Sobre o Comunitarismo Ácrata 5 (Final)

Já quanto à segunda questão, sobre a relação das redes comunitaristas ácratas com os tipos de regimes e/ou sistemas políticos e/ou econômicos, a história dos movimentos anarquistas demonstra que, independentemente de se inseridos em sociedades ditas ‘democráticas’ ou ‘ditatoriais’, em economias ditas de mercado ou ‘estatizadas’, a violência da/os de cima contra a/os libertária/os é sempre dura, variando apenas o nível de sofisticação com que é aplicada, sendo que, normalmente, instituições repressoras ditatoriais são mais ‘rudes’ em suas práticas de violência (recorrendo comumente ao puro uso da força bruta), enquanto que instituições repressoras ditas ‘democráticas’ são mais sofisticadas (recorrendo não só ao uso da força bruta, mas também a expedientes de ‘torturas burocráticas’ e técnicas de manipulação moral e social). Isso significa que, conforme sempre foi a marca inequívoca dos movimentos anarquistas coerentes ao longo da sua história, as redes, em sua idoneidade, não podem tomar partido por uma ou outra destas falaciosas ‘alternativas’, sob o risco de perderem a credibilidade quanto à sua postura de rejeição ao princípio hierárquico. Sobre o argumento de que pode ser melhor enfrentar os aparatos repressores em uma ‘democracia’ do que em uma ditadura, algumas vezes defendido por certa/os militantes talvez pouco conhecedora/es das ‘profundidades’ da história do movimento a que se reivindicam pertencentes, é preciso lembrar que, frequentemente, organizações anarquistas foram e são esmagadas em regimes ‘democráticos’ das maneiras mais pérfidas que se possa imaginar (exemplos não faltam), pois estes regimes só toleram a ‘diversidade’ até o ponto em que esta não coloque em xeque o princípio do ‘mando/obediência’ (e só tolera organizações que questionam este princípio até o ponto em que elas não venham a ter força suficiente para desempenharem algum papel social realmente importante em seu território). Em contrapartida, há também mais de um exemplo da capacidade de sobrevivência de expressões anarquistas mesmo sob o açoite aberto de ditaduras. 
 
Uma lição que se pode depreender de trajetórias dos movimentos ácratas atuando tanto em ‘democracias’ quanto em ditaduras é a de que, no fundo, o que faz a diferença no que concerne à capacidade de sobrevivência coletiva e/ou individual das expressões libertárias, para além e para aquém do regime e/ou sistema político e/ou econômico em que estão inseridas, é o nível e consistência da articulação social que elas desenvolvem, tanto em nível nacional quanto internacional, que podem atuar como “guardas chuvas” e/ou “redes de proteção”, nos momentos dos ‘choques’ repressivos da/os de cima. Diante disto, seria recomendável que as redes comunitaristas ácratas desenvolvessem relações de parceria com organizações afins das sociedades civis nacional e internacional (além de se associarem com as próprias organizações anarquistas ‘de origem’ e coerentes, claro), tais como redes de expressões culturais descentralizadas e apartidárias, organizações sociais cooperativas auto gestionárias sem fins lucrativos e nem vínculos políticos e/ou partidários, organizações de trabalhadora/es autônomas e rebeldes com relação às estruturas partidárias e sindicais hierárquicas e burocráticas dominantes atualmente no cenário trabalhista etc., para assim poder contar talvez com uma possível “rede de proteção” em momentos de ataques ‘físicos’ por parte das instituições repressoras; bem como (seria recomendável que as redes comunitaristas) desenvolvessem também práticas de intervenções em discussões públicas pertinentes aos meios sociais mais envolvidos com processos de formação e informação das populações, especialmente meios onde se desenvolve a educação formal em vários níveis (uma boa linha de ação a ser desenvolvida para esta modalidade de intervenções seria a elaboração de séries de materiais ‘didáticos’ de fácil manuseio e compreensão – tais como fanzines, H.Q’s, opúsculos, panfletos etc. – contendo histórias e análises de experiências concretas ‘clássicas’ e contemporâneas de vivências coletivas e/ou individuais de sociabilidades libertárias), com a finalidade de criar alguma condição mínima para tentar romper ao menos um pouco o bloqueio ideológico vigente nas sociedades hierarquizadas com relação à possibilidade  – por parte das populações em geral – de acesso a uma compreensão fidedigna do caráter legítimo e da viabilidade das visões ácratas de mundo, e desse modo poder contar talvez com algum “guarda chuvas” mínimo de opinião pública, em momentos de ataques ‘ideológicos’ por parte dos órgãos a serviço da repressão.        
                              
Ainda de forma oportuna, sobre o conjunto destes questionamentos há pouco desenvolvidos e encerrados logo acima, nunca é demais lembrar: assim como é para toda expressão anarquista coerente, a finalidade maior da tática do comunitarismo ácrata é tornar desnecessário todo e qualquer poder e/ou hierarquia econômica e/ou política, ao invés de legitimar qualquer que seja das suas formas.
 
Por isto, visto que o comunitarismo ácrata seria a tática mais característica e destacada da concepção anarquista ácrata, e compreendendo-se que a grande aposta desta tática reside no investimento em processos de transformação cultural e de geração de novas sociabilidades humanas libertárias, a bandeira do anarquismo ácrata deverá ser símile ao estandarte ácrata mais popular, sendo que com o painel de fundo em azul – simbolizando companheirismo, fidelidade e idealismo -, e no centro o arroba espelhado ladeado pelos dois traços verticais do A de anarquismo (o símbolo do anarquismo ácrata) grafado em cor púrpura – símbolo da transformação espiritual em algumas culturas místicas, sendo aqui compreendida, por extensão, como uma referência à dimensão subjetiva – ‘espiritual’, ‘cultural’, neste sentido (no conjunto, surge um céu de ocaso e/ou aurora, a ação/transformação numa era terminal/inaugural). E, como sinônimo de ‘companheira/o’, ‘camarada’, sua/eus adepta/os se tratarão pelo termo de ‘conviva’ (‘minha/meu conviva’), significando ‘aquela/e com quem se partilha a própria vida’.  
 
Se ‘uma jornada de mil léguas se inicia com um primeiro passo’, e se a ousadia poderá ser recompensadora, iniciemos a jornada, com a coragem e disposição necessárias para as ousadias que ela exige, e sabendo que o fato de ver o movimento vencer a inércia, por si só, já poderá ser recompensa suficiente. 
 
Semeemos as RECAS!
Multipliquemos a/os convivas!
Nós, passarinha/os!
 
Natal, fins do inverno/início da Primavera de 2020.
 
Vantiê Clínio Carvalho de Oliveira.
 
Trecho do “Manifesto Anarquista Ácrata”, de autoria de Vantiê Clínio Carvalho de Oliveira.
 
(siga nosso perfil de Instagram: @movimento_anarquista_acrata e acompanhe nossas lives pelo canal de YouTube: anarcrata)
 
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https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/05/09/sobre-o-comunitarismo-acrata-2/

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À luz da manhã
cigarras cantam uníssonas:
homenagem ao sol.
 
Ronaldo Bomfim

3 anos de FACA: Memória, Revolta e Cinema na Quebrada!

Em 2025, completamos 3 anos de organização e luta anarquista no Espírito Santo. E pra celebrar nossa resistência, nada melhor que resgatar a história daqueles que ousaram sonhar com liberdade antes de nós.

FACA – Federação Anarquista Capixaba convida para o Cineclube FACA, com a exibição do documentário:

“COLÔNIA CECÍLIA: UM SONHO ANARQUISTA”

Um filme que revive uma das experiências anarquistas mais radicais do Brasil — a colônia libertária que desafiou o poder, a propriedade e a moral no século XIX. Uma história de sonho, rebeldia e utopia concreta que ecoa até hoje.

Vamos exibir, debater e refletir junto com as quebradas do estado:

• CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM
25/08 (segunda) – 19h

• LARANJA DA TERRA
26/08 (terça) – 19h

• MUNIZ FREIRE
01/09 (segunda) – 19h

Essa atividade integra o calendário de lutas dos nossos 3 anos. É cultura, é formação, é luta!


Leve sua ideia, seu povo e sua revolta.

– Informações e inscrições: fedca@riseup.net

Vamos ocupar as telas e as ruas. Por um cinema que educa, e uma educação que liberta!

Federação Anarquista Capixaba – FACA

federacaocapixaba.noblogs.org

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Rosa branca se diverte
Pétalas no vento
Imitam a neve.

Vinícius C. Rodrigues

[Alemanha] Acampamento antimilitarista seguirá adiante “com ou sem permissão”

Apesar da proibição policial, os preparativos continuam para o acampamento de protesto contra a Rheinmetall em Colônia no final de agosto
 
Por Cristina Sykes
 
O acampamento, que acontecerá entre 26-31 de agosto, combina oficinas, discussões e eventos culturais com protestos direcionados a empresas de armamentos em toda a região Reno-Ruhr. A aliança Rheinmetall Entwaffnen (“Desarmar a Rheinmetall”), formada em 2018, está organizando o encontro de uma semana para se opor ao principal fabricante de armas da Alemanha e ao impulso de militarização mais amplo.
 
A polícia de Colônia proibiu tanto o acampamento quanto um “desfile” planejado para o quartel Konrad-Adenauer nas proximidades, citando riscos de “radicalização”. Um tribunal manteve a proibição em 15 de agosto, chegando a apontar o slogan antiguerra centenário Krieg dem Krieg (“guerra à guerra”) como suposta evidência de intenção violenta. Os organizadores rejeitam o argumento como repressão política. “O acampamento acontecerá – estamos muito otimistas”, disse Mila, porta-voz da aliança. “Vamos resistir à proibição legal e politicamente. As autoridades podem querer silenciar o movimento antimilitarista, mas seguiremos adiante”.
 
O acampamento deve atrair centenas de participantes da Alemanha e do exterior, incluindo coletivos anarquistas, grupos feministas, antifascistas e redes internacionalistas. Um bairro anarquista dedicado foi anunciado, com os organizadores relatando crescente mobilização desde que a proibição foi declarada.
 
As oficinas cobrirão tópicos como a reintrodução do serviço militar obrigatório, exportações de armas, o impacto da militarização nas mulheres e novas tecnologias como IA na guerra. Convidados internacionais também são convidados a compartilhar suas lutas. “Queremos construir uma rede global contra a guerra e a militarização”, disse Mila. “As pessoas vêm compartilhar experiências para que possamos agir juntos”.
 
O estado alemão da Renânia do Norte-Vestfália, sede da matriz da Rheinmetall em Düsseldorf, tornou-se um ponto focal para a oposição à indústria de armamentos. Instalações em Colônia-Mülheim, Neuss e Weeze estão todas ligadas à produção de tanques, artilharia e caças. Nos últimos dias, ativistas marcaram um local da Siemens em Munique com grafites e faixas denunciando seu papel na automação da Bundeswehr. Outra aliança, Rheinmetall Enteignen, convocou uma manifestação em frente à vila do CEO da Rheinmetall, Armin Papperger, perto de Düsseldorf.
 
Embora a polícia e a mídia apontem para confrontos em acampamentos anteriores, os organizadores sustentam que a própria repressão alimenta o confronto. A deputada do Die Linke, Lea Reisner, também criticou a proibição de Colônia como “uma interferência massiva e inaceitável no direito constitucional de reunião”.
 
Para os organizadores, o resultado é claro. “Faremos o acampamento acontecer, com ou sem permissão”, disse Mila. “A repressão apenas mostra por que nossa luta contra a militarização é necessária”.
 
Fonte: https://freedomnews.org.uk/2025/08/18/germany-anti-militarist-camp-will-go-ahead-with-or-without-permission/
 
Tradução > Contrafatual
 
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https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/07/15/alemanha-convocatoria-venha-para-o-bairro-anarquista-no-acampamento-rheinmetall-entwaffnen-em-colonia-de-25-08-31-08-2025/
 
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se andava no jardim
que cheiro de jasmim
tão branca do luar
 
Camilo Pessanha

[EUA] Alerta Médico Urgente: Mumia Abu-Jamal – 21 de agosto de 2025

A visão de Mumia está se deteriorando a um ritmo alarmante.

Uma oftalmologista independente confirmou a progressão de sua doença ocular analisando seus exames oftalmológicos mais recentes. Ela informa que ele precisa de cirurgia e tratamento médico imediatamente ou poderá ficar cego permanentemente.

Sua visão caiu de 20/30 com óculos em 2024 (quase normal) para 20/200 hoje (legalmente cego) porque o Departamento de Correções (DOC) não monitorou adequadamente sua visão e atrasou seu tratamento médico e cirurgia urgentes.

O DOC da Pensilvânia sabia desde março de 2025, pelo menos, que Mumia precisava de cirurgia ocular. Os exames de 2024 e 2025 mostraram uma deterioração aguda que exigia intervenção imediata. No entanto, eles esperaram até julho para agir e marcaram a cirurgia para uma data ainda não especificada em setembro.

Mumia acredita que agora sofre de “diabetes retiniana”, uma condição que surgiu como consequência do coma diabético que sofreu em 2015 após receber esteroides inadequados para uma doença de pele. Nas suas palavras, Mumia afirma que o Departamento de Correções (DOC) está a “levá-lo lentamente à cegueira” em 2025 – mais um caso flagrante de negligência médica, danos médicos e incapacidade da prisão em atender às necessidades médicas de Mumia.

Os registros judiciais já documentam esse padrão: (a) negligência no monitoramento dos relatórios laboratoriais, o que levou ao coma diabético, e (b) negação e atraso deliberados em seu tratamento contra a hepatite C, que lhe causou cirrose.

Exigências

  • Libertar Mumia agora, sem condições, e colocá-lo sob os cuidados de seus próprios médicos, familiares e amigos. O DOC demonstrou, mais uma vez, que não é capaz de monitorar nem fornecer os cuidados corretivos urgentes de que ele necessita.
  • Agendar imediatamente a cirurgia ocular e o tratamento médico necessário para Mumia, sob a supervisão de seu oftalmologista independente, e que seja realizado pelo profissional externo mais próximo aprovado por esse oftalmologista.
  • Fornecer ao Dr. Ricardo Álvarez, médico designado por Mumia, todos os relatórios médicos da prisão e de qualquer outro médico externo que o tenha examinado em 2025.

freemumia.com

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Canção sem letra:
assobios nos becos
desafia hinos de Estado.

Liberto Herrera

[Espanha] Cem anos sem Ricardo Mella, combustível do anarquismo asturiano

Por F. Romero

Celebra-se nestes dias em Vigo e em sua terra galega o centenário da morte de Ricardo Mella, um dos maiores pensadores libertários espanhóis que influenciou notavelmente o devenir do movimento anarquista e anarcossindicalista asturiano, já que, embora galego, viveu um longo período (quase uma década) em Astúrias por razões laborais.

São muitos os que consideram que Mella formou ideologicamente Eleuterio Quintanilla, Pedro Sierra (seu primeiro biógrafo), Marcelino Suárez e José M. Martínez, os mais destacados militantes ácratas dos anos trinta em Astúrias. As ideias de Mella se enraizaram com força nestas terras, onde esteve vários anos contribuindo com suas palestras e reuniões e desde o jornalismo operário para afastar definitivamente muitos trabalhadores do republicanismo e levá-los ao anarquismo.

Em 11 de junho de 1881 havia aparecido em Madrid La Revista Social, promovida pelo pensador e escritor Serrano Oteiza. Era uma publicação aberta na qual colaboraram N. Palacio (Hope), A. Orcal, S. Espí, Vanoncí, José García e outros. Da revista era assíduo leitor Ricardo Mella e, segundo contou ele mesmo, converteu-se ao anarquismo pelo que leu em suas páginas. Sua tiragem chegou a 20.000 exemplares até deixar de existir em outubro de 1885.

Mella chega a Astúrias

Mella chegou a Astúrias entre 1901 e 1902 como topógrafo de uma rede ferroviária secundária da região, estabelecendo relações com os grupos anarquistas asturianos. Um dos primeiros a conhecê-lo foi Eleuterio Quintanilla, que devia ter uns 16 anos. O encontro acontece na primavera de 1903 por motivo de uma conferência no Instituto Jovellanos intitulada As grandes obras da civilização. Junto com Pedro Sierra, Mella pôs em marcha por volta de 1908 o jornal Acción Libertaria, que seria posteriormente o principal cabeçalho anarcossindicalista asturiano.

Nascido em 1861 em Gamboa (Vigo), onde termina seus estudos primários, começa a trabalhar muito jovem, aos 14 anos, em uma agência marítima. Desde este momento e durante toda sua vida será um estudioso e chegará a aprender vários idiomas. Em 1887 adere ao Partido Republicano de Pi i Margall e em 1888 põe em marcha seu primeiro jornal La Verdad e depois La Propaganda. Influenciado por La Revista Blanca que se publica em Madrid. Logo vai se identificar com seu ideário anarquista e passa a defender o coletivismo.

Em 1883 forma-se como topógrafo, profissão que não o abandonará em sua vida laboral e que culmina como diretor gerente da Companhia de Bondes de Vigo. Suas influências teóricas provinham de Proudhon, através de Pi i Margall. Imediatamente colabora em numerosas publicações ácratas e seus escritos foram solicitados por outras publicações tanto espanholas como estrangeiras. No período de 1890 a 1900, como disse dele Jose Prat “estava animado de uma força de paixão revolucionária que necessitava manifestar do modo para ele mais factível: no jornal e na revista, no folheto e no livro”. Um de seus principais trabalhos foi A coação moral de 1901, cuja primeira edição se esgotou e que publica justamente quando se instala em Astúrias, onde permaneceu 9 anos, de 1901 a 1910, uma década decisiva para a formação da consciência anarquista nos grupos de Gijón, La Felguera e Oviedo. Em Astúrias nasceram três de suas filhas: Alba, Luz e Alicia.

Sua primeira residência asturiana foi no concelho de Sariego, entre Siero e Villaviciosa. Ali participou como topógrafo nas obras de construção da ferrovia. Em 1902 publica em La Revista Blanca “A bancarrota das crenças” onde combate o sectarismo de alguns grupos anarquistas, suscitando uma ácida polêmica. Um ano depois se traslada com sua família a Sotrondio, no coração das bacias mineiras. A partir desta data se recolhe em um prudente silêncio e deixa de escrever artigos na imprensa libertária para evitar polêmicas, embora envie alguma colaboração a publicações italianas e argentinas e também a El País de Madrid contra a repressão pelos acontecimentos da Semana Trágica de Barcelona. Sua passagem por Astúrias conclui com suas colaborações (sem assinar) em Tribuna Libre de Gijón e Solidaridad Obrera. Quando vai embora em 1910 para Vigo, deixa como “herança” a criação de um jornal: Acción Libertaria, primeiro em Gijón e posteriormente em Vigo e onde, além de sua pena, participam José Prat e o próprio Anselmo Lorenzo.

O jornalista Antonio García Oliveros relata também o peso que Mella teve entre os núcleos anarquistas asturianos:

“Em 1908 Oviedo aparecia ganha pela preponderância socialista e Gijón pela do anarcossindicalismo. À frente desta doutrina, Astúrias conheceu Ricardo Mella, galego, homem de grande lucidez, como de bondade de coração. Mella, falecido em Vigo, fez discípulos em Gijón como Anselmo Lorenzo em Barcelona, que deram à ideologia anarcossindicalista um impulso notável. Entre os homens da nova geração preparada por Mella, destacou brilhantemente Eleuterio Quintanilla”.

Álvarez Palomo, por sua vez, considera que a presença em Gijón naqueles anos de Ricardo Mella foi decisiva porque deu legitimidade doutrinal «a uma minoria culta e instruída dentro do anarquismo local, para se pôr à frente de uma organização que se encontrava em plena transformação, desbancando em La Felguera os socialistas com a criação de uma pequena Federação local de sociedades do metal entre os operários da Duro-Felguera, com a qual mantiveram relações fraternais no futuro”.

Pode-se dizer que Mella foi o combustível ideológico do anarquismo asturiano. Suas ideias foram difundidas por seus discípulos nas oficinas e fábricas de Astúrias, enraizando-se com força em Gijón e La Felguera.

Fonte: https://cntasturias.org/cien-anos-sin-ricardo-mella-combustible-del-anarquismo-asturiano/  

Tradução > Liberto

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minha sombra
com pernas mais longas
não me afasta

André Duhaime

A arte e o vegetarianismo não são apenas escolhas — são ferramentas de revolta.

No marco comemorativo/combativo dos 03 anos da FACA, perguntamos: E se a liberdade começar no prato? E se a transformação social brotar das cores, dos traços e das vozes que ecoam nas ruas?

No dia 28 de agosto, às 20 horas, na Praça do Obanga, no Centro de Vitória, vamos ocupar o espaço público para dialogar, criar e resistir. Vamos discutir como o vegetarianismo e a arte se entrelaçam na luta por um mundo sem opressão — sem donos, sem amos, sem amarras.

Este não é um evento só sobre o que comemos ou sobre o que pintamos. É sobre como essas escolhas cotidianas desafiam estruturas de poder, crueldade e exploração. É sobre emancipação pela consciência e pela ação direta.

Traga sua voz, sua arte, suas ideias e sua fome de mudança. Vamos juntes semear reflexão, compartilhar sabores rebeldes e fortalecer laços de luta e solidariedade.

Data: 28 de agosto (quarta-feira)
Horário: 20h
Local: Praça do Obanga, Centro – Vitória
Informações: (27) 99261-2210

Não espere liberdade — construa-a com as próprias mãos.
Venha fazer parte dessa roda de conversa, intervenção e resistência!

Federação Anarquista Capixaba – FACA
federacaocapixaba.noblogs.org

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https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/08/22/3-anos-de-faca-organizacao-luta-e-transformacao/

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lerdamente,
a água empurra a água
e o rio flui.

Alaor Chaves

[São Bernardo do Campo-SP] Conversatório: Feminismo e Anarquismo

Com a presença da companheira Samanta Colhado, autora do livro “Companheiras: mulheres anarquistas em São Paulo (1889-1930)” e Mix conversando um pouco sobre as contribuições das mulheres anarquistas para o feminismo, trazendo um paralelo entre Brasil e Espanha (a partir do Grupo Mujeres Libres).

Dia: 30/08 às 15h.
Marque na agenda e vem!!!!  Café colaborativo!
Sorteio de livro

No Projeto Meninos e Meninas de Rua
Rua Jurubatuba, 1610 – São Bernardo do Campo-SP

E, aproveitamos para convidar a todos e todas para a Feira de Livros Anarquista no PMMR em 28/09!

Logo menos disparamos a programação!

https://www.instagram.com/bibliotecaterralivre/
https://www.instagram.com/centro_de_cultura_social/
https://www.instagram.com/pmmrua/

agência de notícias anarquistas-ana

No solar ruído
há ainda verdes cortinas
e um senhor, o sapo.

Alexei Bueno

[Espanha] Gentrificação | Capitalismo cool, turismo e controle do espaço urbano, de Jorge Sequera

É a gentrificação a única solução viável para os bairros abandonados? Alguns setores envolvidos repetem este argumento como um mantra

Que a gentrificação constitui a única solução viável para os bairros abandonados é um argumento que desde alguns setores envolvidos se repete como um mantra, legitimando assim um dos principais mecanismos contemporâneos de gestão urbana neoliberal, mascarada sob conceitos ambíguos como regeneração, revitalização ou renascimento. A indústria cultural e a criatividade, na mão de políticas de controle sobre o espaço público, são a perfeita isca para o turismo, a atração de investimentos e o negócio de lucrativos mercados imobiliários. As novas classes medias, atraídas por fenômenos como a mescla social, a cena alternativa ou o imaginário da cultura popular, escolhem estes bairros previamente desvalorizados convertendo rapidamente a deterioração urbana em um produto chic. Sua cara oculta é a expulsão, a segregação e o deslocamento daqueles que já não se consideram rentáveis. Nos últimos anos, a turistificação, alimentada pelo crescimento do capitalismo de plataforma que converte moradias em hotéis, é um dos maiores desafios atuais na hora de repensar a cidade. Complemento ou antítese da gentrificação, este “turismo depredador” faz com que a cidade se converta em um grande museu, onde a paisagem comercial tradicional de algumas zonas urbanas tende a “disneyficarse e franquiciarse”, provocando profundas mudanças sócio culturais, desigualdade urbana e novas precariedades.

>> Para baixar o livro, clique aqui:

https://www.researchgate.net/publication/342510001_Gentrificacion_Capitalismo_’cool’_turismo_y_control_del_espacio_urbano

Tradução > Sol de Abril

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dobrada mil vezes,
a acracia – entre folhas secas,
voa sem partir

Pedalante

[Itália] La Libertaria – Torrefação Autogestionada

Nosso projeto nasceu em Lecco, no verão de 2020, do encontro de sete pessoas unidas por uma sensibilidade libertária e pelo desejo de construir uma realidade de trabalho autogestionada, fundamentada em dinâmicas relacionais e decisórias horizontais e igualitárias, pautadas pela ajuda mútua e pela atenção às necessidades individuais.

Trabalhamos com café produzido por pequenas comunidades agrícolas organizadas em associações ou cooperativas, importado para a Itália e Europa por projetos de solidariedade, segundo critérios orientados para a proteção dos produtores e do meio ambiente.

Aos(às) agricultores(es) são garantidos um preço superior ao de mercado e relações comerciais estáveis e duradouras, frequentemente centradas na prática do pré-financiamento do café verde, que assegura um adiantamento sobre a receita do produto exportado antes da colheita.

// Contra a mercantilização do ser humano e a exploração intensiva dos recursos naturais, experimentamos a autogestão, o mutualismo e a solidariedade! \\

O que torna esta Torrefação especial?

O trabalho de importação, processamento e distribuição de café baseia-se em quatro pontos consensuais, princípios fundamentais que diferenciam nossa ação — inclusive econômica — das tendências dominantes em nossa sociedade:

Organização horizontal e compartilhada do trabalho

Propomos construir relações pessoais e profissionais igualitárias, pautadas pela ajuda mútua e pela atenção às necessidades individuais. Para isso, conduzimos o projeto através de uma frequente prática assemblear baseada no método de consenso, entendido como processo de debate contínuo e constante, voltado para o compartilhamento coletivo das escolhas que realizamos.

As funções desempenhadas por cada um(a) de nós são definidas coletivamente, priorizando as vontades e capacidades individuais. Buscamos garantir especialmente a equidade, entendida como reconhecimento de oportunidades iguais — não como anulação das diferenças individuais.

Propriedade coletiva dos meios de produção

Optamos por nos organizar como cooperativa de produção e trabalho, uma forma que institui (ainda que parcialmente) uma propriedade coletiva independente da participação individual, capaz de garantir reconhecimento equitativo do papel de todas as pessoas envolvidas no projeto. Para evitar dinâmicas hierárquicas e autoritárias, estabelecemos que todos(as) os(as) trabalhadores(as) assumam responsabilidades iguais na gestão da cooperativa, tornando-se sócios(as) da mesma.

Processamento de matérias-primas produzidas em condições de trabalho dignas e com respeito ao meio ambiente

Temos plena consciência da distância que nos separa de quem cultiva o café que bebemos, e da dificuldade em garantir condições de trabalho e sociais dignas para todos(as) envolvidos(as) nesta cadeia. Por isso, buscamos desenvolver relações o mais diretas possível com os produtores de café que utilizamos, priorizando cooperativas de pequenos produtores que compartilham nosso compromisso de defender suas comunidades dos efeitos desastrosos de um sistema econômico cada vez mais injusto.

Diálogo e colaboração com iniciativas que praticam e promovem autogestão, solidariedade e mutualismo

Embora nosso projeto seja laboral, sua essência é ideal e valorativa. A autogestão, a solidariedade e o mutualismo constituem a estrutura deste projeto — são os parâmetros pelos quais avaliamos constantemente seu desenvolvimento, seus êxitos e limites. Justamente pela importância que atribuímos a esses valores, acreditamos ser fundamental dialogar e colaborar com indivíduos e coletivos que os compartilham, ampliando assim sua difusão teórica e prática.

lalibertaria.org

Tradução > Liberto

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https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/03/14/italia-um-cafe-bom-e-justo-sim-obrigado/

agência de notícias anarquistas-ana

Cultivado o medo
no inverno
aves não cantam

Pedalante

[Grécia] Vídeo | ODE: O núcleo de organização autônoma de combate a incêndio florestal precisa da sua ajuda 

Todos nós já presenciamos a devastação dos incêndios florestais. O desaparecimento gradual da fauna e da flora não é uma ferida que logo será sarada, mas o resultado de um efeito dominó que afeta hábitats e ecossistemas inteiros por décadas e muito do dano causado é irreparável.

Nós nos recusamos a ser indiferentes com a destruição das florestas. 

Nosso time (ΟΔΕ) é uma unidade de organização autônoma de combate aos incêndios florestais em Atenas, operando a dois anos a fim de combater os incêndios florestais e suas consequências de maneira segura, consistente e responsável. 

Nós precisamos da sua contribuição para cobrir as necessidades básicas da nossa equipe, como equipamentos descartáveis (mascaras respiratórias, cordas, etc.), renovar nossos equipamentos antigos (ferramentas, capacetes, etc.), manutenção de equipamentos, e pequenas despesas resultadas do combate ao fogo. Até então conseguimos manter nossos custos com a contribuição dos nossos membros e com toda ajuda de todos que se solidarizam com a conservação da natureza. 

A solidariedade é a nossa arma! 

>> Vídeohttps://www.youtube.com/watch?v=0KUhsoSX5gc

Tradução > Orlando/acervo trans-anarquista.

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Uma voz mais forte
Sai do ruído do dia.
Vida de cigarra.

Bernard Waldman

3 Anos de FACA: Organização, Luta e Transformação!

Há quase três anos, plantamos uma semente de resistência no solo capixaba. No dia 11 de setembro de 2025, a FACA – Federação Anarquista Capixaba completa 3 anos de organização, luta e construção popular no Espírito Santo.

Três anos de coragem, três anos de rebeldia, três anos tecendo redes anticapitalistas, antipatriarcais e antirracistas em meio ao domínio do Estado e do capital.

Para marcar essa trajetória de confronto e construção, organizaremos uma série de atividades por todo o território capixaba — de norte a sul, das periferias aos centros — com rodas de conversa, cineclubes, formação política, articulação e ação direta nas ruas.

E abriremos nosso calendário de lutas com:

“A ARTE E O VEGETARIANISMO COMO FERRAMENTAS DE EMANCIPAÇÃO ANARQUISTA”

28 de agosto | 20h | Praça do Obanga, Centro – Vitória

Essa é só a primeira de muitas ações que virão. Nosso objetivo é claro: fortalecer a organização popular, difundir a ideia anarquista e construir um mundo novo e horizontal desde baixo.

Fiquem atentos às redes e aos chamados! A luta não para — e não pede licença.

Início das atividades: 28 de agosto

Ciclo de lutas: Durante todo o mês de setembro e além!

Acompanhe e participe!

Pé no chão, punho cerrado!

Federação Anarquista Capixaba – FACA

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agência de notícias anarquistas-ana

Voando por aí
Pequena joaninha
Procura um lar.

Enzo Zanolli de Oliveira Puga

[Argentina] Mapuches em resistência contra o fraturamento hidráulico na Patagônia

Por Javier Bedía Prado | 18/08/2025

As comunidades mapuches da província argentina de Neuquén estão em alerta para defender os lagos Mari Menuco e Los Barreales, localizados em uma área entregue ao megaprojeto Vaca Muerta, iniciativa para a exploração de hidrocarbonetos não convencionais (extraídos pela técnica de fracking) na formação geológica Vaca Muerta, zona de importantes fontes de água da Patagônia norte argentina.

Nesta quarta-feira, 13 de agosto, a petrolifera estatal argentina YPF anunciou a decisão de iniciar o desenvolvimento de uma locação de fracking no istmo que une os reservatórios Los Barreales e Mari Menuco, após meses de tensões no território ancestral.

Em Loma La Lata, líderes da comunidade Kaxipayiñ reiteraram aos funcionários da YPF que não permitirão que trabalhem até que o governo provincial cumpra o compromisso de realizar uma consulta prévia à população. Tem-se que a empresa entre na área por meio de repressão letal contra os guardiões dos lagos.

“A YPF vai criando condições para conseguir o aval da justiça e entrar à força no território comunitário. Responsabilizamos o presidente da YPF, Horacio Marin, pelas consequências”, afirmou a Confederação Mapuche de Neuquén.

A exploração de hidrocarbonetos no território onde se encontram os reservatórios que armazenam água do rio Neuquén faz parte da expansão de Vaca Muerta em Neuquén, autorizada pelo governador Rolando Figueroa. O crescimento do projeto também compreende a construção de 800 quilômetros de oleodutos e instalações em reservas marítimas em outras províncias do país.

“Este é um nível de aproximação inédito, querem perfurar a lagoa. Excluíram a consulta prévia, não há estudos de impacto ambiental. Em Vaca Muerta não há qualquer regulação, políticas de conservação. No Rio Negro havia uma norma para que não se explorem hidrocarbonetos, anularam-na”, declarou à Avispa Mídia Leonora Jáuregui, integrante do Observatório Petrolero Sul.

Personalidade jurídica indígena

Há algumas semanas, uma manifestação na Governação de Neuquén pelo reconhecimento das personalidades jurídicas indígenas foi reprimida com uma violenta operação policial que deteve 18 pessoas, entre elas um menor de idade.

Por decreto da justiça, em 2023, foi estabelecido um prazo de noventa dias para criar o Registro de Comunidades Indígenas de Neuquén. O governo provincial procrastina este processo porque implicaria a aceitação formal de territórios ancestrais que são cobiçados por Vaca Muerta.

A este respeito, o Observatório de Direitos Humanos dos Povos Indígenas (ODHPI) da Argentina recorda que a província de Neuquén foi sentenciada pela Corte Suprema da Nação, em 2013, por violar direitos relativos à personalidade jurídica.

“Reafirmamos nossos direitos dentro da área. A YPF também reconhece a posse e o direito comunitário em diferentes acordos onde inclusive coordenou tarefas com a comunidade”, salienta a organização mapuche, respaldada por atas fiscais que reconhecem a existência da comunidade Kaxipayiñ.

Sob o solo de Kaxipayiñ expandiram-se combustíveis devido a operações da YPF. No dia 5 de agosto, a Unidade Fiscal de Crimes Ambientais comprovou a falta de fornecimento de água potável à comunidade, motivo de uma denúncia penal contra a petrolífera e o governo provincial de Neuquén.

12 anos de Vaca Muerta

Aos 12 anos da inauguração de Vaca Muerta, o megaprojeto situado em uma área agrícola causou mais de 500 terremotos – interrompidos quando a produção foi parada. O acaparamento de água e o colapso do transporte na província afetam uma população que nem sequer conta com o gás que extraem de seu território.

“Entregam-se os territórios com marco legal para o saque e destruição. Vaca Muerta cresce, expande-se, vai se entrelaçando com outras políticas, com o pacote de leis, a lei de bases, os incentivos a grandes investimentos. Os riscos de contaminação aumentam, a gestão da YPF hoje é mais violenta, o governo provincial não põe limites. No último ano é notável que há mais extração e sua capacidade está limitada ao transporte”, acrescenta a especialista do Observatório Petrolero Sul.

É insustentável, segundo ela, a narrativa de que Vaca Muerta garantirá a soberania energética, quando a população argentina enfrenta altas de combustível, e a entrada de dólares frente ao endividamento externo, ao que recorreu a administração de Milei.

“Há uma continuidade do modelo de hidrocarbonetos, mas a inédita desregulamentação legal mudou as condições internas. Até o ano passado havia uma proteção para o acesso interno do combustível frente a preços internacionais; hoje, sob um marco de ajuste e empobrecimento, seu valor aumenta”, indica a investigadora.

Enquanto a extração de petróleo em Vaca Muerta mediante o fracking se expande e ameaça mais fontes de água, consolida-se sua orientação para a exportação.

Em julho anunciou-se a construção de um novo oleoduto de 207 quilômetros que conectará Puesto Hernández (Neuquén) com a estação de bombeamento em Allen (Rio Negro). Pluspetrol, Chevron, Tecpetrol e Gas y Petróleo del Neuquén serão os investidores. Esta rede se somará ao projeto do duto Vaca Muerta sul, que percorrerá 600 quilômetros até a costa do Rio Negro, onde se planeja instalar um porto de exportação perto do golfo San Matías, de grande biodiversidade marinha.

Fonte: https://avispa.org/argentina-mapuches-en-resistencia-contra-fracking-en-la-patagonia/  

Tradução > Liberto

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https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2023/06/09/argentina-petroleiras-no-mar-ha-toda-uma-campanha-publicitaria-a-favor-da-industria-petroleira-ocultando-a-informacao-sobre-os-impactos-negativos-que-gera/

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Imenso jardim,
e sobre flores diversas
enxame de abelhas…

Analice Feitoza de Lima

[Itália] Leoncavallo, centro social histórico de Milão, é despejado após 31 anos.

Nesta quinta-feira (21/08) a polícia de Milão despejou o centro social ocupado Leoncavallo, um símbolo da cultura alternativa e do protesto. Centenas de policiais, incluindo forças especiais, participaram do despejo e ruas inteiras foram bloqueadas nas redondezas do imóvel.

O centro social “Leoncavallo” — um espaço para música, arte, cultura, organização política e debate — surgiu em 1975, em uma área abandonada na rua Ruggero Leoncavallo e ocupada por movimentos revolucionários. Em 1994, o grupo se transferiu para uma antiga fábrica de papel desativada pertencente à família Cabassi, onde estava desde então.

“Estou triste”, disse o poeta local Olmo Losca em uma postagem no Facebook, descrevendo o centro como “um lugar que oferecia a muitas pessoas diferentes momentos de convívio, sempre aberto a migrantes e pessoas vulneráveis, desempregados, famílias destruídas pela pobreza”.

Fontes próximas ao centro atribuem o despejo ao antagonismo político por parte do governo de extrema direita da Itália — particularmente do ministro do Interior, Matteo Piantedosi, um político aliado da Liga Norte, e do presidente neofascista do Senado, Ignacio La Russa, residente em Milão. A primeira-ministra Georgia Meloni falou favoravelmente do despejo na mídia nacional.

No início deste ano, um tribunal italiano decidiu que o centro social ou o ministério deveriam pagar uma indenização de 3 milhões de euros aos proprietários do imóvel onde o centro estava localizado. No entanto, os ativistas receberam garantias de que nenhuma ação seria tomada até 9 de setembro. Acredita-se que o horário da madrugada, em pleno verão, tenha sido escolhido para o despejo devido à expectativa de pouca resistência.

A surpresa do despejo teria pegado de surpresa tanto o município quanto os ativistas, com o prefeito de Milão oferecendo um local alternativo para o centro — embora, segundo os ativistas, se trate de um terreno tóxico.

Apoiadores do centro social expressaram sua decepção e preocupação com a perda de um espaço de encontro e expressão cultural. “Isto é um ataque à liberdade de expressão”, declarou um porta-voz de Leoncavallo, enquanto alguns ativistas se reuniram perto do centro para protestar contra o despejo.

“Os verdadeiros problemas do país estão em outro lugar, mas eles preferem atacar espaços simbólicos e alimentar a ideia de uma mentalidade única”, disse o ativista Alex C. “Porque não se trata apenas do fechamento de um lugar: é a perda de oportunidades, de escolhas, da consciência de que algo ‘diferente’ pode existir além do que a TV e o sistema impõem”.

“Sentimos dor e raiva”, disse Marina Boer, porta-voz da associação de mães do Leoncavallo. “Esse sentimento confirma o quanto nossas ideias são boas. O Leoncavallo não pode acabar assim. Encontraremos um caminho a seguir, porque a cidade precisa de espaços culturais. Ela não pode ser apenas um deserto de arranha-céus”.

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No olho do furacão,
um pássaro canta
sem dono do vento.

Liberto Herrera

[França] Grupo Kropotkin, trabalhamos pela emancipação social

Quem somos?

Como membros do Grupo Kropotkin, somos ativistas anarquistas que trabalham pela emancipação social. Estamos preparando hoje as bases e práticas que regerão as relações na sociedade de amanhã.

Somos por uma revolução radical e global, tanto econômica quanto social, para destruir a sociedade capitalista baseada na propriedade privada ou estatal dos meios de produção e consumo.

Somos pela supressão de todas as formas de exploração, hierarquia, autoridade, como racismo, religião e patriarcado.

Ajuda mútua em vez de caridade, solidariedade em vez de exclusão, autogestão para acabar com a exploração e o trabalho assalariado, federalismo livre contra o totalitarismo dos Estados.

Os Kropot-e-s querem construir uma sociedade livre sem classe ou Estado, sem pátrias ou fronteiras, sem dominação!

O Grupo Kropotkin é federado com a Federação Anarquista (FA), que por sua vez é federada com a Internacional de Federações Anarquistas (IFA).

O Grupo Kropotkin administra dois lugares: l’Étoile Noire, na 5 rue Saint-Jean em Laon, e Le Loup Noir na 8 rue de Fouquerolles em Merlieux.

kropotkine02.org

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Já nasceram frutos.
Não descansa, mesmo assim,
a chuva de outono!

Maria Helena Sato

[Itália] Placa em Covelli

Em 7 de agosto de 1949, foi inaugurada em Trani (Apúlia, Itália) uma placa em memória do propagandista anarquista e internacionalista Emilio Covelli, nascido nesta localidade. A placa, situada na esquina do Palazzo Covelli, entre a Via Ognissanti e a Via Zanardelli, traz a inscrição: “Non mi vendo ni a gobierne ni ay partite. Lo bramato miserie persecuzioni calunnie. Lo rifiutato tutto. Resto có che sueño. Cos hablano gli anarchici.” (Não me vendo nem a governos nem a partidos. Desejei misérias, perseguições, calúnias. Recusei tudo. Permaneço com o sonho. Assim falam os anarquistas).

Esta placa de mármore apresenta um busto de Covelli; no lado esquerdo há uma tocha, símbolo da anarquia, e no outro lado há um livro, símbolo do conhecimento, fundamento da liberdade e da emancipação. O busto foi gravemente danificado em várias ocasiões durante manobras de alguns veículos pesados, mas após o último acidente grave foi restaurado pelo professor Domenico di Paolo.

ALEN

Fonte: https://pacosalud.blogspot.com/2025/08/placa-en-covelli.html

Tradução > Liberto

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gota de chuva
escorre na parreira
pára na uva

Carlos Seabra

[Espanha] Nova edição: “O Islã como Anarquismo Místico”, de Abdennur Prado

Existe uma convergência paradoxal de interesses entre os inimigos do Islã e aqueles que desejam ser a autoridade no Islã ao padronizar o fato muçulmano, reduzindo-o a uma única leitura, a uma única doutrina, fazendo com que, em última instância, a voz e as práticas da umma (comunidade de crentes) dependam de uma hierarquia estatal ou religiosa. Mas, como indica Abdennur Prado, “o mundo islâmico se caracteriza desde seus primórdios pela proliferação de correntes e modos de entender e viver o Islã, tanto no individual quanto no coletivo”.

O Islã como Anarquismo Místico não é tanto uma interpretação sui generis do anarquismo, mas uma leitura radical e revolucionária do Islã, que não carece de precedentes e está baseada em um profundo conhecimento dos textos. Sem esconder as diferenças entre a religião islâmica e o ateísmo radical do anarquismo, Prado nos mostra que, em aspectos como o antiestatismo, a justiça social ou o apoio mútuo, os textos do profeta Maomé ou de certos intelectuais islâmicos coincidem com a lógica libertária. Nesses termos, quando o autor fala de misticismo ou de “anarquismo místico”, está se referindo a uma espiritualidade livre, sem clérigos nem dogmas, que “antepõe a experiência à crença”, que, longe de se abstrair da realidade, está enraizada na terra e na vida, e que rejeita qualquer mediação ou codificação por parte da religião institucionalizada.

A partir de posições como as de Avempace, o turco Sheikh Bedreddin ou Ibn Khaldun, que “antepôs o ideal ético da ajuda mútua e da cooperação entre os membros de uma comunidade à obediência ao Estado”, este livro relaciona algumas das fontes clássicas do Islã com a lógica antiautoritária e comunista ou coletivista da tradição libertária. Um texto rigoroso que convida à reflexão.

O Islã como Anarquismo Místico

Abdennur Prado

Editora: Virus Editorial

ISBN: 9788417870478

Páginas: 160

Dimensões: 12×17 cm

Ano: 2025

Edição: 2ª

Preço: 12,00 €

viruseditorial.net

Tradução > Liberto

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No parapeito
da velha janela
a gata espreita

Eugénia Tabosa