Pois é, além de pró-petróleo, o velhaco também é pró-energia nuclear. E não é de hoje, ele também quer retomar o empreendimento Angra 3. Com certeza, sequer passa pela cabeça dele desacelerar, decrescer, mas desenvolver, crescer, explorar, destruir… E foda-se o mundo natural, o meio ambiente, o clima… Sem rodeios, É UM ECOCIDA!
Nuclear = perigo permanente, deterioração do meio ambiente, desmatamento, poluição, exploração de recursos naturais…
agência de notícias anarquistas-ana
no canto da janela nova linha do horizonte: o fio da aranha.
O modelo político tradicional criou duas esferas que se confrontam continuamente: a direita e a esquerda. Para quem não sabe, essa denominação remonta à época da Revolução Francesa, quando os mais radicais se sentavam à esquerda nas tribunas. Com o tempo, isso tornou-se uma definição usada em todo o mundo para identificar as polaridades políticas em disputa. No entanto, essa definição é bastante superficial e não contempla a proposta anarquista, que ficaria indefinida nesse espetro.
É simples de entender por que o anarquismo não tem lado: é contra o modelo político institucional; contra a luta parlamentar e a estrutura partidária; não é liberal e nada tem a ver com o capitalismo, além de desejar a sua destruição. O mesmo se aplica ao marxismo, que nunca será libertário, por mais que alguns desses “marxistóides” se esforcem por deformar o totalitarismo marxista e o seu capitalismo de Estado e partido único, tentando apresentá-lo como um socialismo “libertador”, um “comunismo real”, que sabemos bem que não é.
A prática anarquista leva muitas vezes à participação em movimentos sociais, de oprimidos e explorados, e por essa presença tende-se a adjetivar os anarquistas como “de esquerda” – mas não o são. Nos movimentos sociais, a principal preocupação anarquista é justamente romper com o modelo vanguardista, com lideranças centralizadoras e estruturas verticalizadas, muito comuns tanto à direita como à esquerda. Se observarmos bem, veremos que essas definições já não correspondem às práticas de nenhum dos lados. Isto porque uma parte significativa da esquerda mundial está no poder e favorece, acima de tudo, os mesmos interesses e clientelas que a direita sustenta. Há grupos empresariais que disputam entre si, mas isso já deixou de ser uma contenda ideológica – é apenas uma disputa por influência. Neste cenário, dizer “esquerda” ou “direita” é apenas um jogo de aparências.
A clareza da proposta anarquista assusta ambos os lados: abolição da propriedade, abolição dos partidos, abolição da riqueza, coletivização e administração direta dos meios de produção – uma sociedade organizada sem Estado e sem patrões. Tudo isto representa uma nova estrutura que supera e destrói o modelo atual, e isso é um perigo que tanto a esquerda como a direita não querem enfrentar. O modelo atual é demasiado confortável para ambos – conseguem apenas trocar de cadeiras e manter o jogo de poder, à custa da população, que continua sistematicamente excluída dessa brincadeira. As eleições são uma farsa destinada a legitimar essa estrutura excludente.
Os anarquistas denunciam esta realidade e, por isso, são atacados por ambos os lados. Isso demonstra que, como anarquistas, não devemos procurar ajuda ou apoio em nenhum desses lados. De ambos vieram sempre traições, que levaram milhões de pessoas à prisão e à morte.
Para o anarquismo, esquerda e direita são apenas faces da mesma moeda da política institucional, e a alternância de poder entre essas figuras não contribui em nada para a emancipação dos oprimidos e explorados.
O modelo atual não nos representa, e é necessário romper com esta lógica através da administração direta, feita por nós e para nós – sempre unidos!
A nossa lógica é outra: a da libertação direta, da emancipação de todos, sem intermediários nem governos, seja de que lado forem.
Construamos o anarquismo através de uma prática livre e direta!
Este vídeo é um manifesto visual contra as formas hegemônicas de exploração que, em nome do progresso, reduzem a floresta a solo perfurável, a corpos descartáveis, a territórios negociáveis. Na Amazônia, é comum ouvir que o açaí é o nosso petróleo. A metáfora nasce do chão: não da lógica da escavação, mas da abundância que escorre das palmeiras e alimenta o cotidiano das pessoas.
L e t r a – Nosso Petróleo
Nosso petróleo não destrói, não envenena rios Não perfura a terra Escorre das palmeiras, Roxo de vida. Não rasga a pele do mundo É riqueza que cresce, Que alimenta Que se reparte O deles cheira a morte, Nas manhãs frescas Na beira do rio. La vêm o progresso Com máquinas e promessas A floresta já conhece essa história Isso cheira a morte Nosso petróleo é o açaí, Nasce livre, nasce aqui! Não é lama, nem veneno, É raiz, é alimento. Corre livre na floresta, Forte, vivo, nos sacia. Não provoca dor na terra, Nem em quem nela está.
Anunciamos o Bash Bash Revolution, uma semana de música e esportes de combate para apoiar diversos projetos autônomos de autodefesa e ajuda mútua.
O Bash Bash Revolution é um evento de fim de semana que acontecerá de 23 a 25 de maio de 2025, com o objetivo de fortalecer nossas relações, aprimorar nossas habilidades e promover a cultura de treinamento de esportes de combate entre revolucionários, antifascistas e anarquistas.
O fim de semana contará com oficinas de defesa comunitária/autodefesa, uma feira de zines, show punk e exibição de filme. Além de promover a comunidade, cada evento servirá como arrecadação de fundos para projetos radicais de autodefesa internacionais e locais. Para mais informações, visite @bashbashrevolutionnyc no Instagram.
23 de maio
Show Punk com Luta Livre ao Vivo
Local: Our Wicked Lady, Brooklyn
Abertura às 19h, show às 20h
Organização: Leg Drop Productions
Venda de merch e arte para arrecadar fundos para o NYC ICE Watch
24 de maio
Feira de Zines e Oficinas
Local: La Plaza Cultural, Manhattan
Horário: das 12h às 16h
Venda de merch para arrecadar fundos para Gaza Boxing Women
25 de maio
Oficinas e Exibição do Filme L.C.B.D.
Local: INTERCOMM, Queens
Oficinas das 13h às 15h, exibição às 15h30
Venda de merch e doações para arrecadar fundos para La Cultura Del Barrio
Em 1922, após testemunhar pessoalmente o resultado da Revolução Russa, a anarquista Emma Goldman descreveu como “a Rússia Soviética havia se tornado a moderna Lourdes socialista”. Oitenta anos após a revolução na Rússia, uma reflexão sobre esse período tem mais do que apenas valor histórico. Muitas organizações de esquerda ainda consideram essa era o modelo para futuras revoluções. Para desafiar essa concepção bolchevique de organização e revolução, analisamos quais foram as consequências desse modelo.
Os bolcheviques se organizaram como um partido de vanguarda, que pretendia liderar a revolução. Essa estrutura levou a resultados específicos, e um olhar para a história “oculta” da Revolução Russa ilustra isso. Lênin, em seu livro “Estado e Revolução”, fala de uma sociedade onde todo cozinheiro governará.
Mas, na realidade, o Partido, na sua qualidade de líder da revolução, governava. Em 9 de novembro de 1917, um soviete (comitê de delegados operários eleitos) no Comissariado do Povo dos Correios e Telégrafos já havia sido abolido por decreto. Mesmo antes disso, com a revolução mal tendo libertado os trabalhadores da escravidão virtual, os líderes bolcheviques já diziam aos trabalhadores que “a melhor maneira de apoiar o Governo Soviético é continuar com o seu trabalho”.
Lênin, em março de 1918, escreveu (Obras Reunidas, Vol. 27, página 270) que o Partido se relaciona com os trabalhadores guiando-os “pelo verdadeiro caminho da disciplina do trabalho, pela tarefa de coordenar a tarefa de discutir em assembleias de massa sobre as condições de trabalho com a tarefa de obedecer inquestionavelmente à vontade do líder soviético, do ditador, durante o trabalho”. Eis o que se passa com cada cozinheiro que governa.
Estes não são apenas incidentes isolados. O Partido logo começou a institucionalizar seu domínio. Por exemplo, os comitês de fábrica, em vez de poderem formar federações entre os setores, tiveram que se reportar a órgãos antidemocráticos escolhidos a dedo pelo Partido. É nesse contexto que Daniel Guerin argumentou que “Na verdade, o poder dos sovietes durou apenas alguns meses, de outubro de 1917 à primavera de 1918”.
Como os bolcheviques “garantiram” a revolução? Trotsky, como líder do Exército Vermelho, reintroduziu a disciplina regular do exército, incluindo não apenas execuções por deserção, mas também todas as pequenas regulamentações, como a saudação, que dava aos oficiais cargos especiais. Ele aboliu a eleição de oficiais, escrevendo que “a base eletiva é politicamente inútil e tecnicamente inadequada, e já foi posta de lado por decreto”.
O Terror Branco foi combatido com punições coletivas, punições categóricas, tortura, tomada de reféns e punições aleatórias. Estas não eram dirigidas apenas a “brancos” conhecidos, mas também a seus amigos e familiares. Em 3 de setembro de 1918, o jornal bolchevique “Ivestia” anunciou que mais de 500 reféns haviam sido fuzilados pela Cheka de Petrogrado, não por terem cometido um crime, mas por terem tido o azar de pertencer a uma família desfavorável.
Alguns argumentarão que esse terror foi legitimado pelo Terror Branco. Mas, em abril de 1918, o terror seria usado contra grupos políticos que apoiavam a revolução, mas se opunham ao regime bolchevique. Em dois dias de abril de 1918, 40 anarquistas foram mortos ou feridos e cerca de 500 presos em uma série de ataques em Moscou e Petrogrado.
Todas as principais publicações anarquistas foram proibidas em maio de 1918. Isso apesar de os anarquistas terem lutado pela revolução em outubro, com quatro deles no Comitê Militar Revolucionário que coordenou o levante. Nos quatro anos seguintes, centenas e, depois, milhares de anarquistas foram presos, encarcerados, torturados, exilados e executados. Outros partidos de esquerda pró-revolução sofreram destino semelhante, e em 1919 também os trabalhadores que agiram independentemente contra o regime.
Os modos de organização bolcheviques têm resultados específicos: a centralização do poder. Esse tipo de organização significa que “Stalin não caiu da lua”, mas foi o herdeiro dessa organização antidemocrática. Isso se opõe ao “Socialismo de Baixo” e ao lema da Primeira Internacional: “a emancipação dos trabalhadores deve ser obra dos próprios trabalhadores” e não de algum partido de “vanguarda”.
É com grande alegria que os e as convidamos para esse ciclo de conversas sobre temas importantes, sensíveis e atuais!
A abertura ocorrerá no dia 24 de Maio com a conversa sobre Geografias das Autonomias Indígenas, onde, um dos temas trazidos será o zapatismo, essa conversa contará com o autor do livro de mesmo nome. Em junho conversaremos sobre a Questão Palestina, tão atual e delicado, já que a população Palestina, em especial de Gaza estão sendo massacrados e assassinados pelo estado israelense.
Em julho daremos uma parada e voltamos em agosto com duas conversas. Uma sobre Educação Anarquista em que será abordado a parte teórica, bem como falaremos da questão sindical dentro da educação. A outra, falaremos sobre as mulheres anarquistas e feminismo a partir do livro “Companheiras: mulheres anarquistas em SP” onde poderemos contar com a presença da autora.
O fechamento será no dia 21/09 com uma mini feira de materiais anarquistas, com programação a ser divulgada posteriormente.
Esperamos encontrar vocês para um bom debate e um bom café!
A crítica à paralisia do anarquismo no Brasil não é nova, mas permanece urgente. Enquanto o capitalismo avança, o Estado endurece suas garras e as desigualdades se aprofundam, parte do movimento anarquista local parece ter se enclausurado em uma bolha de teorização infinita. Essa “paralisia reflexiva”, como alguns a nomeiam, revela um descompasso entre a produção intelectual e a ação direta. Não se trata de rejeitar a teoria — essencial para a crítica radical —, mas de questionar por que tantos coletivos e indivíduos anarquistas se satisfazem em discursar sobre a revolução enquanto reproduzem dinâmicas hierárquicas e passivas típicas da academia.
A assimilação da cultura acadêmica pelo anarquismo é um fenômeno perverso. Nas universidades, a produção de conhecimento frequentemente serve à carreira individual, à competição por reconhecimento e à legitimação de hierarquias intelectuais. Quando anarquistas adotam essa lógica, transformam-se em “teóricos da revolução” que prescrevem fórmulas abstratas, distantes das lutas concretas. A linguagem hermética, os debates intermináveis sobre nuances doutrinárias e a fetichização da teoria como fim em si mesma são sintomas de um academicismo que desarma a práxis. Não é surpresa que muitos desses grupos, embora críticos do poder, reproduzam a dinâmica da academia: pensar para os oprimidos, nunca com eles.
Historicamente, o anarquismo brasileiro floresceu nas fábricas, nos sindicatos e nas comunidades, articulando teoria e ação. No início do século XX, operários anarquistas organizavam greves, editavam jornais militantes e criavam escolas livres, entendendo que a transformação social exigia presença, não apenas reflexão. Hoje, parte do movimento parece ter trocado as assembleias populares por simpósios universitários. Claro, a academia pode ser um espaço de resistência, mas quando a teoria não retorna às ruas, não dialoga com as necessidades imediatas do povo, ela se torna um exercício de autocelebração — e, pior, uma forma de neutralizar o potencial revolucionário do anarquismo.
O academicismo não é inocente: é uma ferramenta de domesticação. Ao confinar o pensamento crítico a artigos indexados e debates entre pares “esclarecidos”, a academia coopta a radicalidade anarquista, transformando-a em objeto de estudo inofensivo. Quando militantes aderem a essa lógica, reforçam a ideia de que a mudança social é tarefa de “especialistas”, não do povo organizado. Pior: essa postura alimenta uma divisão de classe dentro do próprio movimento, onde intelectuais acadêmicos — majoritariamente brancos e de classe média — ditam as pautas, enquanto trabalhadores, negros, indígenas e periféricos permanecem como meros “casos de estudo”.
É preciso resgatar o caráter popular e prático do anarquismo. Isso exige descer do pedestal teórico e mergulhar nas lutas cotidianas: ocupações urbanas, resistência indígena, greves, coletivos antifascistas, ações mutualistas durante crises. A teoria anarquista deve nascer dessas trincheiras, não de referências bibliográficas europeias descontextualizadas. Questionemos: quantos coletivos hoje estão nas quebradas, construindo hortas comunitárias ou enfrentando a polícia ao lado dos moradores? Quantos priorizam a formação política horizontal em vez de palestras com linguagem inacessível? A revolução não será um artigo bem-referenciado — será um processo construído nas brechas do sistema, com suor e solidariedade.
Superar a paralisia exige autocrítica e coragem. Não basta denunciar o academicismo; é necessário romper com a comodidade dos círculos fechados e assumir riscos. O anarquismo não é um clube de debate, mas um projeto de transformação radical. Se queremos honrar nossa história e enfrentar os desafios do presente, precisamos substituir a “performance revolucionária” por ação direta, vinculada às urgências do povo. Que nossas teorias sejam armas, não ornamentos. E que nosso maior legado não sejam teses, mas territórios livres, relações descolonizadas e a certeza de que, enquanto houver opressão, haverá anarquistas dispostos a combatê-la — não apenas nas páginas de livros, mas nas ruas, onde a história realmente se escreve.
Em visita oficial à China, Lula “paz e amor” se reúne com Cheng DeFang, CEO da Norinco, uma das maiores empresas produtoras de armas e serviços militares do mundo. Na pauta do encontro “negócios no Brasil”, leia-se “mercado da morte”, armamentos, reequipamento do Exército Brasileiro… Segundo a grande imprensa, “A Norinco vai mandar até o fim de maio uma delegação ao Brasil para prospectar oportunidades de negócios, seja nos setores de defesa e segurança e outras áreas como óleo e gás e mineração”.
POR UM MUNDO SEM FRONTEIRAS, SEM EXÉRCITOS, SEM INSTALAÇÕES BÉLICAS, SEM MERCADO DA MORTE, SEM OPRESSÃO, EXPLORAÇÃO E GUERRAS!
SOMOS ANARQUISTAS, SOMOS ANTIMILITARISTAS!!!
agência de notícias anarquistas-ana
Vento refrescante que se contorcendo todo chega até aqui.
Ignacio Córdoba Cruz é um companheiro rapper, punk, anarquista, defensor do território e solidário com os desaparecidos e com as lutas sociais, que atua há mais de uma década em diferentes movimentos de resistência contra o poder, criando laços de camaradagem e resistência. Em 5 de junho de 2015, no âmbito das mobilizações pelos desaparecidos de Ayotzinapa e da ampla convulsão social que estava ocorrendo em todo o México, ele foi vítima, juntamente com outros colegas estudantes da Universidade de Veracruz, de uma agressão para-policial orquestrada pela SSP de Veracruz, na qual, por meio de infiltração, um grupo de capangas entrou no apartamento onde estava sendo realizada uma festa de aniversário e atacou brutalmente os estudantes com bastões, facões e outras armas, deixando uma cena terrível de tortura, sangue, ossos quebrados, vidros estilhaçados e sofrimento. O Estado, por meio da SSP, tentou assassiná-lo e, desde então, ele vem sofrendo anos de perseguição policial por suas convicções e ações políticas.
Atualidade sobre o caso
Em 15 de maio de 2025, durante a marcha em repúdio à homenagem a Fidel Herrera Beltrán, em que a imprensa informou que não houve prisões, o companheiro Ignacio Córdoba Cruz foi ilegalmente detido pelas forças de segurança pública por volta das 12:00 da tarde e mantido desaparecido por mais de 9 horas. Sua detenção nunca foi registrada no Registro Nacional de Detenções, mais uma vez violando seus direitos. Durante todo o período de sua busca, todas as instituições policiais ocultaram o paradeiro e a situação legal de Ignacio Córdoba Cruz. Até que por volta das 22 horas da noite, soube-se que ele estava na Procuradoria Geral do Estado, na Direção Geral da Polícia Ministerial, onde apresentava sinais de tortura. Diante disso, não temos dúvidas de que o Estado está tentando criminalizar nosso companheiro Ignacio Córdoba Cruz e que o atual governo de MORENA continua aplicando as mesmas políticas de terrorismo de Estado e perseguição de ativistas sociais dos governos anteriores.
Exigimos total respeito aos seus direitos, ao devido processo legal e responsabilizamos o governo de Rocio Nahle pela integridade de Ignacio Córdoba Cruz e por qualquer ato de intimidação, repressão ou perseguição à sua família, amigos, companheiros e pessoas solidárias ao caso.
Liberdade imediata para Ignacio Córdoba Cruz! Parem com a criminalização do protesto social! Que a solidariedade seja mais do que palavras! Fazemos um apelo internacional de solidariedade ao nosso companheiro!
Atenciosamente.
Companheiros Solidários com Ignacio Córdoba Cruz / Xalapa Veracruz, 16 de maio de 2025
Em dezembro de 2023, Alfredo M. Bonanno nos deixou. Longevo, ele havia nascido em pleno fascismo. Com ele, pela lei da vida, agora se esvai o abandono daqueles que nasceram na década de 1930. Sua morte nos priva das contribuições de um dos últimos titãs anarquistas, que dedicou sua vida e militância à revolta. Sua figura se insere em nossa tradição libertária na mesma categoria de gigantes, tanto por sua presença ativa em tempos e lugares conturbados quanto pela ampla difusão de suas reflexões.
Caracterizamos Bonanno como um titã pela envergadura de sua figura, mas também porque, como os titãs, ele assaltou o Olimpo anarquista. Um Olimpo ideológico no qual figuras e axiomas referenciais haviam se tornado, aos poucos, reverenciais. Contra essas reverências, alheias ao espírito iconoclasta inerente ao anseio anarquista, Bonanno protagonizou sucessivas revoltas contra a fossilização das ideias e práticas libertárias. Pois, se o anarquismo é em si uma torrente em permanente construção que se transforma e se adapta em sua luta contra os tempos e desafios de cada época, também gerou guardiões de uma ideologia fossilizada que necessariamente precisa ser derrubada. Dessa forma, e no contexto do anarquismo hispânico, Bonanno atuou como uma figura rebelde contra as diferentes caracterizações do Domínio. Mas também contra os axiomas libertários imobilistas das diversas épocas por quais passou sua vida militante.
Não é, portanto, coincidência que a primeira aposta editorial da militante Campo Abierto, em 1977, em sua coleção Debate Libertário, tenha sido “Autogestão” de Alfredo M. Bonanno. Porque aquele texto surgia em um contexto de intenso debate interno entre as diversas correntes libertárias que eclodiam com a reorganização da CNT. Um tão esperado relançamento anarcossindicalista que deveria atualizar suas premissas teóricas e práticas para se adequar à realidade de um novo movimento operário. É nesse contexto que aparece “Autogestão”: um compêndio que combinava as contribuições conselhistas com a tradição libertária, e que surgia como uma fusão própria para os tempos conturbados que havia vivido e que se viviam na península itálica. Também naquela época, Bonanno viajava para nossas terras, frequentando a companhia dos mais heterodoxos libertários locais, que logo seriam afastados de uma CNT já fragmentada pela força centrífuga das novas ortodoxias.
Seus textos de síntese também bebiam de uma irreverência situacionista que nunca recuou diante do uso criativo do plágio ou da provocação típica das vanguardas artísticas. Assim, naquele ano, ele publicava na Itália “La gioia armata”, no qual reivindicava armar-se de prazer para enfrentar gozosamente a vida e a luta emancipatória. Ele seria condenado por isso. Ainda assim, o jogo continuava e, pouco depois, os caras sérios da revista “El viejo topo” mordiam a isca e publicavam o falso “Testamento político” de Sartre, por trás do qual estava Bonanno.
Na segunda metade da década de 1980, com o surgimento de novas gerações libertárias, a figura referencial do nosso titã voltou a se fazer sentir. Os novos grupos ativistas levariam em consideração a produção contemporânea do então chamado “anarquismo revolucionário” em revistas italianas como Provocazione ou o trabalho editorial de sua irmã anglo-saxã Elephant Editions e da incansável Jean Weir. Nelas, não se buscava precisamente a distância da prática ilegalista anarquista, nem dos recentes “anos de chumbo”. Isso os colocava próximos dos novos rebeldes que também não encontravam seu espaço nas organizações libertárias clássicas sobreviventes, repletas de renovadas rigidezes, e que apostavam em seu imaginário político pela prática e estética do confronto urbano. Por outro lado, periódicos como “Sicilia Libertaria”, no qual Bonanno colaborava, tornavam-se referências próximas às novas fusões entre tradição libertária e lutas de libertação nacional que emergiam na época. No entanto, as contínuas entradas na prisão, condenado também por ter participado de assaltos para arrecadação de fundos, frequentemente impediam sua anunciada participação nos diversos fóruns e encontros da época. A lenda do titã ia sendo tecida.
Em meados dos anos 1990, Bonanno publicava “La tensione anarchica”. Paralelamente, grupos juvenis libertários abrigados nos locais cenetistas evoluíam para a prática da ação direta, querendo, assim, distanciar-se, segundo sua análise, de uma marginalidade na qual as organizações libertárias haviam se acomodado. Na Itália, começava o chamado “Processo Marini”, pelo qual se perseguia o “insurrecionalismo”, processando dezenas de anarquistas e conceituando sua área de divulgação e certos autores como os ideólogos do movimento. Entre eles, novamente Bonanno, por “apologia”. A onda repressiva teria consequências no estado espanhol com as detenções em Córdoba em 1996 e visibilizaria a opção “insurrecionalista” local. E, com o novo milênio, o Black Bloc popularizava a tática do confronto anarquista dos mais jovens nos protestos contra a globalização capitalista, potencializando, por sua vez, a tomada de iniciativa anarquista. Conceitos como “organização informal” e similares, divulgados em folhetos e artigos por Bonanno desde os anos 1980, se instalariam com força durante uma década. Seria então que seus opúsculos ou textos atribuídos a ele seriam traduzidos e publicados com mais profusão. As propostas também se instalavam do outro lado do Atlântico, revitalizando cenas libertárias semelhantes em alguns territórios da América Latina.
Em 2009, Bonanno foi novamente detido na Grécia, como participante de um assalto. O longo processo judicial coincidiria com o início da crise da dívida soberana do estado helênico, que abalou a União Europeia. A crise revolucionou as bases da sociedade grega, transformando a vontade em possibilidade real de construção de uma mudança radical anticapitalista. Dessa forma, o dinamismo da área anarquista durante aquela longa crise elevou a relevância da proposta “insurrecionalista” por mais um lustro. Apesar disso, além de alguns questionáveis limites na eficácia da articulação militante em organização informal e dos altos custos humanos do ilegalismo, em alguns ambientes juvenis ativistas, a proposta anarquista insurrecionalista se converteu em uma nova ideologia fossilizada. Sob a abreviação “insu”, uma pequena comunidade se identificava, fazendo da pose de revolta seu modo de vida, e para a qual a figura de Bonanno passava de referencial a reverencial. Os intensos debates internos da área do anarquismo revolucionário, que também eram uma mostra de sua riqueza e dinamismo e que se proliferavam em momentos críticos, como durante o Processo Marini ou a crise grega, eram preferencialmente ignorados pela comunidade “insu” hispânica.
A resposta do já idoso militante foi diluir o protagonismo que a imprensa lhe atribuía e que encantava os autoproclamados seguidores. Assim, a última tarefa iconoclasta do titã consistiu em negar o espetáculo Bonanno.
O CIRA (sigla em francês) foi fundado em Marselha em 1965 por um grupo de ativistas anarquistas, entre os quais estava René Bianco (1941-2005).
Originalmente, era uma filial do CIRA de Lausanne, fundado em 1957. Posteriormente, o CIRA de Marselha tornou-se autônomo.
Desde sua criação, o CIRA passou por diversas sedes. Por muito tempo, ficou abrigado em um porão úmido, onde os documentos corriam risco de deterioração. Graças a Émile Temime (1926-2008), conseguiu ocupar um espaço maior na rua dos Convalescentes, mas acabou sendo despejado em 1989. Em 1991, realocou-se em um novo local na rua Santo Domenico, antiga sede de uma igreja armênia que precisou ser restaurada. Permaneceu lá até dezembro de 2011, quando a prefeitura de Marselha rescindiu seu contrato de aluguel. Com a criação de um fundo coletivo há cerca de dez anos, a venda de barris de vinho e um apelo à solidariedade, finalmente foi possível comprar e reformar um espaço na rua Consulado. Desde janeiro de 2012, o CIRA está localizado nesse endereço.
O CIRA faz parte da Federação Internacional de Centros de Estudos e Documentação Libertária (FICEDL), que se reuniu pela última vez em Saint-Imier (Suíça) em 2023. É independente de qualquer organização política ou sindical, o que não o impede de participar de ações solidárias.
Seu principal objetivo é coletar, classificar e arquivar tudo relacionado ao anarquismo. Seu acervo possui aproximadamente 10.500 livros (9.200 em francês, 540 em espanhol, 360 em italiano, 300 em inglês) e 5.000 folhetos. Esses documentos foram escritos ou publicados por anarquistas, ou têm relação com o movimento e suas ideias. Assim, há tanto obras favoráveis quanto contrárias ao anarquismo, além de biografias e escritos de pessoas que foram anarquistas em algum momento da vida. O CIRA também guarda arquivos pessoais de militantes, cartazes, filmes, documentos iconográficos (fotos, postais), materiais digitais, trabalhos acadêmicos (300) e arquivos biográficos.
Cerca de 1.700 periódicos são enviados por editores e arquivados (1.400 em francês). O CIRA mantém um diretório com 3.212 publicações anarquistas em língua francesa entre 1850 e 1993. Os documentos estão em cerca de 20 idiomas, principalmente francês, espanhol, italiano, inglês e alemão.
A biblioteca de empréstimos é mantida por doações e parcerias com editoras (centenas de títulos por ano). A digitalização do catálogo começou em 2000 e segue em andamento, disponível online. Um catálogo físico de fichas também pode ser consultado no local.
O acervo é aberto ao público de forma gratuita para ativistas, estudantes, pesquisadores, jornalistas ou curiosos. Pedidos de informação são respondidos por e-mail, desde que a pesquisa não seja muito extensa.
Publica um boletim (46 edições até hoje), com temas variados: desde panoramas das coleções até números temáticos, como o Congresso de Marselha de 1879, a Segunda Guerra Mundial sob a perspectiva anarquista, biografias de militantes e o anarquismo na Argentina. Complementam o boletim uma Bibliografia Anarquista Anual (desde 1990) e um informativo bimestral (desde 1999). Como editora, o CIRA publicou dois livros em parceria (sobre Han Ryner e André Arru) e 18 calendários (desde 2008).
O CIRA organiza palestras, debates, exposições e encontros com autores. Em 2024, temas incluíram o genocídio dos ciganos, o “cerdolí” (hibridação animal), o populismo e a economia libertária. Colabora e promove colóquios, como Cultura Libertária (Grenoble, 1996) e Alexandre Marius Jacob (2005).
Organizou a Feira do Livro Anarquista de Marselha (FLAM) em 2003, 2010 e 2015, além de participar de eventos editoriais.
Em 1989, parte do acervo (1.750 periódicos, 2.000 cartazes) foi depositada no Arquivo Departamental de Bouches-du-Rhône, em Marselha, onde está disponível para consulta.
O CIRA tem mais de 230 membros, de várias regiões da França e outros países. Administrado coletivamente por um conselho eleito, sustenta-se principalmente pelas contribuições dos associados (mínimo de €30/ano). Membros podem emprestar livros.
Informações práticas:
Endereço: Rua Consulado, 50, Marselha (13001), próximo à estação Saint-Charles e La Canebière. Horário: Segunda e quarta, 15h–18h30; sexta, 10h–16h. Fora disso, agende por e-mail (cira.marseille@gmail.com) ou telefone (+33 09 50 51 10 89). Site: https://www.cira-marseille.info. Fonte: redeslibertarias.com
Leonard Peltier ficou preso por quase 50 anos, mas foi liberado da prisão no início deste ano. Leonard é um ativista indígena norte-americano que foi acusado e condenado pelo assassinato de dois agentes do FBI em Pine Ridge em 1975. Leonard sempre alegou não ser culpado, e o julgamento contra ele foi criticado, entre outras coisas, pela falta de provas contra Leonard.
É claro que a liberação de Leonard em fevereiro é maravilhosa. Mas, infelizmente, isso não significa que ele esteja completamente livre. Leonard foi submetido à prisão domiciliar como restrição, o que significa que ele não tem permissão para sair de casa. Outra coisa que complica a difícil situação de Leonard é que ele ainda não recebeu os cuidados médicos de que precisa, depois de anos de negligência na prisão. Ele está aguardando uma cirurgia ocular em maio. Leonard tem 80 anos de idade.
Leonard ainda precisa de nosso apoio. Mostre a ele que não está sozinho. Continue escrevendo cartas para ele (Leonard não consegue ler devido a uma doença ocular, mas recebe ajuda para ler todas as cartas que lhe são enviadas).
JUNTOS SOMOS MAIS FORTES!
Você pode entrar em contato com Leonard pelo endereço:
Sob o lema “Gasto militar é insegurança”, a CNT Burgos está convocando uma concentração para o sábado, 17 de maio, às 12 horas, na Plaza Alonso Martínez, em frente ao edifício Capitanía. Uma iniciativa que visa denunciar o aumento do orçamento para armas e gastos militares, enquanto são feitos cortes na saúde, educação e serviços sociais.
“Nós anarquistas advogamos pela desmilitarização e a dissolução dos exércitos. Trabalhamos na prática da solidariedade e do apoio mútuo com todos os trabalhadores e despossuídos para dotar-nos de ferramentas de resistência e construir uma sociedade horizontal baseada na livre federação de produtores e consumidores, baseada no trabalho associado e cooperativo. Por isso denunciaremos as barbaridades que provocam as fronteiras, os Estados, os poderes econômicos e políticos, e as guerras que tanto os beneficiam.” – Grupo Tierra
Em memória do companheiro anarquista Mauricio Morales, em breve se completarão 16 anos de sua morte em ação, quando ele detonou prematuramente o dispositivo explosivo que pretendia instalar na escola de carcereiros.
Como indivíduos, nos reunimos mais uma vez em torno de sua memória insurrecional e, como contribuição ao Maio Negro em andamento, pintamos o histórico mural “pizarrón” da Villa Francia em Santiago.
Em nosso fazer diário, sem esperar, sem parar, de várias maneiras, continuamos a garantir que a anarquia continue viva.
22 de maio, dia do kaos: participe, agite, contribua, crie propaganda, aja de acordo.
O evento acontecerá no dia 16 de maio, às 19h30. no Ateneu Libertário Al Margen (Calle Palma 3) com a participação do anarquista e ativista russo de direitos humanos Ivan Astashin, que passou quase 10 anos na prisão por sua posição política.
Atualmente, há pelo menos 15 anarquistas em prisões russas. Alguns deles estão presos há mais de 7 anos, outros foram presos após o início da guerra na Ucrânia. Alguns deles enfrentam penas que podem chegar à prisão perpétua.
Quem são essas pessoas corajosas que decidiram lutar contra a ditadura e qual foi o custo disso para elas? O que pode ser feito para apoiá-las na prisão? E o que é necessário para libertar os anarquistas?
No evento, você poderá fazer uma doação para apoiar os presos e comprar produtos.
Organizadores: Assemblea Solidaritat Antifeixista amb Ucraïna (Valência) e Ateneo Libertario Al Margen.
UM ÓTIMO TEXTO!
COMO FAZ FALTA ESSE TIPO DE ESPAÇO NO BRASIL. O MAIS PRÓXIMO É O CCS DE SP!
ESSE CASO É O CÚMULO DO ABSURDO! A JUSTIÇA ESPANHOLA NÃO TENTA NEM DISSIMULAR SEU APOIO AO PATRONATO, AO FASCISMO!
Excelente
Esquerdistas não são anarquistas. Lulistas muito menos. Uma publicação desacertada que não colabora com a coherencia anarquista.