Recordando a Comuna…

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Nos becos, ecoa o grito de liberdade,

A Comuna floresceu na cidade ardente,

Por dias, a esperança dançou na eternidade,

Antes de ser silenciada pela mão do potente.

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Entre as barricadas, corações pulsavam,

Solidários, lutavam por um mundo novo,

Mas as balas caíram, os sonhos se quebraram,

E Paris chorou, mas não se esqueceu do povo.

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Seus nomes, sua luta, jamais serão apagados,

Na memória do povo, sempre renascem,

A Comuna de Paris, em corações gravados,

É chama viva, que a história não desfaz.

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Liberto Herrera

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ribeira seca
nem um sopro
as cigarras crepitam

Rogério Martins

Por que anarquistas se interessam tanto por gatos?

Eis as respostas de três anarquistas…

Como anarquista anti-civilização e admirador de felinos, eu vejo o amor pelos gatos como uma característica comum de pessoas que questionam a ordem social. Os gatos são o exemplo de como viver num centro urbano sem perder sua autenticidade. Eu também amo cachorros, mas os gatos são mais independentes, introvertidos, desobedientes, livres e imprevisíveis. Conviver com eles nos ajuda a manter uma conexão com os aspectos selvagens da natureza humana que são reprimidos pela civilização e nos ensina a amar sem controlar. Gatos e anarquistas compartilham o desrespeito pelas autoridades impostas. A esperteza, agilidade e elegância dos gatos também inspira praticantes de ações diretas e faça-você-mesmo. Eles também sabem como se divertir e se defender, sendo exemplos de sinceridade, resistência, curiosidade, alegria, carinho e raiva. Gatos são anarquistas naturais e podemos aprender muito com eles. – Contrafatual

Além do fato de que são muito fofos, acho que eu me sinto levado a defendê-los da acusação de que são antissociais. Defendê-los é quase uma forma metafórica de defender todo ser mal entendido ou deliberadamente atacado por não se conformar às expectativas dos outros. Isso é ainda mais interessante quando o ataque vem acompanhado da comparação com cachorros, como se a única forma de amar e conviver fosse alguma espécie de submissão absoluta. É muito injusto, e anarquistas não toleram injustiças! – Peterson Silva

Gostamos de gatos porque eles não respeitam a propriedade privada: é possível que você encontre um deitado em seu travesseiro se deixar a janela da rua aberta. Eles praticam cotidianamente a desobediência civil, contrariando nossa autoridade enquanto tomam água em todos os lugares, menos nas tigelas designadas para este fim. Te incitam constantemente à greve geral em propagandas pelo ato: se está frio, descansam no sol; se está calor, relaxam na sombra. Provocam micro revoluções diárias nos nossos afetos. Quem tem gatos, não precisa de deuses. – Mariposa (que, frequentemente, cai nas garras felinas)

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Choveu de manhã:
as lagartas abrem trilhas
na folha de urtiga

Luiz Bacellar

[EUA] Chamado de Apoio enquanto Riseup.net Completa 25 Anos

Chamado para apoiar o coletivo tecnológico anarquista de longa data, Riseup.Net.

Riseup é uma pequena organização anarquista, anticapitalista, administrada por voluntários e voltada para movimentos sociais, que oferece serviços de e-mail seguro, listas de e-mail, VPN, chat e outros serviços online para apoiar ativistas engajados em diversas causas de justiça social. O Riseup.net foi lançado em Seattle em 1999 com equipamentos emprestados por ativistas, que ficaram conhecidos como “Riseup Birds”. O projeto cresceu rapidamente e, vinte e cinco anos depois, ainda fornece infraestrutura digital antissurveillance vital.

O Coletivo Riseup afirma que são “um corpo autônomo baseado em Seattle, com membros coletivos em todo o mundo. Nosso objetivo é contribuir para a criação de uma sociedade livre, um mundo sem carências e com liberdade de expressão, um mundo sem opressão ou hierarquia, onde o poder seja compartilhado igualmente. Fazemos isso fornecendo recursos de comunicação e informática para aliados engajados em lutas contra o capitalismo e outras formas de opressão.”

Um dos Riseup Birds, Snow Owl (Bubo scandiacus), explica que “ajudou a fundar o Riseup quando vivia em Seattle porque ficou chocado ao ver ativistas que foram protestar contra a OMC usando contas do Hotmail e Yahoo.”

Como parte de um esforço autônomo para apoiar e celebrar os 25 anos de comunicações autônomas do Riseup, um projeto chamado #montreal4riseup apresenta 20 músicas, lançadas (ou não) entre 2020 e 2024, que abrangem uma ampla variedade de gêneros. Eles afirmam que é importante apoiar o Riseup e que, “com o tempo, com a popularidade do Signal e a criação de grandes empresas supostamente seguras, como o Proton Mail, alguns ativistas abandonaram serviços de comunicação autônomos confiáveis. É importante destacar essas alternativas.”

Em uma entrevista publicada em 2013, um membro anônimo do Riseup, discutindo privacidade e vigilância, disse à Vice: “Não podemos confiar em provedores corporativos para a confidencialidade de comunicações sensíveis. Não apenas seus interesses comerciais entram em conflito com o que fazemos, mas o monitoramento e o mapeamento de associações dão a eles (e, por extensão, ao Estado) a capacidade de construir um mapa detalhado de como nossos movimentos sociais são organizados. Isso fornece a eles informações precisas sobre quais ligações devem ser interrompidas para desestabilizar movimentos sociais maiores.”

Por que apoiar o Riseup?

Com o tempo, com a popularidade do Signal e a criação de grandes empresas supostamente seguras, como o Proton Mail, alguns ativistas abandonaram serviços de comunicação autônomos confiáveis. É importante destacar essas alternativas.

A crença popular é que esses serviços autônomos, especialmente e-mail, devem ser usados apenas para atividades consideradas ilegais pelo Estado. No entanto, usar comunicações seguras é sempre um bom hábito a ser adotado. Para se proteger da vigilância digital, é melhor limitar o uso de ferramentas digitais. É importante lembrar que alguns coletivos que oferecem comunicações seguras e autônomas já provaram sua confiabilidade. O Riseup é um exemplo, mas há vários outros, incluindo Disroot, Systemli, Immerda, Autistici/Inventati e Espora — você pode visitar https://riseup.net/radical-servers para uma lista mais completa.

Devemos apoiar essas iniciativas para que elas possam continuar, e esse é o objetivo da compilação #montreal4riseup. Encorajamos você a apoiar o Riseup para que o coletivo possa continuar sua missão.

Hora de passar o chapéu! Você pode contribuir?

Manter os serviços do Riseup exige muito trabalho e recursos financeiros, então, se você estiver em condições de fazer uma doação, mesmo que pequena, isso seria de grande ajuda. O Riseup oferece todos os seus serviços de comunicação gratuitamente, mas precisa da nossa ajuda para que isso seja possível. Se puder, reserve um momento para fazer uma contribuição financeira para o trabalho do Riseup, que busca tornar outro mundo possível.

https://riseup.net/donate/

Apoie o Riseup com esta Compilação Musical de Montreal

Por décadas, houve uma vibrante tradição anarquista em Tiohtià:ke/Mooniyang (Montreal). Anarquistas, muitas vezes em contato uns com os outros, rapidamente adotaram os diversos serviços do Riseup após sua criação. Alguns dos “pássaros” (membros do Riseup) estiveram presentes e/ou ativos em Montreal. É natural, então, que uma compilação celebrando um projeto que apoiou tantas iniciativas autônomas, decoloniais e antiautoritárias ao longo dos anos tenha surgido em Tiohtià:ke/Mooniyang.

Para mais informações, acesse: music.riseup.net e mtl4riseup.bandcamp.com.

Fonte: https://itsgoingdown.org/riseup-turns-25/

Tradução > Contrafatual

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Cercada de verde
ilha na hera do muro:
uma orquídea branca.

Anibal Beça

[Espanha] Existe um lado certo da história?

Quando escuto a famigerada expressão “o lado certo da história”, geralmente dita por alguém cheio de si e convencido de estar nele, dá até um arrepio. Ultimamente, quem mais a repete é o inefável Pedro Sánchez, insistente presidente do Governo do Reino da Espanha. Mas também já ouvi da boca do igualmente indescritível Juan Carlos Monedero, o maior entusiasta de Nicolás Maduro (outro que, segundo dizem, está nesse lado – e a que custo!). Não consigo evitar lembrar daquela máxima de Fidel Castro: “A história me absolverá”. Deve ser algo como: “Não importa as barbaridades que cometamos no poder, tudo será justificado no fim e terá valido a pena”. Pois não, não terá. Nem nos fins, e muito menos nos meios. Por isso, sem qualquer arrependimento, sou um ácrata irredutível, com aqueles inevitáveis traços de niilismo. O mais irônico para os tremendamente progressistas Sánchez e Monedero é que essa frase sobre estar no lado certo da história remete a um livro de um ultraconservador norte-americano chamado Ben Shapiro. Na obra, sem um pingo de vergonha, ele afirma que tudo de maravilhoso na humanidade foi feito pelo Ocidente e deriva dos valores judaico-cristãos. Acho que ele menciona a Grécia também, mas isso é parte daquela visão simplista de que a razão brotou na humanidade pela transição do mito ao logos, por obra e graça divina – supõe-se.

Se já é cansativo ouvir reacionários como Shapiro, que estão lamentavelmente em alta outra vez com suas proclamações infantis, o que dizer de outros autoritários que, em nome do progresso, nos empurram essa visão determinista da história (sempre a favor deles, claro)? Creio que aí está o cerne da questão: essa maldita teleologia herdada pela modernidade em doutrinas seculares. Em outras palavras, antes, havia aquela visão religiosa inqualificável de que existiria uma espécie de salvação ultraterrena para a humanidade (para alguns, é claro; os demais queimariam por toda a eternidade). Quando esse delírio pareceu perder força, vieram nos dizer que o paraíso chegaria neste mundo. Um outro sujeito interesseiro, Francis Fukuyama, proclamou há mais de três décadas que as ideologias haviam acabado, e que agora era aceitar a realidade como ela é – leia-se: um liberal-capitalismo com a porteira aberta. Não serei eu quem deixará de reconhecer que, nesses tempos (confusos, sem dúvida) pós-modernos, se tenha tentado descartar qualquer visão determinista da história e toda doutrina que se proclame portadora de uma verdade absoluta em nome de seus próprios interesses. Sim, é um debate controverso, onde as acusações de relativismo se chocam, inevitavelmente, com diversas formas de absolutismo. E é aí que sempre repito a mesma coisa: as maiores barbaridades da história foram cometidas em nome de verdades absolutas – chamem de Deus, Pátria, Império… ou qualquer outro uso moderno das maiúsculas com termos mais palatáveis. No fundo, todos eles se sustentam em algo muito parecido com “o lado certo da história”.

Talvez eu mesmo pareça cair em uma certa visão determinista quando classifico alguns como reacionários, já que, no fim das contas, isso implica que eles reagem contra algo chamado progresso. Vamos tentar explicar. De fato, parece legítimo rotular alguém dessa maneira quando, diante dos novos tempos, essa pessoa tenta nos impor uma visão idílica do passado, geralmente determinada por alguma entidade imaginária todo-poderosa. Até aqui, espero que esteja claro: não se trata de defender uma concepção linear do progresso, mas simplesmente de dizer a certas pessoas algo como “vamos deixar de lado essas patranhas perniciosas que, a esta altura, já deveriam ser objeto de crítica em nome de algo melhor”. Agora, passemos para o lado progressista. O fato de haver tantos charlatães também nesse campo – normalmente poderosos ou próximos do poder – que nos garantem que com eles chega esse “algo melhor”, justamente por estarem “no lado certo”, nos obriga a olhar para a realidade concreta e verificar se há alguma evidência disso. Esse é um dos muitos motivos pelos quais simpatizo com os anarquistas na modernidade (ainda que, obviamente, estivessem impregnados por alguns elementos questionáveis dela). E, antes deles, com todos aqueles que, como céticos e cínicos, não vendiam essas verdades absolutas e definitivas, sendo coerentes nos meios para alcançar um fim.

Diante da ideia de se posicionar no “lado certo da história” com letras maiúsculas, prefiro apenas tentar estar em algo um pouquinho mais decente no nosso dia a dia.

Fonte: https://exabruptospoliticos.wordpress.com/2025/02/08/hay-un-lado-correcto-de-la-historia/

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

No olho das ruínas
as íris dos vaga-lumes
sob as tranças de ervas.

Alexei Bueno

[Itália] Idiotria”, um novo livro-manifesto, um panfleto político, um estímulo saudável para mentes e corpos.

Tempos estranhos e inquietantes, os nossos. Dia após dia, testemunhamos um culto crescente aos idiotas, não apenas na política, mas em todas as esferas sociais. O idiota é o super-herói dos nossos tempos, admirado e idolatrado. Idiotria, o novo panfleto de Maurizio Cont e Gianmarco Serra, busca focar em um possível antídoto: a disciplina da fantasia para criar novos horizontes éticos que sirvam como referência para um mundo menos idiota, mais justo e gentil.

Partindo de uma crítica radical às palavras-fetiche da contemporaneidade (cidadania, identidade, território, futuro, etc.) e às atitudes fideístas que estão na raiz dos grandes poderes (culto aos líderes — palavra que em italiano significa Duce e em alemão Führer —, persistência dos partidos políticos, da religião, etc.), os autores propõem uma suspensão crítica, o abstencionismo ativo e uma mudança no campo semântico da representação do poder e, mais amplamente, do mundo.

Um pequeno grande manifesto radical que propõe uma inversão de perspectiva e constitui a pars destruens de uma futura publicação prevista para junho: a apresentação de uma Constituição para a Europa (na verdade, uma constituição humana para humanos, escrita em colaboração com pessoas de várias partes do mundo).

Os autores esperam que logo se comece a escrever constituições em todos os lugares: nas escolas, nos hospitais e nos corações de todos. Para isso, também é necessário saber apagar as vigentes, identitárias e demenciais.

É um dever humano, escrevem Cont e Serra, exercitar a própria fantasia para imaginar um mundo melhor.

Título: Idiotria

Autores: Maurizio Cont, Gianmarco Serra

Editora: Ceccarelli, 2024

ISBN: 9791280731876

Número de páginas: 96 páginas

Preço: € 9,99

Tradução > Liberto

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para medir o calor
do dia, olhe o comprimento
do gato que dorme

James W. Hackett

[Chile] Santiago: A beleza da memória negra. Texto da Biblioteca Antiautoritária Sacco y Vanzetti

Nossa memória é negra, nosso coração também.

No dia 21 de agosto de 2024, faleceu a companheira anarquista Belén Navarrete, em decorrência de uma complicação de saúde. Sua partida afetou profundamente seus companheirxs e o meio familiar.

Lidar com a morte é uma batalha diária, um enfrentamento constante com a raiva, a dor e a impotência – sabemos bem disso – e, embora não existam fórmulas nem receitas mágicas, também sabemos que percorrer esse caminho, abraçando os valores e práticas anarquistas, nos fornece o oxigênio e a força para continuar. Assim, o ponteiro da nossa bússola continua sendo nossa opção em pé de guerra.

Recebemos, de parte de algunxs de seus companheirxs, a doação de alguns dos livros que a companheira Belén possuía e com os quais nutria suas ideias e práticas. Achamos o gesto belo e nos comove – é assim que se combatem as lógicas da propriedade privada, que se criam e fortalecem laços solidários, que se transcende na memória dos nossxs companheirxs falecidxs e que se torna possível que aqueles que partiram continuem estendendo seus laços para novxs companheirxs. Porque podemos conhecer nossxs pelos livros e temas que lhes interessavam e moviam. Dessa forma, nem a morte nos separa, e podemos nos sentir próximxs e estabelecer companheirismos com aqueles que sequer tivemos a chance de conhecer. É a beleza da memória negra.

Para acessar o catálogo gratuitamente, basta tornar-se socix da Biblioteca, doando um livro ou uma resma de papel. Coletivizando ideias, convidamos você a nutrir seus questionamentos e posições, combatendo o poder, a propriedade privada e a submissão. Seguimos sempre, contra toda forma de autoridade.

A leitura é o motor da imaginação – use-a para combater o domínio.

Com nossxs falecidxs na memória e as mãos ativas.

Companheira Belén Navarrete, presente!

Biblioteca Antiautoritária Sacco y Vanzetti
bibliotecasaccoyvanzetti@riseup.net
Janeiro de 2025

Terças e Quintas, das 17:00 às 20:00 hrs.
No Espaço Fênix.
Santa Filomena 132, Bairro Bellavista. Santiago.
Metrô Patronato / Belas Artes / Baquedano.

Tradução > Liberto

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alta madrugada,
vaga-lumes no jardim
brincam de ciranda

Zemaria Pinto

[França] “Por ser uma mulher trans, ela está sendo mantida em confinamento solitário”: a detenção de uma ativista contra a A69 é prorrogada

Na segunda-feira, 3 de fevereiro, Louna, uma ativista contrária ao projeto da rodovia Toulouse-Castres, foi submetida à prorrogação de sua detenção em confinamento solitário em uma prisão masculina até 15 de junho. Ela foi acusada de “destruir a propriedade de terceiros por meios perigosos” e “conspiração criminosa”.

por LIBERATION e AFP

Na segunda-feira, 3 de fevereiro, uma ativista trans acusada e presa em decorrência de seu protesto contra o projeto da rodovia A69 Toulouse-Castres teve sua detenção em confinamento solitário em uma prisão masculina prorrogada até 15 de junho, de acordo com o promotor público e sua advogada.

Cerca de 30 a 40 pessoas se reuniram em frente ao tribunal de Toulouse pela manhã para exigir a libertação da ativista, identificada apenas por seu primeiro nome, Louna, durante sua apresentação a um Juge des libertés (JLD), de acordo com sua advogada, Claire Dujardin.

Em meados de outubro de 2024, essa pessoa, nascida em 1999, foi acusada de “destruição da propriedade de terceiros por meios perigosos, conspiração criminosa para planejar um delito punível com 10 anos de prisão e recusa em submeter-se a uma amostra biológica destinada a permitir a análise e identificação da impressão digital genética”, de acordo com a promotoria pública de Toulouse. Em seguida, ela foi mantida sob custódia na prisão de Tarbes (Hautes-Pyrénées), uma prisão masculina onde foi mantida em confinamento solitário por quase quatro meses, de acordo com seu comitê de apoio, que inclui membros de organizações contrárias ao projeto da rodovia A69.

“Por ser uma mulher trans, ela está sendo mantida em confinamento solitário”, diz uma declaração de apoio publicada nas redes sociais sob o título “Free Louna”. Essa detenção “extremamente grave”, segundo Dujardin, foi prorrogada até 15 de junho, em um total de oito meses. “Colocar uma jovem mulher trans em confinamento solitário em uma prisão masculina enquanto aguarda julgamento é uma forma de abuso”, disse Isabelle Carsalade, psiquiatra infantil e membro do coletivo anti-A69, la Voie est Libre.

“Não houve nenhum assassinato”, explica ela, considerando essa detenção preventiva ainda mais ‘violenta’, pois ‘uma transição de gênero é algo já complicado’. Uma máquina de construção foi incendiada em maio de 2024, não muito longe da rota da A69, a rodovia disputada que deve ligar Toulouse a Castres até o final de 2025 e que é objeto de inúmeros conflitos legais e manifestações de oposição.

[descrição da imagem: Ativistas que protestam contra a rodovia A69 em Toulouse, em 25 de novembro (Antoine Berlioz/Hans Lucas. AFP)]

Fonte: https://www.liberation.fr/societe/police-justice/parce-quelle-est-une-meuf-trans-elle-est-mise-a-lisolement-la-detention-dune-militante-anti-a69-prolongee-

Tradução > acervo trans-anarquista

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Broca no bambu
deixa furos de flauta.
O vento faz música.

Anibal Beça

[México] Prisioneiro anarquista Jorge “Yorch” Esquivel é transferido e recurso é negado

Carta do prisioneiro anarquista Jorge “Yorch” Esquivel após sua transferência recente e a negação de seu recurso.

E aí, compas. Como estão? Estou me adaptando ao novo sistema aqui no Reclusorio Sur. Por um lado, é um pouco melhor do que a prisão onde eu estava antes, o Reclusorio Oriente. Aqui há menos pessoas e, por isso, é bem mais tranquilo. Há menos oportunidades de ganhar dinheiro, mas é mais limpo, então me sinto melhor aqui.

Como vocês já sabem, meu recurso foi recentemente negado e minha sentença foi confirmada. Agora teremos que tentar outro recurso com um mandado de amparo e, espero, desta vez teremos um resultado mais favorável.

Agradeço a todos os compas pelo apoio financeiro e pelas cartas. Eu realmente gosto de lê-las. Obrigado aos compas de Calpupan pelas sementes que me enviaram. Elas serão muito úteis, pois estou pensando em plantar uma pequena horta para ocupar meu tempo aqui.

Também mando um grande abraço aos compas do Espaço Anarcopunk. Obrigado pelo apoio. E aos compas de Veracruz, obrigado por tudo.

Espero que vocês possam continuar me apoiando, fazendo pressão política para acompanhar o mandado de amparo, para que eu possa sair deste lugar terrível.

Além disso, incentivo todos a comprarem bilhetes para a rifa em solidariedade a Miguel Peralta e a compartilharem informações sobre o caso dele (os bilhetes podem ser comprados aqui: https://fallingintoincandescence.com/2025/02/05/raffle-solidarity-miguel-peralta/).

Para quem quiser me apoiar comprando minhas obras de arte, elas estão disponíveis na Clandestina (https://www.instagram.com/clandestina.clan/?hl=en), na Cidade do México. Ou, se quiserem doar outros materiais, como coisas para fazer arte – linhas, miçangas ou outros materiais – também podem deixar lá.

Sinceramente,

El Yorch

P.S. Feliz aniversário, Magda! Um grande abraço!

Saudações à Anarkoneja. Espero que você melhore logo. Ela sempre mostrou solidariedade com os prisioneiros, e agora precisa do nosso apoio. Compareçam ao show que está sendo organizado para arrecadar fundos para a saúde dela. O show será no dia 15.

Fonte: https://itsgoingdown.org/anarchist-prisoner-jorge-yorch-esquivel-transferred-appeal-denied/

Tradução > Contrafatual

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Um só pirilampo
ofusca o pisca-pisca
das luzes do campo.

Sérgio M. Serra

[Espanha] Rubí (Catalunha): Comunicado sobre o despejo do Ateneu Libertário La Hidra

No dia 8 de outubro passado, após 9 anos de ocupação, conforme nos haviam notificado, a comitiva judicial se apresentou em nosso país. Nesse dia, fomos muitas e estamos gratas, pois a solidariedade delas impediu a execução do despejo. Frente à tentativa frustrada de despejo, a secretária judicial sentenciou: “voltarei em 15 dias com a polícia, no dia 22”. Não foi assinado nenhum termo e nunca chegou uma notificação confirmando essa segunda data.

Durante as duas semanas que seguiram esse dia 8, a única coisa que recebemos do tribunal nº 1 de Rubí foram risos, mensagens contraditórias e desinformação. Bem, só uma: “viremos quando aos mossos (polícia) for conveniente vir”.

Assim, no dia 21 de outubro (um dia antes da data mal comunicada), foi montada uma operação policial totalmente desproporcional, que, cortando ruas, nos proibiu por horas de entrar em nossa casa para recuperar os animais e os pertences pessoais que ainda restavam.

Enquanto isso, uma empresa de demolição entrou no prédio e começou a destruir seu interior sob a alegação de que as casas estavam em ruínas. Romperam portas, janelas, grades, tetos e vidros. Foram eles quem deixaram as casas totalmente inutilizadas. Talvez quisessem garantir que La Hidra ficasse vazia até que construíssem seus apartamentos de luxo? Quanto mais tempo essas casas vão permanecer vazias?

Recentemente soubemos que a empresa que comprou o imóvel, “Thyrm Inmobiliarios Activos”, foi reabsorvida pela “Erriap Activos Inmobiliario”, uma empresa pertencente ao grupo “Saturn Holdco” e, se continuarmos puxando o fio, acabamos encontrando uma sociedade localizada nas Ilhas Cayman. E enquanto a propriedade não assume responsabilidade, transformaram esse espaço em um ninho de ratos.

Realizaram um procedimento totalmente ilegal, com uma data vaga disfarçada e nem sequer – comunicada – cujo único objetivo era desmobilizar. Não queriam que, mais uma vez, pudéssemos defender nossa casa.

O processo não foi fácil. Precisamos de semanas de luto para nos despedir de um espaço que acolheu ações, atividades, vínculos, formas de pensar e que apoiou outros projetos em guerra com o capital, como o Kasalet e o Kalitxet em Terrassa, que terão o despejo no próximo dia 25 de março.

A luta não acabou e não acabará enquanto houver mais de 4.000 apartamentos vazios apenas em nossa cidade, enquanto a única alternativa institucional para famílias despejadas for uma semana em hotel 0, enquanto se continuar permitindo fazer negócios com um direito básico como a moradia.

As ideias não podem ser despejadas e, por isso, a nossa continuará sendo recuperar e manter espaços abandonados para preenchê-los de vida e não permitir, em hipótese alguma, que uma casa seja tratada como propriedade para gerar lucro.

AS RUAS SERÃO SEMPRE NOSSAS!

ATENEU ANARQUISTA LA HIDRA

Fonte: https://www.instagram.com/p/DFYO-B5tSev/?igsh=MXQ5NXZjenpmcjRvaA%3D%3D

Tradução > Liberto

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agência de notícias anarquistas-ana

Um homem caminha
cabisbaixo e só:
perdeu o que não tinha

Eugénia Tabosa

[São Paulo-SP] Cineclube Chico Cubero (CCC): “Buenaventura Durruti, Anarquista

O CCS irá iniciar as atividades do novo Cineclube Chico Cubero (CCC) a partir desse sábado, 15 de fevereiro, às 16h. Uma vez por mês exibiremos um filme e, em seguida, realizaremos um bate-papo. Para a primeira sessão, escolhemos “Buenaventura Durruti, Anarquista”.

Sinopse:

Gravado entre fevereiro e março de 1999, em combinação com documentos de arquivos de época, retrata o processo criativo da companhia de teatro Els Joglars, durante a construção de uma peça sobre a vida de Durruti (1896 – 1936), importante militante anarquista espanhol.

Origem: Espanha/França

Direção: Jean-Louis Comolli · Ginette Lavigne

Duração: 107 minutos

Cineclube Chico Cubero

Data: Sábado, 15/02/24

Teremos pipoca, se puder e quiser, traga algo para beber!

Local: Sede do CCS de SP (Rua Gal. Jardim, 253, sl. 22, Vila Buarque – SP)

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Girando em cores
Sobe a bolha de sabão
– Gritos também sobem.

Mary Leiko Fukai Terada

[Austrália] Reflexões sobre a Campanha para Interromper as Forças Terrestres: Novo Zine

Confira o novo zine Reflexões sobre a Campanha para Interromper as Forças Terrestres 

Após a DLF (Disrupt Land Forces), uma série de sessões de avaliação publicamente divulgadas ocorreram presencialmente e online. Um grupo de organizadores principais POC (Pessoas de Cor) da campanha teve conversas que nos levaram a publicar este relatório específico. Anotações das sessões de avaliação geral, bem como reflexões de todos os organizadores, foram combinadas em um rascunho, que foi enviado a vários camaradas e organizações de confiança que desempenharam um papel significativo na campanha, para feedback e contribuições. 

Todas as citações foram retiradas de feedbacks verbais e escritos oferecidos durante as sessões de avaliação da DLF. Reconhecemos que as perspectivas dos anotadores, escritores e editores estão presentes de forma ativa ao longo deste trabalho. 

O documento a seguir não tem a intenção de fornecer uma visão completa ou abrangente da campanha, mas sim destacar alguns dos aprendizados e observações mais significativos de vários organizadores POC e mais novos. Um relatório completo de mais de 30 páginas sobre a campanha, escrito por Wage Peace, foi publicado no site e pode ser acessado através de disruptlandforces.com.au. No entanto, não acreditamos que ele abranja nossas perspectivas.

Fonte: https://backlashblogs.wordpress.com/2025/02/07/reflections-on-the-campaign-to-disrupt-land-forces-new-zine/              

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

Sob o alpendre
o espelho copia
somente a lua.

Jorge Luis Borges

[Irlanda do Norte] Informe da Feira de Livros Radical Derry

Minhas expectativas eram altas e eu não me decepcionei no fim de semana

~  Don B ~

A 9ª Annual Derry Radical Bookfair [Anual Feira de Livros Radical Derry] ocorreu no último fim de semana (1º de fevereiro), em uma cidade que tem uma longa história de ação política radical. Ela é organizada por anarquistas locais e uma equipe de voluntários, e eu tive o privilégio de receber o convite para participar ao lado de anarquistas do North East Anarchist Group (NEAG) [Grupo Anarquista do Nordeste].

A feira de livros foi realizada no Centro Comunitário Pilots Row, em Bogside, que fica próximo à infame esquina “You are Now Entering Free Derry” [“Você está Agora Entrando na Derry Livre”] e a vários murais republicanos e de esquerda. Tive o prazer de ver várias bandeiras palestinas hasteadas em postes de luz enquanto caminhava para a feira de livros, além de alguns grafites declarando “Vitória para Gaza”.

Na feira de livros, muitos grupos representavam a luta pela libertação palestina, juntamente com outros grupos de campanha, como Derry Anarchists Collective [Coletivo de Anarquistas de Derry], Leathbhádóirí (Coletivo Feminista da Língua Irlandesa), Alliance for Choice [Aliança pela Escolha] e muitos outros. Entre os vários livreiros estavam a Connolly Books, a PM Press, a Irish Resistance Books [Editora Resistência Irlandesa] e a Barricade Distribution [Distribuição Barricada]. Tentei visitar o maior número possível de estandes e todos foram simpáticos e estavam dispostos a conversar sobre campanhas e lutas atuais, o que significou muito para mim como visitante.

Além das barracas e dos eventos de lançamento de livros, o dia também teve várias palestras e workshops. Os tópicos variaram de Decolonising Derry (Descolonização de Derry), organização de profissionais do sexo na Irlanda e sindicalização no local de trabalho a oficinas de confecção de cartazes e redação de cartas para presidiários (organizada por mim).

Foi uma feira de livros mais curta do que me acostumei a ver, com apenas 5 horas, mas achei que foi o suficiente. Havia uma grande variedade de idades e personalidades presentes durante todo o dia, e havia uma atmosfera incrível de solidariedade no local.

O que mais me chamou a atenção foi a forma como a feira de livros parece se enxergar. Em feiras de livros, às vezes pode haver um foco excessivo no evento em si, enquanto a Feira de Livros Radical Derry sempre coincide com a marcha de comemoração do Domingo Sangrento. Muitos de nós participamos dessa marcha no dia seguinte, o que nos permitiu continuar conversando e nos solidarizando com nossos antigos e novos companheiros da feira de livros. A marcha em si foi uma firme rejeição e condenação do imperialismo e da agressão britânicos, além de uma demonstração de solidariedade incondicional à Palestina – e, lindamente, nenhum policial à vista.

De modo geral, havia uma atmosfera agradável tanto na feira de livros quanto na marcha, com ativistas e voluntários locais comprometidos, bem como grupos nacionais e internacionais sendo representados.

A hospitalidade que os organizadores e outros anfitriões nos deram como visitantes, que nos forneceram alimentação e nos fizeram sentir bem-vindos, foi uma demonstração incrível de solidariedade e amor. Isso se estendeu não apenas a nós, mas a quase todos os visitantes externos a Derry.

Fonte: https://freedomnews.org.uk/2025/02/07/report-from-derry-radical-bookfair/

Tradução > acervo trans-anarquista

agência de notícias anarquistas-ana

Gotas de sangue
estão prestes a pingar:
pitangas maduras.

José N. Reis

[Malásia] 3ª Conferência de Anarco-Sindicalistas da Região Ásia-Pacífico

De 27 a 29 de dezembro, a 3ª conferência (“convergência”) de anarco-sindicalistas dos países da região Ásia-Pacífico foi realizada na capital da Malásia, Kuala Lumpur. Participaram delegados da Austrália, Birmânia (Myanmar), Indonésia, Japão, Malásia, Paquistão, Cingapura, Tailândia, Coreia do Sul e Indonésia, representantes da Secretaria da Associação Internacional do Trabalho e da Subsecretaria do M.A.T. na Ásia-Pacífico, bem como camaradas on-line de vários outros países.

Os delegados foram enviados pela Anarcho-Syndicalist Federation (ASF, seção do M.A.T. na Austrália), pela Workers Solidarity Federation (WSF, organização amiga do M.A.T. no Paquistão), pela PPAS (seção do M.A.T. na Indonésia), por um grupo de apoiadores do M.A.T. em Seul, Coreia, por iniciativas do M.A.T. de Yangon, Birmânia, e por Cingapura. Camaradas da Tailândia, do Japão e de outros países participaram por videoconferência.

As delegações participantes apresentaram suas organizações, falaram sobre seu trabalho local e regional, a situação econômica da classe trabalhadora em seus países e a situação do sindicalismo, do anarquismo e do anarco-sindicalismo no local de trabalho.

A delegação da PPAS abriu a reunião com uma apresentação de sua organização e rede/federações nos centros de produção nas cidades de Jakarta, Surabaya, Tamanggung e Bogor. Foram descritas as dificuldades enfrentadas pela PPAS, que atualmente precisa trabalhar ilegalmente.

A delegação da Tailândia apresentou as ações que estão sendo realizadas, o trabalho cooperativo entre os trabalhadores, a situação atual dos sindicatos e a expansão da indústria e dos serviços na região.

Os companheiros trocaram informações sobre a situação social e política em seus países, bem como experiências de luta. Também foram discutidas formas e métodos para melhorar a coordenação das atividades em escala regional e internacional.

Durante a reunião, observou-se que os anarco-sindicalistas da região têm de operar em condições difíceis: em Cingapura, os protestos são proibidos; em Mianmar, a guerra civil entre a junta e seus oponentes é violenta; na Indonésia, as autoridades estão fazendo uma campanha contra o anarquismo; na Indonésia e no Paquistão, a propaganda ateísta é punida com a morte; na Indonésia, há grandes problemas com o emprego de mulheres e jovens etc.

A reunião expressou solidariedade com a CNT-AIT, a seção do M.A.T. na Espanha, que foi processada da maneira mais vergonhosa pelos reformistas dissidentes da CIT em um tribunal burguês. A resolução adotada nessa ocasião declara:

A 3ª Conferência do M.A.T. Ásia-Pacífico expressa sua solidariedade com a CNT-AIT da Espanha. Condenamos a CNT-CIT por tomar medidas legais contra ela e tentar intimidar a organização anarco-sindicalista, a CNT-AIT.

Também expressamos nossa preocupação com as ações da CIT no Sudeste Asiático, onde ela apóia sindicatos autoritários que colaboram com o Estado e apoiam o governo.

Pela solidariedade internacional!

Fonte: https://aitrus.info/node/6285

Tradução > Contrafatual

agência de notícias anarquistas-ana

silêncio de folhas
bananeira secando
à beira da estrada

Alice Ruiz

[EUA] Descanse em Poder, Murphy Hoopes (1987-2025)

Da Anarchist Agency  

Murphy Hoopes, um dos primeiros membros do coletivo da Agency, que ajudou a lançar nossa organização em 2013, faleceu em San Diego, Califórnia, em 18 de janeiro de 2025. Ele tinha 38 anos. Nascido e criado na região de Washington D.C., Murphy se encantou com as possibilidades de um novo mundo desde cedo. No ensino médio, juntou-se ao D.C. Food Not Bombs, cozinhando e servindo comida vegana para os necessitados enquanto protestava contra a agressão dos EUA no Iraque. Seu espírito generoso e sua natureza cooperativa marcaram toda a sua vida de apoio às lutas sociais e ambientais, com inúmeras contribuições para o movimento anarquista global. Inserido na comunidade punk rock, Murphy era profundamente apaixonado por música e pelo poder da contracultura e da expressão criativa para fortalecer comunidades e promover mudanças sociais.

Uma crítica afiada à autoridade política, um desprezo pela opressão dos governantes e uma imensa alegria pela vida impulsionavam Murphy. Na adolescência e no início dos seus 20 anos, ele foi membro do coletivo e voluntário regular do Brian MacKenzie Infoshop, uma livraria radical e centro comunitário no bairro de Shaw, em Washington, D.C. Viveu em casas coletivas veganas e anarquistas na capital antes de se mudar para a Carolina do Norte. Escritor ávido, Murphy foi colaborador frequente da CrimethInc. e de outros veículos de mídia e iniciativas de educação popular. Também foi co-produtor dos podcasts *The Ex-Worker* e *The Hotwire*.

Fluente em espanhol, Murphy viveu em Santiago, Chile, em duas ocasiões, apoiando organizações anarquistas e documentando lutas políticas e sociais no país. Seu filme, *Fell in Love with Fire*, registrou a revolta chilena de 2019.

Murphy navegou várias vezes até Cuba e se tornou um surfista entusiasmado. Fez amizades duradouras por toda parte, viajando amplamente pela América do Sul, Europa e Estados Unidos.

Em 2024, Murphy se formou em Direito na Universidade do Arizona. Dedicou muitas horas ao fornecimento de serviços jurídicos por meio do *Civil Liberties Defense Center* e de outras organizações que promovem o acesso à representação legal—trazendo uma perspectiva anarquista e aspirações de libertação total para esse trabalho.

A energia inesgotável de Murphy e seu compromisso constante com uma sociedade melhor, em todos os aspectos da vida, foram um exemplo para todos que o conheceram.

Tradução > Contrafatual

agência de notícias anarquistas-ana

Sobre o varal
A cerejeira prepara
O amanhecer

Eugénia Tabosa

Federação Anarquista Capixaba oferece assessoria jurídica gratuita

Dentro do marco de expansão da FACA, este é mais um projeto em defesa das classes oprimidas!

A assessoria jurídica gratuita oferecida pela Federação Anarquista Capixaba – FACA, é fundamental para garantir que pessoas em situação de exploração tenham acesso aos seus direitos. Muitas vezes, trabalhadores e trabalhadoras em condições precárias não sabem como lutar por melhores condições de vida e trabalho. A presença de um suporte legal adequado pode ser a diferença entre a perpetuação da exploração e a defesa de direitos, proporcionando um meio para que essas pessoas se defendam de abusos e busquem reparações.

Além disso, a FACA segue atuando como um ativo instrumento no processo de conscientização e empoderamento das pessoas exploradas, oferecendo um atendimento jurídico acessível e eficaz. Com a assistência de profissionais capacitados e engajados na defesa dos direitos humanos, a organização contribui para um fortalecimento da classe trabalhadora, permitindo que as pessoas mais vulneráveis se aproximem da Federação e se organizem para o enfrentamento das injustiças do sistema capitalista. A assessoria jurídica gratuita, portanto, é um passo importante na construção de espaços mais justos e igualitários para todos.

Os agendamentos se darão por e-mail: fedca@riseup.net

AGENDA DE ATENDIMENTOS DE FEVEREIRO E MARÇO:

– 20/02/2025 – SÃO MATEUS/ES

– 21/02//2025 – PEDRO CANÁRIO/ES

– 26/02/2025 – VENDA NOVA DO IMIGRANTE/ES

– 07/03/2025 – VIANA/ES

– 11/03/2025 – SERRA/ES

– 20/03/2025 – VITÓRIA/ES

– 27/03/2025 – CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM/ES

FEDERAÇÃO ANARQUISTA CAPIXABA – FACA

federacaocapixaba.noblogs.org

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livro aberto gelado
o norte geme no vento
sobre a página branca

Lisa Carducci

[Suíça] Lucros astronômicos da grande indústria bélica | Os que lucram com as guerras

por Sergio Ferrari | 10/12/2024

Com cerca de vinte conflitos devastadores em todo o mundo, como o entre Rússia e Ucrânia ou o de Israel com Palestina e Líbano, para citar os dois mais midiáticos, a pergunta crucial é: quem realmente se beneficia com a guerra?

Além dos condimentos, dos benefícios e das repercussões geopolíticas de todo confronto militar, a grande indústria bélica mundial continua sendo a principal beneficiada. As receitas em 2023 com a venda de armas e serviços militares das 100 maiores empresas do setor aumentaram em média 4,2% em relação a 2022, atingindo 632 bilhões de dólares — uma cifra muito maior do que a necessária para erradicar a fome no mundo. Três em cada quatro dessas empresas aumentaram suas receitas, um importante crescimento após o declínio médio que haviam experimentado em 2022. [1]

Esse aumento foi registrado, de forma geral, em todo o mundo, embora tenha gerado cifras particularmente suculentas para as empresas na Rússia e no Oriente Médio, como revelou na primeira semana de dezembro o Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI). Conhecido em espanhol como Instituto Internacional de Estudos para a Paz de Estocolmo, essa entidade internacional independente, com sede na capital sueca, dedica-se à pesquisa sobre conflitos, armamentos, controle de armas e desarmamento. Fundado em 1966, o SIPRI tem fornecido desde então dados baseados em informações públicas, análises e recomendações, e continua sendo uma fonte de referência sobre o tema da guerra e da paz.

Segundo Lorenzo Scarazzato, pesquisador do Programa de Gastos Militares e Produção de Armas do SIPRI, “em 2023, houve um aumento significativo das receitas com armas, e é provável que essa tendência continue em 2024”. De qualquer forma, Scarazzato ressalta que essas “receitas das 100 principais empresas produtoras de armas ainda não refletem completamente a magnitude [real] da demanda, e muitas empresas iniciaram campanhas de contratação, o que sugere que estão otimistas em relação às suas vendas futuras”.

Guerras midiáticas e conflitos “ignorados”

O relatório ¡Alerta 2024!, publicado pela Escola de Cultura de Paz de Barcelona, contabilizou em 2023 dezessete conflitos armados de alta intensidade em todo o mundo (de um total de trinta e seis situações conflituosas). Esses conflitos são definidos por seus elevados níveis de letalidade (mais de mil mortes anuais), graves impactos na população, deslocamentos forçados massivos e severas consequências no território.

Essa organização, dedicada a analisar confrontos bélicos, direitos humanos e construção da paz, além dos conflitos Rússia-Ucrânia e Israel-Palestina, identifica enfrentamentos militares de alta intensidade na Etiópia (em Amhara e Oromia), Mali, na região do Lago Chade (Boko Haram), no Sahel Ocidental, na República Democrática do Congo (região oriental, com dois picos principais), Somália, Sudão, Sudão do Sul, Mianmar, Paquistão, Iraque, Síria e Iêmen. Em 2023, em quase metade dos casos, observou-se um agravamento da situação. A grande maioria dessas trinta e seis situações conflituosas concentra-se na África (18) e na Ásia e no Pacífico (9). [2]

Com nome e sobrenome

Quarenta e uma das 100 maiores empresas de produção e comercialização de armamentos estão nos Estados Unidos e, em 2023, declararam receitas de 317 bilhões de dólares, um aumento de 2,5% em relação a 2022. Desde 2018, as cinco empresas no topo do ranking mundial elaborado pelo SIPRI têm sede nesse país: Lockheed Martin, RTX, Northrop Grumman, Boeing e General Dynamics. [3]

Segundo o instituto, a indústria bélica europeia está relativamente atrasada. As receitas com armas das vinte e sete empresas sediadas no Velho Mundo (excluindo a Rússia) totalizaram 133 bilhões de dólares em 2023, o que representa um aumento de apenas 0,2% em relação a 2022, o mais baixo do mundo. A britânica BAE Systems (sexta em importância); a transnacional europeia Airbus (12ª), a francesa Thales (16ª), a inglesa Rolls-Royce (22ª) e a alemã Rheinmetall (26ª) estão entre as trinta primeiras. Mas esse crescimento relativamente baixo, segundo Scarazzato, não se deve a uma menor demanda, mas ao fato de que “os sistemas de armas complexos têm prazos de produção mais longos [e, consequentemente] as empresas que os produzem reagem mais lentamente às mudanças na demanda”.

No entanto, vários produtores europeus registraram um crescimento substancial em suas receitas, especialmente em munições, artilharia e sistemas de defesa aérea e terrestre, impulsionados pela demanda relacionada à guerra Rússia-Ucrânia. Empresas da Alemanha, Suécia, Ucrânia, Polônia, Noruega e República Tcheca, em particular, aproveitaram essa demanda. Por exemplo, a alemã Rheinmetall aumentou sua capacidade de produção de munições de 155 milímetros e de seus tanques Leopard. Grande parte desses lucros se deve a transações por meio de programas de intercâmbio circular, nos quais os países que fornecem material militar à Ucrânia podem receber equipamentos de reposição de seus aliados.

O outro lado da moeda do conflito bélico no Leste Europeu: as duas empresas russas incluídas no ranking das 100 principais, a Rostec, uma corporação estatal que controla numerosos produtores de armamentos, na sétima posição, e a United Shipbuilding, na 41ª, aumentaram suas receitas em 40%, atingindo 25,5 bilhões de dólares. A maioria dos analistas, de acordo com o relatório do SIPRI, concorda que a produção russa de novos armamentos militares aumentou substancialmente em 2023, enquanto o arsenal existente passou por uma ampla renovação e modernização. Especificamente, mais aviões de combate, helicópteros, drones, tanques, munições e mísseis.

Os produtores de armas do Oriente Médio também experimentaram um crescimento nas receitas vinculado aos conflitos em Gaza e na Ucrânia. Seis das empresas no ranking das cem mais importantes estão nessa região. Suas receitas combinadas cresceram 18%, atingindo 19,6 bilhões de dólares. Desde o início da guerra em Gaza, as três empresas israelenses no ranking ganharam 13,6 bilhões de dólares, um recorde histórico para elas. Por sua vez, as três grandes empresas na Turquia contabilizaram um aumento de 24%, crescimento impulsionado pelas exportações para a guerra na Ucrânia, assim como pelo empenho do governo turco em alcançar sua própria autossuficiência em termos de armamentos.

Na Ásia, as quatro empresas sediadas na Coreia do Sul (e que estão no ranking das 100 mais importantes) aumentaram suas receitas combinadas em 39%. Por sua vez, as cinco principais empresas sediadas no Japão cresceram 35%. A NCSIST, a única empresa taiwanesa no ranking, teve um aumento de 27% em relação ao ano anterior. As três empresas indianas do ranking aumentaram 5,8%. Quanto à China, as nove empresas que fazem parte do top 100 cresceram apenas 0,7%, seu menor aumento percentual anual desde 2019, devido à atual desaceleração econômica do país.

Os prejudicados

Vários organismos internacionais estimam que, até 2030, quase 600 milhões de pessoas ainda sofrerão de fome em todo o planeta. Um estudo de novembro realizado por duas agências das Nações Unidas calcula que acabar com a fome até essa data custaria cerca de 540 bilhões de dólares. Ou seja, muito menos do que as receitas em 2023 das cem empresas mais importantes no setor de produção e comercialização de armas.

Uma grande parte das vítimas atuais da fome vive em regiões assoladas por cruéis conflitos bélicos: da Palestina ao Sudão, passando pela República Democrática do Congo e pelo Mali. Um relatório de outubro da organização não governamental OXFAM afirma que a fome provocada por conflitos bélicos custa até 21.000 vidas diárias em todo o mundo. Esse documento, intitulado Food Wars (Guerras alimentares), analisou 54 países afetados por conflitos armados e constatou que eles concentram quase a totalidade dos 281 milhões de pessoas que atualmente sofrem de fome aguda. Além disso, essa realidade bélica tem sido uma das principais causas de deslocamentos forçados, com um recorde mundial atual de mais de 117 milhões de pessoas. [4]

As armas matam. Apenas em 2023, foram mais de 160.000 vítimas diretas em zonas de guerra. Além disso, as guerras provocam fome e miséria extrema, que somam suas próprias cifras trágicas ao obituário mundial. Apesar desse drama, a corrida armamentista não para. E os benefícios dela são repartidos, essencialmente, entre um centena de grandes empresas de países que incentivam ou participam dessa fúria bélica: as grandes beneficiárias dos tiroteios planetários.

Notas

[1] https://www.sipri.org/media/press-release/2024/worlds-top-arms-producers-see-revenues-rise-back-wars-and-regional-tensions.

[2] https://reliefweb.int/report/world/alerta-2024-informe-sobre-conflictos-derechos-humanos-y-construccion-de-paz

[3] https://www.sipri.org/visualizations/2024/sipri-top-100-arms-producing-and-military-services-companies-world-2023

[4] https://www.oxfam.org/es/letters-and-statements/el-hambre-que-provocan-los-conflictos-se-cobra-hasta-21-000-vidas-diarias-en

Fonte: https://www.cadtm.org/Los-que-lucran-con-las-guerras

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

De que árvore florida
chega? Não sei.
Mas é seu perfume…

Matsuo Bashô