[Porto Alegre-RS] Vem colar nas atividades do Esp(a)ço neste mês de novembro!

Em novembro vai ter ciclo de documentários, sarau, atividade antiespecista e mais! Confere aí nossa programação:

  • COMO ASSIM?! GENOCÍDIO?! Ciclo de documentários – todas as terças de novembro.

O Genocídio promovido por Israel com as vistas grossas da comunidade internacional não começou em 7 de outubro de 2023. Mas neste pouco mais de um ano o mundo acompanha, inerte, e praticamente em tempo real, as atrocidades cometidas pelo Exército Israelense a serviço do Sionismo. Todos os dias todas as redes sociais disponibilizam cenas inéditas e terríveis. Todos os dias quem realmente se importa com a vida se revolta.

E nada faz Israel parar.

O Esp(a)ço vai exibir três documentários produzidos pela Al Jazeera e legendados em português pela FEPAL e Intercept.

Venham assistir e conversar a respeito.

Começaremos dia 05/11 com o documentário “7 de outubro”, que faz uma análise investigativa das cenas divulgadas para justificar as ações do Exército Israelense.

Nas 4 terças-feiras seguintes exibiremos a série documental “The Lobby”, censurada após pressão de Israel por mostrar como o lobby do país exerce influência em Washington.

Para encerrar o ciclo exibiremos o “Investigando crimes de guerra em Gaza”, uma longa investigação da Unidade de Investigação da Al Jazeera que expõe os crimes de guerra israelense na Faixa de Gaza através de fotos e vídeos publicados online pelos próprios soldados israelitas durante o conflito que durou um ano.

Lembramos que os vídeos possuem imagens de violência real e explícita.

As exibições iniciarão às 19h45 mas o Esp(a)ço estará aberto desde às 17h30 com a Apoio Mútuo, a loja grátis, para quem quiser ir chegando.

  • ASSEMBLEIA GERAL MASSA CRÍTICA! POA – Quarta, 13 de novembro, 19h

Gostaríamos de convidá-lys pra a Assembleia Geral da Massa Crítica, que ocorrerá no dia 13/11 às 19h no Esp(A)ço.

O intuito é discutirmos os próximos passos, coletarmos feedbacks e ideias e tentarmos propagar ainda mais a Massa Crítica.

Depois de tantos anos parado, o evento de toda última sexta do mês está voltando e sendo novamente reconhecido.

Na data, apresentaremos também o filme We Are Traffic! (1999): O filme narra a história e o desenvolvimento da “Massa Crítica”, o movimento popular e sem liderança da bicicleta, desde seu início em São Francisco, em 1992, até sua propagação por todo o mundo, abrangendo mais de 200 cidades em 14 países. Com o aumento do congestionamento, da poluição e da violência no trânsito, ys ciclistas estão defendendo alternativas de transporte. A Massa Crítica está na vanguarda desta mentalidade.

Contamos com a tua presença pra agregar ainda mais!

  • SARAU DO FIM DO MUNDO – Quinta, 21 de novembro – 19h

Na quinta dia 21 de novembro, vai acontecer o primeiro sarau no Esp(a)ço. O tema será “Fim do Mundo”. Traga textos, poemas, música ou outro tipo de performance para compartilhar.

  • ATIVIDADE ANTIESPECISTA – Leitura coletiva + troka de ideia + feira de materiais – Sábado, 23 de novembro – 17h

A complexidade de habitar dentro de um cistema colonial – construído a partir de estruturas de opressão como o especismo, racismo, machismo, capacitismo, classismo, etarismo e suas miríades fragmentadoras – demanda resistências críticas y coletivas.

Refletir sobre as imposições especistas na alimentação, consumo, relações e linguagem é apenas uma das muitas possibilidades desse encontro. O texto a ser lido traz dados sobre alguns dos impactos do Grande Agronegócio, expondo as relações de poder que definem quais corpos são explorados, como são explorados e, ainda, onde são explorados.

No sábado, dia 23/11 propomos essas reflexões através de leitura coletiva, além de roda de conversa y feira de materiais. Sinta-se à vontade para trazer lanches veganos para compartilharmos durante a atividade!

  • REUNIÃO ABERTA – Sábado, 23 de novembro – 14h.

Quer propor uma atividade para o Esp(a)ço? Quer conhecer mais o coletivo e ajudar a compor? Nossas portas estão abertas! Chega mais e vem participar da nossa reunião aberta para organização do calendário dos próximos meses.

Em novembro nossa reunião vai ocorrer no sábado dia 23, às 14h.

Até lá!

  • APOIO MÚTUO – Loja Grátis – Toda terça, das 17h30 às 20h30.

Além de todas as atividades,  Apoio Mútuo, a loja grátis do Esp(a)ço, abre toda terça-feira, das 17h30 às 20h30. Venha conhecer, trazer doações ou procurar aquilo que você está procurando.

O Esp(a)ço fica na Rua Castro Alves, 101, no Bom Fim, em Porto Alegre.

Atenção: Para garantir o conforto e segurança de todas as pessoas presentes, pedimos que se você possuir histórico ou denúncia por cometer assédio, abuso ou outro tipo de violência, por favor, entre em contato conosco pelo nosso email ou redes sociais antes de comparecer. Não fazer isso é não se responsabilizar por suas ações e será solicitado que se retire.

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agência de notícias anarquistas-ana

Sentei-me na praia
e quando dou pela coisa
o mar me beijava.

Humberto del Maestro

Declaração da União dos Anarquistas do Sudão

O Sudão tem testemunhado uma guerra brutal que entrou em seu segundo ano, com milhões de sudaneses interna e externamente deslocados.

Milhões de pessoas não têm casa nem trabalho para atender às suas necessidades mais básicas, e milhões de crianças não têm educação. As calamidades continuam a afligir o vulnerável e simples povo do Sudão.

Hoje, condenamos veementemente os massacres cometidos pela milícia Janjaweed contra os fazendeiros inocentes do Estado de Gezira, o que equivale a um genocídio.

A milícia cometeu atrocidades contra cidadãos desarmados, mulheres e crianças nos vilarejos de Saraiha, Azraq, Tambul e Al-Hilaliya. Eles levaram cidadãos em cativeiro, estupraram mulheres e agrediram idosos.

Essa milícia criminosa tem servido há muito tempo como um braço do Estado, usando as mesmas táticas brutais contra qualquer pessoa que resista à opressão e à tirania.

Este é um apelo revolucionário e humanitário a todos os anarquistas para que aumentem a conscientização sobre os crimes cometidos pelos Janjaweed e a necessidade urgente de impedi-los e responsabilizar seus autores. É também um chamado à solidariedade para apoiar nosso povo em sua fraqueza, para que ele possa se reerguer.

Viva a paz, não às guerras!

União dos Anarquistas do Sudão

Tradução > anarcademia

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agência de notícias anarquistas-ana

Borboleta azul
raspa este céu de mansinho
insegura e frágil.

Eolo Yberê Libera

[Espanha] Só o povo salva o povo

A resposta coletiva à tragédia da DANA em Valência está mostrando, mais uma vez, que “só o povo salva o povo” não é apenas um slogan. Apesar de décadas de neoliberalismo, é uma realidade que o apoio mútuo, a solidariedade e a auto-organização são tendências profundamente enraizadas que emergem em situações de emergência. O fato de alguns grupos de extrema-direita tentarem aproveitar a oportunidade para ganhar visibilidade não significa que todas as pessoas que hoje expressaram a sua raiva contra o rei e as autoridades sejam semelhantes à sua ideologia. A função histórica do fascismo sempre foi copiar a linguagem revolucionária para intoxicar, manipular e mentir a fim de proteger os poderosos.

Desde o início surgiram iniciativas como a “Rede de Apoio Mútuo DANA Valencia”, ao mesmo tempo que vários coletivos coordenavam a recolha de material e organizavam voluntários para colaborar nas tarefas de sobrevivência que não estão a ser realizadas pelos diferentes organismos de segurança. Estamos a falar de iniciativas que surgiram agora em resposta a esta necessidade, mas que têm anos de trabalho atrás delas. São espaços, ateneus e centros autogestionados, assembleias feministas e redes de bairros, sindicatos de classe e sindicatos habitacionais, que trabalham, dia após dia, para garantir estruturas comunitárias que, em momentos como estes, são mais necessárias do que nunca.

Criticar um Estado podre, corrupto e negligente que, diante de uma tragédia que poderia ter sido evitada, ainda manda o rei passear cercado de policiais, não é “extrema direita”. Nem significa ser contra certas estruturas públicas que, pelo menos em teoria, garantem o bem-estar da classe trabalhadora. É estar consciente ao abandono institucional. E lembre-se que os culpados pelas nossas mortes são os políticos que cortaram os serviços de emergência e cancelaram os planos contra inundações, os empresários que enviaram pessoas para trabalhar e a polícia, que criminalmente impedem o acesso a bens de primeira necessidade. Foram todos eles que fizeram com que a DANA tivesse o impacto que teve.

Que diferentes intelectuais acreditem ter o poder de criticar slogans como “só o povo salva o povo” por ser “populista”, “desorganizado” ou “reacionário”, só nos mostra a sua desconexão com a realidade das ruas. E também mostra a desconfiança e o medo que têm da capacidade das pessoas de se organizarem e de sacudir, até ao colapso, o sistema tortuoso que as sustenta.

Assemblea Llibertària de Vallcarca

heuranegra.net

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sob a janela
o gato prepara o salto
como sempre faz

Fred Schofield

[República Tcheca] Feira do Livro Anarquista de Brno

Deixe-nos convidá-lo para a Feira do Livro Anarquista em Brno no dia 09 de novembro!

Vamos criar juntos um espaço onde possamos partilhar não só livros e ideias, mas também competências e habilidades práticas no espírito DIY. Fora isso, como característica das feiras de livros anarquistas, nosso principal objetivo é nos reunirmos e pensarmos juntos sobre nossa prática e fazermos novas alianças.

  • Na véspera do evento, você está convidado a jantar conosco no bistrô cooperativo Tři Ocásci.
  • No sábado, vamos nos encontrar em Káznice (Bratislavská 68), onde haverá principalmente barracas com livros, zines, revistas e outras coisas, mas também programação de acompanhamento (com oficinas de encadernação, serigrafia, pintura de árvores, comunicação pacífica e estimulante).
  • Seguido de uma festa onde podemos continuar a nossa camaradagem mútua e inventar travessuras.

Se você gostaria de compartilhar algumas habilidades práticas, organizar um workshop ou uma discussão, não hesite em nos contatar em: anarchist-bookfair-brno@riseup.net

anarchisticky-bookfair-brno.cz

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o bambual se encantava
parecia alheio
uma pessoa

Guimarães Rosa

[México] Liberdade absoluta para Miguel Peralta!

Sessão no Supremo Tribunal Federal em 6 de novembro de 2024

A todas as pessoas, organizações e grupos de solidariedade que acompanharam a trajetória para a plena liberdade de Miguel Peralta, indígena Mazateca de Eloxochitlán de Flores Magón:

Queremos compartilhar com vocês que na quarta-feira, 6 de novembro de 2024, a primeira Câmara da Suprema Corte de Justiça da Nação, na Cidade do México, discutirá o Amparo Direto na Revisão 6535/2023 do nosso colega Miguel Peralta.

Esta sessão acontecerá após quase dez anos do conflito sociopolítico que eclodiu na comunidade de Eloxochitlán de Flores Magón, em 14 de dezembro de 2014, catalisando uma onda de repressão, criminalização, perseguição e encarceramentos contra membros da Comunidade da Assembleia de Eloxochitlán de Flores Magón, entre eles Miguel Peralta.

Miguel foi preso em abril de 2015 por acusações forjadas relacionadas ao mesmo evento. Em outubro de 2018 foi condenado a 50 anos de prisão. Após a interposição de um amparo, e depois de quase um mês em greve de fome, em outubro de 2019, Miguel foi absolvido de todas as acusações e libertado.

Mais de dois anos depois, em 4 de março de 2022, a Terceira Câmara Penal de Oaxaca revogou sua liberdade, condenando-o a 50 anos de prisão e emitindo um mandado de prisão contra ele. Desde então, Miguel está deslocado de sua comunidade, tendo que viver sob perseguição política.

A primeira Câmara, que está com o assunto em mãos desde outubro de 2023, se reunirá no dia 6 de novembro, depois que a ministra Loretta Ortiz Ahlf retirou da discussão o projeto de sentença no dia 19 de junho. Esperamos que dê certo, para o bem de Miguel e da comunidade Mazateca de Eloxochitlán. Na próxima quarta-feira saberemos o que o ministro propõe para acabar com este martírio judicial. As cinco pessoas que compõem a Câmara são: Loretta Ortiz Ahlf, Juan Luis González Alcántara Carrancá, Jorge Mario Pardo Rebolledo, Ana Margarita Ríos Farjat e Alfredo Gutiérrez Ortiz Mena. Nesse dia, o Tribunal terá a oportunidade de pôr fim à perseguição contra Miguel Peralta.

Eles têm a responsabilidade de proferir uma sentença com uma perspectiva intercultural, tendo em conta o contexto sociopolítico do processo criminal, optando por fazer prevalecer a inocência de Miguel Peralta, face a um acúmulo de provas que refletem a assimetria de poder entre os que acusam ​​e aqueles que têm sido perseguidos.

Sabemos que uma decisão do Tribunal não será suficiente para fazer justiça no caso de Miguel Peralta e da comunidade de Eloxochitlán de Flores Magón. Dez anos de terror estatal e caciquil desvendaram o tecido comunitário em Eloxochitlán, separando os membros da comunidade de suas famílias e de seus territórios, estabelecendo divisão, desconfiança e medo entre a população. A justiça só virá da auto-organização comunitária, da cura dos relacionamentos e do trabalho para reparar o tecido comunitário.

Exigimos do Tribunal a liberdade absoluta de Miguel Peralta neste dia 6 de novembro, permitindo-lhe e à comunidade trilhar o seu próprio caminho para a justiça em condição de liberdade.

Apelamos a todos, onde quer que estejam, de acordo com suas capacidades, que mais uma vez se solidarizem com Miguel Peralta e lutem pela sua liberdade. E não só para ele, mas para a comunidade de Eloxochitlán e todas as comunidades indígenas que enfrentam a repressão e a criminalização nas mãos do Estado.

Liberdade absoluta para Miguel Peralta!

Liberdade para todos os perseguides e preses!

Grupo de Apoio Solidário para com Miguel Peralta, familiares e pessoas caracterizadas de Eloxochitlán de Flores Magón

Tradução > Alma

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agência de notícias anarquistas-ana

Ah! Oh! É tudo
O que se pode dizer —
Monte Yoshino em flor.

Yasuhara Teishitsu

[Espanha] Em tempos de catástrofe, organização dos trabalhadores e apoio mútuo. A CNT com as vítimas da DANA

A catástrofe da DANA (fenômeno climático) expôs a dura realidade enfrentada pela classe trabalhadora no século XXI: só temos a nós mesmos quando chega a hora da verdade.

Quando ainda é impossível assimilar os números de mortos e desaparecidos, que continuam aumentando a cada hora, só podemos enviar uma mensagem de solidariedade e fraternidade às vítimas, às suas famílias e às populações devastadas pela catástrofe. Uma solidariedade que, sem esperar por governos ou administrações, como a humanidade tem feito ao longo de sua história, já está surgindo do povo pelo povo e para o povo.

Apelamos à militância confederal e a toda a classe trabalhadora para que continuem a prestar essa ajuda necessária neste momento. Aos nossos irmãos e irmãs nas cidades afetadas, e especialmente no País Valencià, saibam que a CNT está à sua inteira disposição.

Da Secretaria Permanente do Comitê Confederal da Confederação Nacional do Trabalho, condenamos a classe empresarial e seus aliados no governo, ou seja, a burguesia deste país, que sacrificou tantas vidas humanas para preservar seus lucros empresariais ou para encobrir a vergonha de sua gestão política. A incapacidade manifesta do governo e o egoísmo da classe empresarial, por outro lado, foram acompanhados por estratégias de negação da mudança climática. Ambos são mais responsáveis pelas mortes do que o próprio desastre ecológico.

Nós, a classe trabalhadora, somos mais uma vez as vítimas das catástrofes do capital. É por isso que somos também a única classe que abriga dentro de si um novo mundo capaz de superar essa miséria. Estamos vendo isso agora, neste momento, ele está emergindo novamente da auto-organização e da ajuda mútua do povo.

Pedimos à militância da CNT que esteja pronta e disposta a colaborar com todas as iniciativas locais que estão surgindo. É hora de nos unirmos para que esse novo mundo nasça de uma vez por todas e para sempre.

Granollers, 2 de novembro de 2024.

Secretaria Permanente do Comitê Confederal

Confederação Nacional do Trabalho

cnt.es

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

Pequena flor
Sol contido na cor
Ipê amarelo

Luciana Bortoletto

[Reino Unido] Entrevista do Cowley Club: “Toda comunidade pode se beneficiar de um centro social”

Um dos centros sociais mais antigos em funcionamento do Reino Unido, o Cowley Club, em Brighton, é estruturado como uma cooperativa gerida por membros.

Entrevistado por Zosia Brom ~

Você pode nos contar quem são vocês, como tudo começou e quais são suas atividades?

Somos o Cowley Club, um centro social em Brighton, nós estamos atuando desde 2003, ou seja, por um bom tempo. Tudo começou com a necessidade de um espaço que não apenas promovesse os princípios anarquistas de organização, mas também servisse como um centro comunitário para diversos movimentos ativistas.  Ao longo dos anos, nos transformamos em um coletivo com uma ampla variedade de atividades. Temos um café vegano que serve comida deliciosa, uma livraria anarquista onde você pode encontrar de tudo, desde teoria até zines, e um banco de alimentos para os necessitados. Mas isso não é tudo!

Também oferecemos um espaço de encontro para diferentes grupos ativistas – pense nele como uma base para organizações populares. Nossa biblioteca é abastecida com literatura radical e organizamos eventos culturais abertos a todos.

Trata-se de criar um ambiente onde as pessoas se sintam bem-vindas e possam engajar-se em discussões e ações que importem para elas. Honestamente, estamos sempre procurando maneiras de expandir nossas atividades, então quem sabe o que vem a seguir na pauta do dia?

Quais são os valores fundamentais que orientam o Clube e como vocês garantem que esses valores sejam refletidos nas atividades diárias?

Citando o texto em nosso quadro de abertura: “Por um sistema social baseado no apoio mútuo e na cooperação voluntária: contra todas as formas de opressão. Para estabelecer uma participação na prosperidade geral para todos – a derrubada das barreiras raciais, religiosas, nacionais, de gênero e sexuais – para resistir à destruição ecológica e para lutar pela vida em uma terra”. Em termos mais simples, somos guiados por princípios anarquistas de organização popular e pelo lema “sem deuses, sem gerentes” [1] e estamos tentando, tanto quanto possível, que todos esses valores sejam refletidos na forma como nos organizamos no cotidiano e permanecer livres da influência dos partidos políticos, mesmo os “progressistas”.

Por que vocês acham que manter centros sociais como Cowley é importante?

À medida que o mundo que nos rodeia se torna cada vez mais sombrio – graças ao aumento do custo de vida, à gentrificação desenfreada e à ameaça iminente de colapso ecológico – espaços como o Cowley Club tornam-se mais cruciais do que nunca. Oferecemos uma alternativa às estruturas opressivas que nos são impostas, mostrando diferentes maneiras de organizar nossas vidas. Não se trata apenas de ter um lugar para frequentar; trata-se de criar um suporte para o movimento, um espaço para as pessoas se reunirem, socializarem e planejarem mudanças.

Nestes tempos turbulentos, centros sociais como o nosso desempenham um papel vital promovendo resiliência e solidariedade comunitárias. Lembram-nos que não estamos sozinhos nesta luta e que podemos trabalhar juntos para construir um mundo que se alinhe com os nossos valores – um mundo baseado na cooperação e no apoio mútuo, em vez da competição e do individualismo.

Qual o papel do clube no fortalecimento do ativismo local e como vocês se envolvem com outros movimentos populares em Brighton e para além?

Em primeiro lugar, nosso objetivo é fornecer espaço acessível para projetos e grupos importantes na área. Hospedamos uma série de organizações, incluindo a Federação Solidária, Cruz Negra Anarquista, Antifascistas de Brighton, e Sabotadores de Caça de Brighton [2]. Esses grupos usam nosso espaço não apenas para se reunir, mas também para arrecadar fundos e traçar estratégias. Algumas das iniciativas são de longo prazo, enquanto outras surgem em resposta a necessidades imediatas – elas são igualmente importantes no plano das coisas.

Também adoramos organizar conversas sobre livros, discussões, exibições de filmes e eventos de apoio a prisioneiros. Cada uma dessas atividades ajuda a cultivar um senso de comunidade e a incentivar o diálogo em torno de questões urgentes. Honestamente, adoraríamos fazer ainda mais, mas muita da nossa energia é dedicada a garantir que possamos manter as portas abertas e a luz acesa. É um ato de malabarismo, mas cada evento e reunião contribuem para a trama do ativismo local e reforçam a ideia de que estamos todos juntos nessa.

Que impacto o Cowley Club teve na comunidade de Brighton?

Ao longo dos anos, eu diria que o Cowley Club causou um impacto bastante significativo na comunidade de Brighton. Fornecemos um espaço onde as pessoas podem se conectar, se organizar e desenvolver um senso de pertencimento. A visibilidade das nossas atividades contribuiu para normalizar as discussões em torno do anarquismo e do ativismo popular, tornando estes conceitos mais acessíveis ao público em geral.

Também servimos como rede de apoio durante as crises, seja através do nosso banco de alimentos ou organizando eventos que aumentem a conscientização sobre questões sociais. Ao oferecer um espaço seguro para as pessoas se reunirem e aprenderem, encorajamos muitos indivíduos a envolverem-se no ativismo nas suas próprias comunidades. As relações aqui formadas estendem-se, muitas vezes, para além dos nossos muros, criando redes permanentes de solidariedade.

Como vocês vêem o papel de centros sociais como o Cowley Club evoluindo no futuro?

À medida que o mundo continua a mover-se em um espiral de crises – sociais, ecológicas e econômicas – o papel dos centros sociais como o Cowley Club se tornará, sem dúvida, ainda mais vital. Estes espaços serão essenciais não apenas para fornecer recursos, mas para nutrir a próxima geração de ativistas e organizações.

Diante dos desafios constantes, precisaremos nos adaptar e evoluir, encontrando novas maneiras de atender às necessidades de nossa comunidade, permanecendo leais aos nossos princípios anarquistas. Nós vemos Cowley como um lugar onde surgem soluções criativas, onde as pessoas podem experimentar novas ideias e práticas de organização. Quer se trate de enfrentar a crise do custo de vida ou de responder a desastres ecológicos, queremos estar na vanguarda da criação e partilha de recursos que capacitem outros a agir.

Que projetos ou iniciativas futuras estão em preparação pelo Cowley Club?

Existem muitos planos e ideias circulando por aí, mas atualmente estamos limitados pelo fato de que nossos voluntários fazem o que podem. A realidade é que precisamos encontrar um equilíbrio entre o que queremos fazer e o que podemos efetivamente alcançar com os nossos recursos atuais.

Como o Clube é financiado e quais são os desafios financeiros de gerir tal espaço?

Temos uma mescla de fontes de financiamento para manter o Cowley Club funcionando. Principalmente, nós contamos com o bar e vários eventos que organizamos, além do apoio de uma cooperativa habitacional que tem uma unidade em nosso prédio e de doações de nossos apoiadores. Mas sejamos realistas: os desafios financeiros estão sempre presentes. Tudo fica cada vez mais caro – taxas de juros, serviços públicos, você escolhe!

Nosso prédio tem mais de um século e com isso vem a necessidade constante de reparos, grandes e pequenos. Além disso, estamos lidando com algumas dívidas históricas que estamos trabalhando para quitar. Custava mais de £ 3.000 por mês para manter o local funcionando e muitas vezes, parece uma luta constante garantir todo esse dinheiro. Estamos todos trabalhando juntos para encontrar maneiras de arrecadar fundos e manter nosso espaço.

Qual o papel dos voluntários nas ações diárias do Clube?

Os voluntários são o coração do Cowley Club. Todo o lugar funciona com a força voluntária – sem eles, simplesmente não existiríamos. Eles tomam conta de tudo, desde servir no café e organizar eventos até manter a livraria abastecida e o espaço limpo. É uma situação em que todos estão a postos, e nós realmente valorizamos cada voluntário que atravessa nossas portas.

Quanto mais voluntários tivermos, mais energia poderemos gerar, e isso abre a oportunidade para ainda mais projetos e atividades. Trata-se de construir uma comunidade de pessoas que compartilham uma visão comum e desejam contribuir para algo maior do que elas mesmas. Além disso, é uma ótima maneira de conhecer pessoas que pensam como você e aprender novas habilidades ao longo do caminho!

Se alguém lhe dissesse que está planejando abrir seu próprio centro social, com base na experiência de funcionamento do Cowley, que conselho você daria?

Em primeiro lugar, eu diria: vá em frente! Há uma necessidade real de mais espaços como este e todas as comunidades podem beneficiar-se de um centro social. Mas meu conselho seria planejar bem. Faça sua pesquisa e converse com pessoas que têm experiência em gerir centros sociais – há uma riqueza de conhecimento por aí, e aprender com os acertos e erros dos outros pode economizar muito tempo e esforço.

Tenha em mente que cada área tem sua vibração única e o que funciona em um lugar pode não ser transposto diretamente para outro. Portanto, embora seja ótimo obter inspiração de outros projetos, mantenha-se flexível e adaptável às necessidades da sua própria comunidade. Por último, não se esqueça de se divertir! Construir um centro social é criar um espaço que reflita seus valores e reúna as pessoas. Abrace a jornada e os relacionamentos que você construirá ao longo do caminho.

Notas

[1] No original: “no gods, no managers”, em provável alusão ao lema “no gods, no masters” (sem deuses, sem mestres).

[2] No original: Solidarity Federation, Anarchist Black Cross, Brighton Antifascists e Brighton Hunt Saboteurs. A última organização refere-se a um grupo que atua, desde a década de 1960, sabotando a prática de caça de animais selvagens na região, ver: https://brightonhuntsaboteurs.wordpress.com/

Fonte: https://freedomnews.org.uk/2024/10/09/cowley-club-interview-every-community-can-benefit-from-a-social-centre/

Tradução > mariposa

agência de notícias anarquistas-ana

Flores ao vento.
Na cortina da janela
Cores da primavera.

Alonso Alvarez Lopes

Ondas de calor ameaçam colapsar ecossistemas, incluindo o Amazonas

Aquecimento da temperatura terá variadas consequências, como a queda da fertilidade, prevê relatório sobre ciência climáticas.

O aumento das temperaturas globais está perturbando processos vitais nos oceanos, levando a Amazônia ao limite de um colapso em grande escala e colocando em risco uma geração ainda não nascida, aumentando as chances de complicações na gravidez.

Essa é uma das conclusões do relatório anual ’10 Novos Insights em Ciência Climática’, lançado pela The Earth League, um consórcio internacional de cientistas e especialistas em clima.

O trabalho revela o impacto das mudanças climáticas que podem reverter décadas de progresso em saúde materna e reprodutiva, contribuir para eventos de El Niño mais extremos e causadores de prejuízo, além de ameaçar a Amazônia, um dos mais importantes sumidouros naturais de carbono, juntamente com outros sete insights climáticos cruciais.

O relatório foi elaborado para subsidiar os formuladores de políticas com o conhecimento mais recente disponível. As informações científicas foram sintetizadas para destacar as implicações políticas que podem orientar as negociações na COP29, que ocorre em novembro, no Azerbaijão, e direcionar as políticas nacionais e internacionais.

“O relatório confirma desafios em escala planetária, desde o aumento das emissões de metano até a vulnerabilidade de infraestruturas críticas”, diz Johan Rockström, co-presidente da The Earth League e diretor do Instituto Potsdam de Pesquisas sobre o Impacto Climático, na Alemanha.

“Ele mostra que o aumento do calor, a instabilidade dos oceanos e a possível virada da Amazônia podem empurrar partes do nosso planeta além dos limites habitáveis. No entanto, também oferece caminhos claros e soluções, demonstrando que, com ação urgente e decisiva, ainda podemos evitar resultados incontroláveis.”

“O relatório revela o alcance dos impactos da mudança do clima em diferentes sistemas ecológicos, econômicos e sociais. Com menos ambientes habitáveis, a migração de populações pode se intensificar. Também existe um impacto importante na saúde materna, que pode perdurar por gerações”, afirma Mercedes Bustamante, professora da UnB (Universidade de Brasília) e membro do conselho editorial da publicação.

Segundo ela, no Brasil, há uma articulação entre as ações do país para reduzir o desmatamento e a degradação da Amazônia e as iniciativas internacionais para diminuir as emissões de gases de efeito estufa, que afetam o bioma de forma sinérgica.

Apesar dos desafios globais em intensificação, ela ressaltou haver um conjunto de políticas e soluções que podem ser implementadas para enfrentar as mudanças climáticas de maneira eficaz. Diante das ameaças à saúde materna, essas soluções integram, por exemplo, ações de equidade de gênero e justiça climática.

O relatório também destaca dois grandes desafios para o mundo natural. O aquecimento dos oceanos persiste e os recordes de temperatura da superfície do mar continuam a ser quebrados, levando a eventos de El Niño mais severos do que se compreendia anteriormente.

Segundo o relatório, as perdas econômicas globais adicionais projetadas devido ao aumento na frequência e intensidade do El Niño, resultante do aquecimento global, podem chegar a quase 100 trilhões de dólares ao longo do século 21.

A série ’10 Novos Insights em Ciência Climática’, lançada com a UNFCCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas) nas COPs desde 2017, é uma iniciativa colaborativa da Future Earth, da The Earth League e do Programa Mundial de Pesquisa Climática, sintetizando os principais desenvolvimentos recentes na pesquisa sobre mudanças climáticas.

O relatório deste ano representa o esforço coletivo de mais de 80 pesquisadores de destaque, provenientes de 45 países.

Os 10 insights

Metano: Desde 2006, os níveis de metano aumentaram drasticamente. Já existem soluções econômicas, mas políticas rigorosas são necessárias para reduzir suas emissões nos setores de combustíveis fósseis, resíduos e agricultura.

Poluição do ar: A redução da poluição atmosférica melhora a saúde pública, mas afeta o clima de forma complexa, exigindo que as estratégias de mitigação e adaptação levem isso em consideração.

Calor extremo: Temperaturas e níveis de umidade crescentes estão tornando partes do planeta inabitáveis. Planos de ação contra o calor precisam priorizar os grupos mais vulneráveis.

Saúde materna e reprodutiva: Extremos climáticos estão prejudicando a saúde materna, ameaçando décadas de progresso. Soluções precisam integrar equidade de gênero e justiça climática.

Mudanças nos oceanos: O aquecimento dos oceanos agrava eventos de El Niño e ameaça a estabilidade de sistemas marinhos, podendo causar perdas econômicas globais massivas.

Resiliência da Amazônia: A diversidade biocultural ajuda a Amazônia a resistir às mudanças climáticas, mas essas ações locais precisam ser complementadas por reduções globais de emissões.

Infraestruturas críticas: Infraestruturas estão cada vez mais vulneráveis a desastres climáticos. Ferramentas de IA podem auxiliar a torná-las mais resilientes.

Desenvolvimento urbano: Poucas cidades integram mitigação e adaptação em seus planos climáticos. Uma abordagem que combine fatores sociais, ecológicos e tecnológicos pode ajudar no desenvolvimento resiliente.

Minerais de transição energética: A demanda por minerais de transição está aumentando, assim como os riscos na cadeia de suprimentos. Melhor governança é essencial para uma transição justa.

Justiça climática: A aceitação pública das políticas climáticas depende de sua percepção de justiça. A exclusão dos cidadãos no processo de formulação pode gerar resistência.

Fonte: Agência Bori.

federacaocapixaba.noblogs.org

agência de notícias anarquistas-ana

Procurando pouso
Na rua movimentada,
Borboleta aflita

Edson Kenji Iura

Um viva aos subversivos

Só acredito nos malditos,

nos incompreendidos,

nos marginais e proscritos.

.

Duvido, sinceramente,

de todos os obedientes

que sustentam, mansamente,

a ordem estabelecida.

.

Um viva a todos os insurgentes e subversivos!

Um brinde aos que sonham!

Carlos Pereira Júnior

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À beira da estrada
A flor do hibisco, e o cavalo
De pronto a comeu!

Bashô

[EUA] Vote em Ninguém!

Ninguém está do seu lado.

Ninguém fala a verdade.

Ninguém defenderá a sua liberdade.

Ninguém é independente de verdade.

Ninguém vai parar as guerras.

Ninguém vai parar de armar Israel.

Ninguém vai restaurar o povo ao poder.

Ninguém vai desafiar o poder dos bancos.

Ninguém vai parar o roubo sistemático da riqueza coletiva.

Ninguém vai desafiar a criminocracia global do mal.

Vote em Ninguém!

Fonte: https://thepolarblast.wordpress.com/2024/11/02/vote-for-nobody/

Tradução > anarcademia

Nota:

As eleições de 2024 nos Estados Unidos estão programadas para serem realizadas, em grande parte, na terça-feira, 5 de novembro de 2024.

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cada haikai
uma nova peça
num quebra-cabeça sem fim

George Swede

 

Evento Anarcopunk em SP, 09/11: Som, Debate y Combate Anticolonial

Sallllveeee!!! Mantendo o nosso compromisso com as lutas de nossa ancestralidade guerreira indígena, com as causas Anarquistas e Punk nas periferias, aldeias e favelas dessas terras de Piratininga e Pindorama, nós d@ Coletiv@ AnarcoPunk Aurora Negra temos a satisfação de convidar todes para mais uma atividade de reflexão, debate, organização, confraternização e luta, aqui em nosso espaço Biblioteca Romeu Ritondalli e Arquivo Memória Viva AnarcoPunk. Precisamos falar sobre as Lutas Anti-coloniais e a necessidade de “Desbrasilizar” o “bra$il” e reivindicarmos as terras de Pindorama de volta, recontando a nossa própria história, dentro desses territórios de Abya Yala, nessas terras que foram patenteada de bra$il. Em prol da liberdade e o bem viver.

O bra$il é uma invenção dos portugueses/colonizadores e essa colonização tem que deixar de existir. A destruição da natureza, da fauna e da flora, os saques, estupros e explorações, as catástrofes climáticas e os genocídios constantes no território dominado pelo e$tado bra$ileiro, há mais de 524 anos nos impedem de viver a nossa própria vida, nossas culturas, nossas línguas e ritos. Em troca de uma vida injusta e medíocre dentro dessa sociedade civilizada, pacificada, falida e repressora. Dominada hoje pelo capitalismo e a ganância global, que nos mata dia após dia, mas com bases no mesmo velho modo colonial de ser. Queremos outra coisa. Chega! Já basta!

Na ocasião, estaremos recebendo aqui em nosso território o companheiro Júlio Guató (ativista indígena, professor e escritor), Federico Ferretti (Militante da Federação Anarquista Italiana-FAI e professor da universidade de Bologna) e Johnny (Coletivo AnarcoPunk Aurora Negra/Revolta Popular), que irão fomentar o debate sobre todos esses temas, suas vivências, ideias e pesquisas. Logo após o debate, teremos som com as bandas: Degeneração, Pindorama e Revolta Popular. Haverá comes e bebis, exposição de materiais libertários e muita troca de ideias, a partir das 15h, do dia 09/11/2024. Atividade para quem gosta de não viver mais do mesmo!!! Tragam as crianças e seus materiais para troca ou exposição. Venham somar com a gente!

Contatos: e-mail: col.auroranegra@gmail.com

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Primavera-me
Borboleta anarca
Flui sem dizer nada

Nanû da Silva

Bakunin manda o recado, curto e grosso

Eleição é farsa!!! Democracia também. Aqui ou acolá!

[Alemanha] Antifascista em fuga preso em Berlim

Ações de solidariedade sendo organizadas para com “Nanuk”, acusado de atacar nazistas na Saxônia

Juju Alerta ~

O antifascista Thomas J., também conhecido como “Nanuk”, foi preso por investigadores do Departamento de Polícia Criminal do Estado da Saxônia em Berlim na segunda-feira, 21 de outubro, informa a mídia alemã. Após sua prisão, ele foi levado perante um juiz em Karlsruhe e está sob custódia desde então. Além disso, duas casas foram revistadas em Berlin-Kreuzberg e Berlin-Mitte.

As autoridades estaduais estão atualmente na procura de múltiplos antifascistas escondidos. Supostamente conectados ao caso “Antifa Ost” – no qual um grupo de antifascistas foi condenado a penas de prisão por ataques a nazistas desde 2019. Nanuk é acusado também de participar do ataque de 2019 ao Tribunal Federal de Justiça em Leipzig.

Inicialmente, as investigações sobre o ataque de Leipzig se concentraram na Seção 129a (filiação a uma organização terrorista), que permite poderes investigativos expandidos, como explorar secretamente históricos de bate-papo em smartphones ou grampear apartamentos, como já aconteceu antes no caso Antifa Ost. No entanto, este caso foi encerrado em junho e acusações individuais de incêndio criminoso e danos materiais foram encaminhadas ao Ministério Público.

Ocorrendo logo após a deportação para a Hungria de Maja T, outre antifacista, esta investigação reflete uma nova dimensão de repressão visando indivíduos envolvidos em movimentos antifascistas. Também conectada ao caso de Budapeste está a prisão em maio da antifascista Hanna, em Nuremberg. No caso dela, o Ministério Público Federal está agora tentando fabricar uma acusação de tentativa de homicídio, porque ela teria participado de ataques a fascistas durante uma contramanifestação por ocasião do anual “Dia da Honra” em Budapeste.

Após a prisão de Nanuk, grupos antifascistas organizaram manifestações de solidariedade em várias cidades alemãs. O grupo de solidariedade do julgamento Antifa Ost declarou que as autoridades estaduais estavam tentando “usar a teoria da ferradura para equiparar nossos camaradas aos nazistas que foram atacados”. O grupo de solidariedade enviou também “força a todos aqueles que escaparam com sucesso das autoridades, a todos aqueles atrás das grades e aqueles de fora que continuam a lutar pelas ideias que o estado tenta suprimir”.

Fonte: https://freedomnews.org.uk/2024/10/28/antifascist-in-hiding-arrested-in-berlin/

Tradução > Alma

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Pesos de papel
sobre os livros de figuras –
Vento de primavera.

Takai Kitô

Anarquia organizada

Por muito tempo, gerações de pessoas anarquistas se debruçaram  no desafio de organizar, para os mais variados fins e tem se mostrado um esforço grande, compensador em muitos casos e muito frustrante em outros.

A busca de um entendimento de organização que não seja opressor e nem explorador entre pessoas que a priori pensam de forma semelhante tende a se tornar uma batalha exaustiva. Nenhuma das pessoas envolvidas também não querem ser oprimidas ou exploradas, mantendo a guarda erguida entre pessoas consideradas companheiras, mas curiosamente, ao menos aqui no nas terras brasileiras, há um relaxamento dessa guarda quando se tem um relacionamento com grupos não anarquistas, como grupos hostis de partidos de esquerda, particularmente marxistóides autoritários. É até comovente perceber pessoas anarquistas “declarando voto” de 2 em 2 anos ou se submetendo às estruturas institucionais estatais, assessorando partidos e usando todas as táticas autoritárias e políticas profissionais nas organizações que participam.

Não podemos culpá-las porque os ambientes e as vivências de muitas dessas pessoas foram em sua maioria de práticas autoritárias, hierarquizadas, centralizadoras, competitivas e impositivas.

O que podemos e temos como compromisso é evidenciar essas práticas, rompe-las de forma direta com a metodologia anarquista, de tal forma processar mudança das atitudes e consciência das pessoas.

A organização anárquica em sua concepção mais simples e direta é uma prática onde todas as pessoas envolvidas não são opressoras e nem oprimidas; que todas as pessoas envolvidas não sejam exploradas e nem exploradoras.

Escrito e combinado isso, tudo o mais é o melhor arranjo possível entre todas as pessoas, inclusive, isso abre um leque enorme de possibilidades organizativas, onde gera muitos desentendimentos e cizânias.

O que a nossa experiência tem nos mostrado, que muitas vezes as pessoas não conseguem lidar com propostas de consenso ou que o que é apresentado não está de acordo com as ideias de alguma grande “pensadora idolatrada” da vez e que é repetida como uma gravação contínua lacradora sem nenhum tipo de filtragem, o que leva a enormes discussões sem fim e rachas que se tornam insuperáveis pelo tempo. “A nossa organização é mais organizada que a sua”… “a minha organização faz mais textos lacradores e ostenta mais teoria, tem mais anarcologia que as outras”… besteira!

Nossa obsessão por uma revolução de base anarquista se torna tão grande que não percebemos que patinamos nos processos iniciais de organização e sacrificamos o pouco tempo e recurso que temos em picuinhas secundárias, enquanto o sistema nos oprime e explora por 24h de forma ininterrupta, isso em nossa localidade, em nossa região e com a nossa gente.

Então, onde é que a atuação direta é necessária?

Na base,  organizando a revolta e a rebeldia, descentralizando e horizontalizando tudo em zonas autônomas de luta e resistência.

Nessa altura da leitura, é possível que tenham pessoas que estejam concordando com isso. Fica então com o convite e a provocação de agir local em práticas anárquicas e se possível com mais pessoas. Por mais poderosas que sejamos, se nos unirmos às outras pessoas poderosas, formaremos um grupo, um coletivo, uma associação, uma sociedade muito mais poderosa… se a concórdia e os egos permitirem!

Na anarquia, há uma concepção organizativa muito presente, diferente do que muita distopia tenta associar ou que muita gente associa com caos, bagunça e baderna. A anarquia é vivida sem controle de forma nenhuma, em livre associação de todas as pessoas em comum acordo, tendo em vista não oprimir e nem ser oprimida nem explorar e nem ser explorada, isso é repetido pela importância do conceito.

Na luta somos dignas e livres!

anarkio.net

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Rumo sem destino
Borboletas amarelas
voam par em par.

Rafaela Cristiane W. Kowalski

[França] Louise Michel é autora de Vinte Mil Léguas Submarinas (1954)

Por Gérard de Lacaze-Duthiers | 31/08/2023

O aniversário da morte de Júlio Verne em 1905 [1] foi uma ocasião para falar muito sobre seus romances de antecipação científica. Ele foi, sem dúvida, um escritor cuja obra não deixa de ser interessante, um precursor ou, se preferirmos, um utópico, pelo menos para sua época, já que a maioria de suas antecipações se tornou realidade. É sobretudo seu romance Vinte Mil Léguas Submarinas que tem sido objeto de comentários da maioria dos jornalistas e escritores que erraram ao ignorar, ou fingir ignorar, que o verdadeiro autor desse romance não foi Júlio Verne, mas uma “plebeia” chamada Louise Michel.

Os estudiosos, e não menos importantes, concordam que Júlio Verne previu os submarinos atômicos nessa obra publicada por Hetzel em 1870. Vamos esclarecer as coisas. Naquela época, Louise Michel estava empenhada em resolver certos problemas científicos cuja solução, acreditava ela, poderia beneficiar a humanidade. É claro que a “boa Louise” estava longe de prever o uso que o aprendiz de feiticeiro faria de tal descoberta: ela teria preferido deixar seu manuscrito trancado a sete chaves, ou destruí-lo sem piedade, em vez de publicá-lo.

Ela também previu o avião, que teria o mesmo destino, sendo usado para a destruição de pessoas e coisas, embora tenha garantido a ele um propósito pacífico. Ela não profetizou que a humanidade futura teria cidades aéreas, uma previsão que está muito próxima de ser cumprida? Ela também poderia ter previsto viagens à Lua, a Marte e a outros planetas. Ela também previu os raios X e pensou na fotografia, no cinema e na televisão. E menciono aqui apenas algumas de suas previsões, quando ela defendeu o diagnóstico psiquiátrico dos doentes e, em outro campo, o cuidado com as crianças, a educação de adultos e muitas reformas sociais em harmonia com o progresso material.

Ela era uma revolucionária, que esperava que chegasse o dia em que os seres humanos se tornassem mais conscientes, sendo, no momento, não mais do que primatas de ideias, enquanto amanhã a humanidade, educada com mapas do mundo, telescópios e microscópios, deixaria de ser presa de um misticismo entorpecido. Na Comuna, ele esperava que as descobertas da ciência levassem a humanidade na direção da verdade e da bondade; ela tinha ideias originais sobre tudo, e seria um erro de avaliação de suas ações não levar a sério essa faceta de seu temperamento.

Mas voltemos à navegação submarina, que em uma peça, Le Monde nouveau, ela previu que logo seria realizada ao mesmo tempo que a navegação aérea. Essa ideia era muito cara a ela, e foi isso que a levou a escrever uma peça que outra pessoa assinaria em seu lugar. Uma coisa muito curiosa”, escreveu Emile Girault em La Bonne Louise (1885), Psychologie de Louise Michel, “é que, embora Louise não fosse uma cientista, ela tinha intuições maravilhosas. Muitas pessoas – se não todas – ficarão muito surpresas ao saber, por exemplo, que o famoso Vinte Mil Léguas Submarinas, publicado por Júlio Verne, foi escrito por ela, não, é claro, o romance como apareceu, mas a ideia fundamental; o que ela concebeu foi o submarino, o universalmente conhecido Nautilus. Sua cópia tinha cerca de duzentas páginas e, um dia, quando o que ela mais precisava era de dinheiro, vendeu seu manuscrito por cem francos ao famoso divulgador.

Não é a ideia fundamental, o Nautilus, o coração da obra, que a torna interessante e valiosa? Júlio Verne nunca teria escrito seu livro se não tivesse essas duzentas páginas em suas mãos. Somente elas constituem três quartos do volume. Ele tinha pouco a acrescentar. Isso não diminui em nada o talento, a inteligência ou o conhecimento do homem que escreveu o livro. De forma alguma diminui seus dons como escritor. Ele sabia como usar o material pronto para o edifício iniciado pela mulher que a burguesia bem pensante chamava desdenhosamente de “Virgem Vermelha”.

Na primeira edição de Vinte Mil Léguas Submarinas, no capítulo XI, intitulado “O Nautilus”, Júlio Verne apresenta o submarino nos seguintes termos, durante a conversa de um passageiro com o capitão do navio: “Devo admitir que este Nautilus, a força motriz que ele contém, os dispositivos que permitem que ele seja manobrado, o poderoso agente que o impulsiona, tudo isso excita minha curiosidade no mais alto grau. No capítulo seguinte, intitulado “Tudo por eletricidade”, o capitão lista os dispositivos necessários para a navegação subaquática:

Você conhece alguns deles, como o termômetro, que dá a temperatura dentro do Nautilus; o barômetro, que pesa o ar e indica as mudanças climáticas; o higrômetro, que indica o grau de secura da atmosfera; o grama-estrela, que, quando se decompõe, anuncia a chegada de tempestades; a bússola, o cronômetro e os óculos que permitem ver de dia e de noite, um manômetro, sondas etc. Ele é um agente a bordo, tudo é feito por meio dele. Ele me ilumina, me aquece, é a alma do meu equipamento mecânico. Esse agente é a eletricidade. Mas como eu a gero? Eu só peço ao mar que me dê os meios. Todos os metais encontrados no mar são usados para alimentar as baterias. O Nautilus pode andar a 50 milhas por hora.

Este capítulo de Vinte Mil Léguas Submarinas é fundamental. É bem ao estilo de Louise Michel, que, como as professoras de sua época, só podia ter dados científicos básicos, mas que, com base neles, enxergava muito mais longe e tirava conclusões que poderiam mudar o mundo futuro, que, segundo ela, seria um novo mundo no qual a ciência contribuiria para a felicidade da humanidade ao mudar seus hábitos e crenças.

Não temos motivos para suspeitar da boa fé de Emile Girault, que possuía inúmeras cartas de sua “boa Louise” e que tinha em suas mãos a maioria dos manuscritos dela. Fernand Planche, em seu livro Vie ardente et intrépide de Louise Michel (Vida ardente e intrépida de Louise Michel), concorda com ele: Ainda nesse gênero científico e social, Louise Michel escreveu Vingt mille lieues sous les mers (Vinte mil léguas submarinas). Seu manuscrito ainda não estava terminado e um dia, quando precisava de dinheiro, ela o vendeu por 100 francos a Júlio Verne. Quando as pessoas dizem”, acrescenta Fernand Planche, “que Júlio Verne era extraordinário, que ele previu os submarinos, elas estão erradas. O Nautilus foi projetado por Louise Michel. Júlio Verne simplesmente terminou o livro acrescentando capítulos. O livro foi seu maior sucesso e lhe rendeu uma fortuna. Foram feitas quase cem edições e o livro foi traduzido para vários idiomas, inclusive alemão, inglês, espanhol, italiano e russo. Sua editora não podia reclamar. Ele ganhou vários milhões. Quanto à “boa Louise”, o pouco que ganhou com essa colaboração – apenas o nome de Júlio Verne aparecia na capa – ela distribuiu para os pobres.

Em um artigo publicado no Le Monde libertaire n°29 de junho de 1957 (“Autour de Louise-Michel”), Gérard de Lacaze-Duthiers retomou esse artigo após uma solicitação de esclarecimento de Hem Day.

Notas

[1] No mesmo ano que Elisée Reclus e Louise Michel.

Fonte: https://www.partage-noir.fr/louise-michel-est-l-auteur-de-20-000-lieues-sous-les-mers

Tradução > Liberto

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Da terra ao céu
Há muitas coisas
Verdade, tire o véu.

Augusto Menezes