[Espanha] Radio Alegría Libertaria: Algumas pinceladas do anarcopacifismo

Neste programa número 50 de Alegría Libertaria, vamos dar umas pinceladas sobre o anarcopacifismo.

Este programa é parte da série que estamos realizando sobre temas ou correntes do anarquismo: anarcossindicalismo, anarquismo nas ruas, anarcofeminismo, ecologia libertária, culturas populares e ludismo.

O anarquismo trata de acabar com as relações de poder, e, portanto, com o Estado e o Mercado, e construir uma sociedade baseada na liberdade e no apoio mútuo, na cooperação, na solidariedade… A violência é uma forma de poder sobre o outro, pelo que se pode pensar que o anarquismo é, em si, um movimento não violento.

No entanto, foram gerados e seguem gerando muitos debates em torno do anarcopacifismo, a não violência, a não participação em guerras. Assim que pensamos que trazer algumas pinceladas de finais do século XIX e princípios do século XX podem nos ajudar.

Pensamos que podemos começar com uma introdução sobre o conceito de anarcopacifismo, e depois traremos alguns textos de Lev Tolstoi, Emma Goldman, e o trabalho de Lilian Wolfe e Thomas Keell em Freedom Press.

>> Para ouvir o programa, clique aqui:

https://alegrialibertaria.org/wp/anarcopacifismo/

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

No meio da praia
os amigos se dispersam…
Garoa repentina.

Neide Portugal

[França] O planeta sombrio, mas o cruzeiro se diverte a todo vapor

Por Les Indiens du Futur | 21/07/2025
 
Enquanto os desastres climáticos e ecológicos estão, infelizmente, se agravando como previsto, cruzeiros e grandes navios de todos os tipos estão se multiplicando, há um mercado, especialmente entre os mais ricos.
 
Na civilização industrial, nada muda, algumas coisas eventualmente se transformam (parte da energia que produz a eletricidade crescente essencial às máquinas): aviões de turismo e jatos particulares, utilitários esportivos, transatlânticos gigantes, corridas motorizadas, data centers… Todas essas máquinas e atividades nocivas, entre milhares de outros tipos, continuam a proliferar sem limites.
 
Os navios de cruzeiro são um dos arquétipos da vida acima da terra e sob o vidro fabricados pela civilização industrial. Também poderíamos citar shopping centers com ar-condicionado, estações de esqui indoor em desertos ou parques aquáticos tropicais no norte.
 
Os navios de cruzeiro servem apenas para turismo de luxo, diversão e exotismo pagos e com ar-condicionado? É totalmente absurdo, supérfluo e destrutivo? Não importa, para o capitalismo é brilhante e indispensável, até mesmo vital. Interromper uma atividade lucrativa, por mais prejudicial que seja, é impensável! Antes morrer do que mudar nosso modelo de sociedade! De fato.
 
E nenhum Estado se arriscará a proibir ou limitar drasticamente essas práticas, mesmo que seja liderado pela esquerda. Os Estados estão totalmente inseridos no capitalismo e no sistema tecnoindustrial; são parte fundamental dele.
 
E sempre haverá populações civilizadas dispostas a pagar caro para “dançar no Titanic” e, assim, acelerar o naufrágio deste planeta que lhes permite viver.
 
Parar e desmantelar a civilização industrial ou afundar junto com ela ao som da pista de dança?
 
> A proliferação de ofertas de cruzeiros, desde o Mediterrâneo de baixo custo até a Antártica, que custam dezenas de milhares de euros – “Em um Cruzeiro” (5/5). O mundo dos cruzeiros está se segmentando, para aumentar ainda mais a frequência graças a novos itinerários, novos temas e serviços cada vez mais luxuosos…        
(…)
O Queen Mary 2, operado pela empresa britânica Cunard, atrai principalmente uma clientela aposentada, seduzida pela atmosfera tradicional. Estamos longe dos navios de festa lotados de crianças, repletos de piscinas e tobogãs, que cruzam o Mediterrâneo ou o Caribe. Ou dos cruzeiros que cruzam o Reno ou o Danúbio. Ou mesmo dos “cruzeiros de expedição” às Ilhas Galápagos ou Spitsbergen (no arquipélago de Svalbard), para encontrar a vida selvagem. Assim é o mundo dos cruzeiros: em rápido crescimento e cada vez mais diversificado, multiplicando fórmulas para atingir todos os públicos.
(…)
“Cruise é ideal para colocar todos em um interlúdio encantado, uma bolha.”
(…)
Em 2024, a Luxury Lifestyle Vacations causou escândalo ao organizar seu primeiro cruzeiro swing para a Antártida, explorando o exotismo dessa “terra virgem” e o contraste entre icebergs e corpos nus.
(…)
Os cruzeiros continuam a tecer sua teia, de uma semana no Mediterrâneo por 700 euros em um edifício de vinte andares a um palácio flutuante para um pequeno grupo que custa vários milhares de euros. No meio, milhares de possibilidades. Uma teia que acaba reconstituindo no mar o mundo em terra.
 
Fonte: https://ricochets.cc/La-planete-sombre-mais-la-croisiere-s-amuse-a-plein-tube-8543.html
 
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https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/03/20/italia-nao-aos-megaprojetos-de-devastacao-vamos-parar-o-porto-de-cruzeiros-em-fiumicino/
 
https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2024/07/25/alemanha-destruicao-ambiental-exploracao-condicoes-coloniais-e-isso-que-os-cruzeiros-significam/
 
https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2017/08/30/grecia-cruzeiros-a-exploracao-turistica-absoluta/
 
agência de notícias anarquistas-ana
 
Vento balança —
folhas de plátano
caem no chão
 
Mô Schnepfleitner

[Chile] 4ª Feira do Livro Anarquista, Valparaíso

Com alegria compartilhamos a nova e próxima data da quarta versão da “Feira do Livro Anarquista, Valparaíso” em @espaciokatarcis.

A temática que trazemos neste caso atende ao contexto urbano e social dentro da cidade, buscando desemaranhar os conflitos e efeitos que traz consigo a cidade neoliberal e seu ordenamento capitalista, como também as propostas e estratégias que buscam responder a esta lógica.

Se estás interessado no lançamento de algum material ou em expor a respeito da temática, pode nos escrever desde já pelo contato do cartaz  sala.agitacionpropaganda@gmail.com.

A respeito de editoras e propaganda, estaremos convocando com antecedência com relação à data e informando por estes meios.

Anote no calendário para que voltemos a nos encontrar e compartilhar nesta próxima primavera.

Abraços fraternos!

agência de notícias anarquistas-ana

Bigorna da rua –
cada golpe forja elos
sem senhor nem lei.

Liberto Herrera

[Reino Unido] Black Flag: Anarchist Review Summer 2025 [Bandeira Negra: Revista Anarquista Verão 2025] já está disponível

A segunda edição deste ano começa com o obituário de Peter Kropotkin para seu amigo, colega anarquista e geógrafo Elisée Reclus (1830-1905). Em seguida, são apresentados vários artigos de Reclus, que devem indicar por que ele foi tão influente no movimento anarquista em sua vida quanto Kropotkin.
 
Depois, temos Louise Michel (1830-1905), que dispensa apresentações. Comunista, levada ao anarquismo por suas experiências, ela desempenhou um papel importante no movimento francês desde seu retorno do exílio em 1880 até sua morte. Como discutimos em uma edição anterior (Volume 3 Número 1 [Primavera de 2023]), o fato de ela ter hasteado a bandeira negra durante uma manifestação de trabalhadores desempregados em 9 de março de 1883 foi fundamental para transformá-la no símbolo da anarquia que é hoje. Pouquíssimos de seus escritos estão disponíveis em inglês, muitos deles, talvez sem surpresa, relacionados à Comuna de Paris.
 
Em seguida vem o anarquista italiano Luigi Fabbri (1877-1935). Até recentemente, apenas os excelentes “Bourgeois Influences on Anarchism” (Influências Burguesas sobre o Anarquismo) e “Anarchy and ‘Scientific’ Communism” (Anarquia e Comunismo ‘Científico’) – seu sistêmico desmascaramento do ataque tipicamente desinformado de Bukharin ao anarquismo – estavam disponíveis em inglês. Isso mudou e temos o prazer de incluir uma seleção de seus escritos que, temos certeza, serão de interesse. Sua morte, aos 57 anos de idade, sem dúvida privou o movimento de um importante pensador.
 
Em seguida, apresentamos três resenhas, uma sobre The Russian Anarchists (Os Anarquistas Russos), de Paul Avrich, para marcar a Revolução de 1905, e outra sobre um livro recente que apresenta falhas sobre a Revolta Sindicalista de 1910 a 1914, escrito por um membro do SWP. Também incluímos uma breve resenha do Syndicalism de Tom Brown, escrita para a Black Flag quando foi publicada pela primeira vez na década de 1990, mas que parece nunca ter sido publicada antes.
 
Terminamos com os obituários de Colette Durruti e do anarquista de Glasgow John Couzin, além de nosso resumo de notícias do movimento, Parish Notices.
 
As traduções originais que aparecem na Black Flag: Anarchist Review eventualmente aparecem on-line aqui:
 
https://anarchistfaq.org/translations/index.html 
 
Este ano, pretendemos continuar a abordar uma variedade de pessoas e assuntos. Esperamos incluir artigos sobre e de nomes como Louisa Sarah Bevington, Ethel MacDonald, Sylvia Pankhurst, entre outros. Além das resenhas e notícias habituais sobre o movimento.
 
No entanto, esse trabalho precisa de ajuda, caso contrário, em algum momento ele acabará. Contribuições de socialistas libertários são bem-vindas sobre esses e outros assuntos! Somos um coletivo pequeno e sempre precisamos de ajuda para escrever, traduzir e reunir material, portanto, entre em contato se quiser que a Black Flag Anarchist Review continue.
 
Os conteúdos e o editorial dessa edição estão aqui:
 
https://anarchism.pageabode.com/black-flag-anarchist-review-summer-2025 
 
Tradução > transanark/acervo trans-anarquista
 
agência de notícias anarquistas-ana
 
Mato molhado
cobra rasteja
passou de repente
 
Docá

[Itália] Morte ao Rei! Edição 2025

Terça-feira, 29 de julho de 2025

125º aniversário do regicídio

MORTE AO REI

Roteiro de bicicleta pelos passos de Gaetano Bresci.

Locais, antecedentes e protagonistas do regicídio.

Encontro às 21h, Praça São Paulo, Monza.

O passeio ciclístico terminará na Capela Expiadora (Cappella Espiatoria).

Em caso de mau tempo, o evento não acontecerá.

Morte ao Rei” é um roteiro de bicicleta que o levará em seis paradas pela cidade de Monza para redescobrir locais e fatos históricos ligados ao assassinato de Umberto I por Gaetano Bresci. Do massacre da Praça São Paulo em 1898 até os três tiros de Bresci, uma voz narradora e leituras de testemunhos da época reconstruirão os acontecimentos e suas razões históricas. Uma oportunidade para mergulhar na história, fugindo do melodrama nacional-popular do assassinato do “Rei Bondoso“.

boccaccio.noblogs.org

agência de notícias anarquistas-ana

No coração do sistema,
um caracol carrega
sua casa utópica.

Liberto Herrera

[Itália] 29 de julho de 2025: Pizzada “regicida” em memória de Gaetano Bresci

Em 29 de julho de 1900, Gaetano Bresci vingou as centenas de proletários italianos massacrados nas ruas pelas forças repressivas do Estado monárquico, assassinando o rei Umberto I. Tais atos policiais brutais parecem pequenos diante da atual guerra europeia entre Ucrânia e Rússia (por enquanto) e, principalmente, do genocídio do povo palestino em Gaza e na Cisjordânia, perpetrado pelo governo e pelo exército israelense. Além disso, não podemos esquecer o rio de sangue que corre por todo o Oriente Médio, começando pelo sofrido povo Curdo, nem as incontáveis guerras em curso no mundo, como no Sudão, em Mianmar, entre outras.

Por tudo isso:

Terça-feira, 29/07/2025, às 20h
Em Lonno di Nembro, na pizzaria “Alba”

Nos reuniremos, como libertários e amigos, para arrecadar doações a serem destinadas:

·         À Associação Palestina de Bergamo

·         À Associação Confederalismo Democrático do Curdistão (Milão, v.le Monza 255)

Preço da pizza: € 12 (com vinho cortesia do estabelecimento)
(Cervejas, licores, sobremesas, café e outros extras serão pagos separadamente por cada participante.)

Agradecemos a quem puder contribuir adicionalmente para o apoio às duas associações.

Para confirmar presença na pizzada, entrar em contato até sábado, 26/07:

·         E-mail: underground@inventati.org

·         Telefone direto da pizzaria: 035 51 50 19

Contamos com vocês!

Underground Spazio Anarchico Bergamo
underground.noblogs.org

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

luar na relva
vento insone
tira o sono das flores

Alonso Alvarez

[Finlândia] Embaixada da Alemanha pichada em Helsinque

A antifascista Maja foi extraditada ilegalmente para a Hungria pelo Estado alemão há mais de um ano. Em 5 de junho, Maja iniciou uma greve de fome exigindo melhores condições e o retorno à Alemanha. Em 14 de julho, Maja interrompeu sua greve de fome. No entanto, as exigências continuam de pé.

Queríamos lembrar à embaixada alemã em Helsinque que Maja ainda está presa em condições terríveis na Hungria, deixando uma mensagem simples que eles não podem ignorar.

LIBERTEM MAJA! LIBERTEM TODOS OS ANTIFAS!

#freemaja #freeallantifas

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https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/07/24/italia-milao-manifestacao-em-frente-ao-consulado-da-alemanha-pela-libertacao-de-maja-t/

agência de notícias anarquistas-ana

O mundo de orvalho
é só um mundo de orvalho.
E no entanto…

Issa

[Alemanha] Libertem Maja!

“Meu corpo – um esqueleto, com um espírito inquebrável, combativo e vibrante. Ele sorri, busca liberdade e comunidade no horizonte e se recusa a aceitar que não há justiça” – essas palavras estão na declaração de Maja ao final da greve de fome. Nós também nos recusamos a aceitar isso; permanecemos inquebráveis, combativos e vibrantes.

Como sinal de solidariedade, substituímos a bandeira da Kanonenplatz no Castelo de Berg, em Freiburg, por uma bandeira da Maja Livre na noite de 15 para 16 de julho.

Libertem Maja, libertem todos e todas!

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https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/07/24/italia-milao-manifestacao-em-frente-ao-consulado-da-alemanha-pela-libertacao-de-maja-t/

agência de notícias anarquistas-ana

A lua esta noite:
chego a ter saudade
dos seus resmungos.

Issa

[França] Octavio Alberola (1928 – 2025), uma trajetória de vida libertária agitada e intensa

> Entrevista realizada em maio de 2010.
 
Octavio Alberola é anarquista. Ele nasceu na Espanha, em Alaior, Ilhas Baleares, em 1928. Hoje reside em Perpignan, na França. Em 1939 chega ao México com seus pais. A partir daí começa sua militância anarquista. Atua nas Juventudes Libertárias e na CNT espanhola no México. Em 1962 forma parte do organismo clandestino “Defesa Interior” constituído pelo Movimento Libertário Espanhol depois do congresso da CNT de 1961. Atualmente participa do “Grupo pro revisão do processo Granado-Delgado” que, desde 1998, está exigindo a anulação das sentenças franquistas. Ele também faz parte do “Grupo de Apoio aos Libertários e Sindicalistas Independentes em Cuba”, GALSIC. Incansável, ele ainda colabora com outras iniciativas libertárias na Europa. É um homem cheio de histórias, escritas numa trajetória de vida libertária agitada e intensa. Algumas histórias ele expõe aqui, nessa entrevista concedida à ANA. Mas a sensação que fica ao dar por terminada esta conversa é a de que havia muitas coisas a ouvir ainda. Vamos a ele.
 
Agência de Notícias Anarquistas > Como que o anarquismo entrou na sua vida?
 
Octavio Alberola < Pois, sem dúvida, à medida que ia vivendo… com os meus pais, com os acontecimentos em que eles estavam envolvidos. Para ser mais direto, através das relações deles com os demais companheiros e companheiras, no seu trabalho enquanto professores racionalistas, de sofrer também as conseqüências da repressão que eles sofreram e, muito provavelmente, através das discussões, leituras e atos de propaganda que pouco a pouco fui compartilhando com eles e com os seus companheiros da CNT, tanto na Espanha como no exílio posteriormente: primeiro na França e depois no México. Também através das discussões com os meus companheiros de estudos sobre diferentes temas políticos, sociais e culturais e ao ter que me confrontar a disciplina autoritária do ensino na Escola Secundária e Preparatória de Jalapa, capital do estado de Veracruz da República mexicana. Embora, quem sabe, foi ao me mudar para a Cidade do México para iniciar os estudos universitários que as idéias anarquistas foram se aprofundando, mais pelo fato de participar na organização das Juventudes Libertárias mexicanas e poucos dias depois ter que dividir, com outros três jovens companheiros, uma cela (clandestina) na qual as autoridades mexicanas nos tiveram encarcerado, durante um mês após nos terem detido colando manifestos libertários nas ruas da Cidade do México.
 
>> Para ler a entrevista na íntegra, clique aqui:
 
https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2017/05/11/franca-octavio-alberola-creio-que-nos-encontramos-numa-encruzilhada-historica-que-pode-abrir-um-caminho-prometedor-a-emancipacao-dos-humanos-por-eles-mesmos/
 
agência de notícias anarquistas-ana
 
É tarde, escurece,
a lua se esforça
mas logo aparece.
 
Pedro Mutti

Morreu Octavio Alberola (1928 – 2025)

Você tem 80, 85, 90 anos de idade. Você já está olhando para baixo, do alto do edifício que vem construindo ao longo dos anos. Não há mais andares para fazer porque você já fez o telhado. Você está sentado olhando para o horizonte e vê os edifícios como o seu que estão sendo construídos ou foram construídos ao seu redor.
 
Alguns edifícios dessa imensa cidade que é a humanidade, a maioria deles, são desconhecidos para você. Mas você certamente conhece alguns dos construtores. Eles são os que pensam da mesma forma. Do seu telhado, você percebe que alguns edifícios não têm mais ninguém sentado, como você lá em cima, olhando ao redor. Eles estão vazios; não há ninguém lá porque a pessoa que construiu o edifício não está mais lá. Alguns são belos, com apreciações estéticas de uma originalidade ímpar, ou com prodígios de design estrutural de habilidade leonardesca. É o que resta da pessoa que viveu neles.
 
Alguns prédios são baixos, muito baixos e sem telhado, meio acabados porque, tragicamente, o construtor saiu depois do expediente. Outros foram atingidos por um projétil que os deixou prematuramente em ruínas. Esses são os que foram destruídos por forças externas.
 
A vida é finita e, quando se constrói um edifício tão alto quanto o de Octavio, é comum ver como os arquitetos que pensam da mesma forma deixam o edifício vazio.
 
Hoje é a vez de Octavio Alberola deixar o edifício. Cansado, Octavio havia me dito que iria embora há dez dias.
 
Nós nos despedimos e ele me contou algo de nossas intermináveis conversas sobre o universo. Agora, disse ele, devolverei a matéria à sua origem. E assim, sem mais nem menos, o último anarquista histórico que conheço se foi.
 
Octavio Alberola era um ser diferente, com uma maneira única de pensar e um otimismo louvável em relação à espécie humana. Tive a sorte de conhecê-lo e de biografá-lo. Conversamos sobre aspectos impensáveis de sua vida e do ser humano, porque Octavio era um homem curioso e fascinado por vários aspectos, como a física quântica, a lógica absoluta do universo e do ser humano, ou a justiça e a paridade entre iguais. Esse conceito o levou a lutar pela justiça como anarquista durante toda a sua vida. No México, país onde sua família se refugiou, exilado após a guerra na Espanha, e também na França, país onde viveu a maior parte de sua vida.
 
Não vou me estender mais nessas linhas porque sua biografia é enorme. Direi apenas que Octavio Alberola, uma das pessoas mais extraordinárias que já conheci, nos deixou, deixando para trás um enorme edifício, generoso em conhecimento e formas de entender essa espécie complicada que é a humanidade.
 
Hoje, o mundo está um pouco mais vazio.
Por sua vez, Octavio, o universo está um pouco mais cheio.
 
Agustín Comotto, 24 de julho de 2025
 
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https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2021/07/30/espanha-video-documentario-assim-planejou-octavio-alberola-sua-primeira-tentativa-de-assassinar-franco-por-que-se-descartou-o-plano/
 
https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2016/12/14/franca-lancamento-a-revolucao-entre-o-acaso-e-a-necessidade-de-octavio-alberola/
 
agência de notícias anarquistas-ana
 
Navalha na seda:
a delicadeza corta
o nó da autoridade.
 
Liberto Herrera

[Alemanha] Ação Direta: ativistas contra o genocídio atacam escritórios de associação de seguros em Berlim

Berlim, 20 de julho de 2025

• “SEGUROS, SUA CUMPLICIDADE ESTÁ NO SEU DINHEIRO”

• ATIVISTAS CONTRA O GENOCÍDIO ATACAM OS ESCRITÓRIOS DA ASSOCIAÇÃO DE SEGUROS EM BERLIM DURANTE A NOITE

Nesta noite, cobrimos com tinta vermelha como sangue os escritórios da Associação Geral de Seguradoras Alemãs, na Leipziger Strasse, em Berlim. Deixamos mensagens nas paredes do edifício denunciando o papel que as seguradoras alemãs desempenham no atual genocídio na Palestina. A ação faz parte de uma campanha internacional que visa pressionar a Allianz a encerrar seu apoio à Elbit Systems, a maior empresa de armamentos de Israel. No fim de semana, diversos grupos independentes atacaram prédios pertencentes a companhias de seguros por toda a cidade.

A Associação Alemã de Seguros representa os interesses de toda a indústria de seguros da Alemanha, o segundo maior mercado de seguros da União Europeia, com um fluxo de mais de 240 bilhões de euros em 2024. Um mercado alimentado por apelos à militarização, por crimes de guerra e genocídio. O mais recente relatório da Relatora Especial da ONU, Francesca Albanese, destacou que a seguradora alemã Allianz comprou US$ 960 milhões em títulos do Tesouro israelense, contribuindo diretamente para o orçamento militar da ocupação.

A Allianz detém pelo menos US$ 7,3 bilhões em empresas listadas no relatório da ONU sobre a economia do genocídio. Suas apólices de seguro cobrem os riscos que outras empresas assumem ao operar nos territórios palestinos ocupados, viabilizando assim abusos de direitos humanos e um ambiente operacional “sem risco”. Além disso, a Allianz é uma importante investidora institucional da Elbit Systems e fornece os seguros necessários para que a fabricante de armas opere na Europa e no Reino Unido. A Elbit Systems é a maior fabricante de armamentos de Israel e produz armas comercializadas como “testadas em combate” contra o povo palestino. Ela fornece 85% da frota de drones militares de Israel e equipamentos terrestres.

“Enquanto palestinos estão sendo bombardeados, famintos e assassinados em pontos de distribuição de alimentos, nenhuma pessoa de consciência pode ignorar seu sofrimento e seu direito à liberdade da ocupação”, declarou uma porta-voz do nosso grupo. “As armas da Elbit foram repetidamente usadas contra civis palestinos. Em menos de dois anos, Israel assassinou centenas de milhares de palestinos, bombardeou hospitais e destruiu todo tipo de infraestrutura civil, incluindo escolas, sistemas de água e energia. Por toda a Europa, nossa mensagem para as companhias de seguro é clara: é hora de parar de lucrar com assassinatos em massa. Abandonem a Elbit. Abandonem a economia do genocídio. Não vamos parar até que vocês parem.”

Um grupo anônimo de ativistas

Fonte: https://kontrapolis.info/16171/

Tradução > Contrafatual

agência de notícias anarquistas-ana

A utopia é fruta
que amadurece nas mãos
dos que ousam colher.

Liberto Herrera

[Grécia] Impedido o desembarque de um navio de cruzeiro israelense na Ilha de Syros

Uma manifestação em massa em apoio à Palestina aconteceu na terça-feira, 22 de julho, na ilha de Syros, na Grécia, por ocasião da chegada do navio de cruzeiro MS Crown Iris, que transportava passageiros israelenses.

A Grécia é um dos destinos turísticos preferidos pelos israelenses, com cruzeiros e excursões organizadas inclusive para membros das Forças de Defesa de Israel (IDF), que costumam passar férias no país para “descansar entre um massacre e outro”. Há tempos, moradores e visitantes da ilha afirmam que “soldados da IDF, colonos e apoiadores da guerra e da ocupação da Palestina não são bem-vindos em sua ilha”. Eles também denunciam o comportamento provocador de turistas israelenses que apoiam o genocídio.

Os manifestantes se reuniram às 11h da manhã no porto de Ermoupolis e marcharam até a área de Nissaki, onde o atracamento do navio estava previsto, entoando palavras de ordem em apoio ao povo palestino, com o objetivo de impedir o desembarque dos turistas e soldados da IDF.

Alguns passageiros tentaram desembarcar, provocando a multidão, mas foram repelidos. Após duas tentativas frustradas de desembarque em Syros, o navio de cruzeiro MS Crown Iris deixou o porto e retornou ao Chipre.

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

Sussurros… Sussurros…
Prenúncio de um namoro
na festa da lua

Clara Sznifer

[Itália] Milão: manifestação em frente ao Consulado da Alemanha pela libertação de Maja T.

Na segunda-feira, 21 de julho, foi realizada uma manifestação em Milão, em frente ao consulado alemão, para protestar contra a prisão de Maja T., pessoa antifascista não binária alemã detida na Hungria por ter participado, em fevereiro de 2023, das manifestações antifascistas contra o encontro neonazista do “Dia da Honra”, realizado em Budapeste.
 
O regime de Orbán, por causa dessas mobilizações, está perseguindo antifascistas de toda a Europa. A manifestação e as várias mobilizações em curso sobre o mesmo tema têm como objetivo pressionar o governo alemão para que atue em prol da libertação de Maja. Também foi denunciada a cumplicidade das instituições europeias nessa espiral repressiva contra os/às antifa, e foram lidas as palavras de Maja escritas na prisão.
 
Tradução > Liberto
 
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agência de notícias anarquistas-ana
 
Entre os fios elétricos
o brilho entrelaçado —
Lua desta noite.
 
Mahelen Madureira

Live: “Capitalismo e Colapso Climático”, com Luís Marques

O IEL (Instituto de Estudos Libertários) convida Luís Marques, professor aposentado da Unicamp e autor do livro Capitalismo e Colapso Ambiental, para uma conversa profunda sobre o colapso climático em curso. Vamos discutir o que revelam os modelos científicos, os limites das soluções tecnológicas, o papel do sistema econômico na devastação ambiental e por que falar em “crise” talvez já não seja suficiente — estamos diante de um verdadeiro colapso.
 
Quando? Segunda, 28 de julho de 2025
Horário? 20h00
Onde? Canal do YouTube do IEL (Instituto de Estudos Libertários)
 
>> Acesse o canal do IEL aqui:
 
https://www.youtube.com/live/IC8MtPi-LJ8
 
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agência de notícias anarquistas-ana
 
selva de pedra
condor solitário
vôo triste
 
Manu Hawk

[Grécia] Reportagem fotográfica do 7º Festival Libertário de Solidariedade Social, de Classe e Internacionalista

O 7º Festival Libertário de Solidariedade Social, de Classe e Internacionalista da Organização Política Anarquista – Federação de Coletivos ocorreu em Atenas, no parque de Lampidona em Byron, nos dias 4, 5 e 6 de julho de 2025. O objetivo do festival era “criar um espaço político e cultural público e aberto para o encontro, a comunicação e a fermentação entre as lutas sociais e de classe que se desenvolvem de baixo para cima e a intervenção de projetos anarquistas-libertários dentro delas”.
 
Durante o festival, foram realizados eventos políticos e culturais, além de apresentar uma abundância de material político impresso, livros de publicações do movimento, pôsteres, mas também uma exposição de esboços e uma exposição de fotos sobre a luta palestina ao longo de uma jornada de décadas, desde a ocupação da terra palestina por Israel até hoje, quando o povo palestino enfrenta o horror genocida e continua a resistir com dignidade.
 
>> Mais fotos aquihttps://apo.squathost.com/enimerosi-ke-fotoreportaz-apo-to-7o-eleftheriako-festival-kinonikis-taxikis-diethnistikis-allilengiis  
 
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agência de notícias anarquistas-ana
 
Sertão nordestino —
mandacaru solitário
enfeita a paisagem.
 
Renata Paccola

PLUMA NEGRA – Zine Anarquista Anticolonialista

As edições nº 1 (julho) e nº 2 (agosto) já estão nas ruas, carregadas de ideias anarquistas contra o colonialismo, o autoritarismo e as prisões do pensamento.

No nº 1, você encontra:

— ecos de Bakunin e Frantz Fanon

— críticas à esquerda colonizadora

— reflexões sobre a rebelião zapatista

No nº 2:

— textos sobre anarquismo e anticolonialismo

— o anarquismo afoindígena de Karlos JR

— poesia viva de André

— “A estética do capital”, de Mauricio Remígio

— e os pensamentos insurgentes de Rocío Nahir Seguí

Distribuição em Campina Grande/PB e por trocas solidárias.

Quer ler, trocar ou distribuir?

Chama no email: carlosfajunior@gmail.com

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Sementes na terra
Lutam pela sobrevivência
Pássaros e homens.

Mary