[Espanha] Jornadas em Defesa da Terra | Contra o Estado e o Capital

13, 14 e 15 de dezembro

CSO Banc_Expropiat

C/Quevedo 13/15, Gràcia

Barcelona

Nos dias 13, 14 e 15 de dezembro, estamos organizando umas Jornadas em Defesa da Terra, contra o Estado e o Capital. No dia 13, à tarde, e nos dias 14 e 15, pela manhã e à tarde. Falaremos sobre diferentes tópicos, extrativismo, a devastação da terra, a sociedade tecno-industrial, as práticas e técnicas para a defesa da terra…

O programa definitivo será divulgado em breve, mas os dias já estão reservados!

Você pode obter mais informações (programação definida) em https://t.me/Terraillibertat ou enviando um e-mail para devastacio@riseup.net

agência de notícias anarquistas-ana

Algo faz barulho —
Cai sozinho, sem ajuda,
O espantalho.

Bonchô

A situação na Síria ao dia 7 de dezembro de 2024: o ponto de vista dos anarquistas curdos de Têkoşîna Anarşîst

O regime caiu, mas a guerra continua

Os sonhos revolucionários de milhões de sírios que saíram às ruas em 2011 finalmente se tornaram realidade: o regime caiu. Após décadas da dinastia Assad, acordamos em uma Síria sem um governo central em funcionamento. O Estado sírio entrou em colapso.

Como anarquistas e revolucionários, não podemos fazer nada além de comemorar um tirano a menos. Bravo por isso! Mas depois de mais de sete anos vivendo em uma revolução, aprendemos uma lição impopular: a vitória é apenas o primeiro passo para a transformação social de que precisamos. Porque toda vitória é apenas um passo em direção à próxima luta.

Felizmente, o Movimento de Libertação do Curdistão tem décadas de experiência em seus bolsos e está mais do que feliz em compartilhá-la conosco. Além disso, eles também têm 12 anos de experiência prática na liderança de uma sociedade revolucionária no nordeste da Síria, tendo a liberação das mulheres, a ecologia social e a confederação de governos locais como bússola para a construção do socialismo libertário. Não está isento de falhas e erros, mas já é mais do que muitas outras revoluções libertárias já alcançaram.

Ao mesmo tempo, os sucessos militares do Hayat Tahrir al-Sham (HTS) contra o regime, bem como seu governo islâmico autoritário em Idlib, deram a seu líder a oportunidade de influenciar as manchetes das agências de notícias do mundo. A sociedade da informação do século XXI esquece com a mesma rapidez com que rola a tela. Hoje, quem se lembra da libertação de Manbij das garras do ISIS? Quem fala sobre os jihadistas que sequestraram e traficaram as mulheres yazidis de Sengal em todo o mundo salafista? E quem se lembra das mulheres que proclamaram a vitória do FDS sobre Raqqa, que já foi a capital do Califado?

Para aqueles que se esqueceram, lembramos que a YPJ ainda está lutando, liderando a frente da revolução das mulheres em Rojava. Uma frente que, mais uma vez, está sendo atacada pelas forças de representação do Estado turco, agrupadas sob o nome irônico de Exército Nacional Sírio (SNA), uma coalizão de gangues criminosas controlada pela Turquia. Elas agora ameaçam a cidade multicultural de Manbij, um grande exemplo de pluralismo e governança local integrado ao sistema da Administração Autônoma Democrática do Nordeste da Síria (DAANES).

A revolução de Rojava afeta não apenas os curdos, mas também os árabes, bem como os armênios, assírios, siríacos, turcomanos, circassianos e muitos outros grupos étnicos presentes aqui. As forças árabes do Conselho Militar de Deir Ezzor foram aplaudidas pela população local quando entraram na cidade de Deir Ezzor, assumindo o vácuo de segurança deixado pelos soldados do regime em fuga. O sistema confederal no nordeste da Síria é um modelo testado e comprovado que pode servir de base para uma Síria revolucionária. Omar Aziz, um proeminente anarquista de Damasco, trabalhou por uma aliança confederal de conselhos locais, que ele propôs como a espinha dorsal da revolução síria. Ele foi preso e morreu nas prisões do regime de Assad em fevereiro de 2013. Nós não o esquecemos e valorizamos suas palavras e sua experiência como anarquista e revolucionário aqui na Síria.

Todos os revolucionários sírios no exílio, árabes, curdos e muitos outros, têm a responsabilidade de garantir que sua revolução seja bem-sucedida. Anarquistas, comunistas, feministas, ecologistas e outros revolucionários internacionalistas também devem se sentir responsáveis por defendê-la. Temos uma grande oportunidade de dar o exemplo para os movimentos revolucionários de todo o mundo, do Curdistão a Mianmar, de Chiapas à Palestina. Os estados-nação são a pedra angular da modernidade capitalista, e somente uma confederação global de movimentos populares revolucionários pode desafiá-la. A alternativa é uma queda para o autoritarismo, a ocupação imperialista e o ódio fundamentalista. Não permitiremos que isso aconteça.

Rumo a uma nova revolução síria!

Como anarquistas, também devemos dar respostas à questão do Estado-nação. Ao mesmo tempo em que pedimos o fim dos estados e das fronteiras, devemos apresentar não apenas nossas críticas, mas também nossas propostas e soluções. Devemos fazer isso não apenas na teoria, mas também na prática, organizando-nos com as comunidades locais e os movimentos sociais para fortalecer o poder popular.

Forças autoritárias, como o HTS ou a Turquia de Erdogan, sempre usarão a força para impor seu controle em tempos de instabilidade. A única maneira de combatê-las é por meio da organização popular, de uma sociedade civil ética e política forte, da construção da autodefesa popular e de uma cultura revolucionária. Com a solidariedade internacional, para desafiar o nacionalismo e o chauvinismo que nos dividem e servem enganosamente para legitimar o sistema de estado-nação da modernidade capitalista. Com a governança local e os modelos confederados, para desafiar os sistemas centralizados e as fronteiras dos estados-nação, que só geram opressão e violência contra a diversidade. Com a organização das mulheres e dos homossexuais na vanguarda, para desafiar a opressão patriarcal da qual decorrem todos os modelos autoritários.

Desde a Primavera Árabe de 2011, temos visto muitas tentativas revolucionárias no Oriente Médio, mas nenhuma delas levou a uma solução liberal, afundando repetidamente em novas formas de opressão tirânica. O que pode ser feito após a queda de um tirano para evitar que outro tome seu lugar? Há uma pequena janela de oportunidade quando um regime entra em colapso. Um breve período revolucionário, em que as pessoas podem retomar o poder em suas próprias mãos, impedindo que uma nova autoridade centralizada se imponha. Devemos estar prontos para aproveitar essas oportunidades quando elas surgirem.

Vamos nos certificar de que a revolução síria e o movimento de libertação curdo, que liderou a resistência democrática na região, se tornem um exemplo para muitas outras revoluções que virão! Vamos lutar juntos para construir o novo mundo que temos em nossos corações!

Fonte: https://cclamazonia.noblogs.org/post/2024/12/08/a-situacao-na-siria-ao-dia-7-de-dezembro-de-2024-o-ponto-de-vista-dos-anarquistas-curdos-de-tekosina-anarsist/

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https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2019/03/20/curdistao-militante-do-tekosina-anarsist-cai-sehid-em-deir-ezzor-ultima-frente-contra-o-estado-islamico/

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Ano que termina
areia cheia
conchas mínimas

Alice Ruiz

[Espanha] A Libertalia existiu?

Saudações!

Parece-me que questionar se existiu ou não a comunidade de Libertalia é algo capcioso. É como perguntar se a Terra é redonda ou, talvez de forma menos contundente, se existiu a Utopia, me refiro à obra de Thomas More. Naturalmente a obra existiu, traduzida para muitas línguas. Naturalmente também existiu a sua utopia ou, como diz Leyla Martínez, na sua obra publicada no ano passado Utopia não é uma ilha, já que existem muitas comunidades como a descrita por More, é muito mais do que uma ilha, é, são, muitas ilhas, é um movimento contínuo. Perguntar-se pela existência de algo tão potente como a utopia é o mesmo que perguntar pela sua utilidade, e isso foi deixado bem claro por Eduardo Galeano quando, em um debate com o cineasta argentino Aguirre em Cartagena de Indias, na Colômbia, um dos presentes perguntou sobre a rentabilidade da utopia e sua resposta foi: “A utopia está no horizonte. Eu sei muito bem que nunca a alcançarei, que se eu caminho dez passos em direção a ela, ela se afasta dez passos, e quanto mais eu a buscar, menos a encontrarei: ela vai se afastando à medida em que me aproximo. Para que serve a utopia? A utopia serve para isso, para caminhar, para continuar avançando”. Hoje, é mais moderno falar em distopia, ou seja, ser moderno é o mesmo que ser reacionário.

Acredito que a pergunta deveria ser: O que foi a Libertalia? Não me sinto qualificado para me aprofundar na história da Libertalia, seja uma história real ou uma história utópica; o importante é saber o que se estava criando no final do século XVII e início do XVIII, em uma região tão distante da Europa quanto o norte da ilha de Madagascar. Ali nasceu — evidentemente não nasceu do nada, sem mais nem menos, trazia consigo uma bagagem de experiências vividas, de lutas contra os oficiais bárbaros em barcos… — uma comunidade de piratas e escravos libertos, vindos do mar do Caribe e do Índico, que fundaram uma comunidade onde todas as decisões eram submetidas a votação em assembleia, onde o álcool não era bem visto, nem a blasfêmia, nem a obrigação de trabalhar, etc. Ao se estabelecer em Libertalia, os liberti — nome dado aos escravos libertos — renunciavam sua antiga nacionalidade, criando comunidade entre pessoas de diferentes raças, onde o dinheiro era abolido, onde todos eram piratas, agricultores, pastores. Daniel Defoe, autor da obra História Geral dos Roubo e Assassinatos dos Mais Famosos Piratas, publicada sob o pseudônimo de Charles Johnson, também fala sobre as mulheres vivendo em condição de igualdade com os homens, participando das assembleias com voz e voto, e nos diz também que “De qualquer forma, a história de Libertalia representa a expressão literária das tradições, práticas e sonhos do proletariado atlântico.” Ou, em outras palavras: no século XVII e XVIII, muitas colônias fundadas por escravos libertos, piratas e migrantes vindos das metrópoles ocidentais funcionaram de fato com base em princípios coletivistas e libertários.

A história de Libertalia é a história “de magia, mentiras, batalhas navais, princesas sequestradas, caça a seres humanos, reinos de cargas preciosas e embaixadores fraudulentos, espiões, ladrões de joias, envenenadores, adoração satânica e obsessão sexual, que é o que subjaz à origem da liberdade moderna”. Assim começa a história que nos conta David Graeber, o antropólogo anarquista que foi demitido da Universidade de Yale, em seu livro Ilustração Pirata: Bucaneiros, Alegres Lendas e Democracia Radical (2024). Ou seja, Libertalia está ali, está aqui, nos livros, nas ideias, nas ruas, nas reuniões… onde queremos olhar para frente e caminhar. Está nos livros e artigos que nossos avós escreveram no início do século XIX sob a nomes de Salud y R.S. (Saúde e Revolução Social). É ali que encontramos a utopia, não no sofá adormecidos assistindo televisão.

Simón Peña

Fonte: https://www.portaloaca.com/opinion/existio-libertalia/

Tradução > Alma

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No espaço, um brilho
qual uma folha viva:
O grilo.

Edércio Fanasca

[México] Campanha permanente Pró Regeneración

Seguimos com a campanha permanente de apoio ao jornal Regeneración.

Manter uma publicação como Regeneración é difícil, mas se consegue com o apoio da comunidade anarquista.

Podem apoiar o jornal fazendo doações econômicas para mantê-lo vivo, adquirindo exemplares atrasados do jornal (apenas $1 por exemplar) ou adquirindo o número mais recente do jornal.

Os custos são os seguintes:

10 exemplares $35 com entrega pessoal ou $100 com envio (dentro do México)

20 exemplares $70 com entrega pessoal ou $135 com envio (dentro do México)

30 exemplares $105 com entrega pessoal ou $170 com envio (dentro do México)

Mantemos vivo o jornal rebelde e anarquista graças a seu apoio, então não duvidem em ajudar-nos a mantê-lo com vida.

Regeneración, o autêntico Regeneración, pertence ao anarquismo. Mantenhamos-lo vivo.

Viva Regeneración!

federacionanarquistademexico.org

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Borboleta branca
Pousa em minha janela —
Dou-lhe cores vivas

Tony Marques

[Itália-Espanha] Apresentação da revista Semi sotto la neve em seu primeiro número

Semi sotto la neve [sementes sob a neve] é uma revista libertária e anarquista trimestral publicada desde 2021. É publicada pela Associazione di promozione sociale Semi sotto la neve [Associação de promoção social sementes sob a neve], fundada em Trento em 2021. Seus promotores afirmam que “as principais características dessa linha de pensamento e ação (anarquismo) são bem conhecidas, especialmente em sua dimensão de negação de qualquer forma de dominação. Mas os editores desta revista querem propor uma mudança substancial de atitude em relação à complexa e variada vida social. Em nossa opinião, trata-se de promover uma dimensão construtiva, positiva e experimental de uma tradição social, política e cultural que reconhecemos como antiautoritária e solidária”.

A Semi sotto la neve e a Redes Libertarias estabeleceram uma relação de cumplicidade e colaboração, cujo fruto é a troca de conteúdo para publicação em ambas as revistas.

Por que escolhemos este título para esta nova revista?

Com a expressão “Sementes sob a neve” (cunhada por Ignazio Silone e conceitualmente retomada por Colin Ward), pretendemos propor aos nossos leitores uma interpretação renovada do pensamento anarquista, das experiências libertárias e das práticas mutualistas.

Em nossa opinião, trata-se de promover uma dimensão construtiva, positiva e prática de uma tradição social, política e cultural que reconhecemos como antiautoritária e solidária.

De fato, nas páginas desta revista, as experiências que já existem (ou existiram) encontrarão espaço e voz, apesar da organização social hierárquica na qual estão imersas. Essas sementes sob a neve, se devidamente interrogadas, como tentaremos fazer, podem representar, em nossa opinião, uma prefiguração concreta, embora às vezes inevitavelmente contraditória, de uma maneira diferente (antiautoritária) de organizar nossa vida social e individual. Não se trata, portanto, de tecer elogios triunfalistas a experiências individuais, mas de analisar quais são os problemas, quais podem ser as soluções e quais são, é claro, as contradições que surgem nas várias esferas das relações sociais.

Ao longo das diferentes colunas, tentaremos manter isso como o fio condutor que nos permitirá propor um diálogo ativo com nossos leitores. Uma revista, portanto, com uma orientação crítica e interessada em fortalecer a relação entre pensamento e ação. Se é essencial experimentar imediatamente diferentes relações sociais, é igualmente necessário estimular a reflexão e o pensamento crítico e autocrítico.

O pensamento deve se renovar continuamente à luz da experiência concreta e da experimentação, mas também tem uma autonomia própria, muito necessária, que lhe permite fazer uma leitura crítica da realidade e produzir continuamente visões e ideias.

Essa visão prepositiva da dominação (seja lá como se manifeste!) caracteriza a perspectiva que a equipe editorial pretende adotar sistematicamente em todos os temas e em todas as seções que compõem a revista. Uma revista libertária que se refere, de forma crítica e autocrítica, principalmente ao pensamento anarquista, mas que se contamina e se confronta com outras expressões culturais que mantêm um trabalho em prol de uma efetiva emancipação social e humana. Esse confronto contínuo é essencial para aprimorar a atualidade e a substância do pensamento libertário e para enriquecê-lo com diferentes culturas e tradições que contribuem para um esforço autêntico de emancipação da dominação e da exploração.

Por fim, acreditamos que é somente no trabalho coletivo, feito de confrontos e trocas, que faz sentido empreender uma direção editorial como a que estamos buscando. De fato, cada especificidade e sensibilidade individual pode se beneficiar dessa dimensão relacional e colegial e contribuir para que estas páginas sejam um instrumento ativo de pesquisa, questionamento, verificação e planejamento de sementes sempre novas sob a neve.

A revista está estruturada da seguinte forma: editorial, experiências, análise aprofundada, internacional, conversas, raízes e resenhas.

https://semisottolaneve.net/

Fonte: https://redeslibertarias.com/2024/10/28/presentacion-de-la-revista-semi-sotto-la-neve-en-su-numero-1/

Tradução > anarcademia

Conteúdo relacionado:

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2024/06/26/espanha-redes-libertarias-n-1-editorial/

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Unidas voam longe
Nos postes da cidade
Com imensa fragilidade.

Fernanda Gonçalves

[México] Convocação para um ato político-cultural pela liberdade de Mumia Abu-Jamal

Segunda-feira, 9 de dezembro, às 12h, na Embaixada dos EUA.

Destacamos este pôster com muitos agradecimentos a Betún Valerio pelo design.

Participe de uma tarde de arte, música e palavras em apoio a esse veterano dos Panteras Negras, jornalista revolucionário e autor de 14 livros desde sua cela de prisão. Aos 70 anos de idade, Mumia Abu-Jamal está terminando sua tese de doutorado sobre Frantz Fanon.

Preso em 9 de dezembro de 1981 e acusado do assassinato do policial branco Daniel Faulkner na cidade da Filadélfia – um crime que ele não cometeu – Mumia passou 43 anos atrás das grades, incluindo três décadas de confinamento solitário no corredor da morte.

Em 2011, sua sentença de morte foi substituída por uma sentença de prisão perpétua. Agora, seus inimigos na Ordem Fraternal da Polícia e na estrutura de poder querem que ele morra na prisão. No entanto, milhares de pessoas em todo o mundo querem vê-lo nas ruas.

Nosso evento ocorre durante uma guerra de genocídio contra o povo palestino, financiada em grande parte pelo governo dos EUA. Durante muitos anos, Mumia Abu-Jamal apoiou a Palestina, inclusive escrevendo vários ensaios em seu apoio. Este ano, ele encontrou uma maneira de dialogar com alguns manifestantes em universidades de seu país, incentivando-os a exigir o fim da ocupação da Palestina por Israel e o fim dos crimes contra o povo que continua a resistir.

Estaremos do lado de fora da embaixada em 9 de dezembro, logo após a eleição do criminoso Donald Trump para a presidência do Império dos EUA, e estamos observando sua nomeação de um conselheiro moralmente falido após o outro. Nessa situação, a resistência e a organização comunitária, escolar, universitária e dos trabalhadores por uma vida digna e livre em todos os lugares são mais necessárias do que nunca. Devemos continuar a pressionar o governador da Pensilvânia, Josh Shapiro, e o promotor público da Filadélfia, Larry Krasner, para que reconheçam as provas a favor de Mumia e ordenem sua libertação.

Exigimos o fim do encarceramento em massa e racista nas prisões dos EUA, agora exportado para muitas partes do mundo. Também exigimos a libertação de presos políticos, incluindo Leonard Peltier, Jamil Al-Amin, Kamau Sadiki, Kwame Shakur, Joy Powell, Alvaro Luna Hernandez, Oso Blanco, Jo Jo Bowen, Fred Muhammad Burton, Kojo Bomani Sababu, Larry Hoover e Jeff Fort. No México, exigimos a liberdade para Jorge Esquivel (Yorch) e a liberdade absoluta para Miguel Peralta, Karla e Magda.

LIBERDADE PARA MUMIA ABU-JAMAL!

LIBERDADE PARA OS PRESOS POLÍTICOS!

ABAIXO OS MUROS DAS PRISÕES!

Amigxs de Mumia de México

Fonte: https://radiozapote.org/convocatoria-a-un-acto-politico-cultural-por-la-libertad-de-mumia-abu-jamal/

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vento nas cortinas
fico atenta
ao que a manhã ensina

Camila Jabur

[Espanha] Sevilha: nasce O CSOA La Yesca

Em 15 de outubro de 2024, o CSOA Malatesta, o último Centro Social Okupado Autogerido de Sevilha, foi despejado. O Conselho Municipal de Sevilha, em aliança com as forças repressivas e a mídia de desinformação do capital e da ultradireita, comemorou o despejo como um passo decisivo em sua guerra suja contra o movimento de okupação: o “direito à propriedade privada” é reafirmado com cada prédio lacrado e esvaziado de vida.

Hoje, no entanto, é a nossa vez de comemorar. Em meio à turistificação e à gentrificação que está devastando uma Sevilha onde jovens e idosos e famílias precisam de uma solução habitacional, mais uma vez liberamos um espaço para transformá-lo em um novo núcleo de resistência.

La Yesca é um espaço anarquista onde queremos colocar em prática os princípios libertários de autogestão, apoio mútuo e ação direta. Somos uma comunidade de luta. Somos uma das milhões de sementes de liberdade espalhadas pelo mundo. Trabalhamos por um futuro livre de opressão em cada uma de nossas ações.

Reivindicamos a ocupação como uma ferramenta legítima para recuperar a cidade para aqueles de nós que vivem nela, em confronto aberto com a especulação e com aqueles que a promovem. Não temos nada a esperar do Estado e de suas falsas soluções para a crise permanente provocada pelo próprio sistema: nem dos partidos de esquerda que vendem fumaça para apaziguar o conflito social emergente, nem da direita que impõe seu discurso autoritário, racista e patriarcal a cada vez mais setores do tabuleiro político. Nossa força está em nossa autonomia coletiva.

Neste dia 9 de novembro, nos unimos para nos posicionar contra a especulação de locatários, grandes proprietários, banqueiros e empresas como Airbnb ou apartamentos turísticos que buscam exercer violência econômica por meio da mercantilização de espaços destinados à moradia e à vida comunitária, como nossos bairros.

Em breve, abriremos nossas portas para todas as pessoas e coletivos com os quais compartilhamos o anseio por liberdade e o desejo de nos unirmos na luta. Fique atenta a mais anúncios!

DEZ, CEM, MIL CENTROS SOCIAIS!

CONTRA O ESTADO E A ESPECULAÇÃO, UMA OKUPAÇÃO EM CADA RUA!

Blog: csoalayesca.noblogs.org

Correio eletrônico: csoalayesca@riseup.net

Tradução > Liberto

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selva de pedra
condor solitário
vôo triste

Manu Hawk

[Reino Unido] Declaração sobre a ação judicial da CNT

Nós, da Administração Regional do País de Gales, Irlanda, Escócia e Inglaterra (WISE-RA, Wales, Ireland, Scotland and England Regional Administration) da Industrial Workers of the World (I.W.W.), estamos cientes da situação atual entre a Confederação Nacional do Trabalho – Confederação Internacional do Trabalho (CNT-CIT) e a Confederação Nacional do Trabalho – Associação Internacional dos Trabalhadores (CNT-AIT). Essa situação se transformou em um caso legal que pode resultar em multas incrivelmente altas ou penas de prisão para camaradas sindicalistas.

Como membros da ICL-CIT (Confederação Internacional do Trabalho), estamos extremamente preocupados com essas possíveis sanções. Como um sindicato revolucionário e de classe, abominamos a violência estatal, especialmente quando essa violência estatal ameaça aqueles que estão tentando construir um mundo melhor.

Anteriormente, demonstramos nossa solidariedade para com as 6 de La Suiza e condenamos a sentença de prisão que elas enfrentam. Seria hipocrisia se não demonstrássemos a mesma solidariedade para com os membros da CNT-AIT ameaçados com sentenças de prisão.

Esperamos que a CNT-CIT e a CNT-AIT possam resolver as diferenças por meio de arbitragem ou mediação, em vez de recorrer à violência do Estado. Nosso objetivo é construir um novo mundo dentro da casca do antigo; como movimento, não podemos construir um mundo livre da repressão estatal exercendo essa mesma repressão contra nossos camaradas trabalhadores. Portanto, a WISE-RA pede que a CNT-CIT e a CNT-AIT usem uma estrutura de justiça transformadora para a resolução de conflitos a fim de evitar a resolução dessas questões por meio da violência do Estado.

Nada impedirá nossas declarações e atos de solidariedade com sindicalistas revolucionários e trabalhadores que lutam contra o sistema capitalista em todos os lugares. No entanto, a solidariedade não significa – e não deve significar – que não responsabilizemos nossos companheiros quando eles forem contra os princípios fundamentais do nosso movimento. Nesse caso, somos forçados a apontar esse uso da violência estatal contra os trabalhadores.

Fonte: https://iww.org.uk/news/statement-on-cnt-lawsuit/

Tradução > Liberto

Conteúdo relacionado:

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2024/11/06/espanha-processo-geral-contra-o-anarcossindicalismo-cnt-ait-fraga/

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manhã de vento
na caixa do correio
apenas uma folha seca

João Angelo Salvadori

[Espanha] 10 de dezembro: Apresentação do livro ‘El cuaderno de celda de Ferrer y Guardia’, com Pere Solá, Andrés Chamorro e Julián Vadillo

Na terça-feira, 10 de dezembro, se apresentará na sede da FAL em Madrid o livro El cuaderno de celda de Ferrer y Guardia. Uma novela histórica a cargo do autor Pere Solá, que nos submergirá na última e trágica trama da vida de Ferrer Guardia. Acompanhando o autor estarão o historiador Julián Vadillo, especialista em Movimento Libertário e na figura do pedagogo, e Andrés Chamorro, membro da Associação de Amigos das Brigadas Internacionais, que abordará o caso de Ferrer i Guardia desde o compromisso com a memória histórica.

Sobre o livro

De que forma vive suas últimas semanas de vida, alguém como o fundador da Escola Moderna de Barcelona, uma pessoa marcada como inimigo público número um por causa de suas ideias, de seus contatos e de seus feitos? Como pode conviver em seu espírito ao mesmo tempo, durante seu último encarceramento, o combate entre a esperança de um indulto que não chega, a recapacitação do que foi sua vida pessoal, não isenta de contradições, e a reivindicação orgulhosa de quantas iniciativas promoveu para o bem da humanidade? Este é o caderno de cela de um personagem que está sendo submetido a um julgamento militar sumário e sem garantias, acusado de ter liderado um estouro revolucionário popular órfão de dirigentes políticos. Sua dignidade e honradez na defesa de seus ideais de justiça e solidariedade são, ao longo destes últimos dias de existência, tão grandes como a força com a qual denuncia violações de direitos humanos e como a serenidade com a qual determina o destino de seus bens e de seu projeto educativo e editorial. Este livro, que aparece agora em língua castelhana, algo reformado, e com um prólogo contextualizador do autor, e um epílogo do professor Alejandro Andreassi, publicou-se originariamente em 2021 em catalão. Nele o leitor curioso achará muita história baseada em fatos e documentos reais e também um pouquinho de ficção com o objetivo de aliviar um pouco a aspereza do tema. O protagonista desta história é o pedagogo e ativista social e cultural Francesc Ferrer i Guàrdia (1859-1909), assassinado pelo estado espanhol em 1909. Alguém recordado na história social contemporânea da Europa tanto por seu ativismo eclético (trafegando pelo socialismo, o republicanismo social e o comunismo libertário) como por sua mensagem pedagógica de interesse universal a favor de um ensino científico, racional e humanitário.

Sobre o autor

O autor, Pere Solà Gussinyer, gerundense de origem nascido no pós-guerra, leva a cabo uma investigação sustentada sobre educação popular e libertária, e concretamente sobre a vida e obra do fundador da Escola Moderna. Paralelamente estuda a incidência social das redes de sociabilidade organizada através da história. Catedrático emérito de história da educação da Universidade Autônoma de Barcelona. Publicou múltiplos estudos sobre escolas racionalistas e sobre Ferrer Guardia.

Sobre o fundador da Escola Moderna foi curador de exposições produzidas por instituições como o Ateneu Enciclopèdic Popular e a Fundació Ferrer Guàrdia. Prêmio Cidade de Barcelona de investigação histórica por seus estudos sobre redes de sociabilidade organizada.

Participou ativamente em foros internacionais de história de educação, tendo sido membro da junta da ISCHE (International Standing Conference for the History of Education). Impulsionou a Societat d’Història de l’Educació dels Països de Llengua Catalana.

Colaborou com diversos grupos da Argentina e Brasil de história da educação das classes populares e do anarquismo.

Ministra aulas como colaborador em uma Escola de Adultos de seu distrito.

fal.cnt.es

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

Algo de dança
nas algas,
quase canção dos corais.

Yeda Prates Bernis

[EUA] Anunciando o jornal anarquista, “In Tension”

Anunciando um novo jornal anarquista de Bloomington, Indiana, EUA.

A primeira edição pode ser encontrada em InTension.noblogs.org

In Tension é um jornal que atua como espaço para análise anarquista, diálogo e reflexão sobre ações que se estendem além das subculturas, questões e grupos sociais. Destinado a pessoas que estão começando a aprender pelo o que os anarquistas lutam e criam, bem como pessoas que se identificam com o anarquismo por décadas, In Tension é uma maneira de conversarmos uns com os outros e relatar ações, questões e iniciativas que são subnotificadas ou não relatadas. Estamos interessados em promover a prática de fazer coisas para nós mesmos e conectar nossas lutas local, regional e internacionalmente. In Tension também funciona como uma espécie de arquivo, uma maneira de promover a lembrança coletiva.

In Tension é publicado na chamada Bloomington, Indiana, a cada temporada. Aceitamos envios de ações, eventos e análises de diferentes perspectivas que sejam verdadeiras para uma lente antiautoritária, antiestado e libertadora.

Por favor, mantenham os envios com cerca de 1500 palavras ou menos. Confira nosso site para obter instruções sobre como enviar conteúdos anonimamente e com segurança. Para outras correspondências, entre em contato conosco em InTension@riseup.net.

Tradução > meiocerto

agência de notícias anarquistas-ana

Escalo a colina
cheio de melancolia –
Ah, roseira-brava.

Yosa Buson

 

14-12-2024: Cineclube FACA!

Lucio Urtubia Jiménez (Cascante, 18 de fevereiro de 1931 – Paris, 18 de julho de 2020) foi um pedreiro e anarquista espanhol. Considerado o último dos “bandidos bons”, tem sido definido como um “Robin Hood”, como um Quixote; embora, nas palavras de Albert Boadella “Lucio é um Quixote que não lutou contra os moinhos de vento, mas contra verdadeiros gigantes”.

O filme UM HOMEM DE AÇÃO retrata uma parte da vida deste anarquista e será exibido no dia 14 de dezembro de 2024, às 15 horas, pela Federação Anarquista Capixaba. Após a exibição, ocorrerá um debate sobre a obra e sua conjuntura.

PARTICIPE!

DIVULGUE!

APOIE O ANARQUISMO!

Inscrições via e-mail: fedca@riseup.net

Federação Anarquista Capixaba – FACA

Associada à União Geral Anarquista – UAF

federacaocapixaba.noblogs.org

agência de notícias anarquistas-ana

chuva e sol,
olhos fitando os céus –
arco-íris ausente.

Rosa Clement

[EUA] Os anarquistas têm algumas lições para a América de Trump

O espectro do autoritarismo rodeia os Estados Unidos. Como seus cidadãos responderão determinará seus futuros e o futuro do mundo. Mas qual deve ser essa resposta?

Por Cara Hoffman| 15/11/2024

Donald Trump prometeu prender seus opositores, virar o exército contra o “inimigo interno” e engrenar deportações em massa. Ele elogiou os generais de Adolf Hitler, especulou sobre como uma ex-membra do Congresso se sentiria com armas sendo “testadas na sua cara” e disse que não se importaria se jornalistas fossem baleados. Essas declarações fizeram com que historiadores, assim como alguns dos antigos conselheiros de Trump, o chamassem de fascista. Enquanto ele se prepara para assumir o cargo, o espectro do autoritarismo assombra a nação.

Como os americanos responderão a isso determinará seus futuros e o futuro do mundo. Mas qual deve ser essa resposta?

Uma resposta pode ser encontrada em um pequeno enclave de Atenas chamado Exarchia, onde vivi por sete anos pesquisando levantes populares. Aproximadamente do tamanho da East Village, em Nova York, Exarchia tem sido um bastião antifascista desde a década de 1970 e um exemplo de como a luta contra o autoritarismo pode energizar uma comunidade.

Gerações de antifascistas construíram Exarchia, incluindo combatentes que resistiram aos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial e brigadas auto-organizadas que lutaram contra fascistas locais e estrangeiros durante a Guerra Civil Grega. Décadas depois, pessoas enfurecidas pelo assassinato de dezenas de manifestantes e testemunhas pela polícia na Universidade Politécnica de Atenas, em 1973, ajudaram a derrubar a ditadura apoiada pelos EUA. Em 2008, anarquistas voltaram às ruas depois que um policial assassinou um jovem de 15 anos, desencadeando protestos por toda a nação, expulsando a polícia de Exarchia e estabelecendo uma nova medida de autonomia.

Se você está imaginando um bairro cheio de criminosos usando balaclavas negras, pense novamente. Do alto da colina Strefi, em Exarchia, há um parque mantido pelos moradores, é possível ver crianças jogando basquete e pessoas passeando com cachorros e fazendo batalhas de rap, com a Acrópole e o brilhante mar visíveis à distância. As varandas estão repletas de jasmim trepadeira e jardins. Os próprios edifícios formam um enorme mural interconectado de tags de grafite e pinturas abstratas e figurativas. Árvores de laranja amarga alinham as ruas, florescendo com flores brancas na primavera.

É difícil distinguir um amigo da comunidade de coral local, o seu dentista, o seu mecânico ou a avó do seu vizinho, de um antifascista. Toda semana, os moradores de Exarchia realizam assembleias abertas em centros comunitários e em espaços ocupados — edifícios vazios que foram ocupados e reformados; suas pautas são determinadas pelo que é mais urgente na comunidade.

As decisões são executadas por aqueles que estão mais entusiasmados e têm as habilidades relevantes. Por exemplo, um agrônomo se voluntaria para pesquisar relatórios ambientais sobre o bairro. Pessoas que serviram no exército ou estudaram direito podem ter ideias sobre segurança. Os Exarhites criaram seus próprios abrigos para imigrantes, centros comunitários, cozinhas de alimentos gratuitos, parques e bibliotecas em espaços ocupados. Grupos antiautoritários distribuem alimentos e remédios para os necessitados. Eles fazem tudo isso sabendo que não se pode confiar no governo, nas igrejas e nas ONGs para fornecer esses serviços.

Claro que existem desvantagens em viver em Exarchia. É sempre bom ter uma máscara de gás confiável para quando a polícia usa gás lacrimogêneo para dispersar protestos. O vandalismo de Airbnb ‘s para aluguel é comum — apesar dos esforços dos moradores, a gentrificação tem avançado.

Nos últimos anos, Exarchia tem sido ameaçada pelo governo conservador de Kyriakos Mitsotakis. O governo tem desalojado os ocupantes e enviado imigrantes da comunidade para campos de refugiados. Árvores na praça central foram cortadas e esquadrões de policiais militarizados posicionados nas ruas para proteger o altamente contestado local de uma nova estação de metrô, que os moradores veem como um movimento em direção à gentrificação. Ações como essas destroem comunidades.

Aqui está como Exarchia tem reagido.

Manter o espírito do bairro é fundamental. Exarchia é conhecida por festivais com apresentações do coral comunitário e das orquestras locais, carnavais e festas de dança que duram a noite inteira, algumas em comemoração a vitórias passadas ou em memória aos lutadores antiautoritários. A história do movimento é mantida viva, especialmente para as crianças. Quando uma estátua de anjos na praça foi destruída por ordem do governo, titereiros criaram réplicas dos anjos e os levaram aos festivais e protestos. No Carnaval, manifestantes fantasiados dançaram o Sirtaki ao redor de um enorme boneco em chamas de Mitsotakis, em frente à polícia militarizada. Na primavera passada, criaram um enorme tigre de papel machê que percorreu as ruas. Crianças animadas pulavam ao redor dele, colocando a cabeça em sua boca.

Uma diversidade de táticas é essencial para proteger o bairro. Isso vai desde sabotagem de máquinas de construção até boicotes a negócios que promovem a gentrificação, protestos que tomam as ruas e processos judiciais que lotam os tribunais. O que torna todos esses métodos tão bem-sucedidos é a variedade de pessoas envolvidas; jovens e velhos, ricos e pobres, advogados atuando dentro do sistema, e militantes lutando nas ruas. Cada ato de resistência reforça o outro, e tais atos têm sido coletivamente eficazes em parar a usurpação de espaços públicos, prisões e despejos — os do tipo violento pelos policiais e os silenciosos por proprietários que aumentam os aluguéis ou por investidores estrangeiros que compram prédios.

As táticas de Exarchia devem parecer familiares aos americanos, porque muitas delas foram inspiradas na história americana, que tem um número surpreendente de movimentos autônomos populares — coletivos agrários, redes de escravizados trabalhando em células para se mover e conduzir outros para a liberdade, os abolicionistas que os ajudaram, os Trabalhadores Industriais do Mundo (IWW) a resistência indígena, redes clandestinas de aborto, a força-tarefa ACT UP contra a AIDS, ativistas anti-gasodutos, e o Earth Liberation Front, cuja ideologia radical sobre proteger a terra se tornou amplamente mainstream.

Para os americanos que se sentem presos na armadilha de um governo abertamente hostil, é essencial entender como se organizar sem um líder. A maior lição de Exarchia pode ser que, quando o estado falha ou se vira contra nós, nos penalizando, nos negando recursos, restringindo nossa liberdade de expressão e movimento, e atacando os mais fracos entre nós, tudo o que temos é uns aos outros: nossa coragem, nossa competência, nossa alegria, nossa raiva, nossa recusa em recuar ou ver o outro ser prejudicado. As pessoas têm o poder de derrubar ditadores.

Cara Hoffman é uma romancista e editora fundadora da “The Anarchist Review of Books”. Ela ensina na Universidade Johns Hopkins.

Fonte: https://www.bostonglobe.com/2024/11/15/opinion/what-greek-anarchists-teach-us-about-trump/

Tradução > Alma

agência de notícias anarquistas-ana

cantam os pássaros
aqui e ali; deito na rede
e começo a roncar

Rafael Noris

[Espanha] Barcelona: Suspendido o desalojo de Ca l’Espina

Suspenderam o desalojo previsto para a quinta-feira, 28 de novembro, e logo receberemos uma nova data. Na sexta-feira, cinco dias antes do desalojo, o notificaram.

Queremos agradecer todas as mostras de solidariedade e apoio que recebemos nas últimas semanas, que reafirmam que é possível resistir em nossas casas.

Cada dia que passa nos aproximamos do quinto aniversário da fundação de Ca l’Espina, os esperamos coletivamente para resistir ao despejo, não importa quando!

Lutemos e defendamos nossas casas pela vida que queremos viver.

Bojous SL, a família Fradera especula e destrói. A propriedade é sua mas a casa é nossa!

Atentos com as próximas convocatórias!

Ocupação, resistência e ação direta!

Fonte: https://www.instagram.com/p/DCt3nxHt6DR/?utm_source=ig_web_copy_link&igsh=MzRlODBiNWFlZA==

agência de notícias anarquistas-ana

folia na sala
no vaso com flores
três borboletas

Alonso Alvarez

Semana de Agitação desde 9 a 16 de dezembro de 2024 | Marcelo Villarroel à rua já!!

Desde a Rede Solidária Anticarcerária Marcelo Villarroel à Kalle (RSAMVALK) no Chile junto a um conjunto de Individualidades Afins em diferentes lugares e territórios do planeta fazemos este chamado que busca manter a visibilidade de uma situação jurídica política gravíssima, já que nesta se expressa todo o ódio e vingança do poder que, acima de sua própria legalidade, mantêm sequestrado nosso irmão e companheiro que desde dezembro de 2023 deveria estar já nas ruas por ter cumprido integralmente os 14 anos de condenação que lhe impuseram por dois assaltos bancários ocorridos no ano de 2007.

Recordemos que Marcelo foi detido em território argentino em 15 de março de 2008 e expulso para o Chile em 15 de dezembro de 2009 e desde então até hoje seu cativeiro se manteve sob a desculpa de ter que pagar as condenações pelas quais viveu outro período de prisão entre 1992 e 2005 onde lhe outorgaram a liberdade condicional.

O sequestro estatal de Marcelo, que concretamente é uma prisão perpétua encoberta, se mantém a imundície mais podre das heranças ditatoriais: a putrefata Justiça Militar de Pinochet ainda em 2024. Algo que pareceria impensado a 51 anos do golpe militar e o início da ditadura cívico-militar.”

A convocatória de hoje é em função de pôr os esforços e ênfase de cada qual para terminar com uma das situações mais aberrantes desde o jurídico político que afeta a um dos nossos.

Um companheiro que é parte dessa lista de irmãos que em diferentes territórios do planeta tiveram que pagar com longas décadas de prisão sua decisão de combater com as armas na mão a nefasta ordem social imposta pela classe dominante não renegando jamais seus vínculos e convicções arraigadas na multiforme faixa antiautoritária, subversiva anárquica que o irmana em diferentes idiomas, mas com a mesma linguagem de guerra contra o mundo do poder, as hierarquias e toda autoridade.

Fazemos o urgente chamado a expressar e mobilizar todas as vontades e iniciativas para aproximar nosso irmão da rua e com isso terminar com o funesto legado jurídico do extinto Pinochet ainda vigente na sociedade chilena.

Que todas as Mentes Ativas possam expressar gestos onde quer que se encontrem para a consecução deste ansiado objetivo.

Pela anulação das condenações da justiça militar de Pinochet, Marcelo Villarroel à rua já!!

Enquanto existir miséria haverá rebelião!!

Presos revolucionários antiautoritários de todas as tendências à rua!!

Fim de Novembro 2024 – diferentes territórios.

Individualidades Afins

Rede Solidária Anticarcerária Marcelo Villarroel à Kalle

 Tradução > Sol de Abril

Conteúdo relacionado:

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2024/08/19/espanha-100×1-solidariedade-100×100-marcelo-villarroel-nas-ruas/

agência de notícias anarquistas-ana

surgidos do escuro,
somem na moita, na noite:
amores de um gato

Issa

Abaixo o corte de R$ 1,6 bilhões na educação! Preparar a resistência classista!

O Governo Lula/PT ilude nossa classe com a isenção de impostos para aqueles que recebem até cinco mil reais. Aqueles que recebem acima desse valor, caso da nossa categoria, não será beneficiada. Mas ao mesmo tempo o governo apresenta um pacote de corte de gastos que deve tirar 42 bilhões de reais até 2030. Precisamos dissipar a cortina de fumaça para compreender os cortes e enfrentá-los.

Os cortes apresentados por Haddad/PT em novembro estão dentro do “arcabouço fiscal”, novo nome do “teto de gastos” que é uma continuação do ajuste fiscal iniciado por Dilma/PT em 2015 e continuado por Temer/MDB, Bolsonaro/PL e agora o governo Lula/PT. Essa é uma medida fiscalista imposta pela imprensa burguesa e setores privatistas que buscam a precarização do serviço público em geral para justificar medidas que visem “melhorar o atendimento ao público” através da privatização, acabando pouco a pouco com o serviço público no Brasil.

Em julho o governo Lula já havia congelado R$ 15 bilhões do orçamento, onde destes, R$ 11,2 bilhões seriam bloqueados. Tal bloqueio teve uma consequência nefasta em novembro, o bloqueio de recursos do Benefício de Prestação Continuada – BPC, afetando milhares de beneficiados em outubro e novembro deste ano. Estes beneficiados são pobres que muitas vezes utilizam esse benefício para a compra de alimentos. Assim, o corte no BPC vem causando insegurança alimentar em milhares de famílias.

Agora, após o anúncio dos cortes por Haddad, o governo Lula realiza um corte orçamentário de 5,5 Bilhões de reais. Destes, 1,6 Bilhão será na educação. Não podemos permitir. É preciso que os sindicatos da educação rompam com o silêncio fúnebre sobre estes cortes. Tal silêncio apenas privilegia o governo federal, as elites e a direita conservadora, que não precisa governar para ver seu projeto ser implementado.

O engodo da isenção do Imposto de Renda

Neste anúncio o governo afirmou que irá atacar Seguro defeso, PIS, BPC, e até o Bolsa Família. Entre as medidas de cortes estão o reajuste do salário mínimo que passaria a ter ganho real máximo de 2,5% máximo. Não devemos pagar pela política de déficit zero deste governo fiscalista. Está claro para nós que o governo PT acena para os pobres, mas serve aos ricos. O campo do PTismo na direção dos sindicatos, entidades e movimentos sociais trabalham como “amortecedores” para atenuar as medidas antipovo do governo.

A direita bolsonarista representada por Kim Kataguri/UNIÃO, Júlio Lopes/PP e Pedro Paulo/PSD preparam um texto mais agressivo, propondo o reajuste do salário mínimo apenas pela inflação até 2031, corroendo o poder de compra do trabalhador por mais 7 anos. O governo fica mais confortável para fazer seus cortes, afirmando que os cortes da direita seriam piores. Nosso papel como classe é enfrentar os cortes independentemente de onde venham.

Precisamos preparar nossa categoria entender que essas medidas são ataques e não apenas “terrorismo” como muitos colegas tendem a acreditar. Devemos preparar não só uma forte campanha salarial para 2025, mas construir uma campanha nacional contra os cortes em 2024 e em solidariedade com as demais frações da classe atacadas com os cortes do governo PT. A solidariedade é a nossa arma!

Dezembro de 2024 | @resistenciaclassista | lutafob.org| orc_ce@anche.no

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Pétala a pétala
com delícia se desfolha
a alcachofra.

Jorge Lescano

[EUA] A COP29 e a ditadura do petroletariado

Por Amy Goodman e Denis Moynihan

A Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática – COP29 ou a vigésima nona “Conferência das Partes” – foi realizada este ano no Azerbaijão, um pequeno e autoritário petroestado imprensado entre a Rússia e o Irã, às margens do Mar Cáspio. O agravamento da crise climática, que foi alimentada pelo uso intensivo de combustíveis fósseis nos últimos séculos, exige uma ação global conjunta de todos os países, inclusive daqueles governados por regimes autoritários. Mas será que a conferência precisa ser realizada em um país onde a dissidência é criminalizada, os protestos são proibidos e nem a liberdade de imprensa nem o direito à liberdade de expressão são respeitados?

O vício do mundo em petróleo provavelmente começou em Baku, a capital do Azerbaijão. Foi lá, em 1846, que o primeiro poço de petróleo industrial foi perfurado. Quando a revolução varreu a Europa e outros países em todo o mundo em 1848, e o recém-publicado “Manifesto Comunista” de Karl Marx lembrou aos trabalhadores que eles não tinham nada a perder além de suas correntes, a humanidade estava fervorosamente ligada aos combustíveis fósseis. Mais de 175 anos depois, a queima cada vez mais intensa de carvão, petróleo e gás aumentou as temperaturas globais e gerou uma cascata de consequências catastróficas, desde furacões e tufões cada vez mais frequentes e intensos até incêndios florestais, secas e tornados. Isso, por sua vez, aumentou o sofrimento humano e causou o deslocamento maciço da população.

Essa crise continuará a se acelerar, a menos que uma solução global abrangente seja acordada, implementada e aplicada. O que nos leva de volta a Baku e à decisão inerentemente errada de realizar essas negociações vitais em um local onde o governo do presidente Ilham Aliyev pode prendê-lo por falar livremente.

Giorgi Gogia, vice-diretor da Human Rights Watch para a Europa e Ásia Central, disse ao Democracy Now! que “o histórico de direitos humanos do Azerbaijão tem sido abismal por muitos anos, mas a situação se deteriorou drasticamente no período que antecedeu a COP29”, disse ele. Gogia disse que a Human Rights Watch “documentou 33 casos de detenções e prisões de jornalistas, ativistas, defensores dos direitos humanos e críticos do governo sob acusações forjadas… Imagine como teria sido essa cúpula se essas pessoas tivessem tido a oportunidade de estar lá, de expressar suas críticas e de ter suas vozes ouvidas em todo o mundo”. De acordo com outras fontes, o número de prisões efetuadas no período que antecedeu a COP29 chegou a quase 300.

Gubad Ibadoghlu, um economista comprometido com o combate à corrupção e professor da prestigiosa London School of Economics, está atualmente em prisão domiciliar. Seu crime? Pedir maior transparência no manuseio das receitas de petróleo e gás do Azerbaijão. Em julho de 2023, Ibadoghlu e sua esposa foram violentamente presos. O professor Ibadoghlu pode ser condenado a uma pena de prisão de até 17 anos. Sua filha, Zhala Bayramova, também foi presa e submetida a tortura.

Em uma entrevista ao Democracy Now! fora do Azerbaijão, Zhala disse: “Sou advogada de direitos humanos, mas também sou ativista, fui observadora eleitoral e trabalhei em casos perante a Corte Europeia de Direitos Humanos. Como resultado da tortura que sofri, agora não consigo dormir sem um travesseiro de pescoço, pois os discos do meu pescoço foram danificados. Minhas costelas e rótulas também foram esmagadas”.

Zhala continuou: “O pai de Ilham Aliyev também foi presidente do Azerbaijão e, durante a era soviética, foi general da KGB. E parece que Ilham Aliyev está preparando seu filho para sucedê-lo no cargo. [Além disso, a esposa [do atual presidente] é a vice-presidente do Azerbaijão. Portanto, é como uma monarquia. De certa forma, é como uma dinastia familiar. Eles são donos de tudo”.

A cúpula climática foi realizada no principal estádio esportivo de Baku e em várias instalações de transição adjacentes dentro de uma área restrita conhecida como “Zona Azul”, onde a ONU controla a segurança e estabelece as regras. Nessa “aldeia Potemkin”, que se assemelha a um cenário, as manifestações de protesto são toleradas somente se autorizadas com antecedência e apenas em locais e horários específicos. Em um dos espaços de protesto designados, os manifestantes podem fazer barulho, discursos ou até mesmo cantar. No outro espaço designado, só são permitidos protestos silenciosos, onde só é permitido cantarolar baixinho ou estalar os dedos. A ONU explicou que isso se deve à proximidade da área com as salas de reunião da cúpula. No entanto, por trás das portas fechadas dessas salas de reunião, onde o futuro climático do planeta está sendo decidido, os mais de 1.700 lobistas do setor de combustíveis fósseis registrados para a COP29 têm liberdade para se expressar, interagir com delegações governamentais e influenciar o curso das negociações sem serem perturbados por protestos silenciosos do lado de fora.

Como 2024 está se preparando para ser o ano mais quente já registrado, superando até mesmo as temperaturas recordes do ano passado, a produção e o consumo globais de petróleo estão em um nível mais alto de todos os tempos. A ciência nos diz que os piores impactos da emergência climática ainda podem ser evitados se forem tomadas medidas enérgicas com urgência e determinação.

Autocratas como Ilham Aliyev, e aspirantes a autocratas como Donald Trump, adoram a riqueza e o poder que emanam do petróleo. Trump já prometeu que os EUA se retirarão – mais uma vez – do Acordo de Paris sobre Mudanças Climáticas. Os movimentos populares e a solidariedade internacional serão cruciais para o enfrentamento das ameaças gêmeas do autoritarismo e das mudanças climáticas nos próximos anos de crise.

Nestes tempos difíceis, as palavras de Antonio Gramsci, o renomado filósofo do século XX que passou os últimos doze anos de sua vida na prisão sob o regime do líder fascista Benito Mussolini, ressoam novamente. Em seus “Cadernos da Prisão”, traduzidos do italiano, Gramsci escreveu:

“O velho mundo está morrendo. O novo está demorando a aparecer. E nesse claro-escuro surgem os monstros”.

Fonte: Democracy Now!

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

um ponto vem do horizonte,
vira pássaro, desce e pousa;
a árvore o repousa.

Alaor Chaves