora, fazendo um chamado à organização em grupos e coletivos anarquistas e a nos coordenarmos entre iguais.

Defendemos o anarquismo como a luta contra toda autoridade. Não como pensamento abstrato, mas desde as lutas do dia a dia, mas olhando mais além: para uma transformação radical da sociedade.

Também defendemos o anarquismo como rechaço ao Estado e ao capitalismo. Propomos a ação direta e um espaço de luta próprio.

Para amenizar o evento, contaremos também com a atuação de:

Kortxo y Xapa

Isma hit the town

A revolta está ao nosso alcance!

agência de notícias anarquistas-ana

ipê amarelo
até a calçada
floresce

Ricardo Silvestrin

Chamada para Ação: Primeiro de Maio Global – GLOBAL MAY DAY 2025

Primeiro de Maio! Primeiro de Maio!

Auto-organização contra o autoritarismo, o fascismo e as ditaduras!

A estratégia de mobilizar as pessoas com base na ansiedade econômica e cultural e construir um nacionalismo baseado na identidade para ganhar poder é descrita de várias formas como nacionalismo majoritário, autoritarismo populista ou populismo de direita.

Fonte: What Do Populist Authoritarians Do When They Rule? por Kamal Mitra Chenoy, EPW.in

Os movimentos autoritários e de direita estão ganhando força em todo o mundo e mais governos autoritários estão chegando ao poder. Os desenvolvimentos variam de uma influência crescente de movimentos políticos reacionários (por exemplo, na Alemanha, no Reino Unido, na Dinamarca, em Israel e na França) a regimes cada vez mais autocráticos e oligárquicos (por exemplo, na Argentina, nos EUA, na Hungria, na Áustria, nas Filipinas, na Indonésia, em Hong Kong, na Itália, na Nicarágua, na Rússia, na Índia, na Turquia e em Bangladesh), bem como em Estados totalmente repressivos e autoritários (por exemplo, no Myanmar).

Embora seja necessário analisar os contextos históricos locais para entender completamente os desenvolvimentos autoritários, há pontos em comum importantes. Uma característica comum é a fusão dos interesses do capital organizado com um Estado-nação repressivo. Os primeiros alvos geralmente são as pessoas trans. Depois que Milei assumiu o poder na Argentina, elas foram as primeiras a serem demitidas de empregos no setor público. Desenvolvimentos semelhantes podem ser observados na Itália, com Meloni da Fratelli d’Italia no poder. Aqui as pessoas trans também foram atacadas pelo governo de direita. Eles restringem o acesso a cuidados médicos para a transição de gênero, especialmente para os jovens.

O autoritarismo descreve “ideologias de desigualdade”, como racismo, sexismo, nacionalismo, classismo e chauvinismo. É um fenômeno social, cultural, político e econômico. Olhando para o mundo atual, podemos certamente falar de um despertar do autoritarismo.

Crise após crise atrás de crise. As inseguranças sociais e econômicas criam condições de vida precárias para muitas pessoas. A oferta de ideias autoritárias é uma promessa de segurança: você tem um lugar no mundo e pode direcionar sua frustração contra os mais fracos. Um sistema cada vez mais instável é mantido pelas forças do Estado. Portanto, a disseminação do autoritarismo não é apenas um movimento de cima para baixo, ou seja, uma conspiração das elites, nem um “levante de baixo para cima”.

Para ganhar poder, os políticos reacionários usam a retórica de ser contra o sistema, as preocupações com a segurança pública e as acusações de criminalidade (por exemplo, contra a oposição, a sociedade civil e as minorias sociais) como pretexto para restringir as liberdades, muitas vezes com o apoio de elites arraigadas. Os primeiros anos da industrialização já viram a demonização e a repressão estatal dos pobres, dos indigentes, dos movimentos políticos dos trabalhadores – qualquer pessoa que não fizesse parte de uma força de trabalho assalariada dócil. Quando as lutas sociais ganham espaço democrático, o capital organizado está disposto a sacrificar os direitos humanos para reprimir o trabalho.

As democracias (neo)liberais não são garantia de um futuro livre de autoritarismo. O antiautoritarismo deve ir além da simples “defesa da democracia”.

Para muitos países do chamado Sul global, o liberalismo no Norte global tem significado mais frequentemente tirania do que democracia. Afinal, as democracias liberais modernas foram construídas com base na escravidão, bem como na desumanização e no genocídio dos povos indígenas. Elas prosperaram e continuam a prosperar com a extração brutal de recursos e, atualmente, estão por trás de um regime de fronteira que considera dezenas de milhares de migrantes que morrem tentando atravessar fronteiras militarizadas como essencialmente “descartáveis”. Essa desumanização das pessoas para exercer o poder é parte integrante do modo atual do capitalismo.

Não podemos conquistar um mundo melhor esperando que a pessoa certa seja eleita – ou que a pessoa errada seja expulsa. Temos que nos organizar e lutar. Lutar para transformar a sociedade, para transformar o mundo, organizando-nos em nossos locais de trabalho, escolas e bairros.

Além de combater as tendências autoritárias, nosso objetivo é superar as raízes dos problemas: o sistema salarial e o próprio capitalismo. Lutamos pela construção de um mundo organizado por e para nossa classe, um mundo que funcione em harmonia com a terra.

Vamos nos organizar para moldar o discurso público. Vamos nos organizar para propagar narrativas que se oponham aos desenvolvimentos autoritários e lutar por uma vida melhor para o povo da classe trabalhadora, por uma semana de trabalho de 30 horas (sem redução de salário) e por boas aposentadorias públicas controladas pelos próprios trabalhadores, que permitam uma vida digna. Pela união dos trabalhadores do mundo!

Convocamos a solidariedade global da classe trabalhadora no Primeiro de Maio – e todos os dias!

Libertem todos os antifas!

#globalmayday2025

#1world1struggle

lutafob.org

agência de notícias anarquistas-ana

uma pétala caída
que torna a seu ramo
ah! é uma borboleta

Arakida Moritake

Sobre o Comunitarismo Ácrata 1

É preciso deixar claro que a tática comunitarista ácrata não se trata de uma “instituição”, bem diferente disto, trata-se, bem entendido, mais propriamente de “uma identificação”, de “um modo de atuação” e de “uma cultura”, de forma que perfis e páginas que optem por aderir a esta proposta não estariam aderindo a nenhuma “organização” específica, mas a uma “fraternidade” de aspirações específicas. Isto significa que o caráter original da atuação libertária de indivíduos e/ou grupos aderentes ao projeto (e, claro, seus perfis e páginas inclusos) não precisaria se adequar a nenhuma “legislação exterior”, ocorrendo como consequência à adesão em pauta apenas uma “natural” agregação de novas demandas procedimentais ao seu “fazer” anarquista.

Os entes associativos das redes comunitaristas ácratas, em seus vários níveis (células, tecidos, órgãos, organismos e populações), propondo-se a integrar a melhor tradição libertária, não devem se constituir como espécies de estruturas governamentais daquelas experiências que as integram, mas apenas – seguindo as concepções associativas propostas já desde Proudhon e praticadas durante o período do auge da A.I.T. -, (deverão se constituir como) lócus de união de forças para o atendimento conjunto de demandas de interesse comum e cujos portes excedam as capacidades particulares dos entes integrando as associações, bem como exerceriam também o papel viabilizadores de processos de comunicação, auto reconhecimento, estatística e intercâmbio das experiências comunitaristas ácratas.

Por se tratar de uma tática calcada em uma visão transformacionista do processo de mudança social (em detrimento das visões insurrecionalistas/revolucionárias;reformistas/institucionalizantes;e/ouescapistas/heterotópicas), própria da concepção anarquista ácrata da qual deriva, pode-se dizer que, de certo modo, a proposta comunitarista ácrata é destinada em especial para os grupos sociais de “deserdada/os” das benesses da civilização moderna (pauperizada/os e miseráveis em geral, trabalhadora/es precarizada/os, desempregada/os, grupos humanos específicos historicamente discriminados e/ou sobre explorados..), visto que estes, por se encontrarem em situações críticas de partir para o “tudo ou nada” em suas existências, em princípio, estariam mais disponíveis para arriscar modos  “outros” de vida que ao menos acenem para possibilidades de minorar as agruras pelas quais passam – diferentemente dos grupos bem acomodados pelo acesso ao consumismo. Porém, ante à perspectiva – cada vez mais claramente intuída de forma generalizada por quase todos os grupos sociais   – de um provável processo progressivo de arruinamento do sistema globalizado e da própria civilização (razonamiento fundante da opção pela visão transformacionista no anarquismo ácrata), como também – ante à perspectiva talvez ainda não tão intuída de forma generalizada, mas certamente já receada por um número cada vez maior de pessoas – de configuração das sociedades capitalistas globalizadas como sociedades da precarização universal do trabalho e do consequente rebaixamento sócio econômico imparável das classes médias (alguns dos fenômenos que estão na base do razonamiento acima aludido), é de se esperar que parcelas cada vez maiores das classes médias (baixa e alta), e até mesmo extratos inferiores das classes altas (atenção, aqui não se está fazendo referência ao que classicamente se conceitua como grande burguesia, ou seja, grandes proprietária/os de meios de produção exploradora/es de mão de obra assalariada, mas sim – se faz referência -, p.ex., a setores das altas hierarquias dos funcionalismos públicos auferindo altos salários e em vias de perda de “privilégios” devido à tendência mundialmente dominante à adoção de políticas de “enxugamento” e redução das máquinas burocráticas estatais, a parcelas do médio e até alto empresariado atuando em setores de atividades econômicas em vias de desaparecimento devido às dramáticas transformações da economia globalizada, a categorias das médias e altas hierarquias de empregada/os de empresas privadas atuando em setores de atividades econômicas em vias de desaparecimento..) se tornem cada vez mais sensíveis à possibilidade de aderir a experiências de vida como as propostas no âmbito comunitarista ácrata, o que significa dizer que, deste modo, a proposta comunitarista ácrata assume um caráter potencialmente trans classista. Mas, pela sua “missão” e caráter anti sistêmico, as redes comunitaristas ácratas devem evitar o ingresso em seu âmbito de representantes de determinadas categorias profissionais e sociais que, pelos seus vínculos, compromissos e “cultura” específica de grupo, representam ameaças reais ou potenciais à sua existência. Tais categorias seriam, p.ex., militares e policiais (principalmente de médias e altas patentes – e/ou cargos, no caso de agentes civis), representantes das médias e altas hierarquias de organizações religiosas (especialmente as regressivas), integrantes dos extratos médios e superiores das instituições jurídicas (que são parte do aparelho repressivo do Estado), membros em geral de organizações criminosas (capitalistas fora da lei), militantes de partidos políticos formais ou informais.

Como forma de estimular um processo de reforço permanente de sua identificação, de desenvolvimento permanente de seu modo de atuação e de enriquecimento permanente de sua cultura, propõe-se aos entes das redes comunitaristas ácratas algumas formas de eventos presenciais periódicos de confraternização, de intercâmbio e de interação intra, inter e extra redes, quais sejam: as reuniões, as exposições e os encontros.

Visto que o horizonte mais amplo ansiado pelo projeto do comunitarismo ácrata é a realização de processos alter antropogênicos, ou seja, sua meta mais visionária é constituir-se em um campo de fecundação de outros modos de ser humano (diferentes dos modos hierarquizantes/autoritários), propõe-se assim a adoção, no rol de seus fazeres libertários, de algumas práticas “alter antropogenéticas” (geradoras de novos modos diferenciados de ser humano), as quais podem ser propriamente denominadas como “vivências”. Tais vivências devem abranger um leque variado de formas de atividades que constituem e instituem um campo de imaginário de uma cultura, tais como vivências musicais (produção de composições musicais inspiradas nas visões e experiências das redes comunitaristas ácratas), vivências literárias (produção de composições literárias inspiradas nas visões e experiências das redes comunitaristas ácratas), vivências de cultura corporal (produção de adornos, vestimentas, “estilos” e códigos gestuais inspiradas nas visões e experiências das redes comunitaristas ácratas), vivências alimentares (produção de modos, dietas e estéticas alimentares inspiradas nas visões e experiências das redes comunitaristas ácratas); vivências de jogos (criação e experimentação/fruição de jogos, tanto de mesa quanto corporais, tanto individuais quanto coletivos, inspirados nas visões e experiências das redes comunitaristas ácratas); vivências de cultura de “crescimento interior” “grupindividual” (práticas coletivas de sessões de conversações sobre comportamentos individuais e/ou de grupo onde se procura criar um ambiente acolhedor e não discriminatório, e se praticar uma escuta empática e sem julgamentos, com a finalidade de evidenciar padrões de comportamentos e visões que possam ser ‘problemáticas’ para o crescimento tanto de indivíduos quanto de grupos, no que concerne a seus anseios instituintes de outros modos de ser humano, não hierárquicos/autoritários) etc.

Trecho do “Manifesto Anarquista Ácrata”, de autoria de Vantiê Clínio Carvalho de Oliveira.

(siga nosso perfil de Instagram: @movimento_anarquista_acrata e acompanhe nossas lives pelo canal de YouTube: anarcrata)

*A RECA (Rede Comunitarista Ácrata) está promovendo sua segunda rifa anual para aquisição de tecnologia de autonomização: confira as informações no talão digital abaixo e contribua com esta iniciativa libertária.

Conteúdo relacionado:

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/04/07/sobre-o-movimento-anarquista-acrata/

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Os banhos agora
Num dia sim, noutro não –
Canto dos insetos.

Konishi Raizan

[Itália] Anarquista Luca Dolce, conhecido como Stecco, condenado a 42 meses (3 anos e 6 meses) de prisão em Trento

Ontem, 21/03/25, ocorreu no tribunal de Trento o julgamento de primeira instância contra nosso amigo e companheiro Stecco, acusado de ter apoiado o amigo e companheiro Juan enquanto ele estava na clandestinidade e de ter falsificado documentos de identidade. Em um julgamento sumário, Stecco foi condenado a 3 anos e 6 meses de prisão, pena ainda mais severa do que a solicitada pela promotoria.

Essa sentença soa muito como um recado: quem ajudar fugitivos ou pessoas em fuga vai pagar caro. A decisão de ontem combina com o impressionante aparato policial e técnico mobilizado para prender Stecco. Sobre isso, os arquivos da operação “Diana” revelam um panorama que pode ser útil aos companheiros para compreender as armas do inimigo.

Houve uma manifestação de solidariedade com Juan e Stecco do lado de fora do tribunal, especialmente contra o uso obrigatório de videoconferência mais uma vez.

Liberdade para Juan e Stecco
Chega de videoconferência, queremos ver nossos companheiros no tribunal!
Com Gaza no coração, contra a guerra e a repressão

anarquistas

Tradução > Contrafatual

Conteúdo relacionado:

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2019/03/01/italia-prisoes-e-registros-apos-uma-nova-operacao-repressiva-contra-anarquistas-em-trentino/

agência de notícias anarquistas-ana

Varria o chão
Até que não dei mais conta —
Estas folhas secas.

Taigi

Como habitat de onças-pintadas do ‘tamanho da Inglaterra’ virou plantação de soja e pasto

Por Luiz Fernando Toledo | 19/04/2025

Em 2022 e 2023, autoridades ambientais identificaram que uma única fazenda criadora de gado desmatou cerca de 1 mil hectares (equivalente a mais de seis vezes o tamanho do Parque do Ibirapuera, em São Paulo), de forma não autorizada, em uma área protegida por lei, no Mato Grosso.

Os documentos que registraram as infrações cometidas pela empresa falam de dano à vegetação, o que gerou multas e embargo à empresa responsável. Mas casos como esse contêm um outro dano pouco contabilizado: o prejuízo à biodiversidade.

A fazenda está localizada na Área de Proteção Ambiental (APA) Meandros do Araguaia, no Mato Grosso, território conhecido da onça pintada, um dos maiores símbolos da biodiversidade brasileira. Um dos objetivos da unidade de conservação é justamente proteger a espécie – conforme consta do decreto de sua criação, de 1998.

Ao menos 477 infrações ambientais foram registradas pelo ICMBio nos últimos dez anos nesta mesma unidade de conservação, cometidas por diferentes infratores e que somam mais de R$ 37 milhões em multas, segundo levantamento feito pela BBC News Brasil nos dados abertos da instituição.

>> Para ler o texto na íntegra, clique aqui:

https://www.bbc.com/portuguese/articles/cqx4g8r5rrzo

agência de notícias anarquistas-ana

alta madrugada,
vaga-lumes no jardim
brincam de ciranda

Zemaria Pinto

[Itália] Cidadãs e cidadãos do mundo contra a Europa das armas

Como Assembleia Antimilitarista, afirmamos desde 2021 — antes mesmo do início oficial dos principais conflitos e genocídios em curso — que o rearmamento é um componente essencial do atual sistema internacional baseado nos Estados, no capitalismo e na dominação. Em particular, com a guerra na Ucrânia e a retórica dos “mocinhos” e dos “vilões”, tentou-se fazer com que os gastos militares, que já estavam em constante crescimento, fossem vistos como algo virtuoso, e que as produções de morte fossem, ao mesmo tempo, um motor da economia e uma necessidade defensiva. Com essa propaganda, também se tentou apresentar o pacifismo, o antimilitarismo e todas as formas de objeção de consciência como conceitos e práticas ultrapassadas, que a mentira do Inimigo iminente pinta não apenas como utópicas, mas também como prejudiciais.

Essas mentiras surreais, baseadas em informações de inteligência que afirmam prever o momento exato em que os “vilões” nos atacarão, servem para legitimar os programas de rearmamento europeu (ReArmEurope, depois Readiness 2030 etc.). Esses programas representam um salto qualitativo dentro dessa lógica perversa. Um dos pretextos usados para justificar esse gigantesco projeto europeu é a dissuasão, mas essa, junto com a consequente corrida armamentista, nunca levou à paz — e sim à escalada bélica. Por um lado, a União Europeia trai os princípios históricos, com os quais na verdade nunca teve muito compromisso, que viam o federalismo europeu como uma forma de pôr fim às guerras. Por outro lado, uma instituição que sempre impôs rígidos limites orçamentários a todos os gastos sociais (saúde, educação, serviços sociais, previdência, salários públicos…) proclama, com grande uso de retórica, que esses limites podem ser largamente ultrapassados com os 800 bilhões já previstos para o rearmamento — evidentemente, novamente às custas desses mesmos gastos sociais. Em outras palavras, estamos diante de um duplo desastre: social, pelos cortes adicionais no bem-estar e nos direitos; e bélico, porque essa escalada insana, se não for detida a tempo, só pode levar a cenários catastróficos de conflito.

As classes trabalhadoras russas, ucranianas e agora, de modo geral, europeias, têm em comum cada vez mais o fato de serem tanto o caixa eletrônico do rearmamento quanto a carne de canhão do massacre. No caso da Ucrânia, o preço que o “generoso” Ocidente exige para não deixá-la voltar a fazer parte do império russo é transformá-la, na prática, em uma colônia americana, com a cessão de seus recursos minerais — algo que as esquerdas institucionais criticam no governo Trump, mas esquecem de dizer que seus próprios aliados, em Washington como em Bruxelas, inevitavelmente fariam o mesmo, de uma forma ou de outra. Sem contar os interesses das empresas ocidentais na reconstrução pós-conflito de um país “amigo”.

Em todos esses casos, como já denunciamos há tempos, a guerra externa se completa com a guerra interna: marcada por crescente militarização da sociedade, leis autoritárias, criminalização do dissenso e restrições crescentes às liberdades, também por meio da ação da extrema direita.

Como Assembleia Antimilitarista, lançamos um apelo a todas as realidades que se opõem à guerra e apoiam a objeção, aos movimentos, ao sindicalismo de base e combativo, a todas e todos os explorados, para construir uma ampla oposição social e de classe ao militarismo. Convidamos todos esses setores a promoverem iniciativas contra o rearmamento europeu, a desenvolverem conteúdos antimilitaristas nas datas de 25 de abril e 1º de maio, e apontamos o dia 2 de junho como referência para dar continuidade a essa campanha. Continuaremos, enquanto isso, apoiando as iniciativas antimilitaristas em curso nas diversas localidades.

Fazemos também um apelo às realidades antimilitaristas internacionais, para que essa campanha assuma uma dimensão europeia. Se no “Ocidente” por enquanto não somos forçados a desertar dos campos de batalha, devemos começar a desertar com nossas consciências, recusando-nos a ser alistados pela propaganda belicista. Não nos alistamos ao lado deste ou daquele Estado imperialista. Recusamos a retórica patriótica — mesmo quando ela se disfarça com a roupagem do europeísmo — como um instrumento de legitimação dos Estados e de suas pretensões expansionistas, a serviço dos interesses do capitalismo. Em qualquer lugar. Não existem nacionalismos bons. Estamos ao lado de quem, em qualquer canto do planeta, deserta da guerra. Somos derrotistas contra o nosso governo, e solidários com quem luta contra o seu.

Somente uma humanidade internacional poderá lançar as bases de um mundo de iguais e livres, capaz de pôr fim às guerras. Devemos começar novamente no nosso cotidiano, para desmontar a propaganda de guerra em todos os níveis — em todos os lugares de vida, de convivência, de trabalho e de estudo. Nas escolas, essa propaganda é especialmente grave, pois visa o alistamento, apresentando a carreira militar como um caminho positivo para a realização profissional, quando na verdade é apenas a profissionalização de matar e de ser morto. É preciso despertar uma consciência crítica e antimilitarista em toda a sociedade, com grandes iniciativas nas ruas e nos territórios contra instalações bélicas e produções de morte, por uma greve geral contra a guerra, e com apoio concreto a todas as vítimas civis e a todas as pessoas que objetam, desertam e se recusam a lutar — seja qual for a bandeira à qual se recusaram a se submeter.

Queremos um mundo sem fronteiras, sem exércitos, sem opressão, exploração e guerra.

A Assembleia Antimilitarista, reunida em Reggio Emilia em 6 de abril de 2025.

Fonte: https://umanitanova.org/cittadin%c9%99-del-mondo-contro-leuropa-delle-armi/

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

surgem, de repente
numa dança entre as árvores
profusão de libélulas

Jeane Carreti

[Chile] 1° de Maio Anarquista | Jornada de Comemoração

Por um maio negro e combativo.

Plaza Bogotá – Bairro Matta Sur

O primeiro de maio para os anarquistas tem um peso e uma relevância que, mais além de sua forte raiz histórica, se atualiza permanentemente em uma luta antiautoritária que sabe entender que a exploração e o poder devem ser enfrentados em todas as suas formas e desde todas as formas possíveis. Comemorar para os anarquistas implica fazer da memória uma arma que nos permite trazer para o presente as lutas ácratas históricas com o fim de intensificar e qualificar as batalhas que nos mobilizam na atualidade.

Com Mauricio Morales na memória por um maio negro e combativo

Morte ao Estado e Viva a Anarquia!!!!

Quinta-feira, 1° de maio desde às 14h00.

– Almoço Vegan  ($ 2000 em solidariedade com Casa Anarquista La Termita)

– Doceria e cafeteria vegana

– Música –Teatro – Poesia

– Atualização da situação dos companheiros encarcerados

– Feira de editoras e propaganda anárquica

PELA DESTRUIÇÃO DO ESTADO, DO PATRIARCADO, DO CAPITAL E TODA AUTORIDADE

PARA A LIBERAÇÃO TOTAL!

agência de notícias anarquistas-ana

Céu azul profundo
nas espumas flutuantes
águas tranquilas…  

Irene Massumi Fuke

[Grécia] Sobre a proibição de concertos em Exarchia

Comunicado da Κενό Δίκτυο

Nos últimos dias, após um concerto de solidariedade [à Palestina], um evento cultural de massa na quadra coberta de basquete do Asteras Exarchia, em Strefi Hill, com a participação de milhares de pessoas, foram desencadeados acontecimentos que não estavam diretamente relacionados à organização, mas foram usados ​​como pretexto de repressão.

Embora os incidentes tenham ocorrido em outros lugares, o local do show foi cercado por forças policiais, dezenas de prisões foram feitas sem que acusações fossem relatas e uma mensagem clara foi enviada: a expressão política e social está na mira.

Um anúncio sem precedentes foi feito pelo Ministro da Ordem Pública, Michalis Chrysochoidis: a proibição policial de shows, ações culturais e políticas em toda a área de Exarchia e Strefi Hill!

Esta decisão foi apresentada como uma medida para “proteger” o “maravilhoso” plano de requalificação da área, mas na realidade constitui um ataque violento ao próprio conceito de espaço público e de livre reunião.

A posição do governo não deixa espaço para interpretações equivocadas.

Exarchia — como todos os outros cantos do centro — está sendo transformada em zonas exclusivamente para turismo e empreendedorismo. O bairro onde antes batia o pulso da cidade agora é tratado como um “filé” para a compra de prédios, a criação de hotéis e apartamentos caros para alugar.

A comercialização não traz apenas aumento de aluguéis e deslocamento de moradores. Também traz silêncio. Silêncio nas praças, nos concertos, nos comícios políticos. A vida cultural está sendo deslocada para servir a interesses comerciais, com o espaço público sendo transformado em um campo de consumo em vez de criação.

Mas bairros não são projetos empresariais. Eles são o seu povo. São estudantes, trabalhadores, famílias, imigrantes, idosos, jovens. São os relacionamentos, as lutas, a solidariedade e o cotidiano. Tudo isso incomoda quem quer uma cidade vitrine, estéril de demandas sociais e resistências culturais.

Nossos bairros não são silenciosos!

A resposta a esse ataque deve ser coletiva, firme e criativa. Os bairros do centro da cidade continuarão vibrantes. Com seus moradores presentes. Com eventos no espaço público, com vozes vibrantes e presenças que se expressarão corajosamente contra a injustiça, que atacarão a exploração e a cultura de dominação.

Nossos bairros não serão entregues à especulação e ao silêncio!

A luta continua…

Fonte: https://www.alerta.gr/archives/37744

Conteúdo relacionado:

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/04/17/grecia-video-exarchia-sob-cerco-os-bastidores-do-motim-de-sabado-que-eles-nao-querem-que-voce-entenda/

agência de notícias anarquistas-ana

Algo faz barulho —
Cai sozinho, sem ajuda,
O espantalho.

Bonchô

Lugares de memória dos trabalhadores de Alegrete: o início da União Operária 1º de Maio

por Anderson R. Pereira Corrêa
 
No dia 25 de abril de 2025, a União Operária 1º de Maio, de Alegrete, completará 100 anos

No dia 25 de abril de 2025, a União Operária 1º de Maio, de Alegrete, completará 100 anos. A entidade foi criada com o nome de União Operária e, mais tarde, recebeu o complemento de 1º de Maio, tornando-se, assim, a União Operária 1º de Maio. Em assembleia do dia 16 de abril de 2024, foi mudada a razão social para Associação Cultural, Recreativa e Comunitária União Operária Primeiro de Maio, com o nome fantasia UNIÃO OPERÁRIA 1º DE MAIO. No contexto de sua fundação, há um século, era uma associação de trabalhadores e trabalhadoras com fins de amparo mútuo, de luta e resistência por direitos trabalhistas (sindical). A União Operária possuía um fundo construído pela contribuição dos próprios associados para que fosse usado em momentos em que os trabalhadores precisassem, como faltar ao trabalho por motivos de doença, por exemplo. O pecúlio da entidade servia para amparar os trabalhadores necessitados, prestando socorro mútuo como assistência médica, funerária e educação.

Promovia uma educação sindical e organizava campanhas e lutas, como as manifestações do 1º de Maio em Alegrete. Esta pesquisa tem como inspiração o trabalho de alguns historiadores como Frederico Duarte Bartz, com o projeto Caminhos Operários em Porto Alegre, e Paulo Fontes, com Lugares de Memória dos Trabalhadores. Esses trabalhos são parte da batalha por significação e ressignificação dos territórios como bases materiais e subjetivas das resistências e pertencimentos do cotidiano. A seguir, farei a demonstração dos lugares relacionados ao início da União Operária, que são alguns dos lugares de memória da classe trabalhadora de Alegrete.

>> Para ler o texto na íntegra, clique aqui:

https://sul21.com.br/opiniao/2025/04/lugares-de-memoria-dos-trabalhadores-de-alegrete-o-inicio-da-uniao-operaria-1o-de-maio-por-anderson-r-pereira-correa/

agência de notícias anarquistas-ana

peixes voadores
ao golpe do ouro solar
estala em farpas o vidro do mar

José Juan Tablada

[Belo Horizonte-MG] “Horizontes libertários da Geografia: história e perspectivas”

A Biblioteca Terra Livre e o Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFMG têm o prazer de convidar todas as pessoas para a atividade “Horizontes libertários da Geografia: história e perspectivas”. A atividade busca resgatar as teorias e histórias dos geógrafos anarquistas Élisée Reclus e Piotr Kropotkin além de estabelecer um diálogo sobre a relevância destes para os desafios do fazer científico e políticos na atualidade. A atividade terá a presença de Adriano Skoda (Biblioteca Terra Livre/USP) e mediação do prof. dr. Sérgio Martins (UFMG).

Quando: 24/04/2025, quinta-feira, às 19h.

Onde: Auditório IGC – UFMG.

A entrada é gratuita e a atividade é aberta para toda a comunidade. Divulgue e convide as pessoas interessadas!

agência de notícias anarquistas-ana

ao cair no outono
a folha não sabe
o quanto morre com ela.

Alaor Chaves