[Espanha] Homenagem a Emilio Pedrero: “Vida e retorno de um médico anarquista”

Conheces a história de Emilio Pedrero Mardones? Era um médico anarquista leonês que foi assassinado pelo fascismo mediante um pelotão de fuzilamento em Valladolid.

Querias conhecer um pouco mais sobre sua história? Te convidamos a participar em um ato de homenagem organizado em conjunto pela CNT de Valladolid e a CNT de León que acontecerá no sábado, 7 de junho, no cemitério de León (Avda. San Froilán) às 12 h, no qual realizarão intervenções familiares, políticas e artísticas.

Esse mesmo dia, às 17h, se realizará a apresentação do livro “Hasta que la tierra habló“, pela mão de sua autora Elisabet Lacasa Falcó, ato que se desenvolverá no local do sindicato CNT de León (calle Fruela II, 9) aberto a qualquer interessado e que se aprofundará em aspectos da vida deste médico anarquista.

Os esperamos

Que a terra nunca deixe de falar!

leon.cnt.es

agência de notícias anarquistas-ana

Ah…chuvas de outono…
Os cachorros se espreguiçam
bocejam e dormem…

Guin Ga Eden

Mais de 60 caciques do Oiapoque repudiam exploração de petróleo na Foz do Amazonas

Em uma manifestação histórica, mais de 60 caciques dos povos indígenas Karipuna, Galibi Marworno, Galibi Kali’na e Palikur Arukwayene, do Oiapoque (AP), divulgaram uma carta exigindo a imediata suspensão do processo de licenciamento do bloco FZA-M-59, na bacia da Foz do Amazonas, e de todos os blocos incluídos no próximo leilão da Agência Nacional do Petróleo (ANP), previsto para 17 de junho.
 
Reunidos no Conselho de Caciques dos Povos Indígenas do Oiapoque (CCPIO), as lideranças denunciam que nunca foram consultadas sobre a exploração de petróleo na região — como determina a Convenção 169 da OIT e a Constituição Brasileira. Mesmo com os impactos socioambientais já sentidos nas aldeias, os territórios indígenas ficaram fora do Estudo de Impacto Ambiental apresentado pela Petrobras.
 
A carta denuncia os graves riscos socioambientais da atividade petrolífera, como poluição, destruição da biodiversidade e ameaça à subsistência dos povos indígenas, além de condenar a disseminação de desinformação e a perseguição a lideranças indígenas. O CCPIO exige a suspensão imediata de qualquer projeto de exploração na região e convoca o apoio de organizações indígenas, entidades de direitos humanos e da sociedade brasileira em defesa da vida dos povos originários e da proteção da Amazônia.
 
>> Leia a carta na íntegra aqui:
 
https://350.org/pt/wp-content/uploads/sites/12/2025/06/Nota_de_repudio_Final.pdf
 
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https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2024/06/18/nova-presidente-da-petrobras-defende-passar-o-petroleo-na-bacia-da-foz-do-amazonas/
 
agência de notícias anarquistas-ana
 
café da tarde—
na mangueira em flor
farra de pardais
 
Nete Brito

[Espanha] Solidariedade com ‘Lxs 6 de La Suiza’: Basta de perseguição! Fazer sindicalismo não é crime!

Em mais um ataque contra o sindicalismo, o juiz titular da Vara Criminal nº 1 de Gijón, Lino Rubio Mayo, negou o pedido das defesas para evitar a execução da condenação de três anos e meio de prisão imposta aos Seis de La Suiza. A condenação é por sua suposta autoria em “um crime continuado de coação grave” e por um “crime contra a administração da justiça”.

O juiz rejeitou o pedido da defesa de separar as duas penas e também negou a suspensão da pena de prisão. Vale lembrar que essas ações de protesto contra o assédio patronal a uma trabalhadora grávida contavam com autorização governamental e foram realizadas de forma pacífica e sem incidentes. No entanto, entre outros argumentos, o magistrado sustenta que os proprietários foram levados a fechar o negócio devido à campanha de hostilização que se teria desenvolvido com essas ações — uma teoria que contradiz qualquer lógica em relação ao direito à ação sindical e que é falsa, já que o local já estava em processo de venda antes dos protestos mencionados.

De forma mesquinha, o tribunal também nega a possibilidade de que as fianças impostas ao sindicato CNT sejam pagas de forma coletiva, pois acredita que isso não demonstra “arrependimento” por parte das pessoas condenadas, que deveriam pagar individualmente.

Desde a CGT, expressamos toda a nossa solidariedade com as Seis de La Suiza, com suas companheiras e companheiros, com suas famílias, com o Grupo de Apoio Sofitu e com a CNT. Podem contar com todo o nosso apoio, com nossa capacidade de denúncia, com nossos braços. Acreditamos que o que está acontecendo com essas companheiras e companheiros é um caso claro de desprezo e repressão contra o sindicalismo e o apoio mútuo. É inadmissível que em um país que se diz “democrático”, onde a ação sindical deveria ser valorizada como fator de progresso, algo assim esteja ocorrendo.

Entendemos perfeitamente o que esta sentença — e as anteriores — significam: trata-se de intimidar e punir a solidariedade da classe trabalhadora. A situação em que ficam as companheiras e o sindicalismo combativo em geral é muito difícil, mas deixamos claro que não estamos aqui para desistir.

A justiça sempre esteve a serviço das elites, e esta é uma demonstração clara de que isso não mudou. Saibam que não vamos desistir, vamos continuar lutando por justiça social e pelo direito de fazer sindicalismo. Seguiremos denunciando publicamente situações injustas como a que sofreu a companheira de La Suiza, e como a que agora sofrem as pessoas solidárias que exerceram a ação sindical.

Desde a CGT, nosso compromisso com a solidariedade e com as lutas da classe trabalhadora é inquebrantável.

Companheiras e companheiros, vocês não estão sós. Fazer sindicalismo não é crime. Solidariedade com Lxs 6 de La Suiza!

Fonte: cgt.es

Tradução > Liberto

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https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/02/10/espanha-nao-vamos-abaixar-a-cabeca-manifestacao-em-madrid-em-apoio-as-6-de-la-suiza/

agência de notícias anarquistas-ana

A Brisa Que Sopra
É O Melhor Refresco
Neste Dia Quente

Leonardo Natal

Antifa International | Feliz aniversário para nós!!!

Onze anos atrás, neste mês, alguns antifascistas no Tumblr começaram a trocar mensagens para criar uma conta coletiva dedicada a relatar atividades antifascistas ao redor do mundo, apoiar antifascistas e promover os princípios do antifascismo da forma que pudessem.

Desde junho de 2014, a Antifa International se expandiu e passou a alcançar mais de 142 mil pessoas todos os meses, em nove plataformas de mídia social diferentes. Nesse período, também arrecadamos dezenas de milhares de dólares para ajudar antifascistas em dificuldades.

Também organizamos alguns projetos de colaboração antifascista internacional dos quais nos orgulhamos muito. Este mês de junho também marca o 10º aniversário do Fundo Internacional de Defesa Antifascista, que iniciamos em 2015 para fornecer apoio emergencial a antifascistas que enfrentam sérios problemas como resultado direto de seu ativismo. Ao longo da última década, o Fundo de Defesa distribuiu mais de 270 mil dólares para ajudar mais de 800 antifascistas em 26 países diferentes.

Outro destaque é o Dia Internacional de Solidariedade com Prisioneiros Antifascistas: todo 25 de julho, convocamos antifascistas ao redor do mundo a demonstrarem solidariedade com nossos camaradas presos pelo “crime” de se oporem ao fascismo e à intolerância. Recebemos contribuições para prisioneiros antifascistas e suas famílias o ano todo, e todo 25 de julho garantimos que esses fundos cheguem a eles, para tornar suas vidas um pouco menos difíceis durante o tempo de prisão.

Também mantemos o site Death To Fascism, um espaço onde antifascistas podem encontrar recursos e materiais para apoiar seu trabalho: arte, panfletos, zines, guias práticos, tudo disponível para leitura, download, impressão e compartilhamento!

Fazemos tudo isso (e mais) de forma totalmente voluntária, sem pagamento ou financiamento. Você também pode fazer parte disso! Há muitas maneiras de apoiar e promover o antifascismo. Aliás, aqui está uma lista com 30 ações antifascistas que você pode começar a praticar. Nenhuma te agrada? Então aqui vão mais 40!

Se quiser nos ajudar a celebrar nosso(s) aniversário(s), realize uma ação antifascista este mês e dedique-a a nós! Ou faça uma doação para o Fundo Internacional de Defesa Antifascista! Ou para o Fundo de Apoio a Prisioneiros Antifascistas! Ou ainda, apoie um coletivo antifascista específico adquirindo uma camiseta deles no link abaixo!

https://antifainternational.tumblr.com/post/785157597265281024/happy-birthday-to-us-eleven-years-ago-this

Tradução > Contrafatual

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https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2024/07/05/25-de-julho-dia-internacional-de-solidariedade-com-prisioneiros-antifascistas-j25antifa/

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planta com mil flores
uma é roubada –
ninguém notou…

Rosa Clement

[Espanha] Contra o atual desdobramento de megaprojetos renováveis e em defesa da vida

Onde estamos?

Estamos atravessando uma crise ecológica e social muito profunda. No nível ecológico, nossos campos estão se empobrecendo devido ao monocultivo, nossos rios contaminados fluem com menos volume e a neve está desaparecendo do Gorbea e dos Pireneus. No nível social, cada vez mais pessoas têm dificuldade para chegar ao fim do mês, passam frio, calor e vivem na penumbra porque não conseguem pagar as contas de luz e gás. Enquanto isso, a guerra se espalha pelo mundo. Milhares de pessoas em busca de refúgio morrem no Mediterrâneo. A extrema-direita e o militarismo ganham força em toda a Europa. O modelo de sociedade do País Basco está em questão. O inconcebível tornou-se cotidiano, e a crise é agora nossa nova normalidade.

Como chegamos até aqui?

A aposta no crescimento econômico, na mercantilização de todos os bens e serviços, nos combustíveis fósseis e na globalização capitalista falhou. Além disso, criou um modo de vida estruturalmente injusto e insustentável. Hoje, o País Basco do Sul é um enorme digestor fóssil e industrial. Sua “boa saúde” depende de uma circulação incessante de mercadorias em nível global e de uma distribuição desequilibrada dos benefícios. Nossa riqueza, monopolizada e distribuída de forma desigual, seria impossível sem o extrativismo e a opressão no Sul global, sem a logística e o transporte internacional baseados em combustíveis fósseis baratos e poluentes, sem a destruição ecológica causada pelos processos industriais e sem a exportação permanente de bens de consumo, como o automóvel (protagonista na crise climática e que representa mais de 25% do PIB do nosso país).

Tudo isso nos torna dependentes e vulneráveis. Dependentes porque esse modo de vida é impossível sem todas as pessoas e territórios que exploramos. E vulneráveis, pois qualquer desestabilização dessas gigantescas cadeias impediria sustentar as demandas, que não necessidades, do nosso território e de seus habitantes. Por sua vez, esse modo de vida é injusto e insustentável. Injusto porque nunca poderá ser generalizado globalmente nem sustentado sem uma relação hierárquica entre homens e mulheres, nem com os outros povos do mundo; sem mencionar a exploração e a desigualdade social internas, cada vez maiores. E insustentável, já que nossa obsessão pelo crescimento não é separável de uma necessidade voraz por cada vez mais energia, nem de uma destruição ecológica cada vez mais acelerada (climática, mas não só).

Que soluções nos são oferecidas?

Por todos os lados ouvimos falar de transições verdes e digitais, mudanças tecnológicas que deixariam intactos esses modos de vida e, ao mesmo tempo, nos tirariam do atoleiro em que nos encontramos. Ao ritmo dessa música, no País Basco do Sul, conglomerados empresariais, oligopólios energéticos e partidos políticos prepararam seu próprio plano de adaptação e o plasmaram em Leis Autonômicas de Mudança Climática. Primeiro no parlamento de Navarra e, recentemente, no de Vitoria-Gasteiz. Partindo de um diagnóstico que, até certo ponto, poderíamos compartilhar, nos propõem soluções parciais, reducionistas e enganosas, ao estabelecer como ponto de partida a manutenção de níveis de consumo que ultrapassam em muito a biocapacidade do nosso planeta. Falam-nos de descarbonização quando, na realidade, se referem à eletrificação da economia e à externalização das emissões poluentes para outras latitudes onde suas consequências não sejam percebidas. Basta arranhar um pouco para ver que os compromissos de redução do consumo energético não são reais, não vêm acompanhados de mecanismos concretos, e o objetivo de descarbonização se reduz às emissões líquidas, limitadas ao âmbito autonômico ou estatal. Tudo se reduz, na prática, a uma carta branca para o desenvolvimento de megapolígonos renováveis e sua infraestrutura associada por parte dos poderes econômicos.

Esse desenvolvimento alimenta o mito de que as renováveis industriais permitem substituir outros usos energéticos, ao mesmo tempo em que mantêm os níveis de consumo atuais. Por enquanto, funcionam mais como uma extensão da produção fóssil do que como uma substituição real das fontes de energia primária. Assim, ficam fora do debate e dos planos de transição qualquer menção explícita às mudanças estruturais que devem acompanhar o desenvolvimento tecnológico, assim como qualquer menção às alavancas mais poderosas para materializar seus objetivos: os modelos de alimentação e transporte; só este último é responsável por mais de 40% do consumo energético do nosso território.

Em resumo, enquanto se perpetuam os privilégios de uma elite econômica, nos prometem falsas soluções sem assumir que estas exigiriam questionar radicalmente a oligarquia empresarial energética, romper com o imperativo do crescimento econômico, transformar profundamente nosso modelo produtivo e energético e aprofundar a democratização dos nossos territórios.

O que propomos?

Precisamos parar de nos enganar e iniciar urgentemente um processo de decrescimento organizado de baixo para cima. Só assim seremos capazes de fazer simultaneamente três coisas que precisamos: a) frear a crise climática através de uma descarbonização e desfossilização real da nossa produção; b) trabalhar pela regeneração ecológica enquanto reintegramos nossa economia na biosfera; e c) garantir vidas justas, igualitárias e autônomas para nosso povo e todos os povos do mundo.

Entendemos que nossa responsabilidade não é perguntar como vamos garantir que as empresas continuem consumindo energia e materiais e acumulando capital. Ou como vamos sustentar os consumos energéticos e de materiais de grandes aglomerações urbanas que, de forma insustentável, concentram cada vez mais população, consequência das decisões políticas que silenciosamente vão sendo tomadas. A principal responsabilidade que temos como movimento popular e habitantes do País Basco é outra: defender a vida e o território.

Consideramos que a única possibilidade de enfrentar a atual destruição capitalista é nos reorganizarmos socialmente para sair da armadilha em que caímos. Temos que reconstruir modos de vida que deixem de pensar em quanto território é necessário para cobrir os desejos capitalistas atuais e entender que o que precisamos é mudar esses desejos para que caibam em nossa terra. Por isso, ao desenvolvimento cego de megaprojetos renováveis corporativos, propomos um modelo em defesa da vida, um modelo de decrescimento para o País Basco que se baseie nos seguintes eixos de intervenção:

  1. Partir das capacidades do nosso território para depois pensar que tipo de vidas ele pode sustentar. A base da nossa economia deve ser o aproveitamento dos fluxos renováveis e a produção de alimentos, escapando da atual dependência fóssil e mineral. Devemos estabelecer estratégias de transformação dos nossos modos de vida que efetivem a redução do nosso consumo com justiça redistributiva, um forte impulso da agroecologia e uma aposta em garantir e priorizar o autoconsumo universal, comunitário, democrático e em pequena escala. Isso necessariamente colocará em questão o atual modelo urbano e industrial e começará a trabalhar por sua transformação.
  2. O atual desenvolvimento renovável não busca substituir o papel dos fósseis. Os megaprojetos renováveis saturam os nós da rede e exigem grandes linhas de transmissão para escoar a energia produzida. Isso, por sua vez, contribui para gerar um grande mercado energético para acomodar qualquer tecnologia que possa competir em custo, desde as nucleares francesas até os ciclos térmicos de Marrocos. Diante disso, para abandonar os combustíveis fósseis, propomos uma relocalização produtiva em equilíbrio com os recursos locais, mas diversificando as estratégias energéticas além da eletrificação. A eletricidade terá um papel chave na descarbonização de alguns setores, mas o atual plano de desenvolvimento não é capaz de resolver a urgente e necessária descarbonização de setores como o alimentar, o industrial e o transporte.
  3. Qualquer novo marco energético deve ser compatível com uma urgente e profunda regeneração ecológica, um pilar fundamental para enfrentar os efeitos da crise climática. Essa tarefa ainda está pendente. Apesar de discursos ambíguos que apontam a necessidade de cobrir essa dupla vertente, os planos energéticos atuais se reduzem acriticamente ao desenvolvimento de grandes megaprojetos. Assim, a atual transição energética se reduz à promoção de enormes extensões fotovoltaicas e torres eólicas de mais de 200 metros coroando nossos montes. Isso implica um impacto direto na avifauna e uma ameaça à biodiversidade causada pela fragmentação direta dos ecossistemas.
  4. Muitos argumentam que o desenvolvimento de um modelo de grandes instalações renováveis nas mãos de empresas transnacionais é compatível com o autoconsumo de base comunitária. Embora possa haver uma coexistência anedótica, as necessidades de infraestrutura elétrica e os investimentos que requerem, assim como as instituições para sua governança, são incompatíveis a médio prazo. Atualmente, a evidente assimetria no desenvolvimento do modelo de megaprojetos em relação ao comunitário nos leva a denunciar esse discurso como funcional ao modelo de megaprojetos corporativos, priorizando os interesses do capital sobre os da cidadania.
  5. A urgência pela descarbonização está levando a assumir que não podemos priorizar entre a redução do consumo, o desenvolvimento de instalações renováveis de grande escala e o fomento do autoconsumo. Consideramos que isso é um grande erro. Na ausência de um programa político de prioridades, os atuais mecanismos de planejamento energético e os recursos disponíveis para os diferentes atores reduzem a transição a um desenvolvimento ilimitado dos megaprojetos corporativos. Dessa forma, o desenvolvimento do autoconsumo fica limitado à iniciativa individual, e a necessidade de reduzir o consumo, a mero discurso. Diante dessa evidência, defendemos a necessidade de novos mecanismos de planejamento que partam de uma limitação territorial do consumo e de um fomento do autoconsumo de diferentes escalas como eixo central da política energética no nosso povo.
  6. É importante que a transição ecológica não seja feita, como atualmente, à custa da democracia, mas que sirva para impulsioná-la. Em vez de negar as vozes dos municípios e conselhos, como faz a Lei Tapia, os PSIS em Navarra ou a Diretiva Europeia de Aceleração de Projetos, devemos colocá-las no centro. A democracia não pode ser um arranjo cosmético para desenvolvimentos em grande escala que são impostos em forma e número. Diante disso, propomos uma consulta prévia livre e informada das comunidades afetadas como meio vinculante; assim como a aplicação efetiva do princípio de precaução frente a qualquer desenvolvimento.
  7. Nosso atual modo de vida imperial está na base da situação atual, mas não podemos esquecer que a responsabilidade não está igualmente distribuída. Enquanto muitas pessoas se esforçam para chegar ao fim do mês (sendo as mulheres um dos grupos não hegemônicos mais afetados), as empresas energéticas e os bancos acumulam lucros recordes e continuam a monopolizar a dívida futura com o financiamento do European Green New Deal. Diante dessa distribuição desigual de responsabilidades, é preciso questionar essa organização estrutural e as relações assimétricas que a sustentam e frear imediatamente a destruição do território, base da vida, nas mãos de atores políticos e empresariais.
  8. A transformação socioeconômica que a atual situação de crise nos impõe deve ser entendida como uma oportunidade para colocar a cidadania em sua base. Esse potencial democratizador não pode ser um acréscimo ao atual modelo energético, mas este deve ser transformado para que seja um princípio orientador. Isso nos leva a questionar a pertinência dos atores, procedimentos e instituições do sistema energético. Apostamos em uma relocalização da produção que aproxime a produção do consumo. Isso é fundamental para responsabilizar e empoderar a cidadania em relação ao modelo energético que deseja para seus territórios.
  9. O impacto ambiental está condicionado pelo tipo de desenvolvimentos: diferentes tecnologias têm impactos diferenciados. Além disso, os desenvolvimentos corporativos em grande escala têm um impacto qualitativamente diferente e, concentrados em partes do território, implicam seu sacrifício. Os desenvolvimentos em menor escala permitem distribuir os impactos, aproximando-os dos modos de consumo que os justificam, sendo uma base muito mais sensata e eficiente para uma transição energética justa.
  10. O desenvolvimento de megaprojetos renováveis corporativos às vezes é justificado em nome da soberania energética. É fundamental não esquecer que os megaprojetos impõem o papel central das linhas de alta tensão para seu escoamento. Essas linhas de alta tensão são operadas externamente pela Red Eléctrica de España, que impõe as condições de operação; enquanto o MIBEL (Mercado Ibérico de Eletricidade) estabelece as condições de exploração econômica. A exploração, controle e gestão são exercidos externamente com o objetivo de maximizar o benefício econômico da energia, que é reduzida a mera mercadoria. Qualquer projeto de transição energética que busque construir soberania deve promover redes de baixa tensão que permitiriam uma gestão local da energia e contribuir para a desmercantilização da mesma.

Fonte: https://megaproiektumanifestua.blogspot.com

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

chuva e sol,
olhos fitando os céus –
arco-íris ausente.

Rosa Clement

[Itália] Relato da BAB. Construir laços, organizar a luta

Aconteceu entre os dias 15 e 18 de maio em Tessalônica, na Grécia, a Feira do Livro Anarquista dos Balcãs (Balkan Anarchist Bookfair – BAB). Durante cinco dias, centenas de companheires se reuniram na cidade portuária para fortalecer a rede de solidariedade balcânica e para estabelecer novas relações que possam se tornar um tecido resistente e revolucionário nestes tempos de guerra e autoritarismo.

Dois espaços ocupados na cidade sediaram as discussões e assembleias desses dias. O maior dos dois, o Yfanet, uma antiga fábrica têxtil abandonada, ocupada há mais de vinte anos, foi o ponto central dessas jornadas; ali aconteceu de fato a feira do livro propriamente dita, com dezenas de mesas de editoras, revistas, projetos editoriais e de impressão, mas também caixas de solidariedade, coletivos, organizações políticas, incluindo a FAI (Federação Anarquista Italiana). Nos grandes espaços dos galpões do Yfanet também aconteceram os shows noturnos, além da maior parte das discussões e assembleias, incluindo a assembleia final. Nas salas dos antigos escritórios, foram montados espaços para discussão e uma exposição de cartazes consultáveis em pastas preparadas pelo arquivo de movimento que tem sede no espaço, com participação de companheires de diversos coletivos. O segundo espaço, o Scholeio, uma antiga escola, com um grande pátio, sediou algumas das principais discussões, algumas projeções, além de abrigar o almoço de encerramento da feira do livro.

Realizar a BAB em Tessalônica foi importante não só por criar uma oportunidade de diálogo entre a rede balcânica e o dinâmico movimento anarquista grego, mas também pelo papel que a própria cidade desempenha. É a capital administrativa e governamental do norte da Grécia, foi o centro da grande mobilização nacionalista de alguns anos atrás sobre a questão da Macedônia, mas ao mesmo tempo é atravessada por fortes contradições porque é a região do país mais recentemente integrada ao estado grego, apenas um século atrás: uma integração ocorrida através de um processo violento de “helenização” numa região marcada por uma forte diversidade cultural. A cidade também tem uma forte tradição no movimento operário, a esquerda está enraizada, o movimento estudantil nas universidades sempre foi vibrante e o movimento anarquista e antiautoritário está solidamente presente, com numerosos espaços ocupados que estão sob ataque da repressão estatal nos últimos anos.

A BAB nasceu há mais de vinte anos, em 2003, para permitir que anarquistas que viviam nos diferentes estados surgidos da dissolução da Iugoslávia pudessem se encontrar, debater, construir laços e formas organizacionais além dos muros da guerra e do nacionalismo. As guerras que marcaram a dissolução da Iugoslávia ainda não tinham terminado completamente, e para qualquer pessoa viajar de um estado para outro era muito difícil, quando não impossível. Evidentemente, para as/os anarquistas era ainda mais complicado se encontrar e se coordenar. A feira do livro nasceu, portanto, para dar oportunidade ao variado e disperso movimento anarquista dos Bálcãs de se reunir, encontrar um terreno comum de discussão, criar redes sólidas de solidariedade e construir uma campanha comum. Essa iniciativa continua até hoje, com periodicidade quase sempre anual, mudando constantemente, porque cada edição acontece em um local diferente – no ano passado foi em Prishtina, no Kosovo, dois anos atrás em Ljubljana, na Eslovênia – e é preparada por uma assembleia organizativa diferente formada pelos coletivos locais.

Se a participação dos países dos Bálcãs e da Europa foi muito ampla em Tessalônica, a participação da Grécia, embora muito numerosa, não envolveu toda a amplitude do movimento local. Vários pontos de desacordo, desde a abertura da iniciativa a setores não declaradamente anarquistas até o posicionamento em relação à Palestina, levaram alguns coletivos e organizações a não participarem da BAB. Isso provavelmente contribuiu para o fato de não ter sido assumida na assembleia final uma campanha ou iniciativa comum forte.

As diversas discussões daqueles dias, em particular a que tratou sobre crimes de estado, que colocou em diálogo o desastre ferroviário de Tempi na Grécia, o massacre do abrigo de ônibus da estação de Novi Sad na Sérvia e o massacre na boate de Kočani na Macedônia do Norte, com reflexões aprofundadas sobre a relação com os movimentos espontâneos de massa, foram uma maneira concreta de criar laços e espaços de reflexão dentro do movimento. Uma dimensão comum que se cria além dos grandes comunicados finais, e que encontrou terreno de compartilhamento prático na praça, nas duas manifestações que ocorreram naqueles dias. A de quinta-feira, por ocasião do aniversário da Nakba, organizada pela comunidade palestina local, em que a BAB participou com seu próprio contingente dentro do maior bloco anarquista do ato, e a manifestação de sábado organizada pela BAB. Mais de mil pessoas participaram do ato de sábado, que, após passar em frente ao espaço ocupado Libertatia, despejado há alguns meses e alvo de uma campanha de reapropriação, atravessou a cidade inteira e a orla marítima com palavras de ordem em todas as línguas, contra a guerra, o capitalismo e o nacionalismo.

Dario Antonelli

Fonte: https://umanitanova.org/report-dalla-bab-costruire-legami-organizzare-la-lotta/

Tradução > Liberto

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agência de notícias anarquistas-ana

Sombra atrás
Sombra à frente
O poente

Marien Calixte

[Espanha] Barcelona: Décimo sexto aniversário da livraria Aldarull

No sábado, 7 de junho, sairemos às ruas para comemorar o décimo sexto aniversário da livraria!
 
Sábado, 7 de junho
11h00 – 20h30
Praça John Lennon (Gràcia)
 
Programação
 
10h00 – 14h00 Jogo de RPG*. xenOS BETA. (Gràcia – Local com inscrição)
11h00 – Início do dia na Praça John Lennon. Montagem das barracas.
11h30 – Passando pela Gràcia Anarquista*: Rota histórica pela Gràcia Libertária (Livraria Aldarull)
14h00 – Almoço vegano. Paella e gaspacho
17h00 – Workshop “Além do Burnout”
19h30 – Concerto de Zoe Garcia (Pop Eletrônico) @zoe.grks
 
Se você quiser montar sua própria barraca, entre em contato!
 
Livros e anarquia!
 
Aldarull
c/ Torrent de l’Olla 72, 08012 Barcelona
aldarull.org
 
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agência de notícias anarquistas-ana
 
As pontas quebradas
dos lápis que te desenham
inda estão na mesa
 
Everton Lourenço Maximo

[EUA] Lançamento: As Prisões Devem Cair

Mariame Kaba (Autora); Jane Ball (Autora); Olly Costello (Ilustrador)

As prisões não fazem bem.

Elas não ajudam.

Elas não ensinam.

Numa estrada banhada pela luz da lua, escondida dos olhos curiosos, uma criança observa um complexo prisional: blocos de concreto, torres de vigilância, arame farpado. Página após página, passamos a ver a prisão como a criança a vê.

As prisões machucam as pessoas e as deixam sozinhas, sem o afeto de seus entes queridos, sem um ouvido atento que as escute.

Enquanto estrelas-dente-de-leão flutuam pelo ar, esse cenário onírico se transforma em um espaço de esperança, onde o amor transcende os muros da prisão. Todas as famílias e amigos das pessoas encarceradas marcham e protestam com cantos belos, marcham juntos rumo a um novo caminho e a uma nova aurora. Neste caso, um centro comunitário com moradias cooperativas, ao lado de uma estufa de bairro voltada à restauração e à cura. Um novo mundo, onde a conexão e a reparação são fundamentais, e até palpáveis, enquanto pessoas ao redor de uma mesa costuram colchas com mensagens: “Eu te escuto. Me desculpa pelo que fiz. Como posso consertar isso?”

Em As Prisões Devem Cair, Mariame Kaba, ativista de longa data, junto à coautora Jane Ball, apresenta alternativas que não envolvem o encarceramento, como o atendimento às necessidades básicas, justiça restaurativa e apoio comunitário, sementes para um mundo seguro. O ilustrador Olly Costello traz imagens texturizadas de uma comunidade da maioria global em contraste com um fundo cinzento e monótono que vai sendo tomado por cores vibrantes e alegres. Uma adição delicada, porém, poderosa, às estantes e bibliotecas dedicadas à justiça social.

Editora: Haymarket

Formato: Livro

Encadernação: Capa dura

Páginas: 32

Lançamento: 8 de abril de 2025

ISBN-13: 9798888904411

Preço: US$ 16,10

haymarketbooks.org

Tradução > Contrafatual

agência de notícias anarquistas-ana

Os pardais voam
De espantalho para
Espantalho

Sazanami

[Espanha] Colette Durruti, Barcelona 4 de dezembro de 1931 – Maureillas-las-Illas 19 de abril de 2025

Por Manel Aisa Pàmpols
 
Às vezes, os fatos se inter-relacionam no tempo, e isso, de uma forma ou de outra, entendemos como “vasos comunicantes”: a Semana Confederal, em novembro de 1977; o documentário De Toda a Vida, sobre Mujeres Libres, em 1984, de Lisa Berger e Carol Mazer; Libertarias, de Vicente Aranda, em 1996, com suas referências à própria família, ao pai, tio e ao resto dos parentes; e o Homenagem a Durruti, Ascaso e Ferrer i GuàrdiaDones Lliures 2000, e Colette Durruti.
 
Semana Confederal de 21 a 27 de novembro de 1977 creio que foi a primeira vez em que Colette Durruti e sua mãe, Émilienne Morin, voltaram à Espanha, a Barcelona, que certamente lhes trazia tantas recordações. Naqueles dias, insistia-se que não se devia ter culto à pessoa, mas ficou claro que a homenagem teve dois ou três momentos importantes. Um deles foi quando os numerosos presentes tomaram consciência da localização da vala comum onde tantos anarquistas e anarcossindicalistas estão enterrados, todos juntos, misturados, em uma mesma morada.
 
A outra surpresa daquele dia foi, sem dúvida, a presença de Émilienne Morin e sua filha Colette Durruti, que, em um ato emocionante, abraçaram-se com muitas daquelas pessoas que talvez nunca tivessem visto antes, mas que compartilhavam o mesmo desejo de vida, os anseios da revolução e uma existência sem tantas angústias.
 
Depois, tivemos notícia do documentário De Toda a Vida, de Lisa Berger e Carol Mazer, que nos ajudou a entender e conhecer melhor aquelas mulheres capazes de construir um mundo novo, sem tabus. Ainda tínhamos algumas delas vivas entre nós, e, ouvindo suas vozes e discursos, entendemos que aquilo tinha sido levado a sério, que elas viveram os três anos de 1936 a 1939 com uma intensidade frenética, transbordante de generosidade. Não se arrependiam de nada e seguiam insistindo na magnitude daquele momento.
 
Em seguida, veio Libertarias, filme que deixou os anarquistas com um gosto de “quero mais”, esperando algo que fosse fiel ao anarcossindicalismo que homens e mulheres carregavam dentro de si. Mas Vicente Aranda, em um compromisso com sua própria família — pai, tio e, certamente, lembrando de sua mãe e tia — não teve outra opção senão homenagear aquelas mulheres de 36, encontrando na novela A Monja Libertária, de Antonio Rabinad, a inspiração. O resultado todos conhecemos: Libertarias, esse grande filme sobre as mulheres anarquistas de 36, que permitiu um reencontro no início do século XXI.
 
Elas se reuniram novamente, discretamente, sem alarde — as que haviam participado da Semana Confederal de 1977, as que estiveram no documentário De Toda a Vida e algumas novas companheiras. Num desses encontros, espantaram-se ao ver uma manifestação fascista pelas ruas de Barcelona, justamente em um 20 de novembro.
 
A partir daí, a mais jovem delas, Antonina Rodrigo, decidiu que, enquanto tivessem um mínimo de forças, todas se reuniriam anualmente diante dos túmulos de Durruti, Ascaso e Ferrer i Guàrdia, em memória daqueles lutadores que deram a vida para construir um mundo novo que carregavam em seus corações.
 
Desde então, no domingo mais próximo ao 20N (data do enterro de Durruti), elas se encontravam no Cemitério do Sudoeste de Barcelona, Montjuïc, em um ato sem bandeiras, para não ferir as sensibilidades das diferentes organizações anarcossindicalistas. Ali, com discursos e presença, celebravam a amizade e reivindicavam o presente.
 
Foi nesse espaço que Colette Durruti — cujo nome de casada era Diana Marlot — encontrou afinidade com o movimento libertário do interior, com companheiras que conheceu no exílio e que serviram de ponte para reconectar-se com os demais. Sem dúvida, foram Liberto Sarrau e Joaquina Dorado que a ajudaram a “aterrissar” novamente em Barcelona, junto a outras pessoas que assumiram o desafio de convocar esse pequeno ato, que já completa um quarto de século. Antonina Rodrigo foi quem sempre liderou a convocatória, depois com Llum Ventura e, mais recentemente, Laura Vicente. Também recordamos Eduardo Pons Prades e Eduardo Moreno, que ofereciam infraestrutura, Concha Pérez, Antonia Ojeda, Valerie Powles (a quem devemos muitas fotos dos primeiros encontros), Paquita Arias, Antonia Fontanillas, Pepita Carpeta, Sara Berenguer, Concha Liaño, Doris Ensinger e tantas outras que passaram por esses momentos de memória e reconhecimento simbólico.
 
Colette Durruti, uma criança que em 1936, com apenas 5 anos, perdeu o pai na frente de Madrid, sempre teve curiosidade em saber mais sobre ele e sua gente no espaço e tempo que lhe coube viver. Como nos conta Myrtille, uma das poucas pessoas que a entrevistou na França, Colette devorou todos os textos em que o nome de seu pai aparecia.
 
Sabemos, graças a Myrtille, que Colette Durruti casou-se em 1953 com Roger Marlot, adotando o nome Diana Marlot. Teve dois filhos, Yvon e depois Rémi. Seu companheiro Roger, que sempre a acompanhava a Montjuïc, faleceu em Maureillas em 2022, e Rémi morreu em um acidente em 1989.
 
Assim, desde a Colette que pisou Barcelona em 1977, apoiada no braço da mãe, durante a Semana Confederal, até a Colette Durruti que praticamente não faltou a nenhum ato convocado por aquelas Mujeres Libres del 36, ela sempre esteve presente. Até 2023, quando veio pela última vez (que eu me lembre) compartilhar conosco mais uma vez a memória da grande revolução que seu pai, Buenaventura Durruti, protagonizou, junto a uma legião de sonhadoras que, por um tempo, derrotou o fascismo — e que espera, ainda, para voltar a lançar as bases daquele sonho revolucionário.
 
Fonte: https://redeslibertarias.com/2025/05/29/colette-durruti-barcelona-4-de-diciembre-de-1931-maureillas-las-illas-19-de-abril-de-2025/
 
Tradução > Liberto
 
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caixa de memórias
o algoritmo erra
— chora o haijin
 
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[EUA] Dia 11 de junho de 2025: A paisagem se transforma | Dia Internacional de Solidariedade a Marius Mason e aos prisioneiros anarquistas de longa duração

A primavera está chegando, e novamente chegou a hora de olharmos para o dia 11 de junho, o Dia Internacional de Solidariedade a Marius Mason e aos prisioneiros anarquistas de longa duração. Embora nossa comemoração desse dia seja para dar atenção a Marius e a outros prisioneiros anarquistas que correm o risco de serem esquecidos por causa de suas longas sentenças, também estamos sempre pensando em como enfatizar a importância dos prisioneiros e da luta antiprisional como um todo em nosso caminho rumo à liberdade.

O espaço prisional há muito tempo tem um potencial rebelde e revolucionário. A prisão é um lugar onde os rebeldes se encontram, aprendem juntos e se organizam entre si. O legado histórico da revolta interna significa que a prisão de hoje está ainda mais bem equipada para gerenciar, isolar e reprimir a ruptura. No entanto, a prisão, como tudo o mais, não é totalizante em sua capacidade de controlar ou sufocar. Apesar da repressão, apesar dos efeitos entorpecentes de coisas como drogas e violência institucional, os prisioneiros continuam a inovar e a se adaptar, e nós que estamos do lado de fora podemos continuar a fazer o mesmo, em nossas relações de solidariedade e em nossos movimentos em direção a um mundo sem prisões. Este ano, estamos impressionados com a visão de uma semente germinada pelo fogo. Ela espera que o calor e a fumaça indiquem quando o ambiente está limpo e adequado, para ter sua chance de viver. Em um mundo hiper civilizado que tentou eliminar o fogo em sua busca por dominação, devemos atear fogo ao antigo e provocar o nascimento de uma nova vida.

À medida que o terror dessa ordem dominante atinge novos patamares ou, pelo menos, patamares anteriormente obscurecidos, estamos pensando em como encorajar novos caminhos e relacionamentos ao lado de um terreno que, desde o seu início, tem mantido o potencial e a revolta incorporados em si. Nossos caminhos continuarão a exigir experimentação, adaptabilidade e engenhosidade. Que possamos ser estimulados pela extinção de velhas forças e animados por estarmos preparados, e dispostos a aceitar, novas formas de viver!

Há uma história a se orgulhar de anarquistas e outros radicais se encontrando na prisão, e uma história em que eles orientam e ensinam outros. A Libertação Negra e as lutas adjacentes nos EUA criaram bolsões de radicalização dentro das prisões, que quando foram capturados, levaram a momentos como a Revolta de Attica em 1971. As transferências dos recalcitrantes de longo prazo levaram a encontros de mentes, como quando Sundiata Acoli, Joe Joe Bowen, Hanif Shabazz Bey e Ray Luc Levasseur se encontraram em Marion, Illinois. Joe Joe, por exemplo, continuou ensinando estratégias de guerrilha muito tempo depois. Prisioneiros anarquistas de longa data se envolveram em greves de fome e de trabalho em prisões do mundo todo, incluindo muitos dos companheiros gregos, como Nikos Maziotis. Os prisioneiros chilenos anarquistas, subversivos e mapuches redigem coletivamente declarações para muitos dias de ação, principalmente Mónica Caballero, mantendo-se conectados às lutas além dos muros. Eles também inspiram a rebeldia fora da prisão, como vemos em muitas ações reivindicadas em solidariedade aos companheiros mencionados acima e de importância recente: A greve de fome de 180 dias de Alfredo Cospito que, antes de terminar no ano passado, provocou tantas ações incendiárias. Também houve casos de anciãos e vitalícios que assumiram a responsabilidade por ações em massa para tentar proteger outros de mais tempo de pena e outras consequências.

O Estado usa as prisões para limitar e conter indivíduos rebeldes, projetos revolucionários e que organizações ocorram do lado de fora. Às vezes, o tiro pode sair pela culatra, transformando a prisão em um foco de revolta e radicalização. Para se adaptar ao potencial revolucionário da organização dos prisioneiros, as prisões modernas utilizam várias ferramentas para controlar o movimento de pessoas, ideias e habilidades na tentativa de reprimir uma possível revolta. Essas ferramentas incluem a vigilância – cada vez mais tecnológica – de indivíduos, movimentos e relacionamentos, além de fomentar divisões entre classes de prisioneiros, colocando-os uns contra os outros. A violência física direta e o isolamento são usados de forma ainda mais liberal contra os causadores de problemas, defensores e professores. Além de colocar alguém em isolamento, às vezes por décadas, o sistema também transfere as pessoas para longe de seu bairro, daqueles em quem confiam e com quem se organizam, ou para o outro lado do país, longe de seus familiares e apoiadores. A expansão contínua dos sistemas e instalações prisionais é necessária para poder separar e distanciar-nos uns dos outros. Sempre que os prisioneiros se rebelam, o Estado aumenta e adapta essas medidas, e inova com outras, para evitar que isso aconteça novamente. Todas as barreiras que enfrentamos atualmente para nos mantermos conectados e capacitados são evidências de quanto os diretores e gerentes sentem medo.

Como, então, também nos adaptamos à inovação de ferramentas e técnicas de controle? Primeiro, devemos procurar entendê-las. Muitas vezes, são os prisioneiros de longo prazo que podem observar, testar e articular melhor o comportamento do Estado, já que o viram mudar ao longo do tempo. Esse é apenas um dos muitos motivos pelos quais devemos facilitar ativamente sua participação em espaços anarquistas. Portanto, para nós, é essencial desenvolver maneiras redundantes e descentralizadas de nos mantermos em comunicação apesar da vigilância e da censura. Isso é necessário para que possamos criar organizações e colaborações de dentro para fora entre os presos e os mais livres. A correspondência também serve para lembrar aos prisioneiros que eles não foram esquecidos e aos seus captores que estamos observando. O apoio material também é essencial. O dinheiro para os prisioneiros anarquistas não apenas os ajuda a obter o que precisam do comissariado, mas também pode fluir para outros que têm menos apoio social. Além do comissário, os fundos também podem ser usados na economia da prisão para comprar ou criar ferramentas para manter a comunicação ou para proteção contra a violência de guardas ou outros prisioneiros. Devemos também desenvolver a capacidade de agir em solidariedade e em resposta ao que aprendemos com os companheiros internos, seja na forma de manifestações na prisão, zaps telefônicos, atos destrutivos e outras coisas com as quais poucos de nós ainda sonhamos.

Quando um anarquista vai para a prisão, ele pode servir como um ponto de conexão entre as pessoas dentro e fora dela. Nosso compromisso e estilo de apoio ao prisioneiro permite que essa conexão dê frutos, não apenas para os indivíduos, mas também, nos melhores casos, para desafiar o poder do Estado onde ele está mais concentrado. Há muitas formas que esse papel de prisioneiro anarquista e politizado pode assumir. Eles podem usar sua posição, voz e capacidade de amplificá-la para falar sobre questões maiores. Isso informa os companheiros de fora sobre as lutas das pessoas presas. Nos EUA, isso foi mais bem visto nas lutas pela Libertação Negra e na sobreposição entre as atividades do Partido dos Panteras Negras e do Exército de Libertação Negra do lado de fora e as revoltas nas cadeias e prisões de todo o país. Mais recentemente, vimos Eric King defendendo os amigos que fez dentro da prisão e que o ajudaram em alguns de seus momentos mais difíceis. Também vimos várias pessoas presas nas cadeias de Atlanta por envolvimento no Stop Cop City e na Pensilvânia por suposto envolvimento na libertação animal usarem suas conexões com a mídia para descrever as condições internas e contar as histórias de pessoas que conheceram lá dentro. A maioria das pessoas presas não tem ninguém que possa proliferar suas palavras, seja por meio de um blog, um zine ou um grafite. Os espaços anarquistas podem e fazem exatamente isso. Michael Kimble é um ótimo exemplo de como agir como um canal entre o apoio externo e uma população queer cativa que se ajuda mutuamente em seus próprios termos. Embora ainda de forma muito precária e sob constantes ataques, Marius Mason conseguiu influenciar fortemente o tratamento e o acesso de pessoas trans no sistema penitenciário federal. Em 2020, Jeremy Hammond gravou um vídeo de si mesmo e de outros prisioneiros expressando solidariedade aos protestos do Black Lives Matter nas ruas. Malik Muhammad escreve uma coluna em seu blog contando as histórias e fazendo entrevistas com pessoas que conheceu na segregação. Por meio de sua conexão com outros anarquistas, Michael Kimble compartilha a história radical dos negros em seu bloco durante o Mês da História Negra e o Agosto Negro. Dessas formas, os prisioneiros anarquistas vinculam a luta interna e a radicalização ao movimento maior externo.

O inverso também é verdadeiro. Pela natureza de sua posição, os prisioneiros anarquistas fortalecem o movimento maior, informando suas análises, métodos e prioridades. Com sua inclusão no espaço anarquista, desmistificamos o encarceramento e ensinamos uns aos outros as melhores práticas e técnicas de sobrevivência. Isso, por sua vez, capacita outras pessoas a assumirem os riscos necessários, sabendo que não estão sozinhas. Nosso compromisso de apoiar nossos prisioneiros nos mantém honestos em relação ao nosso valor de confrontar o poder do Estado mesmo onde ele é mais poderoso. Manter relacionamentos e facilitar a participação no espaço do movimento de pessoas que estão fisicamente afastadas de nós proporciona aos anarquistas uma ala de luta que está “por trás das mentiras do inimigo”. O poder de encarcerar, desaparecer, silenciar, roubar companheiros, familiares e amigos deve ser contestado. E essa contestação só pode acontecer com outros prisioneiros politizados e revolucionários. O fato de se encontrarem e lutarem juntos na prisão fortalece os laços entre as pessoas criminalizadas e as classes mais baixas: um encontro informal e irregular de inimigos do Estado.

Nossos movimentos em direção a uma vida de liberdade são, sem dúvida, moldados e fortalecidos pela luta ao lado daqueles que foram capturados pelo Estado. A inventividade e a coragem necessárias para manter a sobrevivência e os valores internos podem nos ensinar muito sobre o espírito que precisaremos reunir à medida que avançamos. Que este 11 de junho seja um dia para refletirmos sobre aqueles que amamos dentro de casa, aqueles com quem crescemos e lutamos e que estão presos, e para tomarmos novas medidas contra este mundo cheio de prisões e as forças que as mantêm.

Atualizações de prisioneiros:

Marius Mason está agora a menos de dois anos de ser libertado! Apesar do progresso que ele fez por si mesmo e por outros prisioneiros transgêneros, e devido às políticas antitrans do governo federal dos EUA, em março ele foi transferido de volta para uma instalação feminina em Danbury, Connecticut. O estado também está exigindo agora que usemos o “antigo nome” (deadname) de Marius em nossa correspondência. Michael Kimble também foi recentemente transferido para outra instalação no Alabama. Ele ainda está trabalhando em sua nova sentença e continua a participar de publicações anarquistas. Depois de entrar em greve de fome por causa do roubo de sua propriedade e outros assédios, Malik Muhammad foi transferido para outra instalação no Oregon. Também nessa instalação, ele foi alvo de escrutínio e jogado na solitária, falsamente acusado de tentar organizar uma greve geral. Sean Swain continua sua colaboração com a rádio Final Straw. O Camarada Z também trabalhou com a Final Straw e escreveu artigos para a Texas Observer Magazine. Xinachtli tem uma nova campanha de arrecadação de fundos.

Internacionalmente, comemoramos o fato de Claudio Lavazza ter sido libertado da prisão no ano passado, depois de uma vida inteira na luta anarquista. Também registramos a luta contínua de Alfredo Cospito e, agora, de Francisco Solar (na Itália e no Chile, respectivamente), contra suas condições particularmente hediondas. Mónica Caballero continua a se organizar e a se manifestar de dentro das prisões chilenas, e recentemente vimos alguns pedidos de apoio financeiro. Uma nova repressão também começou na Grécia, depois que uma explosão prematura em Atenas matou um camarada e feriu outra, Marianna. Estamos ao lado de todos os companheiros acusados após a explosão. Além disso, o pedido de liberdade condicional de Nikos Maziotis foi rejeitado pelos tribunais gregos, pois ele pronunciou a verdade óbvia de que “os revolucionários não são ‘corrigidos’ nem ‘moralmente melhorados'”, portanto, espera-se que ele cumpra sua sentença completa. Finalmente, acrescentamos mais dois anarquistas à nossa lista de prisioneiros de longo prazo, pois o Estado chileno se prepara para processar Aldo e Lucas Hernandez – cada um enfrentando décadas de prisão, tendo sidos mantidos em prisão preventiva desde dezembro de 2022.

A cada nova e contínua tentativa dos Estados do mundo de impor obediência a seus programas opressivos, nós também reconhecemos um desejo urgente de sua destruição.

june11.noblogs.org

agência de notícias anarquistas-ana

Move-te ó tumba!
Meu pranto
é o vento do outono.

Matsuo Bashô

[Espanha] Comunicado contra a revogação da suspensão da pena de Las 6 de La Suiza

]Após conhecer os autos ditados relativos às condenações das companheiras pelo caso de Las 6 de la Suiza, a CNT não pode ficar calada.
 
Após a petição de indulto para as seis companheiras, registrada faz escassas semanas, à qual aderiu sindicatos de todo o território, seguiremos mostrando nosso apoio e luta contra o que cremos que é uma decisão com a vontade de aplacar a ação direta e, portanto, nosso sinal de identidade como anarcossindicalistas.
 
Agradecemos enormemente as adesões a todos e cada um dos sindicatos que a assinaram: CCOO, CGT, CI (Intersindical), Clase Trabayadora, CSI, CSO, CIT AUX SAD, CUT, ELA, ESK, ISA, SAT, SO, SUATEA, UGT, USO. Aqui remamos todas contra a mesma corrente e vamos fazer tudo o que esteja entre nossas mãos para reverter esta situação tão injusta.
 
As companheiras não estão sós: o seguimento do caso, as mostras de solidariedade mostradas através de todas as mobilizações desenvolvidas nestes oito anos, as adesões aos comunicados, nos demonstram que contam com o apoio de todas e cada uma das que fazemos parte deste sindicato, das que se mobilizam independentemente de bandeiras ou cores, das que crêem que a luta é o único caminho que nos resta para reclamar nossos direitos. Cada dia mais e mais pessoas abrem os olhos ante as muitas mostras de repressão que vivemos em muitos âmbitos da sociedade.
 
Neste momento onde, em coordenação com os sindicatos, entidades, associações e pessoas individualmente, vamos seguir fazendo pressão para que as companheiras não sejam encarceradas, porque não o esquecemos: nos queremos livres e sem mortalhas e não presas ou com ataduras.
 
Fonte: https://www.cnt.es/noticias/comunicado-contra-la-denegacion-de-la-suspension-de-la-pena-de-las-6-de-la-suiza/
 
Tradução > Sol de Abril
 
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agência de notícias anarquistas-ana
 
Um pombo no mar
traz ao bico verde ramo:
terra à vista?
 
Anibal Beça

[Espanha] Jornadas Libertárias Rurais

Valdecín, 6, 7 e 8 de junho de 2.025

Exposição de ilustrações do coletivo “La Colmena”

Zona de acampamento gratuita

Sexta-feira, 6 de junho

17h – Apresentação das jornadas

18h – Anarquismo e anarcossindicalismo em Extremadura, por Gonzalo Palomo e J. M. Salguero

20h – Projeção do documentário “Memoria Viva”. Do diretor Antonio García de Quirós

22h – Atuação musical

Sábado, 7 de junho

10h – Crise climática e ecologia libertária, por Carlos Taibo

12h – Apresentação do documentário “Nuestras Aguas”. Da diretora Iria Sanjurjo. Apresentado por Ángel Calle

14h – Comida

17h – CSOA e Ateneus Libertários de Extremadura.  “La Algarroba Negra”, “La Manuela”, “Ateneo de Hervás” e “Ateneo de Mérida”.

19h – Feminismo e Anarcofeminismo. “Mujeres Libres de Extremadura” e “Mujeres Sembrando”

22h – Concerto

Domingo, 8 de junho

11h – Apresentação de “La Enciclopedia del Anarquismo Ibérico”, por Ignacio Soriano

12h – Pedagogia Libertária. “Escuela Libre Paideia”. Organiza: CNT Cáceres Norte

agência de notícias anarquistas-ana

cai, riscando um leve
traço dourado no azul
uma flor de ipê!

Hidekazu Masuda

[Espanha] IX Aniversário do Ateneu Llibertari de Gràcia

O Ateneu Llibertari de Gràcia surge de um grupo amplo e heterogêneo de pessoas, vizinhos que, diante da necessidade de um espaço libertário comum de convivência, aprendizagem, pensamento crítico e transformação, se organizaram para realizar um projeto que visa instalar uma alternativa real e comunitária à vida social em tempos de precariedade no bairro, baseada no apoio mútuo, nas relações horizontais e na autogestão.

Os ritmos e as relações da cidade, bem como o processo de gentrificação que sofremos em todo o bairro de Gràcia, nos levam a compreender nossas vidas e a forma como as vivemos a partir de uma visão dicotômica entre vida pública e vida privada: tudo o que tem a ver com família, lazer, sentimentos, etc., está na esfera privada, enquanto o que está relacionado a trabalho, política, formação, etc., tendemos a viver na esfera pública.

No Ateneu, queremos romper com essa dicotomia artificial que tentam nos impor, criando um espaço onde nos sintamos confortáveis ​​para aprender, nos relacionar, debater, desfrutar e semear o pensamento crítico, de forma natural e intergeracional, como acontecia nos bairros ou continua acontecendo em espaços menores de convivência, como nas cidades. Acreditamos que, a partir desses espaços comuns, onde podemos realizar a maioria das atividades de nossas vidas, é mais fácil criar uma comunidade forte e auto-organizada, em apoio mútuo, para enfrentar a vida de miséria que o capitalismo nos reserva e criar alternativas de vida mais livres e pessoais.

O modelo de Ateneu que estamos construindo é aquele em que podemos aprender, participar, desfrutar e realizar práticas libertárias, pois queremos tecer uma rede em Gràcia a partir da qual possamos articular um projeto social muito amplo, onde iniciativas de trabalho autônomo, educação gratuita, saúde autogerida, etc. sejam reunidas, sendo o Ateneu o esqueleto a partir do qual todos esses projetos são articulados. O Ateneu Llibertari de Gràcia está localizado na Carrer Alzina 5, Barcelona, e esperamos que seja o início de uma grande rede.

Ateneu Llibertari de Gràcia

ateneullibertarigracia.wordpress.com

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No ninho do sabiá
há quatro bocas
que não param de piar

Eugénia Tabosa

[Itália] Turim. Antimilitaristas contestam cerimônia militar

O 2 de Junho dos Sem-Pátria. No dia em que a República Italiana celebra a si mesma com desfiles e manifestações militares, antimilitaristas ocuparam a Praça Palazzo di Città com diversos discursos e o repertório antimilitarista do Cor’Okkio.

O protesto logo se transformou em passeata e atingiu a praça da cerimônia de arriamento da bandeira, inchada de retórica nacionalista e exaltação da guerra.

Na abertura, o estandarte: “contra todos os exércitos por um mundo sem fronteiras”.

A passeata atravessou a praça desmilitarizando-a, em sinal de solidariedade com as vítimas de todas as guerras, com os desertores de todo lugar, com quem luta contra os exércitos e contra os nacionalismos – em cujo nome se massacram homens, mulheres e crianças.

A manifestação terminou com discursos, palavras de ordem e o repertório antimilitarista de Alba.

Um dia de luta contra a corrida armamentista, a militarização das periferias, a guerra aos migrantes, a produção bélica e a militarização das escolas e universidades.

Um forte sinal contra a guerra e contra quem a arma.

Hoje quereriam todos nós alistados. Nós desertamos.

Não nos alistamos ao lado deste ou daquele Estado imperialista.

Rejeitamos a retórica patriótica como elemento de legitimação dos Estados e de suas pretensões expansionistas.

Queremos acabar com as guerras e, portanto, com a lógica feroz do domínio e do capitalismo. Em todo lugar.

Não existem nacionalismos bons.

Estamos ao lado de quem, em cada canto da terra, deserta da guerra.

Fazemos nosso o ensinamento do “derrotismo revolucionário”: somos solidários com quem luta contra seu próprio governo, porque lutamos contra o nosso.

Queremos um mundo sem fronteiras, exércitos, opressão, exploração e guerra.

>> Mais fotoshttps://www.anarresinfo.org/torino-antimilitaristi-contestano-la-cerimonia-militare/

Tradução > Liberto

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agência de notícias anarquistas-ana

Não retirar o mato
nem a pedra
da sombra.

Marien Calixte

[Itália] Chamada à solidariedade com Paolo Todde em greve de fome

O companheiro sardo Paolo Todde, alvo da repressão no início dos anos 2000 devido à operação contra o Fraria de Cagliari (grupo anarquista), encontra-se atualmente em prisão preventiva acusado do assalto ocorrido em 9 de outubro de 2024 (a uma casa de apostas em Sestu). No dia 25 de abril, ele iniciou, junto a outros presos, uma greve de fome para protestar contra as condições de vida na prisão de Uta (Cagliari). A intervenção dos defensores públicos (figura semelhante ao ouvidor dos direitos humanos), com suas promessas vazias e inúteis, fez com que a greve fosse interrompida após uma semana. No entanto, Paolo decidiu retomá-la sozinho a partir de 8 de maio, com a intenção de levá-la até o fim.

Vale destacar que Paolo tem 64 anos e iniciou a greve de fome com apenas 61 kg. Paolo compartilha conosco o sonho de mil coisas, como uma Sardenha livre, e o ódio pelas prisões e pela sociedade que as produz. Ele nunca foi indiferente frente às contínuas violências e humilhações das forças de ocupação colonial — colaborou com o Comitê de Solidariedade com o Proletariado Sardo Deportado, que prestou apoio a presxs sardxs dispersos em prisões italianas no final do século XX. Para o Estado, dobrá-lo ou eliminá-lo serve como aviso para quem combate o sistema e para todxs xs presxs que se rebelam contra a prisão.

Por isso, Paolo tem sido alvo de constantes provocações por parte dos carcereiros: bloqueio arbitrário de correspondência ou de entrada de dinheiro, proibição de fazer videochamadas sob desculpas, atrasos nas visitas, seus livros e cartas jogados em cestos úmidos de roupa suja, entre outras ações. Toda essa violência se soma à situação vivida pelos presos, que Paolo vem denunciando há meses.

Na prisão de Uta, a água da torneira não é potável. Após a administração misturar cloro para eliminar bactérias fecais que impediam seu uso até mesmo para a higiene pessoal, agora nem para cozinhar a água pode ser utilizada. As celas estão superlotadas (com 140 presos a mais do que a capacidade máxima), e os detentos ficam trancados por 22 horas ao dia. O acesso à biblioteca e ao campo de futebol é concedido com extrema limitação. No verão, as temperaturas no sul da Sardenha chegam a 43 °C. A assistência médica é inexistente. As provocações da polícia penitenciária contra os presos e seus familiares são constantes e muitas vezes resultam em espancamentos.

Essa vida é insuportável para qualquer ser humano — ainda mais para quem nunca abaixou a cabeça e sempre lutou em solidariedade com os inimigos do sistema, como o Comitê de Solidariedade com o Proletariado Sardo Deportado. Paolo, como o revolucionário anarquista Alfredo Cospito, decidiu usar sua própria vida como barricada. Arriscando sua existência, iniciou uma luta que só pode ter resultados se nós formos capazes de levar adiante, com a mesma determinação, uma mobilização de solidariedade revolucionária e internacional.

Reafirmamos nossa solidariedade e nosso compromisso em expandir a luta, de modo que a administração não tenha paz. Lembramos que os diretores, a polícia penitenciária e os demais carcereiros são co-responsáveis por essa situação, e que o povo oprimido tem boa memória. Se algo acontecer com Paolo, terão que assumir todas as consequências.

Não deixemos Paolo sozinho nessa luta.

Quem quiser, pode escrever para Paolo no seguinte endereço:

Paolo Todde
CC E. Scalas
Zona industriale Macchiareddu 19
09010 Uta (CA)
Sardenha (Itália)

Alguns anarquistas sardos e outros companheirxs de Paolo

Paolo Todde é um conhecido companheiro sardo de 64 anos. Participou de diversas iniciativas solidárias e em círculos antimilitaristas e anarquistas de Cagliari. Em 2004, foi preso em conexão com um ataque a uma sede do Forza Italia e, em 2005, durante a operação contra o círculo anarquista Fraria de Cagliari. Em outubro de 2017, foi detido após um assalto a uma agência dos correios, e desde 23 de outubro de 2024 encontra-se em prisão preventiva pelo assalto a uma casa de apostas.

Fonte: https://lazarzamora.cl/llamada-a-la-solidaridad-con-paolo-todde-en-huelga-de-hambre/

Tradução > Liberto

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Olha,
Entre um pingo e outro
A chuva não molha.

Pedro Xisto

[Espanha] A Lucía Sánchez Saornil no aniversário de sua morte

Querida Lucía:

Completam-se cinquenta e cinco anos de tua partida. Custa utilizar as palavras sem questionar cada frase feita quando são dirigidas a uma poeta, a uma mulher que esteve na vanguarda, que fez da palavra um instrumento de revolução e de luta.

Foi na cidade de Valência onde viveste a última parte de tua vida. Em um exílio interior que, sem dúvida, foi doloroso. Queremos pensar que, ao menos no pessoal, pudeste seguir vivendo plenamente.

Aqui em Valência estão teus restos, aqui queremos manter especialmente viva a memória de tua vida e de tua luta. Aqui tratamos de não deixar cair o testemunho das que, como tu, acreditaram que o mundo novo passava pela emancipação da mulher, tanto em sua dimensão social como pessoal, assim como em sua integração na luta da revolução social e da liberação da classe trabalhadora.

Aqui, ainda que não só aqui, as mulheres anarquistas seguimos tendo a referência de MUJERES LIBRES em nosso ideário coletivo. Porque foi, sem dúvida, uma organização que ainda hoje admiramos por sua capacidade de mobilização, pelo trabalho coletivo que significou e porque, ante os vai e vens da História, ainda tem muito que ensinar-nos. Mujeres Libres segue sendo uma referência que nos ajuda a caminhar.

Querida Lucía, queremos dizer-te alto que aqui estamos, lutando para que tua herança não se perca, para que os direitos das mulheres se tornem efetivos e, com isso, seja a Humanidade a única que saia vitoriosa.

Aqui estamos as anarcossindicalistas: telefonistas, carteiras, bombeiras, ferroviárias, profissionais de saúde, professoras, trabalhadoras sociais, pensionistas, condutoras, jornalistas, trabalhadoras do lar, advogadas, cozinheiras, faxineiras, modistas, embaladoras… Seguimos dentro de casa, mas também no espaço público.

Seguimos ocupando profissões de difícil acesso, mas também seguimos nas margens, no precário, no que segue sendo desprezado e no que ainda não nos atrevemos a nomear. Aquilo que segue atravessado pelo conceito de classe, pelo conceito de mulher, pelo de estrangeira também agora que não nos cremos imigrantes…

Aqui estamos Lucía, com tantas contradições e tantas frentes abertas. Lutando contra a imundície dos que governam contra os de baixo, mas com a legitimidade dos votos…

Lutando contra os que financiam as guerras nas quais sempre põem o corpo as mesmas. Defendendo ainda a liberdade de ser e de viver diferente, de amar como se queira… ainda entre avanços e retrocessos. Ainda na corda bamba, na fragilidade das liberdades sempre sob suspeita.

Aqui seguimos, Lucía, com a Esperança por bandeira (sim é que temos de erguer alguma) e com o coração vermelho e negro. Dispostas, tal como tu disseste um dia à Victoria de Samotracía, a “perder a cabeça, mas nunca as asas”. Empenhadas em ocupar os espaços, em lutar por nossos direitos, em liberar nossos preconceitos e nossos corações.

Aqui seguimos, Lucía, invocando-te sem necessidade de grandes atos.  Reivindicando tua vida e teu legado … recuperando as forças depois de uma Greve Geral na qual pusemos a alma e o corpo para que caiam os que governam contra a classe obreira; contra as mulheres, as diversidades, as migrantes; que governam contra a vida e a esperança.

No dia seguinte, recapitulamos e voltamos a nos pôr em marcha.  Reivindicamos a vida e retomamos nossa capacidade de seguir sonhando.  Sempre contigo na memória, com teus ensinamentos. Aqui na terra que te acolheu, Valência. Nós seguimos: “os pés na terra, o rosto no azul”.

Agradecidas, Lucía.

MULHERES CGT VALÊNCIA
2 de Junho 2025

cgtvalencia.org

Tradução > Sol de Abril

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