[Filipinas-EUA] Ajude o documentário “Decolonizando o Anarquismo no Arquipélago”

Temos o prazer de anunciar um documentário que o levará ao coração dos movimentos anarquistas e autonomistas no arquipélago comumente chamado de Filipinas. Este poderoso filme é uma colaboração entre Pirate Studio e A Radical Guide, que mostra uma crescente rede de ativistas, artistas e comunidades comprometidos com a construção de uma sociedade livre de hierarquias, com base na ajuda mútua, na autodeterminação, no respeito ecológico e na ação direta.

A Rede Autônoma Local (LAN) é fundamental para essa história. Por meio dessa rede, testemunhamos a prática diária dos valores anarquistas e autonomistas – desde cenas punk faça-você-mesmo até tradições indígenas. Este filme vai além da teoria revolucionária ocidental, revelando como as comunidades descolonizam essas ideias e recuperam suas identidades, enraizadas em séculos de resistência e solidariedade.

O documentário destaca as maneiras únicas como a LAN opera, sem estrutura formal. A participação é baseada na prática compartilhada dos princípios fundamentais do anarquismo. De iniciativas Food Not Bombs [“Comida Não Bombas”] a Espaços Autônomos e Infoshops, a rede incorpora a diversidade de abordagens na luta pela autonomia e autodeterminação.

Ao apoiar este documentário, você contribui para contar a história de como esses ideais radicais são colocados em ação no dia a dia. Suas doações irão diretamente para a produção, a pós-produção e a distribuição do filme, garantindo que essas vozes sejam ouvidas por toda parte.

A angariação de fundos vai até 31 de janeiro de 2025, e o lançamento está previsto para abril de 2025.

Juntos, podemos amplificar a mensagem de uma sociedade sem líderes não é apenas possível – ela já está sendo construída.

Assista ao trailer e doe hoje! (https://www.radical-guide.com/lan-story-a-documentary/)

Vamos espalhar a notícia e ajudar a trazer essa importante história à tona.

Desde já agradecemos pelo seu apoio!

>> Assista ao trailer aqui:

https://www.youtube.com/watch?v=AoOoMq4ddaw

Tradução> anarcademia

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agência de notícias anarquistas-ana

Durante o pôr-do-sol
Vejo andorinhas voando
Juntas, sempre em bando.

Renata da Rocha Gonçalves

[Uruguai] Resistência anarquista: Idilio de León, el Gauchito

Livros e rosas: a história do militante anarquista Idilio de León, el Gauchito

Por Gustavo Fripp | 07/11/2024

No mesmo lugar onde, há 50 anos, ele foi morto pelas Forças Conjuntas, foi apresentada uma obra que o recorda.

A pequena praça Portugal, que fica ali na Monte Caseros e Mariano Moreno, viu sua pacata rotina de primavera ser interrompida na tarde da última quinta-feira quando mais de cem pessoas começaram a se reunir, convocadas para a apresentação de um livro.

Longe dos salões reluzentes das instituições em que esse tipo de atividade costuma ser realizado, não se tratava, porém, de uma escolha caprichosa de local para a apresentação do livro La resistencia anarquista: el Gauchito de León y el grupo de acción Los Libertarios (A resistência anarquista: O Gauchito de León e o grupo de ação Os Libertários), uma pesquisa de Pascual Muñoz, que naquele mesmo dia uma van laranja levou, na hora, da encadernadora direto para a praça.

Além de apresentar o livro, seu objetivo também era reivindicar a figura de alguém que pode ter sido um dos últimos, se não o último, dos mortos em um confronto armado com as Forças Conjuntas em 29 de outubro de 1974: Idilio de León, um anarquista que, naquela mesma praça, após um assalto a um caminhão de entrega de bebidas, sangrou até a morte depois de um confronto com uma patrulha militar.

Idilio de León Bermúdez (Tacuarembó, 1944) foi atraído pelas ideias anarquistas quando era muito jovem, ao ouvir os versos do payador libertário Carlos Molina, que falava do sofrimento do homem do campo e das duras condições de trabalho na terra. Foi assim que ele se envolveu com os jovens anarquistas que se reuniam na sede da Sociedad de Resistencia de Obreros Panaderos, em La Teja, onde nasceu o Ateneo 1º de Mayo (Ateneu 1º de Maio). Lá ele conheceu Adalberto Soba e, juntos, ingressaram em 1964 na Federación Anarquista Uruguaya (FAU), uma organização que surgiu em 1956 e que reunia quase toda a militância anarquista da época, o que não era pouco.

Ele participou da ocupação de um terreno em La Teja, onde os vizinhos construíram o primeiro campo para a Institución Atlética La Cumparsita e uma fazenda que era um centro para as atividades dos jovens libertários. Nesse rancho, eles recebiam os produtores de cana-de-açúcar que vinham de Bella Unión e organizavam noites de solidariedade com a participação de diversos convidados, entre eles Mario Benedetti, Eduardo Galeano, Los Olimareños, Alfredo Zitarrosa, Daniel Viglietti e o próprio Gaúcho Molina.

Em seus primeiros passos na militância, ele participou de ações de solidariedade aos trabalhadores do Bao e dos frigoríficos que estavam em conflito.

Nesse mesmo bairro, Gauchito e outros jovens anarquistas construíram, junto com militantes da Associação de Estudantes de Medicina, uma policlínica autogerida em outro terreno ocupado.

Como militante da FAU, ele foi para Bella Unión em 1964 e caminhou com os “peludos” que trabalhavam nos canaviais, na marcha que, sob o slogan “Pela terra e com Sendic”, chegaria à capital para mostrar a todo o país as condições de vida miseráveis que eles suportavam.

Em 1969, ele se juntou ao braço armado que a FAU estava desenvolvendo e que mais tarde seria chamado de Organización Popular Revolucionaria 33 Orientales (OPR-33). Ele participou do roubo da famosa bandeira dos 33 Orientais do Museu Histórico Nacional. A ideia original, observa o livro, era “manter a bandeira por um tempo até que se encontrasse um momento oportuno para que ela reaparecesse em meio a alguma luta popular”. No entanto, “os desvios da luta social fizeram com que esse reaparecimento nunca acontecesse, e a bandeira, com sua forte carga simbólica, tornou-se uma obsessão dos comandantes militares durante a ditadura e um motivo para repetidas sessões de tortura”.

Após o assalto frustrado à Fábrica Nacional de Cerveja no dia do pagamento em 1970, El Gauchito foi preso junto com Roger Julien e transferido para a prisão de Punta Carretas, que estava começando a se encher, aos trancos e barrancos, de prisioneiros com motivações políticas. Lá ele se reuniu com outros companheiros de sua organização, como Hébert Mejías Collazo e Augusto Chacho Andrés.

Em 1971, os Tupamaros presos naquela prisão haviam cedido três lugares aos prisioneiros da OPR-33 para a fuga conhecida como El Abuso, na qual 111 prisioneiros escaparam. Um deles era Idilio de León.

Embora em 1972, com o país em estado de guerra interna, o MLN já tivesse sido derrotado militarmente, a FAU tinha suas estruturas quase intactas. Tanto a organização política quanto suas várias frentes (a OPR-33 e a Resistencia Obrero Estudiantil, ROE).

Mas alguns de seus principais líderes – Gerardo Gatti e Hugo Cores – eram procurados e León Duarte estava preso e sofrendo torturas. Nesse contexto, a FAU decidiu se retirar, obrigatório para seus militantes, para a Argentina, com a intenção de continuar operando de lá, uma decisão que encontrou forte resistência entre seus membros. De León se recusou a sair e organizou, por conta própria, uma ação de sabotagem contra uma padaria que não respeitava os ganhos obtidos pelo sindicato.

Esses dois foram os elementos que levaram a organização a expulsar De León e seus companheiros de suas fileiras, ao que eles responderam criando o grupo Los Libertarios, cujos membros eram apenas uma dúzia e que se dedicava, como Muñoz relata no livro, a realizar “expropriações para financiar a infraestrutura da luta revolucionária, algumas sabotagens, algumas punições para os carneros e as hierarquias ligadas aos aparatos repressivos”.

Uma vez implantada a ditadura e em um contexto repressivo cada vez mais complexo, esse grupo conseguiu realizar inúmeras “expropriações”. Embora tenham sido expulsos da FAU, seus antigos companheiros, agora na Argentina, continuaram a lhes oferecer ajuda para deixar o país, algo que tanto De León quanto seus companheiros continuaram a recusar.

No entanto, Muñoz deixa uma janela aberta para sugerir que, dado o contexto repressivo de 1974 e a maneira como as coisas estavam indo, talvez o último ataque que lhe custou a vida tenha sido uma ação para arrecadar fundos para a tão resistida partida para a Argentina.

Algo que nunca aconteceria, porque ele morreria ali, com apenas 30 anos, sangrando até a morte, após um confronto com os militares. Na mesma praça onde, na quinta-feira, alguns de seus antigos companheiros se reuniram para lembrá-lo, como Chacho Andrés com sua bengala (autor do livro Estafar un banco: ¡qué placer!, publicado pela Alter Ediciones) ou sua irmã Sara, de 86 anos, que também foi militante da FAU e presa política, ou os irmãos Elbio, Rosario e Juan Pilo.

Como apresentação de um livro, foi bastante atípica. Entre outras coisas, porque seu autor, Pascual Muñoz, entre as montanhas de exemplares à venda em uma velha mesa de madeira, tinha três rosas vermelhas. Porque, nas palavras do próprio Muñoz, “dizem que no dia seguinte à sua morte, no lugar onde ele caiu, alguém colocou algumas rosas. E parece que todo ano, nessa data, alguém coloca rosas lá”. Algo que sua irmã, Sara, descobriria anos mais tarde, na prisão, sem nunca descobrir de quem eram as mãos anônimas que ousaram fazer um ato tão ousado.

Fonte: https://ladiaria.com.uy/politica/articulo/2024/11/libros-y-rosas-la-historia-del-militante-anarquista-idilio-de-leon-el-gauchito/

Tradução > Liberto

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Recanto úmido.
A pedra
e seu delicado capote verde.

Yeda Prates Bernis

[França] L’île égalité comemora seu 4º aniversário!

Depois de um processo judicial, algumas enchentes, dezenas de noites de apoio, centenas de horas de atividades gratuitas e ainda mais reuniões, ainda estamos aqui.

Amigos e amigas de L’île égalité, encontrem-se conosco em 23 de novembro para uma noite festiva!

L’île égalité já existe há 4 anos: em termos humanos, não é muito, mas em termos de idade, não é tão incomum.

Vejo vocês no dia 23 de novembro!

Na programação:

19h Deliciosa refeição gratuita preparada por Souad

21h Karaokê seguido de um show do DJ Vortex

e talvez algumas outras surpresas

O que é L’île égalité?

É um centro social autogerido onde muitas atividades são organizadas todas as semanas, gratuitamente. É um centro de apoio para lutas locais, regionais, inter-regionais e intergalácticas. Está cheio de pessoas que vêm aqui e lutam por maior solidariedade, formando uma comunidade. O prédio está ocupado há 4 anos!

L’île égalité

4-6 rue de l’égalité

Métro A Cusset

Villeurbanne

solidarites-cusset.org

agência de notícias anarquistas-ana

Longa chuvarada…
Nos matos e nas lagoas,
um canto de vida.

Humberto del Maestro

[Espanha] Solidariedade com os companheiros da Grécia

Ontem (16/11) pela noite as ruas de Barcelona se encheram de mensagens de solidariedade para os companheiros da Grécia que atravessam este momento tão obscuro, e decidimos visitar o consulado da cidade para recordar-lhes a responsabilidade de seus atos e a certeza das consequências.

Chegará o dia em que amanheça uma nova humanidade, e nesta ocasião já não necessitaremos nem mártires nem heróis. Até então, eles são e serão quem nos mostra o caminho para a liberdade.

Prometamos hoje recolher o testemunho de nossos caídos e converter cada gota de sangue em um passo para a liberação da humanidade.

Que cada morte se converta em uma vitória, que cada prisioneiro seja uma fresta em sua ordem, que cada golpe recebido seja o estímulo para devolvê-lo com mais força.

Um forte abraço camaradas, o fogo voltará a aquecer os corações pelos que já não estão e pelos que não podem lutar conosco.

Que viva a anarquia!

A n a r q u i s t a s

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Até mesmo o céu
Embriagado pelas flores?
Nuvens cambaleantes.

Nonoguchi Ryûho

A XIV Feira Anarquista de São Paulo acontece neste domingo, 24/11

Chegou a tão aguardada programação completa da XIV Feira Anarquista de São Paulo!!! Esse ano teremos, teatro, exibição de filmes, oficinas, muitas rodas de conversas e lançamentos de livros, além da exposição dos cartazes que vocês fizeram para contribuir na divulgação da Feira.

Uma novidade dessa edição é que as salas e espaços da Feira receberam nomes em homenagem a anarquistas: Isabel Cerruti, Armando Gomes, Rodolfo Felipe, Antônio Martinez, Angelina Soares, Pedro Catallo e Diego Giménez. Na entrada de cada área haverá a biografia de cada um(a).

Teremos atividades para todas as idades! A Feira Anarquista é um evento aberto a todas as pessoas e gratuito, basta chegar. Se programe e venha fortalecer esse grande encontro anarquista!

Quando: 24/11/2024, domingo, das 10h às 19h

Local: EMEF. Des. Amorim Lima – R. Prof. Vicente Peixoto, 50 – Butantã, São Paulo/SP

Organização: Biblioteca Terra Livre (BTL) – Centro de Cultura Social de SP (CCS-SP) – Núcleo de Estudos Libertários Carlo Aldegheri (NELCA)

Para saber mais informações sobre a Feira, acesse https://www.instagram.com/feiraanarquistasp/

agência de notícias anarquistas-ana

durante o teu sonho
eu brinco com as nuvens
e tu não sabes de nada

Lisa Carducci

[Grécia] O anarquista Nikos Romanos foi preso no contexto da perseguição policial após a morte de Kyriakos Xymitiris

A nefasta polícia antiterrorista de Atenas prendeu o companheiro anarquista Nikos Romanos durante uma operação em 18 de novembro, que mais tarde foi transferido para a sede da polícia de Atenas (GADA).

De acordo com os companheiros do Indymedia Athens, a prisão de Nikos está relacionada à investigação policial após a morte em combate do companheiro Kyriakos Ximitiris, que foi morto em uma explosão em um apartamento no bairro de Ampelokipoi, em Atenas, em 31 de outubro, que também deixou a companheira Marianna M. gravemente ferida.

Nikos Romanos foi um dos presos pelo duplo assalto a bancos em Kozani, no norte da Grécia, em 2013, e posteriormente condenado a 15 anos e 11 meses de prisão. Durante sua prisão, em 2014, ele fez uma greve de fome por um mês para poder estudar na prisão. Anos depois, em 2019, ele foi libertado da prisão. Romanos também foi companheiro do anarquista Alexis Grigoropoulos, de 15 anos, com quem estava quando ele foi morto por dois policiais em uma esquina do bairro de Exarchia, em Atenas, em 6 de dezembro de 2008.

Da Grécia, eles pedem que se mobilizem pela libertação do companheiro, pelos presos, pela companheira Marianna e em memória de Kyriakos.

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Enquanto agachado
Ao lado da chaleira
Como faz frio!

Naitô Jôsô

[Espanha] Nem fascismo nem democracia: auto-organização e ação direta

  • Concentração: “Não basta vencer o fascismo, contra toda autoridade”

Quarta-feira, 20 de novembro

19 h Boulevard de Peña Gorbea <M> Puente de Vallecas

  • Manifestação antifascista: Bloco Anarquista

Sábado, 23 de novembro

19 h <M> Plaza España

[Comunicado]

O fascismo e a democracia são dois lados da mesma moeda. As classes dominantes, nossos exploradores, estruturam e articulam a forma que o Estado assume de acordo com o momento histórico e as necessidades da administração de nossa dominação, da morte e da miséria da grande maioria da população em benefício de uma minoria. Os poderosos não hesitam, no caso de uma ameaça à ordem estabelecida, em levantar o fascismo como a garantia final de seus interesses, como aconteceu em outros períodos históricos. Em última análise, como acontece hoje com a extrema direita, eles despertam o medo na população contra ela como forma de legitimar a opressão democrática. Assim, os políticos nos apresentam a democracia como o melhor dos sistemas, e nós só podemos aspirar a abençoar essas correntes. Isso nos desarma e nos submete aos interesses de nossos inimigos de classe, caindo na armadilha do binômio fascismo-democracia.

As formas democráticas dos Estados, travestidas de lei e de Estado de Direito para administrar nossa exploração diária nos locais de trabalho, a polícia e as forças armadas, as prisões e os CIEs, as mortes nas delegacias de polícia e nas fronteiras, a guerra e a indústria da morte nas lutas entre as diferentes facções do capital em nível internacional, o nacionalismo e o patriotismo como o culto do Estado para colocar os oprimidos uns contra os outros, para os interesses dos ricos, o culto da propriedade privada que transforma os bens necessários à vida em uma fonte de lucro para os proprietários, o estado de bem-estar social como uma farsa no primeiro mundo, que se alimenta da morte e da exploração do chamado sul global…. a democracia é tudo isso e nada mais.

Diante disso, pedimos a disseminação da auto-organização e da ação direta contra tudo o que nos oprime. Aquela ação que parte dos envolvidos, sem delegar a ninguém: nem juízes, nem políticos, nem policiais, nem jornalistas, nem qualquer oportunista. Aquela ação que é complementada pela solidariedade e pelo apoio mútuo como a chave para a cumplicidade fora de toda autoridade. Chamamos a ampliar a luta contra o fascismo e suas forças de choque nestes tempos turbulentos e, é claro, contra o sistema democrático que lhe dá voz e espaço, para se rebelar contra a miséria diária, patrocinada por empresários e banqueiros, para se rebelar contra as guerras do capital e todos os seus bandos, para esmagar o racismo, o colonialismo, com um exemplo atual tão duro quanto o sionismo, a corrente política que defende a necessidade de criar um Estado para o povo judeu, autodenominando-se “o povo escolhido” acima de todas as outras culturas (como dizem alguns de seus rabinos), tornando visível a supremacia que ostentam, promovendo o extermínio do povo palestino sob o peso da militarização social, em uma atmosfera de vigilância e patriotismo que ameaça qualquer dissidência ou crítica interna.

Morte ao sionismo

Morte ao fascismo

sovmadrid.org

agência de notícias anarquistas-ana

Vento refrescante
que se contorcendo todo
chega até aqui.

Issa

Bakunin foi para o céu!

Mikhail Aleksandrovitch Bakunin, o velho revolucionário russo, enfim morreu, para a tranquilidade dos reis, presidentes, burgueses e marxistas. Morreu e, com seu extenso curriculum debaixo do braço, foi direto para o Inferno. Lá chegando, foi recebido na portaria pelo próprio Belzebu que, passando os olhos no espesso calhamaço, disse entusiasmado:

– Belo curriculum hein, Sr. Bakunin! Décadas de luta contra a Igreja, participação em inúmeras insurreições, expulso de vários países, prisões, porres homéricos… Com tudo isso, vou lhe enviar para o Setor 1 aqui do Inferno, que é mais tranquilo, as penas são moleza, uma cortesia para uma celebridade como o senhor.

Dito e feito, lá se foi Bakunin para o Setor 1.

Três dias depois, estava lá Belzebu distraidamente mexendo seu caldeirão cheio de almas, quando é repentinamente interrompido por um esbaforido diabo-auxiliar, que dá seu relatório urgente:

– Mestre, está uma zona lá no Setor 1! O Bakunin organizou as almas em um sindicato e foi decretada uma paralisação geral pela diminuição da jornada de penitências, temperatura mais amena e um monte de outras coisas.
Belzebu ficou puto e decretou:

– Porra, esse cara é um mal agradecido! Se ele pensa que vai zonear os meus domínios como fez lá na Terra, está muito enganado. Pega ele e manda para o Setor 2 que ele vai ver o que é bom pra tosse!

E lá se foi o velho Miguel para o temido Setor 2.

Três dias depois, lá estava Belzebu torturando uma almas recém-chegadas, quando novamente é interrompido pelo diabo-auxiliar que, com os nervos a flor da pele, deu seu novo relatório:

– Chefe, o Setor 2 está em greve de ocupação! Bakunin e mais uma comissão de almas exigem audiência com o senhor para a apresentação de uma pauta de reivindicações quilométrica. Eles querem penas mais suaves, equiparação com o pessoal do Setor 1, adicional de insalubridade, lazer nas horas vagas.

– Chega!!! – interrompe o diabo-superior – Esse barbudo está querendo anarquizar com o meu Inferno. Vou acabar já já com essa insubordinação, tá pensando o quê?! Pega esse anarquista e manda ele para a solitária, que eu quero ver ele organizar alguma coisa.

Bakunin só foi retirado a muito custo do Setor 2 com intervenção da Tropa de Choque, pois as almas tentaram impedir a sua saída com barricadas, pedradas e muita porrada.

No dia seguinte, quando Belzebu ainda nem tinha se refeito dos contratempos da véspera, chega o diabo-auxiliar mais nervoso ainda e solta o último relatório:

– Mestre, o Inferno inteiro está em greve geral de solidariedade ao Bakunin. Todos exigem sua imediata libertação.

– Basta! – urrou Belzebu – Vou mandar esse cara imediatamente para o Céu, coisa que já devia ter feito a muito tempo. Imagina só a balbúrdia que ele vai aprontar por lá; ele em uma semana vai conseguir esculhambar aquilo tudo. Como eu não pensei nisso antes?!

E lá se foi Bakunin – quem diria! – para o Céu, onde foi recebido por São Pedro. Folheando seu curriculum, ele disse:

– Sr. Bakunin, que coisa feia! Anticlericalismo, revoluções, prisões, bebedeiras…Bom, mas como a piedade de Deus é infinita e como o senhor veio deportado do Inferno, pode entrar na casa do Senhor.

E assim, Miguel Bakunin entrou no Céu.

Lá embaixo, Belzebu estava na maior expectativa com as notícias do Céu. Cara colada na home-page celestial (afinal, ele era um capeta atualizado), esperando notícias de uma sublevação geral no Reino do Senhor. Passa um dia, dois dias, três, quatro, e nada, nenhuma notícia de anormalidade lá em cima. Quando deu uma semana, Belzebu não suportou, pegou o elevador e foi lá conferir pessoalmente.

Discretamente, assobiando e com as mãos para trás, ele foi se aproximando da portaria do Céu, onde estava São Pedro trabalhando normalmente. Encostou no guichê, olhou distraidamente para as unhas, e puxou papo com São Pedro:

– E aí Pedro, tudo bem por aí?

– Tudo tranquilo como sempre. – respondeu o santo.

– Vem cá, e um cara que eu mandei praí, um tal de Miguel…

– Bakunin – completou São Pedro. – Ele está bem, por quê?

– Nada em especial, mas… ele não tem feito nenhuma agitação por aí?

– Não que eu saiba – respondeu Pedro.

– E Deus, não comentou nada sobre esse tal Bakunin? – perguntou o diabo. Nesse momento, São Pedro se levantou, colocou as duas mãos nos ombros de Belzebu e, olhando nos seus olhos, falou decidido:

– Companheiro Belzebu, Deus não existe!

Federação Anarquista Capixaba – FACA

federacaocapixaba.noblogs.org

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Borboleta!
O que sonhas, assim,
mexendo suas asas?

Chiyo-ni

[Suíça] Em memória de Kyriakos Ximitris – Dia Internacional de Ação

No sábado, 16 de novembro, nos reunimos em Berna sob a ponte em frente à Reitschule para pintar um mural e pendurar cartazes em solidariedade e em memória de Kyriakos Ximitris. Juntos, acendemos velas e lemos um texto em sua memória.

Kyriakos, você não será esquecido. Sua luta nunca morre!

Liberdade e sorte para Marianna, Dimitra e Dimitris! Tirem as mãos de nossos companheiros!

Lutaremos até que todos sejam livres!

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O ar tremeluz –
A areia sobre o rochedo
Vai caindo aos poucos.

Hattori Tohô

 

[Grécia] A companheira Marianna Manoura foi transferida para a prisão de Korydallos

A companheira anarquista Marianna, apenas um dia após a segunda operação consecutiva a que foi submetida e após 15 dias de internação com múltiplos ferimentos no hospital Evangelismos, foi transferida para Korydallos na manhã desta sexta-feira (15/11).

As pressões da delegacia antiterrorista, trabalhando em estreita cooperação com o promotor que assumiu o caso, resolveram dar alta à companheira e a levaram para a prisão feminina de Korydallos, onde não há hospital e, portanto, não há possibilidade de fornecer a ela os cuidados adequados para seus ferimentos.

Estamos deixando claro em todas as direções que tudo o que acontecer com nossa companheira terá consequências e não ficará sem resposta.

SOLIDARIEDADE COM OS PRISIONEIROS MARIANNA, DIMITRA E DIMITRIS

MÃOS FORA DA COMPANHEIRA ANARQUISTA FERIDA MARIANNA

KYRIAKOS XYMITIRIS É UM DE NÓS, COMPANHEIRO SEMPRE NOS CAMINHOS DO FOGO

Assembleia de solidariedade aos presos, fugitivos e perseguidos.

Fonte: https://athens.indymedia.org/post/1632747/

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Em meio ao capim
de onde sopra o vendaval,
lua desta noite.

Miura Chora

Sobre o fenômeno dos trabalhos de merda

David Graeber, antropólogo e ativista anarquista, nos deixou uma análise do que ele chamou de “Trabalhos de Merda”. Neste texto, publicado originalmente em 2013 na revista Strike, ele expõe uma contradição central do capitalismo moderno: a proliferação de empregos que não atendem necessidades humanas, mas servem apenas para sustentar a lógica capitalista. Este texto é um convite à reflexão e à luta por uma sociedade onde o trabalho deixe de ser um fardo imposto e se torne uma expressão autêntica da humanidade, ressoando com o contexto atual das manifestações contra o regime 6×1 no Brasil.

>> Para comprar “Sobre o fenômeno dos trabalhos de merda”, R$ 3,00, clique aqui:

https://www.imprimaanarquia.com.br/trabalhos-de-merda/p?

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Escurece rápido.
Insistente, a corruíra
cisca no quintal.

Jorge Fonseca Jr.

[Portugal] Luz Negra: o filme

Luz Negra é o título do filme-documentário sobre os 50 anos da revista A Ideia realizado por Mara Rosa e conta com a participação testemunhal dos seus protagonistas.

O filme será exibido pela primeira vez no dia 19 de Novembro, pelas 17h30 na Biblioteca Nacional de Portugal (Lisboa), onde está também patente uma exposição documental sobre o percurso da revista fundada em Paris por João Freire.

aideiablog.wordpress.com

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Será mais bela a noite acesa?
sussurra a voz dela
prolongando o crepúsculo.

Etsujin

Diálogos Anti-Repressão #1: Se preparando para a vigilância física

O No Trace Project está lançando uma nova iniciativa, os Diálogos Anti-Repressão, para encorajar debates sobre questões de vigilância e segurança entre redes anarquistas informais, num nível internacional. Nós acreditamos que muitas práticas anti-repressão são mais potentes quando aplicadas em rede, invés de grupos de afinidade específicos.

Os Diálogos Anti-Repressão serão uma série de sessões, com um tópico específico, cada uma com a duração de três meses. Durante cada sessão, participantes são encorajados a formar grupos de estudos locais com pessoas nas quais confiam para discutir o tópico da sessão — nós oferecemos recursos e pontos de debate para ajudar a dar início a essas discussões. No fim de cada sessão, uma conversa online internacional acontece, onde participantes podem se encontrar anonimamente para discutir suas ideias e descobertas. Após uma sessão, essas descobertas são publicadas no website do No Trace Project, incluindo quaisquer materiais de contribuição de grupos de estudo e um resumo do diálogo online.

A primeira sessão, Diálogos Anti-Repressão #1, vai lidar com preparação para a vigilância física e acontecerá em Outubro, Novembro, e Dezembro de 2024, com a conversa online acontecendo em 4 de Janeiro de 2025. As descobertas serão publicadas aqui (https://www.notrace.how/anti-repression-talks/preparing-for-physical-surveillance.html).

>> Para ler o texto na íntegra, clique aqui:

https://www.notrace.how/pt-BR/blog/preparing-for-physical-surveillance/se-preparando-para-a-vigilancia-fisica.html

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agência de notícias anarquistas-ana

Tudo levou o fogo –
Mas pelo menos as flores
Já haviam caído.

Tachibana Hokushi

[Espanha] Joan Busquets, o último maqui catalão vivo, depois de reivindicar um milhão de euros do Estado: “Temos de lutar até o último dia”

Guerrilheiro libertário durante sua juventude, ele ficou preso por duas décadas pelo regime de Franco. Agora ele está reivindicando uma indenização de um milhão de euros como reparação pelas consequências da repressão que sofreu.

Por Marc Font | 12/11/2024

Aos 96 anos, Joan Busquets é o último maquis catalão vivo. Radicado na França há mais de cinco décadas, a luta – contra a ditadura, a desigualdade e por um mundo mais justo – marcou sua vida e está claro para ele que deseja que seja assim até o fim.

No momento, ele está lutando para que o Estado espanhol o reconheça como um combatente anti-franquista. E, como tal, exige uma indenização de um milhão de euros pelos 20 anos em que ficou preso nas prisões franquistas e pelas consequências físicas e psicológicas que isso acarretou, além da óbvia privação de liberdade.

A luta contra o regime fez com que ele perdesse sua juventude – foi preso aos 21 anos e só foi libertado aos 41 -, mas em nenhum caso seus ideais. Totalmente lúcido ao se aproximar de um século de existência, ele detalhou os motivos de sua reivindicação ao Estado nesta terça-feira em uma coletiva de imprensa organizada pela CGT Catalunya na sede do Ateneu Enciclopédico Popular, em Barcelona.

Seu advogado, Raúl Maíllo, explicou que em julho eles apresentaram o documento ao Ministério da Justiça e que, se após seis meses ainda não tiverem recebido uma resposta, recorrerão a uma ação judicial. A Lei Estadual da Memória Democrática, em vigor desde 2022, estabelece a nulidade das sentenças franquistas, fato que abriu a porta para a reivindicação de Busquets. De acordo com Maíllo, “uma verdadeira reparação e garantia de não repetição teria que envolver uma reparação econômica”. Em outras palavras, eles não estão satisfeitos com os documentos de reparação “simbólicos” que já foram entregues pelo executivo estadual e que o ex-maquis não recebeu.

Logo após a coletiva de imprensa, Busquets deu uma entrevista a vários meios de comunicação, incluindo o Público, para falar sobre sua vida. Aos 18 anos, ele fez sua primeira tentativa de ir para a França e fugir da “Espanha negra e triste” imposta pela ditadura. “Os jovens estavam indo embora porque não havia futuro e a Igreja desempenhava um papel enorme”, lembra ele.

Naquela ocasião, ele foi preso em Espolla (Girona), muito perto da fronteira, mas tentou novamente pouco tempo depois e conseguiu escapar. Ele começaria a trabalhar em uma mina de carvão e entraria em contato com militantes da CNT – o sindicato claramente hegemônico na Catalunha durante as primeiras décadas do século XX – e se juntaria à Juventude Libertária.

A politização de Busquets não surgiu do nada. Filho do bairro de Sant Gervasi de Cassoles, em Barcelona, ele diz: “Meu pai era membro da CNT, muitos camaradas iam à nossa casa e sempre vi a CNT com simpatia”. A leitura completaria seu processo de politização na adolescência e, na França, ele se envolveu com a militância e, por exemplo, distribuiu o Ruta, o jornal da Juventudes Libertarias, e ia com frequência a Toulouse, onde “havia uma atmosfera fabulosa, com comícios com milhares e milhares de pessoas”.

Relativamente perto da fronteira, a capital occitana abrigava vários exilados de diversas tendências políticas – anarquistas, comunistas, socialistas, etc. – e foi lá que o jovem Busquets conheceu Marcel-lí Massana, o lendário maquis de Berga (Barcelona).

“Inicialmente, fiquei convencido com o trabalho político que ele estava fazendo, mas depois vi que não era suficiente e que eu precisava ir além, então conversei com Massana para me juntar ao seu grupo de guerrilha e lutar contra o franquismo”, diz ele. Era 1948 e um período curto, mas muito intenso e decisivo em sua vida estava começando.

Pena de morte comutada

Busquets passou um ano com o grupo guerrilheiro de Massana, onde também coincidiu com Ramon Vila Capdevila, conhecido como Caracremada, no qual eles faziam incursões na Catalunha para tentar sabotar a ditadura. Naquela época, ele recebeu o apelido de el Senzill (o Simples).

Ele se lembra principalmente da ação que realizaram perto de Terrassa em junho de 1949, na qual, com explosivos, derrubaram mais de quarenta postes e um quilômetro de trilhos de trem, uma das principais sabotagens sofridas pelo regime, segundo ele. “Eu tinha os pés no chão e não estava mais pensando em derrubar o regime, mas queria causar o máximo de danos possível e desacreditá-lo totalmente”, diz ele sobre aquela época.

Apenas quatro meses depois, ele foi preso em Barcelona, depois que a polícia de Franco capturou seu companheiro Manuel Sabaté, irmão dos guerrilheiros Quico e Josep Sabaté. Ele passou semanas na delegacia da Via Laietana, onde foi torturado pelo comissário Antonio Juan Creix, durante décadas um dos principais chefes da Brigada Político-Social na capital catalã.

“Eles não me deixavam dormir e isso era um martírio, uma tortura. Então eles davam um tapa na sua cara para acordá-lo, você pode imaginar o estado em que eu estava”, diz ele, antes de lembrar que lá ‘eu não sabia se era noite ou dia, eu só tinha uma lâmpada que ficava acesa 24 horas por dia’.

Julgado em uma corte marcial, Busquets foi condenado à morte, juntamente com seus companheiros Manuel Sabaté e Saturnino Culebras. “Pensamos em fugir, mas no final cheguei à conclusão de que se eles me matassem, eu morreria com dignidade, e é muito difícil chegar a essa conclusão aos 21 anos de idade”, lembra ele.

No final, sua sentença foi comutada para 30 anos de prisão – dos quais ele cumpriria 20 anos e seis dias – sem que ele jamais soubesse exatamente por que isso aconteceu. Seus companheiros foram executados. “O trauma de todos esses anos fechados ainda está dentro de mim e nunca desaparecerá”, enfatiza.

Tentativas de fuga

Busquets passou as duas décadas seguintes na prisão, os primeiros 15 anos na prisão de San Miquel de los Reyes, em Valência, e os últimos cinco na prisão de Burgos. “No início, a vida na prisão era um extermínio, porque elas estavam muito cheias e nós passávamos fome, mas depois, quando as pessoas começaram a sair, começou a chegar ajuda de fora”, diz ele.

No entanto, ele não se conformou com a prisão e tentou fugir em várias ocasiões. Em uma delas, no inverno de 1956, ele sofreu uma queda e quebrou o fêmur. Ele foi deixado deitado no chão de sua cela por uma semana sem nenhum atendimento médico, o que o deixaria com sequelas para quase toda a vida.

No entanto, ele não se arrepende da tentativa de fuga: “Sempre busquei a liberdade e sempre lutei por ela, mas ainda não a alcancei e continuo lutando por ela”. “A liberdade é uma luta constante e permanente e você tem que lutar por ela até a morte”, acrescenta. Palavras que mostram como ele mantém suas convicções e ideais, que hoje o levam a continuar colaborando com textos no boletim da CGT de Berguedà.

Nesse sentido, a Lei da Memória Democrática não prevê reparações financeiras às vítimas do franquismo, mas o advogado Raúl Maíllo ressalta que o direito internacional o faz, que “estabelece a responsabilidade do Estado por atos ilícitos e reparações financeiras pelos danos causados, como danos físicos ou mentais”.

“Temos que lutar até o último dia”

Em 1969, ele finalmente recuperou sua liberdade, mas seu retorno a Barcelona só se deu em 1972. Além dos problemas de adaptação às mudanças ocorridas durante sua prisão, como o surgimento de semáforos na cidade, ele lembra que “eu tinha um bom emprego, bem remunerado, mas a polícia tornava minha vida impossível”.

O horizonte, mais uma vez, era o norte. Busquets se exilou na França, onde imediatamente obteve o status de refugiado político. Lá ele conheceu sua futura esposa, com quem teve um filho, e se estabeleceu na Normandia, após uma primeira etapa em Paris. Mas o exílio não o poupou de alguns problemas com a polícia, e ele lembra que “apesar de levar uma vida normal”, em outubro de 1976 a gendarmaria o confinou por dez dias em uma ilha na Bretanha para “mantê-lo afastado” da presença do então rei Juan Carlos, que estava visitando a capital francesa.

Desde então, ele nunca pensou em retornar à sua terra natal, em parte devido à falta de reconhecimento de seu compromisso antifascista. No passado, por exemplo, ele enviou cartas a Felipe González, quando este era presidente da Espanha, e a José Montilla, quando este era chefe da Generalitat, para exigir uma pensão e o reconhecimento dos guerrilheiros antifranquistas.

Nenhuma delas recebeu qualquer resposta, fato que mostra como sua luta foi uma das grandes silenciadas pela democracia espanhola, enquanto “aqueles que venceram a guerra ainda são os que têm todas as vantagens”, lamenta.

No entanto, Busquets deixa claro que “não se arrepende de nada” e que lutou “a favor da República sem ser republicano, porque sou anarquista”. E apesar de registrar o avanço global da extrema direita, ele incentiva os jovens a “lutar para mudar as coisas”. “Devemos lutar até o último dia”, conclui. E, aos 96 anos de idade, parece claro que ele fará isso.

Fonte: https://www.publico.es/sociedad/joan-busquets-maquis-catalan-vivo-libertad-lucha-constante.html?utm_source=twitter&utm_medium=social&utm_campaign=web

Tradução > Liberto

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lua n’água
entre pétalas
alumbra o abismo

Alberto Marsicano

[México] AntiCOP 2024 termina com propostas e ações dos povos diante da crise climática

Após cinco dias de trabalho, o Encontro Global pelo Clima e a Vida – AntiCOP 2024 foi concluído em Oaxaca, reunindo mais de 250 representantes dos povos Waorani, Yaqui, Purépecha, Zapotec, Chatino, Mixteco, Ngiwa, Chontal, Wayuu, Ikoot, Sami, K’Ana, Kanak, Maya Q’echi, Mundurukú e Nasa, além de representantes de países como Argentina, Bolívia, Palestina e Curdistão, para denunciar a “lavagem verde” (Greenwashing) das Cúpulas sobre Mudanças Climáticas (COP) e traçar rotas de organização para enfrentar a crise climática global.

Diante da inação dos líderes mundiais para proteger a natureza, os representantes do Encontro propuseram como linhas de ação a gestão comunitária da água, a promoção da educação ambiental intercultural, realizar a AntiCOP regionais, uma mobilização para a COP30 no Brasil e reuniões climáticas em diferentes partes do mundo, a criação de um Fundo Autônomo para Desastres Climáticos, a recuperação de terras e práticas pré-coloniais para promover iniciativas de revitalização de espécies e sistemas agrícolas ancestrais, entre outras medidas coletivas.

As propostas coletivas dos povos foram o resultado de cinco dias de trabalho em mesas redondas sobre os megaprojetos impostos em seus territórios, a criminalização de migrantes, jornalistas e defensores de direitos humanos, a militarização, o deslocamento forçado de povos e a mercantilização da vida.

“All COPs Are Bastards! (ACAB-Todas as COPs São Bastardas!) A COP29 tenta esconder por trás de uma hipócrita lavagem verde o registro de ecocídio, genocídio e as atrocidades cometidas pelo Azerbaijão contra o Povo Armênio, que não são apenas um capítulo terrível da história, mas um eco de como a guerra e a exploração de recursos naturais e pessoas se entrelaçam e exacerbam a crise climática e social que enfrentamos. A omissão do Genocídio do Povo Palestino durante a COP28 em Dubai foi uma prova disso”, acusaram os participantes do Encontro em uma declaração final.

De 4 a 9 de novembro, povos, coletivos e organizações indígenas denunciaram como “governos, empresas e grupos criminosos continuam a perpetrar uma profunda guerra contra os povos e a natureza para sustentar esse sistema heteropatriarcal, capitalista e colonial, que ameaça destruir o planeta”.

Essa guerra, explicaram, “é disfarçada por meio de processos institucionais e oficiais que não resolvem fundamentalmente os conflitos estruturais, nem respondem às necessidades territoriais coletivas. Graças a isso, estamos nos dirigindo a um mundo de aquecimento global catastrófico, caminhando para um mundo de 2,6 a 3,1°C até o final do século, desafiando o equilíbrio planetário e a sobrevivência da humanidade”.

Eles acrescentaram que a reunião AntiCOP 2024 permitiu a articulação dos povos em resistência e de um movimento que desafia o extrativismo, o colonialismo verde e os megaprojetos que desapropriam as comunidades de seus recursos e terras.

“É uma articulação desde baixo que lembra, imagina e constrói outros mundos em harmonia com os ecossistemas, a biodiversidade e a justiça. Desde a AntiCOP 2024, nos comprometemos a continuar construindo juntos, respeitando nossas diferenças e reconhecendo nossas lutas compartilhadas. Somos o Sul Global, somos os guardiões de nossas terras e culturas. Essa luta é nossa e a defendemos com determinação e unidade”, enfatizaram os participantes.

Fonte: https://desinformemonos.org/concluye-anticop-2024-con-propuestas-y-acciones-de-los-pueblos-frente-a-la-crisis-climatica/

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agência de notícias anarquistas-ana

Sabiá quieto.
O silêncio da tarde
Pousa na antena.

Camila Jabur

[Espanha] O Tribunal Constitucional rejeita o recurso de amparo a Las 6 de La Suiza

Em 13 de novembro passado, o Tribunal Constitucional rejeitou nosso recurso de amparo no caso de ‘Las 6 de La Suiza’, alegando que não cumpria com o requisito de “especial transcendência constitucional”. Embora esta decisão fosse esperada, seguiremos lutando pela liberdade de nossas companheiras.

Por que se rejeitou o recurso?

A Lei Orgânica do Tribunal Constitucional estabelece que, para admitir um recurso de amparo, este deve ter uma especial transcendência constitucional. Este critério, muito subjetivo, foi utilizado em 76% dos casos rejeitados em 2022. Em nosso caso, o Tribunal Constitucional simplesmente concluiu que nosso recurso não cumpria este requisito sem oferecer maiores explicações.

Quais são os próximos passos?

Tribunal de Estrasburgo: Apesar das dificuldades, apresentaremos nosso caso ante o Tribunal Europeu de Direitos Humanos. Para isso, tínhamos que esgotar primeiro a via nacional, que agora cumprimos.

Execução da sentença: Seguiremos lutando para evitar que nossas companheiras ingressem na prisão. Solicitaremos a suspensão da pena, argumentando suas raízes sociais e o nível reduzido das penas.

Por que é tão difícil obter justiça neste caso?

O sistema judicial apresenta numerosos obstáculos. Os requisitos para acessar o Tribunal Constitucional são muito restritivos, e o Tribunal de Estrasburgo também recebe uma grande quantidade de casos. No entanto, seguiremos explorando todas as vias legais possíveis para conseguir a absolvição de nossas companheiras e defender o direito ao protesto social.

cnt.es

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agência de notícias anarquistas-ana

Sombra de árvore –
Até mesmo a companhia de uma borboleta
É karma de uma vida anterior.

Issa