[Espanha] Pelas 6 de La Suiza em Xixón: Pare a Repressão Antissindical!

MANIFESTAÇÃO PELA LIBERDADE DAS 6 DE LA SUIZA
XIXÓN 29 JUNHO 12.30 H

Desde Valladolid, reserve teu lugar em valladolid@cnt.es

Em 2017, a denúncia de um empresário, a cumplicidade da brigada de informação da polícia, a imprensa, promotores e juízes, abriram um tortuoso processo contra uma trabalhadora dessa panificadora e quarenta companheiras da CNT que a apoiaram.

Em junho de 2024 o Tribunal Supremo converteu em jurisprudência a repressão da ação sindical, confirmando duas injustas sentenças de três anos e meio para 6 companheiras. E o fez equiparando a negociação e as concentrações pacíficas com os delitos de coações e obstrução de justiça.

A confluência de interesses entre o mais retrógado da casta empresarial e judicial provoca que qualquer pessoa e qualquer sindicato que aspirem a defender seus direitos laborais, possam ser processados e condenados por isso.

O nível de repressão é tal que o próprio juiz, Lino Rubio Mayo, acaba de negar às seis condenadas a suspensão da pena de ingresso na prisão, apesar de que inclusive a Promotoria o solicitava.

Se no dia de hoje as 6 de La Suiza ainda não estão reclusas no cárcere, o estarão em breve. Só por serem solidárias com uma trabalhadora explorada, que chegou a ver como as condições laborais puseram em risco sua gravidez. Só por exercer o direito à negociação e à denúncia pública, ferramentas irrenunciáveis do sindicalismo em liberdade que defendemos.

Esgotadas as vias para não entrar na prisão, fazemos um chamado para que através da mobilização, da luta e da pressão na rua impeçam esta injustiça.

Também demandamos ao governo a tramitação urgente de um indulto que ponha fim ao absurdo.

6 DE LA SUIZA LIBERDADE!
FAZER SINDICALISMO NÃO É DELITO

cntvalladolid.es

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Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

as peninhas
tão leves, flutuam
no ar

Akemi Yamamoto Amorim

[Vila Velha-ES] Pela rua livre! O som que esfola os ouvidos da ordem!

Irmãs e Irmãos de luta! A velha máquina do capital rangente e a podridão do Estado não terão trégua nas ruas de Vila Velha! O OLDSKULL BAR se transforma em trincheira sonora no sábado, 28/06/2025, ecoando o grito de revolta das ruas com puro PUNK ROCK, HARDCORE e as facadas sonoras cortando o ar!

Das ruínas do conformismo nos ergueremos como um soco no estômago do sistema: cada acorde é um tijolo arrancado dos muros da opressão, cada letra um manifesto incendiário contra a domesticação! Não é show, é ação direta em forma de ruído!

Compareça na AV. CARLOS LINDENBERG, 5.126, PLANALTO, VILA VELHA/ES. Este não é um endereço, é um território livre marcado para o encontro das feras insubmissas! Contra a pacificação burguesa, erguemos a barricada do som cru! Contra o silêncio imposto, o rugido coletivo! ROMPA as correntes do tédio, INCENDE os ouvidos com a fúria libertária! Apareçam, ocupem, façam ecoar a nossa recusa em ser governados!

SEM DEUS, SEM PATRÃO!

AÇÃO DIRETA EM ONDAS SONORAS!

Federação Anarquista Capixaba – FACA

federacaocapixaba.noblogs.org

agência de notícias anarquistas-ana

Coruja voa
Espreitando o rato
Que passeia só.

Ze de Bonifácio

[Itália] E eles chamam isso de segurança. Guerra Irã-Israel

E assim, mais um passo rumo à guerra mundial foi dado.
 
A agressão decidida pelo governo de Israel contra o Irã começou na noite entre os dias 12 e 13 de junho. A justificativa: impedir que o Irã tenha a bomba atômica. Chamaram a operação de “Leão que Surge – Rising Lion”, uma referência clara ao símbolo da monarquia Pahlavi que governou o Irã até 1979. No domingo, 15 de junho, estava prevista uma nova reunião entre delegados do governo iraniano e do governo dos EUA para tentar chegar a um acordo sobre o programa nuclear do Irã; o que aconteceu foi um ataque às negociações, contra as quais o primeiro-ministro israelense sempre se posicionou.
 
Esse ataque não teria sido possível sem o apoio das forças armadas dos EUA: Israel se confirma como o executor ao qual a administração americana arma a mão.
 
O Irã respondeu prontamente. Às centenas de civis mortos no Irã somam-se agora outras mortes civis em Israel. Esta guerra foi feita em nome da segurança: assim como, segundo a versão anglo-americana e de seus aliados, o Irã quer obter a bomba atômica por segurança, Israel quer impedir o Irã de tê-la — por segurança. Mas a segurança dos governos é a morte das populações. Não existe escudo seguro, assim como não existem bombas inteligentes nem guerras humanitárias.
 
Apesar de falar em paz, a administração Trump prepara e faz a guerra: prepara guerra contra a China, ataca o Irã por meio de Israel.
 
Enquanto fechamos esta edição, chegam testemunhos de bombardeios por parte de companheirxs anarquistas que vivem no Irã. Testemunhos que desmascaram tanto a propaganda de Tel Aviv quanto a de Teerã. Ao contrário da versão oficial israelense, parece que centenas de civis foram mortos nos bombardeios “cirúrgicos” contra o Irã e que, apesar da retórica da república islâmica, não existem protocolos adequados nem materiais suficientes nas cidades iranianas para ajudar a população civil. Esses também são efeitos das sanções ocidentais que há anos afetam principalmente os civis.
 
No risco de a guerra se tornar normalidade, xs companheirxs lembram que a sociedade iraniana é atravessada por profundas divisões. A maioria odeia o regime, mas não quer a guerra; sofre com a situação e amaldiçoa o governo. Há apoiadores do regime que pedem uma resposta dura contra Israel. Há saudosistas da monarquia autoritária do xá que apoiam Israel e desejam uma guerra total para tomar o poder. E há uma minoria revolucionária, contra a república islâmica, contra Israel e contra todos os Estados, que rejeita a lógica simplista da guerra e já atua no nível da ajuda mútua.
 
Também na Europa, xs companheirxs exiladxs do Irã tomaram posições claras contra a guerra. Condenaram de forma inequívoca a agressão israelense, considerando esse ataque um grave obstáculo aos movimentos dentro do Irã. Um obstáculo para o movimento feminista de libertação do patriarcado, para o movimento operário e da classe trabalhadora, e para o movimento contra a tirania. Porque a guerra reduz as possibilidades de ação das massas organizadas — que são as primeiras vítimas dos bombardeios —, e fortalece a repressão autoritária do regime, assim como a coesão em torno do governo de Teerã, tanto entre seus apoiadores internos quanto entre os aliados no exterior. As esperanças de liberdade são apagadas pela guerra e pelas bombas israelenses — ao contrário do que repetem nos meios de comunicação oficiais, não só os propagandistas de Tel Aviv, mas também os iranianos de sofá que apoiam a dinastia assassina dos xás Pahlavi.
 
Podemos fazer algo para parar essa guerra?
 
De 24 a 26 de junho será realizado em Haia, nos Países Baixos, o encontro anual da OTAN, com o objetivo de organizar ainda melhor essa política de agressão.
 
A Internacional das Federações Anarquistas lançou uma campanha, sobre a qual já informamos anteriormente. Convidamos antimilitaristas, pacifistas e internacionalistas a se mobilizarem para este primeiro chamado.
 
Na imagem: obra de Militanza Gráfica, reelaboração.
 
Fonte: https://umanitanova.org/e-la-chiamano-sicurezza-guerra-iran-israele  
 
Tradução > Liberto
 
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agência de notícias anarquistas-ana
 
na verde colina
bem mais que o fruto me apraz
a flor pequenina
 
Antônio Gonçalves Hudson 

[Canadá] Festival Internacional de Teatro Anarquista de Montreal | Uma história não oficial

por Norman Nawrocki

Fifth Estate nº 416, primavera de 2025

Apesar de ser uma das ideologias políticas mais incompreendidas de nossos tempos, o anarquismo possui uma longa e bela história de um pensamento político elaborado, movimentos sociais vastos e bem organizados e uma riqueza cultural de arte, literatura, cinema, música e teatro. Teatro anarquista não-comercial, não-burguês. Teatro anarquista inebriante, impregnado de liberdade e igualdade, humanidade e esperança para todos.

No início do século passado, anarquistas renomados, como a americana Emma Goldman e o igualmente respeitado russo Peter Kropotkin, defenderam fortemente um teatro politicamente consciente e seu potencial radical, referindo-se às peças de Ibsen, Gorky, Tolstoi, Wilde, Erich Mühsam, Voltarine de Cleyre e Louise Michel. Eles enfatizaram que o teatro era um meio ideal para comunicar ideias, aspirações e opiniões políticas dissidentes clandestinas, com foco no conteúdo e não na forma.

Buenos Aires, que já era um polo de anarco-sindicalismo e de organização da classe trabalhadora desde o início do século XX, ostentava não apenas uma, mas uma dúzia de grupos de teatro anarquista, assim como os movimentos camponeses revolucionários na Rússia e na Ucrânia. O teatro surrealista de orientação anarquista floresceu na Europa a partir da década de 1920, inspirado pelo trabalho ardente de escritores franceses brilhantes como Antonin Artaud, Benjamin Péret, Tristan Tzara e outros. Apresentações provocativas aconteciam em cafés, bares e teatros em todo o continente e além. Na década de 1960, o célebre Bread and Puppet Theater de Vermont [Teatro Pão e Marionete] encenou enormes cortejos e desfiles contra a guerra do Vietnã nas ruas. Na década de 1990, a orquestra de rebeldes anarco-cabarés de Montreal, Rhythm Activism, produziu cabarés comunitários teatrais radicais no Quebec para promover os direitos dos moradores e dos pobres.

Mais recentemente, o Montreal International Anarchist Theatre Festival / Le Festival International de Théâtre Anarchiste de Montréal (MIATF) deu continuidade a essa tradição radical com sua celebração anual do teatro contemporâneo e histórico de inspiração anarquista. Um pequeno grupo de anarquistas entusiastas do teatro o iniciou em 2005. Eles decidiram que a reivindicação da cidade como o centro da atividade cultural anarquista na América do Norte precisava de um teatro incendiário para reforçá-la.

Trinta deles se reuniram em um bar de punk rock local para ler e apresentar trechos em francês e inglês de seis peças anarquistas de 1880 a 1980. Peças como L’ami de l’ordre (O amigo da ordem), de George Darien, sobre a Comuna de Paris de 1871, e Land and Liberty (Terra e Liberdade), de Ricardo Flores Magon, sobre a Revolução Mexicana. O evento, “Rebel Words/Les mots rebelles“, a primeira celebração do teatro anarquista bilíngue da cidade, preparou o terreno para o grande festival internacional anual.

No segundo ano, o pequeno coletivo de atores anarquistas, dramaturgos e fãs de teatro enviou uma convocação para peças nas mídias sociais. Dezenas de grupos responderam, da Austrália à Rússia, da África à América do Sul, do Oriente Médio e do Extremo Oriente à América do Norte.

No total, o empreendimento voluntário, que durou dezoito anos, apresentou mais de cento e vinte peças, com quase o mesmo número de trupes formadas por centenas de artistas, e atraiu milhares de participantes curiosos para conhecer esse novo e desconhecido gênero de teatro.

Vieram artistas do Chile, da Itália, das Filipinas, da Alemanha, da França, da Bélgica e de toda a América do Norte, inclusive artistas das Primeiras Nações. Trazer o lendário The Living Theatre de Nova York para Montreal pela primeira vez causou um frenesi midiático e causou lotação esgotada em um local com 500 assentos em duas noites. O aclamado Bread and Puppet Theatre, de Vermont, veio três vezes. Outras trupes profissionais, como Le Krizo Theatre, da França; Chalry Magonza, da Bélgica; Ceetuch Company e Teatro Fresa Salvaje, do Chile; Tallercito, de Berlim; Theatre La Balancelle, de Paris; Le Grand Asile, de Bruxelas, e muitos outros, também participaram.

Sendo uma província bilíngue, inglês/francês, as peças eram apresentadas em ambos os idiomas, mas também em outros idiomas com roteiros projetados traduzidos. Cada edição do MIATF foi dedicada a um ou mais grupos de anarquistas contemporâneos e do passado ou a movimentos, atuais e do passado, nos quais anarquistas estavam envolvidos. E eram compartilhados apelos de solidariedade com prisioneiros políticos, trabalhadores em greve ou estudantes. E a feira de livros anarquista que estava por vir era sempre apresentada como um ótimo lugar para aprender mais.
Em uma cidade onde havia festivais durante todo o ano, inclusive de teatro, o MIATF se diferenciava pelo fato de funcionar sem patrocínio estatal ou corporativo. Ele era autofinanciado por meio da venda de ingressos, doações e eventos beneficentes. A programação anarquista ajudou a desmistificar o termo frequentemente difamado e incompreendido, geralmente vulgarizado na grande mídia.

Todos os anos, muitas peças abordavam questões críticas da atualidade a partir de perspectivas anarquistas: gentrificação, desocupações e resistência; batalhas sindicais anarco-sindicalistas; feminismo e sexismo; discursos contra a guerra; trabalho sexual; e críticas às mídias sociais. Mas também sobre a história anarquista de Haymarket, Chicago, até o movimento Makhnovista na Ucrânia; o movimento antifascista; a história de Sacco e Vanzetti nos EUA; Guantánamo; o anarquismo japonês; a Greve Geral de Winnipeg de 1919 e muito mais. Grande parte do trabalho se concentrou nas experiências dos oprimidos do mundo e nos movimentos em prol da liberdade.

Comédia, tragédia, marionetes e fantoches, mímica e circo, teatro rap e teatro poético, teatro musical – tudo era bem-vindo, inclusive um coral de ativistas locais de combate à pobreza acompanhado de sua própria banda a cantar músicas revolucionárias.

O MIATF esperava incentivar o crescimento do teatro anarquista tanto local quanto mundialmente. Para incentivar os dramaturgos profissionais e amadores a se aprofundarem na história e na prática anarquista ou em seus ideais para se inspirarem e transformarem isso em um teatro relevante para os dias de hoje. O anarquismo é frequentemente associado a protestos e a estar nas ruas.

O festival também se esforçou para oferecer teatro acessível e econômico para todos, não apenas para aqueles que têm dinheiro. Os preços dos ingressos foram deliberadamente mantidos baixos, de dez dólares até a pechincha final de quinze dólares para uma noite com, às vezes, cinco ou seis atos diferentes. O preço do teatro contemporâneo convencional já está fora do alcance de muitas pessoas e tem pouca relevância para suas vidas.

As peças tinham que ter uma visão artística clara, ser acessíveis e bem produzidas. A ênfase era exibir um teatro de qualidade, mesmo que não fosse produzido profissionalmente nem dependesse de fumaça e espelhos tecnológicos caros. A prioridade era o conteúdo, não a forma. A cada ano, o MIATF também buscava equilibrar a programação de grupos visitantes e locais, profissionais e amadores, para apoiar os talentos locais.

Artistas eram sempre incentivados a “assumir riscos, fazer perguntas importantes e explorar o universo da criatividade”. O MIATF ofereceu uma estrutura para o teatro que, de outra forma, não seria aceito em locais de teatro tradicionais por ser “muito político” ou “não ser profissional ou comercial o suficiente”.

A cada ano, o local incluía mesas com literatura anarquista. Os apresentadores ou convidados especiais falavam entre as apresentações sobre anarquismo, a teoria e a prática e o contexto histórico do festival. Mestres de cerimônias poderiam começar a programação descrevendo o anarquismo como “um movimento coletivo para a liberação pessoal”.

Fariam a ligação histórica entre o teatro anarquista, a cultura e o movimento anarquista, explicando como artistas famosos como Cezanne, Courbet, Seurat, Kupka, Pissarro, Frans Masereel e outros foram atraídos pela liberdade de expressão presente no movimento. E como a criatividade ajuda as pessoas a perceberem seu potencial, como ela é fortalecedora e as tira de sua vida cotidiana, revelando-lhes outra maneira de viver.

Durante todo o período do festival, foi organizada uma série de tendas de arrecadação de fundos para ajudar a reabastecer os fundos do MIATF, mas também para convidar e identificar novos talentos para potenciais peças, fazer com que outros colegas testassem novos materiais e iniciar a promoção do festival. As festas de encerramento para arrecadação de fundos também ajudaram a encerrar cada festival. Mas as receitas de bilheteria cobriram a maior parte das despesas operacionais. O déficit era compensado pela organização ou por doações de apoiadores.

Desde o início, o MIATF sempre foi parte integrante do Festival of Anarchy [Festival da Anarquia] de Montreal, que durava um mês, em maio. Era uma celebração extravagante e abrangente de arte, cinema, música, poesia, literatura e festas anarquistas organizada por diversos pequenos grupos que culminava na Montreal Anarchist Bookfair anual [Feira de Livros Anarquista de Montreal], o maior evento anarquista da América do Norte, atraindo milhares de amantes de livros em um fim de semana.

Temos orgulho de dizer que alguns dos primeiros artistas e dramaturgos que colaboraram conosco durante esses dezoito anos (como Joseph Shragge, Caileigh Crow, Emilie Monnet, etc.) ganharam prestigiosos prêmios nacionais de excelência em artes e teatro em homenagem ao seu trabalho. Outros artistas globais que também contribuíram generosamente com seu talento e tempo no MIATF mantêm a tradição viva, continuando a produzir teatro anarquista inovador.

Um dia, outro festival com o mesmo espírito reunirá novamente o melhor que esse teatro tem a oferecer.

O MIATF encerrou sua gloriosa temporada em 2023 com uma apresentação final. Se algum grupo estiver interessado em iniciar outro festival de teatro anarquista, os membros do coletivo terão o maior prazer em dialogar. Veja o arquivo on-line do MIATF em: anarchistetheatrefestival.com

Norman Nawrocki foi cofundador e codiretor artístico do coletivo MIATF. Ele atuou no festival e escreveu e dirigiu peças.

Uma versão mais longa deste artigo está disponível no site do Fifth Estate em https://www.fifthestate.org/archive/416-spring-2025/the-montreal-international-anarchist-theatre-festival/the-montreal-international-anarchist-theatre-festival-long-version/

Tradução > acervo trans-anarquista

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agência de notícias anarquistas-ana

Rio seco
silêncio sob a ponte
apenas o vento.

Rodrigo de Almeida Siqueira

[Turquia] Apoie Osman Evcan, preso desde o início dos 90

Entre 1980 e 1989, Osman Evcan ficou preso por 9 anos. Em 1992, foi condenado a 30 anos de prisão por suposta participação em uma organização ilegal.

Em 2003, abraçou o pensamento anarquista, tornou-se vegano e continuou participando da luta pela libertação animal dentro do sistema prisional. Em 2011, reafirmou sua objeção de consciência em relação à alimentação e iniciou uma greve de fome de 42 dias para exigir acesso a alimentos veganos e livres de crueldade na prisão. Esta greve recebeu apoio internacional e forçou o governo a fazer ajustes para prisioneiros veganos.

Em toda “festa do sacrifício” (Eid al-Adha), Osman realizava greves de fome para protestar contra a matança de animais. Em 2015, realizou outra greve de fome de 33 dias, conseguindo o direito de receber alimentos veganos na prisão. No entanto, continuou enfrentando violações desses direitos conquistados pela administração prisional.

Além de lutar pela libertação animal, Evcan apoiou os direitos LGBTQ+, os direitos das mulheres e as lutas anti-imperialistas, contribuindo com artigos e escritos sobre esses temas. Ele continua resistindo à violência autoritária e à opressão inerente à estrutura hierárquica das prisões, sob uma perspectiva vegano-anarquista!

Sadık Akso, que compartilhou cela com Osman Evcan, também foi influenciado pelo pensamento vegano-anarquista e se tornou um importante apoiador da resistência vegana que se espalhou pelas celas.

Como Evcan expressou em sua mensagem de Ano Novo:

Um mundo sem fronteiras, sem classes, sem exploração, sem guerras, sem qualquer organização estatal na Terra; um mundo igual, livre, cooperativo, solidário e vegano.”

Escreva para Osman:

Osman Evcan

Silivri 9 No’lu Kapalı Ceza İnfaz Kurumu

C-9-66

Silivri-Istanbul, Istambul

Turquia

FOGO ÀS CELAS,

LIBERDADE PARA OSMAN EVCAN E SADIK AKSO

Tradução > Contrafatual

agência de notícias anarquistas-ana

Oh cruel vendaval!
Um bando de pequenos pardais
agarra-se à relva.

Buson

Saberes Anarquistas

Já existem muitos doutores anarquistas. Pesquisadores e pesquisadoras que passaram pelas universidades, que mergulharam nos livros, que fizeram da crítica uma ferramenta e da pesquisa um modo de resistência.

Mas e se a gente usasse tudo isso para criar outra coisa?

E se, em vez de tentar reformar o que já está apodrecido, a gente colocasse energia em fundar espaços de formação popular, com outros critérios, outras formas de ensinar e aprender?

Uma universidade sem hierarquia, sem vestibular, sem meritocracia.

Que nasça das ruas, das cozinhas, dos quintais, das vivências, não dos editais.

Que reconheça o saber de quem planta, cuida, dança, costura, resiste.

Que tenha corpo, afeto, autonomia e partilha como fundamentos.

Já tem muita gente fazendo.

Nos cursinhos livres, nas ocupações, nos territórios que ensinam sem pedir licença.

Esse texto é só um lembrete.

Podemos criar nossa própria universidade popular, autogerida, viva.

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agência de notícias anarquistas-ana

entre flores velhas
o som da abelha
treme flores novas…

Luiz Gustavo Pires

[Alemanha] Acampamento de Protesto Antimilitarista em Colônia 25.08.-31.08.2025

Desarmar a Rheinmetall:

“Colônia, aqui vamos nós!

Como já anunciado, daremos continuidade ao nosso acampamento e protesto em Kiel 2024.

Desta vez, escolhemos Colônia!

De 25.08 a 31.08, queremos montar nossas barracas na cidade dos milhões para realizar nossas várias ações a partir daí.

Colônia foi escolhida devido às inúmeras empresas de defesa e instituições militares que estão instaladas na cidade e em seus arredores. Além disso, há a localização central em NRW e o fato de que podemos contar com muitos aliados locais!

Estamos muito animados e ansiosos pelos dias no acampamento e pelas ações. Marque-os em sua agenda!”

Como nos anos anteriores, também haverá um acampamento de protesto antimilitarista iniciado pela “Disarm Rheinmetall” este ano, com uma variedade de ações contra os belicistas e aproveitadores da guerra. Como em Kiel, no ano passado, também haverá eventos, concentrações e ações sobre esse tópico, tendo em vista o genocídio em curso na Palestina pelos militares israelenses e seus apoiadores.

anarchists4palestine.noblogs.org

agência de notícias anarquistas-ana

Trégua de vidro:
o canto da cigarra
perfura rochas.

Matsuo Bashô

[Itália] Apresentação “Livorno Antimilitarista”

– Sexta-feira, 20/06 às 18h30, na FAL, Via degli Asili 33, Livorno

Apresentação do livro “Livorno antimilitarista” (BFS 2025) com o autor Marco Rossi, em seguida, haverá um aperitivo.

Propomos a apresentação do novo livro de Marco Rossi porque acreditamos que ele pode oferecer, a quem luta diariamente nessas regiões contra a militarização e a guerra, reflexões e instrumentos úteis — inclusive em uma perspectiva histórica.

A área de Livorno e a zona entre Livorno e Pisa apresentam um forte grau de militarização: da Academia Naval, passando pela brigada Folgore, a base de Camp Darby, o Aeroporto Militar, até o projeto de uma nova base militar para o regimento Tuscania em San Piero a Grado.

Essa militarização não se limita apenas à presença física, mas implica também no controle armado de um território que sempre foi marcado pela rebeldia e pela resistência contra domínios, guerras e fardas. Ontem como hoje, nos territórios e entre os trabalhadores dos portos e ferrovias que se opõem ao tráfego de guerra. Porque Livorno era e continua sendo antimilitarista.

“A história de Livorno, desde a sua origem, foi marcada por uma significativa presença de soldados, fortificações e quartéis, tanto pela importância comercial do porto quanto pela necessidade de manter sob controle a ‘latente’ conflitividade social em relação às autoridades estabelecidas, o que incluía uma resistência endêmica ao militarismo — a ponto de registrar o mais alto índice de insubmissão ao alistamento militar da Toscana.

Desde a campanha da Líbia até a Primeira Guerra Mundial e os movimentos do pós-guerra, Livorno testemunhou uma ampla oposição popular à guerra, expressa na solidariedade com os jovens desertores. As agitações operárias nas fábricas militarizadas, o pacifismo subversivo das mulheres, dos jovens e dos ‘sem pátria’ — socialistas e anarquistas.

Crônicas de ontem que se conectam com as guerras de hoje.

Federação Anarquista de Livorno

Fonte: https://collettivoanarchico.noblogs.org/post/2025/06/15/presentazione-livorno-antimilitarista/

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

cultivando ao silêncio
plantei aos prantos
meu próprios gritos.

Kola

Cartas para Mónica e Francisco

Anarquia anti-civilização

Uma breve introdução à crítica anarquista anticivilização, entendida como crítica ao processo histórico de dominação e destruição ecológica, e defesa de formas de vida diferentes do modelo civilizatório dominante.
 
Anarquia e crítica à civilização

Anarquia, em seu sentido mais profundo, é a luta pela autonomia frente a todas as formas de dominação: o estado, o capital, o patriarcado, o racismo, a heteronormatividade, a lógica colonial e a objetificação da vida. Historicamente, muitos povos originários resistiram e seguem resistindo à imposição de um mundo centrado no controle e na acumulação. Essas resistências, ainda que não se identifiquem explicitamente como “anarquistas”, compartilham com o anarquismo o impulso pela liberdade e pela recusa à autoridade imposta.

Criticar a civilização significa se opor radicalmente ao colonialismo e suas consequências, pois foi pela dominação colonial que a civilização se espalhou pelo mundo. Significa também questionar a própria noção de “progresso” que sustenta o projeto civilizatório. Uma noção que, mesmo entre anarquistas e comunistas do século XIX, era tomada como um bem em si. A crítica à civilização contemporânea denuncia que o chamado “progresso” não é neutro nem universal, mas implica em destruição, dependência e controle. O que se apresenta como avanço (tecnologias, infraestrutura e conforto) carrega consigo formas intensificadas de alienação, vigilância, extração e devastação.

A civilização é, como dizem alguns pensadores anarquistas contemporâneos, um processo histórico de dominação do ser humano e das demais formas de vida, que transforma a natureza em recurso e os seres em engrenagens de um sistema. Os civilizados amam suas prisões e chamam de liberdade o acesso a comodidades dentro delas.

Perguntar se precisamos da eletricidade, da conectividade permanente, das máquinas que consomem a vida do planeta para manter nossa “rotina” é tratado como heresia, mesmo dentro dos movimentos sociais que se dizem anticapitalistas. Em geral, as críticas à tecnologia se limitam aos seus efeitos colaterais, e não à sua lógica fundamental. É comum ouvir que “o problema não é a tecnologia, mas seu uso”. Mas isso ignora que toda tecnologia carrega consigo uma forma de vida: modos de produção, relação com o tempo, com o corpo, com o outro, com o mundo. Produzir eletricidade por meio de hidroelétricas, por exemplo, envolve o controle forçado de rios, a escavação de terras indígenas, a instalação de redes de vigilância, a dependência de redes globais de exploração. Podemos mesmo dissociar isso do poder?

A ideia de que “as forças produtivas” redimiriam a humanidade se libertas do capital ou do estado ainda encontra defensores na esquerda. Mas a teoria crítica tem mostrado que a própria fé na redenção técnica é parte da ideologia dominante. A civilização se apresenta como redentora de seus próprios crimes: contamina e promete cura, escraviza e promete liberdade, destrói e promete regeneração. A civilização criou os problemas que ela mesma promete resolver.

No século XIX, os anarquistas clássicos, como Bakunin e Kropotkin, viviam num mundo em que a civilização industrial era vista como inevitável. Mesmo os mais radicais pensavam a libertação como um melhor aproveitamento das forças da modernidade. Hoje, após guerras mundiais, colapsos ecológicos, pandemias e vigilância digital em massa, temos outros elementos para repensar isso. A própria ideia de “civilização” como medida de valor humano já se mostra obsoleta, não apenas como conceito eurocêntrico, mas como projeto destrutivo.

As ciências humanas ainda relutam em abandonar a ideia de civilização como destino. A maioria das definições continuam neutras ou celebratórias. Questionar o próprio processo civilizatório é frequentemente descartado como “inviável” ou “antipolítico”. Mas isso está mudando. Cada vez mais vozes de comunidades indígenas, quilombolas, periferias urbanas, coletivos anarquistas, ecofeministas e pensadores decoloniais questionam se o modo de vida civilizado, urbano-industrial, digitalizado e objetificado, é realmente desejável ou mesmo sustentável.

No Brasil, essa crítica se torna especialmente relevante diante do esgotamento da política institucional. A esquerda institucional aderiu à defesa do progresso, do desenvolvimento sustentável e da inclusão no mercado, sem questionar as bases coloniais e extrativistas desse projeto. Enquanto isso, as lutas mais vivas e inovadoras surgem fora das instituições: nas ocupações urbanas, nas retomadas indígenas, nas greves espontâneas e nas redes de cuidado e apoio mútuo que se formam nos territórios abandonados pelo estado.

A crítica à civilização, portanto, não é um luxo teórico. É uma necessidade prática. Não se trata de voltar ao passado, mas de romper com o caminho único imposto como “futuro”. Trata-se de multiplicar os mundos possíveis: mundos onde a vida não dependa da destruição de outras vidas, onde a liberdade não seja medida pelo consumo, e onde possamos reaprender a viver sem dominar violentamente tudo o que existe.

>> Para ler o texto na íntegra, clique aqui:

https://contraciv.noblogs.org/anarquia-anti-civilizacao/

agência de notícias anarquistas-ana

a volta ao lar
inquieta serenidade
parece que foi ontem

Seadog

Declaração da Frente Anarquista do Irã e do Afeganistão condenando a belicosidade dos Estados

Nós, da Frente Anarquista do Irã e do Afeganistão, reafirmamos mais uma vez nossa postura inabalável e baseada em princípios:

Toda guerra, de qualquer escala e sob qualquer pretexto, iniciada ou prolongada pelos Estados deve ser condenada de forma inequívoca.


Os Estados, independentemente de sua forma ou aparência, utilizam a guerra como instrumento de sobrevivência e controle. E, nesse processo, são as vidas, a dignidade e o futuro das pessoas comuns que são pisoteados.

Em um momento em que o mundo se vê novamente envolvido em violência, bombardeios, mortes, deslocamentos e insegurança, insistimos nesta verdade duradoura: as verdadeiras vítimas da guerra são sempre as pessoas — não os Estados, não as ideologias, não as fronteiras.

Nossa luta, como sempre, não é pela redistribuição de poder entre elites, mas contra a própria instituição do Estado e todas as formas de dominação organizada.

Nos solidarizamos, com cuidado e determinação, com o povo do Irã, do Afeganistão e de toda a região em geral.

O que presenciamos hoje são, por um lado, os crimes flagrantes do regime israelense, que ataca a população civil em Gaza e em outros lugares com brutalidade implacável. Por outro lado, vemos a República Islâmica do Irã manipulando o medo da população, jogando jogos geopolíticos à custa de vidas iranianas e impondo o peso da guerra à sociedade.

Vemos a República Islâmica não apenas como um belicista regional, mas como parte de uma cadeia global de dominação e repressão: um regime que, durante décadas, atacou o povo iraniano com censura, pobreza, encarceramento, tortura e execuções, e que põe em risco, de maneira imprudente, milhões de pessoas por meio de suas provocações militares.

Embora condenemos as atrocidades do regime sionista nos termos mais duros, também declaramos que a luta contra a República Islâmica faz parte da nossa luta mais ampla contra todos os Estados e estruturas de dominação — uma luta que continuará.

Lutamos por um mundo sem fronteiras, sem Estados, sem exércitos nem autoritarismo; um mundo onde a humanidade, a vida e a liberdade estejam no centro. Nossa principal luta sempre foi contra o autoritarismo político, o totalitarismo e o próprio Estado.

Frente Anarquista do Irã e do Afeganistão
13 de junho de 1404 (Calendário Persa)
Fonte: https://cnt-ait.info/2025/06/15/declaration-iran/

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

Triste despedida
Que fazer com esta carta?
Outro origami?

Chico Pascal

Apelo internacional para o dia 21 DE JUNHO – DIA DA DESERÇÃO – NENHUMA GUERRA A NÃO SER A GUERRA DE CLASSES!

Convidamos indivíduos, grupos e comunidades de todo o mundo a celebrar o dia 21 de junho como o Dia da Deserção: um dia de consciência, resistência e coragem para dizer NÃO à guerra.

Este dia é:

– Uma expressão de solidariedade com todos àqueles que se recusaram ou se recusam a lutar,
– Uma homenagem àqueles que foram executados, presos ou perseguidos por deserção,
– Uma recordação de que todas as guerras podem terminar quando as pessoas param de lutar.

O símbolo de hoje é a margarida, uma flor simples mas resistente que cresce mesmo entre as ruínas da guerra.

Usem-na, desenhem-na, plantem-na e espalhem o seu desafio silencioso.

MANIFESTO 21 DE JUNHO – DIA DA DESERÇÃO

Nós, que nos recusamos a matar ou a sermos mortos, declaramos o dia 21 de junho Dia da Deserção: um dia para todos aqueles que desafiaram a guerra abandonando os seus mecanismos.

Este é um dia para celebrar a vida, não a morte. Não somos heróis dos livros de história, mas sobreviventes de consciência.

Um desertor não é um traidor. Um desertor mantém-se fiel ao que nos torna humanos: compaixão, consciência e vontade de escolher.

Em todas as guerras, alguém se levanta e diz: Não! Esta não é a minha guerra!

No dia mais longo do ano, quando a luz vence a escuridão, lembramo-nos de que, mesmo nos tempos mais militarizados, há quem se recuse a apertar o gatilho.

O ato de deserção é um grito contra a guerra e um sussurro de esperança para o mundo que está para além dela.

https://www.facebook.com/profile.php?id=61570388985217

https://dezerter.noblogs.org/
Contato: dezerter@riseup.net

Apoiado pela Rede de Anarquistas Internacionalistas (NAI), fundada pelo Grupo Anarquista Comunista e pela Rede Anarcom

Fonte: https://anarcomuk.uk/2025/06/15/international-call-for-june-21-desertion-day-no-war-but-the-class-war/

agência de notícias anarquistas-ana

O ar. A folha. A fuga.
No lago, um círculo vago.
No rosto, uma ruga.

Guilherme de Almeida

[Espanha] Doze anos da inauguração da Biblioteca “José Garcia Rúa” da CNT-AIT de Puerto Real

Já se passaram doze anos de esforço e perseverança para alcançar o objetivo que nos propusemos. O objetivo era que nossa biblioteca levasse o nome de “José Luis García Rúa”, como foi decidido por todos no Sindicato em 2013. Essa conquista se ampliou com a doação feita por José Luis de sua biblioteca pessoal ao nosso Sindicato, conforme ele deixou expresso antes de seu falecimento.
 
Chegamos à marca de 5.500 livros, além de documentos, fotos, filmes, vídeos etc. A biblioteca também organiza fóruns de debate, poesias de protesto, conferências e já publicou vários livros, o mais recente em março de 2025, intitulado “Puerto Real: Memória de um povo operário e solidário”. Para nós, o mais importante foi seu companheirismo, sua amizade e seu compromisso com as ideias anarcossindicalistas, demonstrado ao longo de sua vida.
 
Texto da placa entregue a José Luis em uma conferência em Puerto Real, durante as comemorações do Centenário da CNT-AIT (2010), para um auditório completamente lotado:
 
Nestes tempos em que se passa do preto ao vermelho e do vermelho ao amarelo intenso, todos precisamos de um ponto de apoio; uma referência limpa e plena de consciência, que pouquíssimas pessoas possuem e que as torna indispensáveis. A José Luis García Rúa, com o maior carinho de teus companheiros da CNT-AIT de Puerto Real.
 
Sempre estarás em nossos corações.
 
Saúde, Anarquia e Revolução Social.
 
Que perdure!!!
 
Biblioteca “José Luis García Rúa” – Sindicato de Ofícios Vários CNT-AIT Puerto Real
Puerto Real, 2025
 
Fonte: https://pacosalud.blogspot.com/2025/06/doce-anos-de-la-inauguracion-de-la.html
 
Tradução > Liberto
 
Conteúdo relacionado:
 
https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2011/10/28/espanha-jose-luis-garcia-rua-%e2%80%9cacabar-com-o-sistema-e-a-solucao%e2%80%9d/
 
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Sombra no mato
passarinho assovia —
avencas ao vento.
 
Mô Schnepfleitner

Além do Estado e do Capital

O território dominado pelo denominado estado do Espírito Santo, no Brasil, marcado pela riqueza de seu solo, pela força de seu agronegócio e pela dinâmica de seus portos, é mais um exemplo claro de como a exploração capitalista e estatal sequestra o fruto do trabalho coletivo.

Enquanto os trabalhadores capixabas geram riqueza através da mineração de mármore e granito, agricultura e logística, vivem sob a sombra da desigualdade, onde uma minoria concentra lucros e poder. Essa contradição revela uma verdade incômoda: a produção local é mais que suficiente para garantir vida digna a todos, mas o sistema vigente — sustentado pelo Estado e pelo capital — transforma trabalho em mercadoria e seres humanos em números. É diante desse cenário que afirmamos que a autonomia não é utopia; é uma necessidade urgente.

A economia capixaba, impulsionada por setores estratégicos, depende fundamentalmente da mão dos explorados, obrigados a vender sua força de trabalho para sobreviver. No entanto, o lucro, mais-valia, ou qualquer outra nomenclatura no mesmo sentido que se queira empregar, gerado por esses trabalhadores é desviada para enriquecer elites e corporações. O mármore, o minério de ferro que atravessa o território, o café colhido nas serras e os contêineres movimentados em Vitória são símbolos de um potencial subutilizado: se o povo organizasse diretamente a produção, distribuindo recursos de forma igualitária, não faltaria alimento, moradia ou acesso à saúde. Recordamos que cooperativas, assembleias populares e redes de apoio mútuo já demonstram que a autogestão é viável. No mesmo sentido, nunca cansaremos de repetir que o Estado, longe de ser um mediador neutro, atua como guardião dos privilégios de poucos.

De outro lado, a era digital oferece instrumentos poderosos para romper com as amarras hierárquicas. Plataformas de comunicação decentralizadas, criptomoedas comunitárias e redes sociais alternativas permitem que trabalhadores articulem greves, organizem distribuição de alimentos ou gerenciem demandas locais sem depender de estruturas burocráticas. Imaginemos, por exemplo, algo totalmente tangível no Espírito Santo, como uma rede de agricultores conectando-se diretamente a consumidores via aplicativos livres, eliminando intermediários que inflacionam preços. O mesmo poderia ser aplicado em todos os setores da sociedade, já que a tecnologia, longe de ser um fim em si, pode servir à emancipação: substituir a verticalidade do capital pela horizontalidade das comunidades.

O que vale para o Espírito Santo aplica-se ao Brasil e ao planeta. Se cada região assumisse o controle de seus recursos, interligando-se em uma teia de solidariedade, o colapso ambiental e a fome seriam combatidos coletivamente. A globalização capitalista, que destrói ecossistemas para alimentar o lucro, seria substituída por uma internacionalização das lutas, onde indígenas da Amazônia, operários de Vitória e camponeses da África compartilhariam conhecimento e apoio. A crise climática e a precarização do trabalho não têm fronteiras — tampouco deve ter a resistência.

É nesse contexto que a Federação Anarquista Capixaba (FACA) conclama todas as exploradas e explorados a rejeitar a ilusão de reformas dentro do sistema. O capitalismo e o Estado são vírus que corrompem toda tentativa de justiça. Construamos, a partir das ruínas deste modelo falido, comunidades baseadas na ajuda mútua, na democracia direta e na ética anticapitalista. O Espírito Santo tem os recursos e o povo; o mundo tem a tecnologia e a urgência. Juntos, somos capazes de criar um novo mundo — onde a liberdade não seja privilégio, mas o alicerce da existência. A revolução não virá de cima: nascerá das mãos daqueles que ousam sonhar e agir.

Pela revolução social!

Federação Anarquista Capixaba – FACA

fedca@riseup.net

federacaocapixaba.noblogs.org

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a noite sorri
lua crescente
nos olhos do guri

Alonso Alvarez

[Espanha] II Jornadas contra o sistema tecnoindustrial

Sexta-feira 20

19h00 Palestra-debate: “Resistência contra a nuvem: impacto ambiental dos chamados data centers”, por Tu nube seca mi rio (Sua nuvem seca meu rio)

Sábado 21

12h00 Palestra-debate: “Perspectivas e experiências da luta em defesa do território na Cantabria”

14h00 Almoço 100% vegetariano

17h00 Oficina “Um uso mais seguro dos smartphones”

19h00 Palestra-debate “A crítica anarquista da ideologia – A abolição da escravidão moderna”, por Jason McQuinn

Domingo 22

12h00 Exibição do documentário: “Nada nos detendrá: ZAD del Amassada”

17h00 Palestra-debate: Guerra Robótica e Inteligência Artificial

19h00 Palestra-debate: O que é o sistema tecnoindustrial?

Ateneo Libertario La Garra

Calle Pico Moncayo, 22. Vallekas, Madrid

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O tico-tico
Pensando ser abelha
Pousa nas flores.

Joice Cristina Souza

A política autônoma está em um impasse no México?

Análise do estado da política autônoma no chamado México.

A política autônoma está em um impasse no México? Isso depende de onde você a procura e do que entende por autonomia. Mais de trinta anos de organização comunitária e resistência política articuladas em torno de um discurso de autonomia levaram ao enquadramento da política autônoma dentro do arcabouço legislativo e jurídico do Estado mexicano, sem falar da política das organizações de direitos humanos, ONGs e instituições internacionais, o que, por sua vez, moldou a prática da política autônoma no cotidiano e nas comunidades.

Vamos considerar duas concepções diferentes de autonomia. Primeiramente, a política autônoma como prática de auto-organização, autogestão e autodeterminação; algo incorporado no cotidiano, derivado de baixo e de dentro. Uma expressão viva da organização social, sempre em movimento, enraizada mas espontânea. Política autônoma como algo plural, autonomias, definidas e desenvolvidas conforme cada luta em seu contexto. Autonomia como meio de luta, de prefiguração, de ação direta.

Vejamos agora outra concepção. Autonomia como um direito a ser reconhecido e garantido pelo Estado. Autonomia mapeada, definida e ditada pela legislação estatal. Autonomia como uma demanda feita ao Estado. A demanda pelo direito à autonomia; a demanda por respeito à autonomia; até mesmo a demanda pelo direito de defender o direito à autonomia. Política autônoma moldada pelos mecanismos burocráticos, legais e judiciais do Estado.

O desenvolvimento histórico do movimento zapatista em Chiapas encarna essas duas concepções diferentes de autonomia. Nos dias que se seguiram ao levante de 1º de janeiro de 1994, a rebelião foi respondida com força bruta pelo Estado. Após 12 dias de combates, foi alcançado um cessar-fogo e acordados diálogos entre os rebeldes indígenas e o Estado mexicano. Esses diálogos eventualmente levaram à assinatura do que ficou conhecido como os Acordos de San Andrés.

Em 2001, o Congresso aprovou uma versão diluída dos Acordos de San Andrés, que foi rejeitada categoricamente pelos zapatistas. Em resposta, os zapatistas romperam o diálogo com o governo mexicano. A ruptura dos diálogos levou os zapatistas a passarem de uma abordagem da autonomia como demanda dirigida ao Estado e como forma de reconhecimento legal, à organização e construção da autonomia na prática, em seus territórios e comunidades. Essa ruptura com o Estado pode ter sido a chave para o sucesso dos zapatistas.

No entanto, além do movimento zapatista, o Estado parece ter encontrado na política de reconhecimento um meio de restringir a atividade autônoma livre de comunidades e movimentos indígenas. O governo federal, junto a diversos governos estaduais, aprovou legislações que reconhecem, de diferentes formas, a autonomia indígena; contudo, essa autonomia está sempre subordinada à autoridade soberana do Estado-nação mexicano. Enquanto isso, o saque dos territórios indígenas, os assassinatos e encarceramentos de defensores da terra, e as múltiplas formas de expropriação contra comunidades indígenas continuam com força voraz.

Em vez de produzir condições para a liberdade, a autonomia como direito a ser reconhecido pelo Estado parece estar levando movimentos e lutas comunitárias a um beco sem saída. Os efeitos são desmobilização e exclusão de outras táticas e formas de organização que poderiam desafiar, subverter ou ameaçar os caminhos legais exigidos pelo Estado. Isso também leva os movimentos a “performar o Estado”, como diz Audra Simpson, moldando previamente suas práticas para se adequarem às estruturas e discursos do reconhecimento estatal.

Ao mesmo tempo, ONGs, organizações de direitos humanos e outros atores “não estatais” cumprem papel semelhante ao do Estado, restringindo a autodeterminação dos movimentos comunitários. Sempre que uma luta irrompe em algum lugar, essas organizações rapidamente aparecem com advogados, manuais de instrução e caminhos pré-determinados de resistência política. A luta da comunidade então segue um roteiro, em vez de se desenvolver de forma autodeterminada. As estratégias e políticas dessas organizações frequentemente servem mais aos interesses (e às contas bancárias) das próprias organizações do que à luta das comunidades por autodeterminação e autonomia.

Voltando à pergunta inicial: a política autônoma está em um impasse no México? De certo modo, a resposta é óbvia. Se por impasse entendemos um beco sem saída, um espaço sem escapatória, e se entendemos política autônoma como auto-organização, autogestão e autodeterminação livres, então a política autônoma jamais estará em impasse. As expressões de autonomia estão sempre presentes no cotidiano dos bairros e comunidades, no trabalho coletivo e nas terras comunais, nas formas de ajuda mútua e de reprodução comunitária. Essa atividade livre torna o impasse impossível.

Por outro lado, se a autonomia for ainda mais articulada à linguagem, aos limites e processos do Estado e sua burocracia, é provável que esses movimentos e formas de organização se vejam cada vez mais alienados de sua capacidade de auto-organização, mais confinados às geografias legais, judiciais e burocráticas do Estado, sufocando sua espontaneidade e autodeterminação.

Podemos dizer que o impasse é exatamente onde o Estado quer que a política autônoma esteja. Presa no diálogo, reduzida a caminhos e formas de vida permitidas, incapaz de avançar ou escapar, enclausurada em um beco sem saída. A tarefa que se impõe é fortalecer e expandir essas outras expressões de autonomia, onde as comunidades decidem seus futuros de forma livre, coletiva, prática e em movimento.

Fonte: https://itsgoingdown.org/are-autonomous-politics-at-an-impasse/

Tradução > Contrafatual

agência de notícias anarquistas-ana

Ipê desflorido
Sabiá desce do galho
Som de folhas secas.

Mizu No Oto