Protestos dos aposentados na Argentina

Idosos protestam contra perda de direitos e declínio acentuado no valor das aposentadorias, em consequência das políticas ultraliberais de Javier Milei, que dobraram os preços de medicamentos e serviços essenciais.

Uma manifestação de aposentados apoiada por torcidas de futebol e organizações sociais na Argentina nesta quarta-feira (12/03) terminou em violentos confrontos com a polícia, que resultaram na prisão de ao menos 103 pessoas e deixaram 20 feridos, um deles em estado grave.

O protesto – o mais violento no país desde que o ultraliberal Javier Milei assumiu o governo, em dezembro de 2023 – foi o mais recente de uma série de atos públicos que ocorrem há anos todas as quartas-feiras em defesa dos direitos dos aposentados, que vêm sofrendo um declínio acentuado em seus rendimentos e poder de compra.

Nos últimos meses, os protestos dos aposentados passaram a ser reprimidos pela polícia com gás lacrimogêneo e violência física contra os idosos.

Confrontos violentos

O número de participantes nos protestos nesta quarta-feira se multiplicou exponencialmente com a adesão das torcidas organizadas de 30 times de futebol.

Os tumultos começaram no meio da tarde, quando os manifestantes, também convocados por organizações sociais e sindicais, desafiaram os cordões policiais que tentavam liberar a área em frente ao Congresso e a Praça de Maio, em Buenos Aires.

A polícia utilizou balas de borracha, gás lacrimogêneo e canhões de água contra os manifestantes, muitos dos quais usavam camisas e bandeiras de seus times.

Alguns atiraram pedras retiradas de calçadas e fogos de artifício, enquanto um grande cordão policial avançava pelas ruas. Uma viatura policial e uma motocicleta foram incendiadas, e outros sete veículos da Secretaria de Segurança de Buenos Aires foram vandalizados. Um fotojornalista foi atingido por um projétil enquanto registrava o confronto.

De acordo com dados da Secretaria de Segurança, a polícia local prendeu 89 pessoas, enquanto outras 14 foram presas pelas diversas forças federais.

Entre os 20 feridos, pelo menos 10 são policiais com ferimentos leves, e os demais são civis, incluindo um homem em estado grave, que teve o crânio fraturado como resultado do impacto de uma cápsula de gás lacrimogêneo atirada na praça em frente à sede do Congresso.

Na quarta-feira à noite, após o fim dos incidentes no Congresso e na Praça de Maio, ocorreram panelaços em várias partes de Buenos Aires, e centenas de manifestantes marcharam novamente até a sede do governo.

Aumento da pobreza gera revolta

Em seu primeiro ano, o governo de Milei reduziu a inflação de 211,4% em 2023 para 117,8% em 2024 e alcançou um superávit fiscal, mas o ajuste resultou na perda de 200 mil empregos, na paralisação de obras públicas e no aumento das taxas de pobreza e pobreza extrema na Argentina

A política de Milei de liberar os preços dobrou o custo dos medicamentos e serviços essenciais em um ano. Quase 60% dos aposentados recebem a pensão mínima, equivalente a cerca de R$ 1.970. No ano passado, o governo congelou um bônus de aproximadamente R$ 406 para os aposentados.

Fonte: agências de notícias

agência de notícias anarquistas-ana

O casulo feito
bicho dentro dele dorme
vestido de seda.

Urhacy Faustino

[Chile] Atualização sobre os companheiros Aldo e Lucas Hernández

Já vão mais de dois anos daquele 2 de dezembro de 2022, dia dos diversos arrombamentos orquestrados pela Promotoria de Alta Complexidade Metropolitana Sul, onde foram invadidos seis domicílios. Cinco deles na Região Metropolitana e um na região de Valparaíso, todos registrados por grupos policiais OS9, GOPE e LABOCAR, com um resultado de seis detidos, sendo que quatro passaram à prisão preventiva. Dois destes correspondem aos irmãos e companheiros Aldo e Lucas Hernández.

No transcurso dos meses os companheiros seguiram sob investigação pelo ataque explosivo à Direção Nacional de Gendarmería de Chile; Aldo foi indicado como o suposto colocador do artefato e também é acusado de delitos da Lei de Controle de Armas, igual que Lucas, acusado por diversos delitos da Lei de Controle de Armas e Explosivos.

Meses depois aos companheiros se solicita uma audiência de reformalização, somando delitos para ambos, como a fabricação de armas e de artefatos explosivos, por diversos elementos encontrados no domicílio invadido em Pedro Aguirre Cerda.

Nesse processo temos visto como a promotoria, através de artimanhas e jogos sujos, tenta prejudicar e amedrontar com prisão a este entorno, buscando informações e até mesmo delações com o fim de terminar a investigação e poder firmar o que a promotoria acusa. Todavia, segue tendo um resultado negativo ao assédio, já que todos os detidos posteriormente à operação policial se mantiveram dignos e íntegros às medíocres tentativas do promotor Claudio Orellana, demonstrando na prática cumplicidade e lealdade aos princípios do companherismo anti-autoritário.

No transcurso dos meses os companheiros viveram diversas e diferentes realidades carcerárias, já que desde o começo foram separados em uma tentativa de romper seus laços familiares, sem ter contato e compartilhar o mesmo espaço físico há mais de dois anos.

Neste momento ambos se encontram na espera da audiência de preparação de julgamento oral, a qual foi adiada já em duas ocasiões sob diversos argumentos jurídicos. Na espera do julgamento que demorou mais de dois anos, os companheiros seguem sem poder se reunir, sob alegação de “questões de segurança”, vulnerabilizando seu direito de conservar o vínculo familiar que os une.

Nessa audiência arriscam a pegar condenações exemplificadoras. Para Aldo a promotoria solicita uma condenação de 90 anos e para Lucas de 26 anos. Afirmamos exemplificadoras porque essa quantidade excessiva de anos somente busca amedrontar o entorno e a quem decida devolver os golpes dando a cara, sem esperar iludidos e idealizados o momento oportuno para enfrentar nossos inimigos.

Aldo e Lucas seguem íntegros e com o ímpeto intacto para seguir contribuindo e fortalecendo o caminhar anárquico fora e dentro das prisões, aferrando-se firmemente a seus ideais e seus valores, no apoio a diversos companheiros que se viram privados de liberdade assim como eles, fazendo das suas ideias uma ameaça real para o leque de condutas nefastas dentro da prisão e praticando a solidariedade carcerária. Seguem se posicionando a prisão e seus carcereiros dentro das suas próprias casas (as prisões).

O poder segue golpeando, as represálias são parte do cotidiano/cativeiro de nossos irmãos.

O último acontecimento foi a transferência de Aldo para o módulo 2 de máxima segurança no presídio “La Gonzalina”, no dia 24 de dezembro de 2024, mudando assim seu regime carcerário. Atualmente se encontra com um cotidiano de 21h dentro de uma cela e 3 horas de pátio, somado a diversas restrições, como proibição de aparelhos eletrônicos (TV, chaleira elétrica, rádios).

Essa transferência foi produto de um arrombamento realizado no módulo 12 (onde Aldo se encontrava há dois anos). No dia 18 de dezembro se encontra no interior de sua cela a informação pessoal dos 16 funcionários da gendarmeria lesionados no dia do atentado à direção nacional (27 de dezembro de 2021). Essa informação se encontrava nas pastas investigativas do caso, motivo pelo qual os responsáveis por sua transferência para a prisão de La Gonzalina decidem por seu isolamento.

A prática violenta segue mais vigente que nunca, e é sangue para bombear os corações dos nossos irmãos na prisão.

Cada ação certeira, cada gesto de propaganda revela a vulnerabilidade de um sistema predador que se sustenta por uma falsa segurança que não é mais do que uma careta quebrável e ao alcance das nossas mãos cheias de convicção e coragem.

As ações como ataques com armas-bombas a instituições-polícias-aparatos que protegem os interesses do poder e dos ricos são somente uma mostra disso.

Que quem nos oprime tenha medo, que as balas tenham nomes e sobrenomes, que nossas energias sejam capazes de criar o que nossa imaginação alguma vez pensou, que se transborde cada ideia na mente de quem olha que a luta violenta é possível.

Fogo e morte ao espectador, ao necrófago, ao mártir e ao abutre.

Liberdade para xs convencidxs, certeirxs, y
que vão contra a dominação!
Presxs anarquistas, subversivxs y mapuche para as ruas!

Que nos atrevamos a criar o proibido!

Fazer das ideias uma ameaça real!

Aldo y Lucas Hernández às ruas!

Fevereiro, 2025.

Fonte: https://edicoesinsurrectas.noblogs.org/post/2025/03/12/atualizacao-sobre-os-companheiros-aldo-e-lucas-hernandez/

Conteúdo relacionado:

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2023/12/27/chile-solidariedade-anarquista-com-aldo-e-lucas-hernandez/

agência de notícias anarquistas-ana

A sensação de tocar com os dedos
O que não tem realidade –
Uma pequena borboleta.

Buson

[Reino Unido] Bristol: Janelas quebradas nos escritórios da BAM Construction

No dia 16 de fevereiro, em vez de participar do espetáculo enjoativo do ‘capitalismo romântico’, decidimos quebrar as janelas da BAM Construction em Stoke Gifford, Bristol.

A BAM Construction é uma das maiores empresas de construção do mundo, contribuindo para o pesadelo do Leviatã. Estamos cansados de ver seus edifícios sem vida de vidro e concreto por toda parte — não há nada de selvagem e natural nesses cenários de cidades inteligentes.

A BAM tem suas mãos artificiais em quase todos os grandes projetos de construção que se pode imaginar. Lembramos de sua participação na construção da chamada ‘prisão humana’ em Dendermonde, na Bélgica. Mais localmente, foram responsáveis pelo novo prédio de Engenharia da Universidade do Oeste da Inglaterra, que abriga seu novo laboratório de robótica, e também estão envolvidos na construção da nova ‘Temple Quarter Enterprise Zone’ — mais um tijolo na transformação de Bristol em um Vale do Silício do Reino Unido, onde startups tecnológicas e científicas serão deixadas para prosperar sem limites. Como se isso não bastasse, a BAM foi escolhida como um dos principais parceiros do ‘Programa de Pequenos Reatores Modulares (SMR) do Reino Unido’.

Rimos cinicamente da ideia de que o Estado britânico está implementando uma meta de carbono zero ou combatendo as mudanças climáticas, quando essa farsa de ‘capitalismo verde’ não passa de uma grande mentira. Apenas deslocam a destruição ecológica para outros lugares, seja na extração de lítio na Cornualha ou no lixo nuclear dessas mini-Fukushimas. Energia limpa, uma ova!

O Leviatã está se tornando Narciso, admirando sua própria imagem sintética em seu próprio lago sintético, encantado com o espetáculo de si mesmo. É um bom momento para as pessoas abandonarem sua sanidade, suas máscaras e armaduras, e enlouquecerem, pois já estão sendo expulsas de sua bela pólis.” – Eco-anarquistas – Gangue ‘Fredy Perlman’

Tradução > Contrafatual

agência de notícias anarquistas-ana

nas noites de frio
um bom vinho, um edredon
dois corpos no cio

Cristina Saba

[França] Montpellier: uma nova ocupação social foi aberta em Les Beaux-Arts

“La Thermite, localizada na rue Lakanal, 2, foi inaugurada em um antigo salão de esportes no domingo, 9 de março. Os ocupantes querem montar um “centro de dia” no local e, no momento, estão precisando de apoio.

A “La Thermite” abriu suas portas no domingo, 9 de março, em um prédio antigo que estava abandonado há quatro anos no bairro Beaux-Arts de Montpellier. Esse antigo pavilhão esportivo foi originalmente planejado para ser vendido para criar uma loja do Carrefour e, depois, um centro para terceiros. Seus ocupantes estão reivindicando “um local ocupado que lute contra a propriedade privada, que enriquece proprietários e incorporadores […] em uma cidade que carece de espaços de atividade, recepção e acomodação acessíveis a todos”.

“La Thermite” tem a intenção de se tornar um ‘centro de dia’, com máquinas de lavar e chuveiros ‘acessíveis a todos’ e a organização de ‘festas não comerciais e noites de apoio’.

Fonte: https://fr.squat.net/2025/03/10/montpellier-un-nouveau-squat-social-a-ouvert-aux-beaux-arts/

agência de notícias anarquistas-ana

fino fio de fumaça
fere o espaço
com seu perfume

Eliakin Rufino

[Espanha] Indigência moral

Por Juan Cáspar

Caminhando por um bairro central de uma grande cidade, pode-se contemplar, como mais uma amostra da paisagem urbana, uma verdadeira comunidade de indigentes. Essas pessoas que vivem nas ruas já são tão habituais que a atitude recorrente das pessoas de uma condição social mais abastada é, simplesmente, de indiferença. Ao longo da minha vida, sempre senti uma profunda rejeição à pobreza, e quero acreditar que está claro o que quero dizer. Alguém me disse uma vez que as classes mais conservadoras sentem verdadeira repulsa pela pobreza, mas também medo, daí se esforçarem para mantê-la longe. Claro, apesar de sua própria atitude e condição serem as que geram e sustentam essa mesma pobreza, sempre alheia, é claro. No meu caso, desnecessário dizer, a rejeição à pobreza não é aversão ao pobre, fobia ou atitude que agora tem uma denominação chamativa na forma de um neologismo. Infelizmente, essa repulsa, desprezo ou mera indiferença pela pessoa pobre, e mais especificamente pelo indigente declarado, é algo profundamente interiorizado nas sociedades mal chamadas de desenvolvidas. É assim ao ponto de as opiniões supérfluas e justificativas sobre a situação dessas pessoas passarem por considerá-las preguiçosas e irresponsáveis, algo que sempre me surpreende, essa ousadia em julgar as circunstâncias vitais dos outros e, com mais ferocidade, no caso dos mais desafortunados. Também se menciona, às vezes, um possível desequilíbrio mental ou vícios habituais em álcool ou outras substâncias, algo que carregaria ainda mais de responsabilidade o pobre infeliz.

Seja como for, responsabilizar cada pessoa por suas circunstâncias sociais e vitais nos introduz em não poucos problemas, desde que usemos minimamente a consciência e o intelecto. Também, de forma extremamente infeliz para uma possível evolução moral da humanidade, em nossas sociedades capitalistas e consumistas, já em fase avançada da pós-modernidade, essa mentalidade estúpida e iníqua sobre os problemas sociais se impôs. Dito de outra forma, e para que me entendam, explicação seguramente desnecessária dada a óbvia indigência moral que abunda, o que prolifera é a máxima ofensiva e desumanizada de que “quem é pobre é porque quer ou não se esforçou o suficiente”. Estou falando, claro, de uma grande parte da sociedade, e especificamente do vulgo mais insultuoso, não de alguém que tenha um mínimo de consciência social. Pessoalmente, não consigo evitar certa empatia pelas classes mais desfavorecidas, e não sei se por conservar ainda alguma consciência de classe, embora esse conceito me remeta a alguma visão clássica um tanto rígida sobre o proletariado que também rejeito. Ou seja, se nos primórdios do socialismo se considerava que a classe trabalhadora seria a protagonista da revolução futura, que mudaria tudo, inevitavelmente se acabaria desprezando o chamado lumpem, aqueles que estavam mais abaixo na escala social, os desclassificados.

De acordo, desde os princípios do socialismo, houve também gratas e lúcidas exceções. Entre outros, os anarquistas, que sempre viram com simpatia esses chamados desclassificados. Não sei se tanto por ver neles certo potencial revolucionário, quanto por uma ampla visão sobre os problemas sociais, onde se incluem absolutamente todos os oprimidos. Também, claro, por uma enorme concepção de solidariedade e apoio mútuo que abrange todas as pessoas. Hoje, já no final do primeiro quarto do século XXI, não são bons tempos para insistir em valores emancipatórios, e o significado prático de solidariedade não difere muito da chamada caridade, que sempre parece ter uma conotação de classe (de novo, a inevitável palavrinha). Essa comunidade de indigentes, de um bairro central, de uma grande cidade em um país mal chamado de desenvolvido, costuma ser visitada de vez em quando por certas pessoas preocupadas com sua situação. Membros de ONGs ou de alguns coletivos religiosos costumam conversar amigavelmente com as pessoas que mal vivem nas ruas e distribuir roupas e comida. Não serei eu, venha de quem vier, quem critique essa atitude com os desfavorecidos, que eu mesmo mantenho com frequência. No entanto, é a isso que chegamos: uma sociedade meramente assistencial com a pobreza, simplesmente assumida como algo endêmico e inevitável. Para combater verdadeiramente os problemas sociais, é necessário questionar determinadas estruturas de classe e dominação, por mais antiquado que isso soe. E isso, nenhum coletivo religioso fará, nem provavelmente qualquer ONG, que, no melhor dos casos, são produtos bem-intencionados de uma sociedade doente. Particularmente, não desejo simplesmente aliviar os sintomas, muito menos idealizar (ou santificar, conceito horrendo) a doença. O que quero é acabar com ela, estar razoavelmente saudável.

Fonte: https://acracia.org/indigencia-moral/

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

deu no jornal:
economia vai bem
o povo vai mal

Carlos Seabra

[França] Inauguração da Biblioteca Maurice Rajsfus no sábado, 15 de março de 2025, a partir das 17h30

Maurice Rajsfus faleceu em 2020. Sua biblioteca pessoal, que ocupava todos os cômodos de seu apartamento, continha quase 5.000 títulos sobre uma ampla variedade de assuntos. Para evitar que ela se dispersasse, a pedido dos filhos de Maurice, o CEDRATS e o Atelier de Création Libertaire concordaram em abrigá-la e disponibilizá-la ao público, de acordo com arranjos a serem definidos.

O Atelier de Création Libertaire abriu espaço para ela e amigos vieram para refazer a pintura e o piso e instalar estantes. Hoje, os livros estão instalados e vamos inaugurá-la com a presença de Michelle e Marc, filhos de Maurice.

O programa é o seguinte:

– Das 17h30 às 18h30, visita à biblioteca na rue Burdeau, 37.

– A partir das 19h, no CEDRATS, 27 montée Saint-Sébastien, “A vida e as lutas de Maurice”, apresentada por seus filhos.

Aberto a todos e todas.

Fonte: https://rebellyon.info/Inauguration-de-la-bibliotheque-Maurice-28520

agência de notícias anarquistas-ana

durante o teu sonho
eu brinco com as nuvens
e tu não sabes de nada

Lisa Carducci

[EUA] 15 de Março: Dia Internacional Contra a Polícia

Convidamos, pelo segundo ano, as pessoas deste território a se reunirem para participar do Dia Internacional Contra a Polícia, M15. Em um contexto de expansão nacional da infraestrutura e do poder policial e de uma repressão maior contra movimentos sociais, comunidades e indivíduos rebeldes, achamos necessário voltar à questão da polícia – das cidades policiais em todos os territórios dominados pelo estado americano, à nova implantação da tecnologia de vigilância assistida por IA, à flexibilização do ICE [serviço de imigração] e da fiscalização da patrulha de fronteira em uma tentativa frustrada de consertar um nacionalismo despedaçado, à expansão de novas leis e modos de detenção para capturar cada vez mais pessoas na teia de exploração do sistema carcerário.

Escolhemos uma temática de defesa social e combate à polícia – desenvolvendo habilidades e conhecimentos para resistir melhor à polícia e ao sistema carcerário em todos os estágios; de nossas casas e bairros às ruas, às escolas, ao local de trabalho, onde quer que possamos encontrá-los e em qualquer luta que venhamos a travar contra eles.

Yauger Park @ the park shelter, St’cas (chamado Olympia)

em torno de 2PM-4pm

Faça chuva ou faça sol – Vista-se adequadamente!

Máscaras são necessárias e serão fornecidas

O dia consistirá em uma arrecadação de fundos para prisioneiros anarquistas e subversivos na forma de estampagem de camisetas no local e uma venda de bolos.

Haverá um memorial montado para pessoas que foram assassinadas pela polícia – pedimos às pessoas que tragam velas, flores e fotos ou nomes de pessoas mortas pela polícia.

Também haverá um estande montado para escrever cartas a prisioneiros, onde serão fornecidos todos os materiais necessários para isso.

Uma discussão sobre a luta contra a prisão na vida cotidiana

Um Conheça Seus Direitos (e Suas Limitações)

Treinamento Cop Watch 101 e Por Quê

Jogos de Des-Detenção [1] (envolvem contato físico, use roupas que possam sujar e uma toalha se estiver chovendo)

Fonte: pugetsoundanarchists.org

[1] Nota de tradução: refere-se a interromper tentativas de detenção.

Tradução > acervo trans-anarquista

agência de notícias anarquistas-ana

Vento cortante –
Se esconde em meio ao bambu
E desaparece.

Bashô

[Espanha] A cruel matança de golfinhos vinculada à pesca do bacalhau

Uma prática ilegal, segundo o Convenção de Berna, que proíbe a captura e matança deliberada destas espécies

Por Nacho López Llandres | 04/02/2025

A polêmica caça de golfinhos e baleias das Ilhas Feroe ou “Grindadrap” foi objeto de críticas pelo sacrifício de aproximadamente 1.400 cetáceos ao ano, 265.000 desde que se têm registros. A primeira caçada deste ano de 2.025 aconteceu em 10 de janeiro e custou a vida de 53 exemplares de baleias piloto, incluindo filhotes e fêmeas prenhes. A matança foi documentada pela Fundação Capitão Paul Watson no marco da “Operation Bloody Fjords” (Operação Fiordes Sangrentos), iniciativa que expõe publicamente estas matanças.

A associação pelos direitos dos animais e o meio ambiente ARDE denuncia a vinculação comercial entre a indústria pesqueira espanhola e a matança de golfinhos e baleias nas Ilhas Feroe. Sete dos dez principais supermercados na Espanha vendem produtos de bacalhau procedentes do arquipélago Feroês.

Os pescadores são os encarregados de informar quando há um avistamento de manadas de cetáceos e os perseguem com suas embarcações para levá-los às praias, onde ocorre a matança. A Fundação Paul Watson exige dos supermercados espanhóis o fim das relações comerciais com as Ilhas Feroe enquanto estas matanças aconteçam.

O Grindadrap ou Grind, como se costuma chamar, é um método de caça criado pelos vikins faz mais de 1.000 anos e que os feroeses conservaram como parte de sua cultura.

Esta arcaica tradição consiste em conduzir grupos inteiros de pequenos cetáceos (principalmente baleias piloto, que pertencem à família dos golfinhos, e golfinhos de flancos brancos do Atlântico) até a orla, onde enfrentam uma morte dolorosa.

A prática, ainda que defendida por alguns habitantes como parte de sua herança cultural, tem provocado reações adversas, tanto a nível local como internacional.

A indústria pesqueira participa ativamente no Grindadrap. Quando os barcos pesqueiros avistam qualquer das seis espécies de cetáceos autorizados para caçar, e se as circunstâncias marítimas são propícias, os feroeses saem com suas barcas carregadas de pedras, ganchos, facas e cordas. As embarcações giram em forma de semicírculo e jogam pedras, criando paredes de bolhas que o sistema de eco localização dos golfinhos percebe como uma parede; o objetivo é guiar os cetáceos para a praia e encalhá-los.

Os que não conseguem empurrar são levados à força através da inserção em seu espiráculo de um gancho que se encontra atado a uma corda, desde a qual os estabelecimentos situados na costa atiram. Depois, pescadores e outros habitantes feroeses entram na água com varas metálicas com uma ponta de lança e seccionam a medula espinhal entre as vértebras cervicais do animal. Utilizando facas, atravessam os feixes vasculares, nervos e musculatura dos cetáceos, ocasionando-lhes uma abundante perda de sangue.

Esta matança infringe a legislação europeia sobre os cetáceos. É uma prática ilegal segundo o Convenção de Berna, que proíbe a captura e matança deliberada destas espécies, assim como sua comercialização.

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

folhas escuras
tremem na brisa
à contra-lua

Rogério Martins

[Grécia] Konmothini: faixa para N. Maziotis, D. Koufontinas e texto para as prisões

A humanidade ficará feliz quando a última prisão for derrubada pelas mãos dos insurgentes

As prisões são os campos de concentração modernos. São os buracos infernais de sua democracia, os depósitos de corpos para aqueles que se recusaram a se ajoelhar, para aqueles que se levantaram e resistiram, o local de exílio para as patologias da própria sociedade (estupradores). Os prisioneiros políticos não estão atrás das grades como “criminosos” – eles estão atrás das grades porque desafiaram a onipotência do Estado, levantando suas vozes e armas contra a tirania dos poderosos. Os rebeldes armados, os prisioneiros da guerra social, não são vítimas, são lutadores.

E é por isso que o Estado os quer enterrados vivos.

O confinamento solitário não é suficiente, os regimes especiais de detenção não são suficientes, a censura e o silenciamento não são suficientes. O Estado se vinga. Ele nega a licença médica, nega a liberdade condicional, mantém as pessoas presas até que sua última cela apodreça. Porque eles não têm medo deles – eles têm medo de seus exemplos. Eles têm medo do que representam. Que os escravos podem se rebelar, que os fracos podem se tornar armas, que o medo pode mudar de lado.

Nikos Maziotis e Dimitris Koufontinas não imploram. Eles não estão implorando por clemência, não estão pedindo compreensão de um sistema que quer esmagá-los. Seus pedidos de libertação são rejeitados repetidas vezes, porque o Estado não esquece. Ele não perdoa aqueles que lhe causaram terror. Ele não hesita em exaurir de todas as formas aqueles que não renunciam à sua luta, aqueles que não abaixam a cabeça para ganhar alguns anos de liberdade.

Mas nós também não esquecemos.

Não nos esquecemos dos rebeldes da cidade que caíram nos combates. LAMBROS FOUNTAS – KYRIAKOS XIMITERIS E MUITOS OUTROS. Não nos esquecemos de nossos companheiros presos. Não esquecemos a violência do Estado, a tortura, as execuções, os massacres dos oprimidos. Não deixaremos que os prisioneiros de nossa guerra apodreçam em suas masmorras. Não acreditamos em sua “justiça”. Não confiamos em suas instituições.

Portanto, não pedimos nada.

Não imploramos por melhores condições de detenção. Não fazemos campanhas para “aumentar a conscientização” sobre nossos assassinos. Não apresentamos declarações de remorso pelas mãos de nossos demônios. Não queremos prisões mais “humanas”. Queremos vê-las queimar. Queremos vê-las demolidas, pedra por pedra. Queremos que os guardas corram em pânico, que as celas se abram, que os prisioneiros voltem a andar livremente.

Enquanto houver poder, haverá prisões. Enquanto houver prisões, haverá prisioneiros revolucionários. E enquanto houver prisioneiros, não haverá paz.

A guerra continua.

Ocupação Anarquista Utopia A.D. (Temporariamente Evacuada)

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agência de notícias anarquistas-ana

Crisântemos brancos –
Tudo ao redor também
É graça e beleza.

Chora

[Chile] Lançamento do livro em memória de Emilia Milen “Mi espíritu libre, rabiosa, salvaje camina” em Ainil leufu quatro anos após seu assassinato

Por La Zarzamora

Estivemos presentes no lançamento do livro “Escritos en Memoria de Emilia Milen Baucis Obrecht. Mi espíritu libre salvaje rabiosa camina” [Escritos em Memória de Emília Milen Baucis Obrecht: Meu espírito livre selvagem furioso caminha]. O evento foi realizado em 28 de fevereiro na Casa da Memória em Ainil Leufu, Valdívia (um antigo centro de tortura durante a ditadura).

O evento começou às 16 horas em um espaço onde Baucis também passou. Do lado de fora da casa, uma tela onde se lê: “Que se multipliquem os gestos de ternura e ação pelo mapu e pelos animais. Emilia bau presente” com desenhos de uma ovelha e galinhas do Abrigo de Animais Bosque Baucis. Em um dos lados, havia um quadro com uma foto da capa do livro dando as boas-vindas ao evento. Em seu interior, havia telas bordadas com o rosto de Bau entre animais e água, e outra que dizia Onde está Julia Chuñil Catricura? Entre as paredes da casa também havia faixas com desenhos e frases de Emilia. Tudo foi montado com cadeiras e uma grande mesa com comida e bolos veganos sem exploração animal.

Havia cerca de quarenta pessoas ao redor, e o dia começou com a exibição de um curta-metragem inspirado em Emilia, chamado “At the end of the world” (No fim do mundo), dirigido por Antonia Sánchez e Isaac Brand, que nos conduz, por meio da história de Demian, um jovem trans, à experiência de perder um ente querido. O filme se passa em uma viagem do protagonista ao litoral de Valdivia, por isso se conecta com sua trajetória de trans-travesti, e também de modo visual, pois aparecem territórios que Baucis percorria e viajava com sua mãe e amigos.

Após o filme, o livro foi apresentado pela equipe editorial, formada por quatro pessoas, incluindo a mãe, Denise Obrecht, a editora Anárquica Editora e amigos.

Es editores comentaram que passaram três anos trabalhando na edição e também na compilação dos escritos, já que foi lançada uma chamada convidando as pessoas a escreverem anedotas ou experiências vividas com Emília para fazer parte do livro, além de escritos inéditos transcritos de seu próprio diário. Elus reconheceram as dificuldades de fazer um livro póstumo quando se trata de tornar visível a vida de alguém, e lhes pareceu mais simples usar muitas vozes para tornar visível sua existência e quem Baucis era, deixando claro que não há uma única maneira, muito menos uma ideia oficial do que ela é. O livro contém um prólogo de sua mãe, uma carta de Luisa Toledo, imagens, as letras de suas canções e até mesmo as canções que outras pessoas inventaram para ela após sua morte.

“O objetivo deste livro é mostrar como era Emilia Bau, sob os diferentes pontos de vista de amigues, amantes, conhecides e outres que só ouviram falar dela. O que uma mãe nunca espera em sua vida é ter sues filhes, as pessoas que mais ama, tirades dela.”

Denise Obrecht Samson.

Recordemos que este verão marcou o quarto aniversário do assassinato de nossa querida companheira Emilia. Seu assassinato ocorreu em 16 de fevereiro de 2021 pelas mãos de assassinos, supostos “jardineiros” contratados pela família Pugga Mate em Panguipulli, Lago Riñihue, no condomínio de luxo chamado erroneamente de “Riñimapu”.

De acordo com a injustiça do Chile, houve apenas um assassino, Francisco Javier Jara Jarpa, que atualmente está preso em Concepción. Enquanto isso, os mandantes do crime ficaram impunes e até mesmo protegidos. Vizinhos do condomínio contam que, em determinadas datas, um posto de controle da polícia é montado para proteger indivíduos particulares, os mesmos proprietários de terras envolvidos nos contratos com os jardineiros.

Nesse verão, as afinidades organizaram uma atividade comemorativa na praça de Niebla, onde houve música, reflexões, foi plantado um memorial esculpido em madeira de trivê e a placa turística que diz “Niebla, Valdivia” foi interceptada com uma tela que diz “Puga, Mate García e seu bando de assassinos, assassinos de Emilia Bau”.

Voltando ao lançamento… após a apresentação, os participantes foram convidados a ler alguns textos do livro em voz alta para compartilhar seu conteúdo entre si e, em seguida, dar lugar à estreia de “ojitos de menoko”, um vídeo/poema em técnica stopmotion dedicado a Emilia Bau, onde a resistência ancestral da Terra se torna visível, a partir de uma perspectiva crítica ao extrativismo.

No final, houve canto ao vivo, comida farta e um convite para adquirir o livro a fim de usá-lo de modo autogestionário. Os criadores terminaram comentando o quanto era importante para a equipe que esse livro chegasse a cada coraçãozinho que ama Baucis.

“Emilia Bau deu tudo pelo que sentia, apoiando uma menina, ume amigue, os animais, a terra. Ela também acionou diferentes espaços de luta e resistência. Não havia uma planta nativa da qual ela não quisesse colher uma muda ou uma semente que não quisesse salvar, algo que me faz lembrar muito de sua mãe. Uma das últimas coisas que me disse foi que não iria se mudar de onde estava porque havia feito promessas que não queria quebrar: “vou ficar aqui”. Essa conversa me marcou por muito tempo, pois foi apenas alguns dias antes de ela ser assassinada no mesmo lugar que protegeu até seu último batimento cardíaco.”

Extraído do capítulo “El día en que asesinaron a Emilia: Los hechos y un resumen del juicio” [O dia em que assassinaram Emília: Os fatos e um resumo do julgamento] do livro “Mi espíritu libre salvaje rabiosa camina” [Meu espírito livre selvagem furioso caminha].

Para obter mais informações sobre o livro, entre em contato com o Instagram @memoriaxbau @transmutarlibro e @anarquica_editora

Emilia Milen presente!

Fonte: https://lazarzamora.cl/lanzamiento-del-libro-en-memoria-de-emilia-milen-mi-espiritu-libre-rabiosa-salvaje-camina-en-ainil-leufu-a-cuatro-anos-de-su-asesinato/

Tradução > acervo trans-anarquista

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agência de notícias anarquistas-ana

Dentro da mata –
Até a queda da folha
Parece viva.

Paulo Franchetti

Locais da Tesla são alvos de coquetéis molotov nos EUA e na Europa

A raiva contra Elon Musk se torna violenta com coquetéis molotov lançados em algumas instalações da Tesla nos Estados Unidos e na Europa

Os oponentes de Elon Musk estão se tornando mais radicais. Desde a posse do presidente Donald Trump, mais de uma dúzia de atos violentos ou destrutivos foram realizados contra as instalações da Tesla nos Estados Unidos. Eventos semelhantes ocorreram na Europa.

Incêndios e vandalismo nos Estados Unidos

Um homem foi preso na terça-feira (25/02) e acusado de disparar em uma loja da Tesla em Salem, Oregon, com uma arma semiautomática e atirar coquetéis molotov duas vezes na concessionária local da marca de veículos elétricos. A prisão ocorreu poucos dias depois de um posto de carregamento da Tesla perto de Boston ter sido incendiado. Em março, várias estações de carregamento Tesla em um shopping em Lyttleton, Massachusetts, foram incendiadas. Em Maryland, desconhecidos também pintaram com spray “No Musk” em um prédio da Tesla, ao lado de uma suástica.

Em Loveland, Colorado, uma mulher vandalizou repetidamente uma concessionária Tesla. Ela pintou a palavra “Nazista” em preto sob a placa de entrada da concessionária. Ela também disparou um coquetel molotov perto de um Tesla Cybertruck e teria usado tinta spray vermelha para rabiscar uma mensagem nas portas da frente da concessionária: “F— Musk”.

Incêndios na Alemanha e França

Outros ataques incendiários contra a Tesla ocorreram na Alemanha nos últimos dias. Uma investigação foi aberta em Lyon após a publicação em um site anarquista de um apelo para queimar concessionárias Tesla. Uma receita para fazer um coquetel molotov foi publicada nesta chamada. Em Toulouse, o incêndio em uma concessionária Tesla foi reivindicado por um coletivo anarquista.

As vendas dos carros da Tesla na Europa caíram pela metade no último mês. Só na Alemanha a retração foi de 76% em fevereiro. Desde que Trump tomou posse, o valor das ações da fabricante de veículos na bolsa de valores caiu mais de 30%.

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agência de notícias anarquistas-ana

Varria o chão
Até que não dei mais conta –
Estas folhas secas.

Taigi

[Alemanha] Munique: Solidariedade com os anarquistas presos N. e M.

Os anarquistas presos N. e M. ficarão felizes em receber correspondência! Envie-lhes cartas, cartões postais ou mensagens de texto. Para N. em alemão, inglês e francês, para M. em alemão e inglês.

M. está no departamento masculino da prisão de Stadelheim, N. foi transferida para o departamento feminino da prisão de Aichach. O endereço postal pode ser obtido em solidaritaet-mit-n-und-m at riseup.net.

Lembre-se de que as cartas provavelmente serão lidas por policiais e promotores que estão na cola.

Além disso, há inúmeras maneiras de expressar solidariedade!

As prisões da Baviera, especialmente as prisões de detenção provisória, são conhecidas por seus regimes de detenção particularmente restritivos. Por isso, é especialmente importante que os prisioneiros sintam que não estão sozinhos e que estamos pensando neles.

No entanto, não queremos iniciar uma campanha de solidariedade, que às vezes corre o risco de exigir apenas a libertação de prisioneiros individuais e desvincular esse objetivo de lutas mais amplas.

Acreditamos que a forma mais bonita de solidariedade é continuar as lutas dos prisioneiros e travar nossas próprias lutas contra a sociedade carcerária.

Nossos companheiros presos devem estar presentes em nossas lutas e queremos tentar continuamente superar o isolamento com nossa solidariedade.

Vamos mostrar com nossas palavras e ações, com nosso amor e nossa raiva que os carregamos em nossos corações e que o Estado não pode destruir e reprimir nossas relações e ideias!

Amor e força para os anarquistas M. e N. presos em Stadelheim!

Ódio eterno ao Estado e seus lacaios!

A n a r q u i s t a s

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agência de notícias anarquistas-ana

Sob esta ameixeira
Até mesmo o boi vem dar
Seu primeiro mugido!

Bashô

[São Paulo-SP] Cineparsons no CCS, 15 de março

No dia 7 de março de 1942, a gigante anarquista Lucy Parsons faleceu aos 89 anos de idade, nos Estados Unidos.

Para lembrar a importância de sua trajetória de luta, o Grupo de Estudos Lucy Parsons (GELP) e o Centro de Cultura Social de São Paulo (CCS-SP) se unem em 15 de março, sábado, às 16h, para exibir um minidocumentário a respeito da vida dessa influente pensadora e militante.

Na atividade, debateremos e compartilharemos com um público mais amplo as discussões feitas pelo GELP, realizadas na sede da Biblioteca Terra Livre, desde 2024 até o momento atual.

Nosso chamado é para nos encontrarmos cara a cara, fora das redes, e conversarmos no espaço anarquista mais antigo do Brasil!

#ExistePolíticaAlémDasRedes

Cineparsons

Data: 15/03/2025 (sábado)

Horário: 16h

Endereço: Rua General Jardim, 253, sala 22, Vila Buarque, São Paulo – SP

⁠O encontro é gratuito e aberto para todas as pessoas interessadas. Lembrando que o CCS-SP se orienta pelos princípios anarquistas, tais como autogestão, apoio mútuo, internacionalismo, anticapacitismo, anticapitalismo e não partidarismo. Não toleramos qualquer tipo de discriminação de raça, gênero ou sexualidade.

agência de notícias anarquistas-ana

Por aqui passou
uma traça esfomeada:
livro de receitas.

Francisco Handa

[EUA] Clemência só para um Ameríndio?

Por Nònimo Lustre

Na terça-feira, 18 de fevereiro de 2025, após 50 anos de prisão agravada, o octogenário chefe indígena Leonard Peltier saiu da prisão federal de Coleman (Sumterville, Flórida).

O primeiro ponto a ser destacado é que “saiu da prisão” não significa que tenha saído em liberdade, mas sim que sua condenação a duas penas consecutivas de reclusão perpétua sem possibilidade de remissão nem revisão (parole) foi substituída pela de prisão domiciliar (home confinement), graças a uma medida de urgência assinada por Joe Biden no último minuto de sua presidência dos EUA. Nesse sentido, é importante esclarecer que Biden teve um último momento de clemência, não de exoneração ou perdão.

Por que não perdoar? Por que tamanha mesquinharia e/ou ambivalência? Por três razões: a) puro oportunismo; b) pela tendência do partido democrata de Biden em ser bastante mais belicista — Barack Obama iniciou meia dúzia de guerras, um recorde ainda não superado — do que o partido republicano, e esse belicismo intrínseco também se estende ao inimigo interno representado pelos seus indígenas; c) porque Christopher Wray, então diretor do FBI, enviou uma carta privada a Biden alertando que Peltier era um assassino implacável e exigindo que o “índio em questão” continuasse preso. Em uma conversa privada, provavelmente explicou ao Pato Cojo (os que deixam a Casa Branca) que a saúde de Peltier estava péssima, o que faria com que morresse na prisão, deixando o problema para Trump.

Por que o racismo implacável do FBI? Porque, desde sua criação em 1908, e especialmente durante os 48 anos sob a direção de J. Edgar Hoover (1924-1972), o Federal Bureau of Investigation carrega o racismo em seu DNA, além de outras muitas mazelas — entre elas, a homofobia, apesar das evidentes “fraquezas” que Hoover compartilhava com seu sucessor Clyde Tolson. No entanto, em uma clara demonstração de que as (aparentemente) instituições mais estáveis são tão volúveis quanto independentes dos maiores poderes oficiais, o FBI se tornou famoso por uma de suas primeiras investigações: a que desvendou os assassinatos de Osage (Oklahoma, 1920), crimes contra os indígenas Osage para tomar seu petróleo, que Scorsese levou ao cinema em 2023 com o nome Killers of the Flower Moon — onde, atenção, as flores da lua são simplesmente pequenas flores que brotam efemeramente em Oklahoma, e não o epíteto de gângsteres racistas.

Como qualquer enciclopédia sabe, os problemas de Peltier com o FBI começaram em 1975, quando dois agentes especiais do FBI (J. Coler e R. Williams) morreram durante um tiroteio com indígenas que protestavam contra o “reino do terror” que o FBI instaurou na Pine Ridge Indian Reservation após o cerco de 71 dias que, dois anos antes, os federais mantiveram contra os ativistas do AIM (American Indian Movement). Peltier era então apenas um ativista entre centenas, mas o governo dos EUA o escolheu como bode expiatório. Daí, apesar da clamorosa ausência de provas, ele foi preso sob o número 89637-132 por meio século.

A biografia, curta ou longa?

Peltier pertence à Turtle Mountain Band dos Chippewa (Dakota do Norte; TMB). Sua “casa” — colocamos entre aspas, como explicamos abaixo — está no vilarejo de Belcourt (Rolette, DN; hoje com cerca de 1.500 habitantes; cf. boletim https://tmtimes.com), dentro da TMB. Antes da Invasão, Belcourt era conhecido pelo nome Anishinaabe-Chipewa de Siipiising, ou “pequena cachoeira que canta com água salvífica”, até que, em 1884, o missionário católico franco-canadense G-A. Belcourt chegou e, especializado em evangelizar os Anishinaabe e os Métis, espalhou tantos sobrenomes de origem francesa que um deles acabou caindo sobre Peltier.

Por que escrevemos “sua casa” entre aspas? Porque Peltier é o mais recente caso de “bebês roubados”. Na realidade, ele não teve casa nem infância, pois foi arrancado de sua família e enviado para um internato (boarding school). Partindo desse fato, tão comum quanto criminoso, quem poderia se surpreender que ele tenha se juntado ao AIM? Na década de 1970, esse movimento indígena era forte… e legal. Quanto a Peltier, após ser incriminado pela morte dos dois agentes do FBI, ele sabia muito bem qual destino o aguardava e, tentando escapar do patíbulo, fugiu para o Canadá — Belcourt está quase na fronteira, e, como é óbvio, a TMB tem parentes de ambos os lados da linha divisória.

Para sua grande tragédia, em 1976, Peltier foi extraditado para os EUA e condenado a duas penas consecutivas de prisão perpétua — uma precisão judicial incompreensível, a menos que os juízes americanos acreditem na ressurreição de prisioneiros. Por sua biografia injusta, aterradora, mas comum aos povos ameríndios, não é exatamente correto dizer que “Peltier voltou para sua casa”. Na verdade, Peltier sofreu outra tragédia: em 9 de dezembro de 2024, poucas semanas antes da clemência de Biden, seu filho Wahacanka Paul Shields faleceu. Por isso, dizemos que a biografia de Peltier livre é curta, embora sua vida tenha milagrosamente chegado aos 80 anos — por enquanto, e que dure muitos mais.

Resumindo, que é gerúndio

Em maio de 2020, com o título “A pessoa menos poderosa do mundo”, escrevemos sobre outro ameríndio, Lezmond Mitchell, um indígena diné (anteriormente conhecido como Navajo) que então estava há nove anos no corredor da morte. Três meses depois, Mitchell foi legalmente executado por injeção de pentobarbital. Sem o consentimento de ninguém, foi cremado, mas o generoso sistema americano enviou suas cinzas para a aldeia diné. Não houve clemência. Embora — talvez devido às condições impostas pelo Canadá para sua extradição — Peltier não pudesse ser condenado à morte, todos os ameríndios e os indigenistas aliados temiam durante meio século que ele sofresse algum “incidente infeliz” na prisão. De fato, os 3.000 km que separam a prisão na Flórida de Belcourt nos mantiveram em alerta, porque, dado o ódio do FBI, “um acidente de estrada poderia acontecer com qualquer um”.

Há mais de 500 anos, não são muitas as notícias agradáveis publicadas sobre a sorte dos ameríndios. Esta é uma das poucas, mas, por azar, não é uma daquelas que inundam os meios de comunicação ocidentais. Hoje, com os olhos do mundo voltados exclusivamente para o descarado nazismo da sinistra dupla Trump-Musk, a pseudo-liberação de Peltier passou despercebida. Por sua vez, Musk abriu as portas para o nazismo, assegurando, com Trump ao seu lado, que “a vontade do Presidente é a vontade do povo”. Cabe mais investigação sobre o caudilhismo americano? Dito em alemão, Ein Volk, ein Reich, ein Führer — desde 1935, capitaneado por uma foto de Hitler, o principal ícone da propaganda nazista. Um povo (Volk) do qual, como demonstra o caso de Peltier, nos EUA se excluem explicitamente, e violentamente, outros povos, como os ameríndios.

Fonte: https://loquesomos.org/clemencia-solo-para-un-amerindio/

Tradução > Liberto

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agência de notícias anarquistas-ana

Arrastar espantalhos pelo chão
é o que a tempestade
faz primeiro.

Kyoroku

[Alemanha] Berlim: 8 de março – um monumento glorificando a guerra foi atingido

“Hoje não é um feriado público – hoje é um dia de luta”

Um monumento que glorifica a guerra foi atingido (foto).

O homem tóxico feito de concreto está incomodando com sua pose e quer piedade.

Esse bloco de concreto homenageia os soldados mortos nas guerras de 1914-1918 e 1938-1945.

Ele não homenageia aqueles que foram assassinados do outro lado em um frenesi pela pátria.

As mulheres que foram estupradas não são homenageadas.

Não há lembrança daqueles que borraram as calças de medo, que desertaram, que foram fuzilados como desertores e daqueles que nunca quiseram vestir um uniforme voluntariamente.

Aqueles que voltaram da guerra mutilados e foram escondidos da sociedade também não são lembrados.

Esse memorial não está faltando a cabeça ou as duas pernas, nem os olhos ou os intestinos. O homem de concreto é uma mentira propagandística e intoxica nosso ambiente. Há uma dessas coisas por aí em todas as cidades.

Em 8 de março, o homem de concreto recebeu uma visita – porque hoje é o Dia da Luta – e não um feriado público.

Porque a guerra e o patriarcado andam juntos. Porque as forças armadas e o militarismo fornecem uma base para a masculinidade tóxica – em todos os países. Porque as forças armadas devem ser desmanteladas em todos os países. E porque imagens propagandísticas de fantasias de masculinidade patriarcal não têm mais lugar em espaços públicos.

Somos contra o recrutamento e o feminicídio em todo o mundo, contra o ódio queer e trans em todos os lugares e contra o Dia dos Veteranos em 15 de junho de 2025 na Alemanha. Por exemplo.

Todo dia é um dia de luta contra o patriarcado.

Fonte: https://de.indymedia.org/node/497299

agência de notícias anarquistas-ana

cai, riscando um leve
traço dourado no azul
uma flor de ipê!

Hidekazu Masuda

[Espanha] Documentário: Salvador Seguí. A história de um sindicalista.

Salvador Seguí Rubinat foi assassinado em 10 de março de 1923 em Barcelona. A partir de hoje, podemos assistir ao documentário Salvador Seguí. Historia de un sindicalista, dirigido por Gonzalo Mateos e produzido por CGT, Pewman Films, ACATS. A Fundaçaõ Salvador Seguí colaborou com o filme, que contou com diferentes vozes falando sobre Seguí, uma figura histórica e essencial no sindicalismo catalão.

Esse documentário foi apresentado em março de 2022, por ocasião do centenário do assassinato do Noi del Sucre por pistoleiros.

memorialibertaria.org

>> Assista o documentário (1:11:31) aqui:

https://www.youtube.com/watch?v=5vi5rTIjLgE

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agência de notícias anarquistas-ana

A nuvem atenua
O cansaço das pessoas
Olharem a lua.

Matsuo Bashô