[Grécia] 6 de dezembro – Não esquecemos, não perdoamos!

Contamos 16 anos desde a noite de 6 de dezembro de 2008 em que o estudante anarquista Alexandros Grigoropoulos, de 15 anos, foi assassinado a sangue frio pelo policial Epaminondas Korkoneas no cruzamento das ruas Messolongiou e Tzavella em Exarchia, Atenas.

Dezesseis anos depois, os assassinatos não pararam, assim como os espancamentos, as prisões, os abusos e as torturas. O Estado e os meios de comunicação social continuam a organizar operações orquestradas, de terror, de violência e extermínio para nos disciplinar e para encobrir os seus próprios crimes contra a sociedade.

O Estado tem continuação. E antes e depois de 6 de dezembro. É por isso que continuamos na estrada.

Solidariedade aos nossos companheiros detidos M.M., D.Z., D. e N.R.

Kyriako para sempre em nossos corações.

Não esquecemos, não perdoamos.

athens.indymedia.org

agência de notícias anarquistas-ana

Mar de primavera –
Sempre igual, o dia inteiro,
num manso vai-e-vem

Yosa Buson

[Grécia] Para meu companheiro Kyriakos X.

Adeus, meu companheiro,

“Você será cinzas, velho mundo.

Você está destinado ao caminho da destruição

E você não pode nos dobrar

Matando nossos irmãos de armas…

E saiba disso

Nós sairemos vitoriosos

E mesmo que nossos sacrifícios

Sejam pesados”

Nazim Hikmet

Com atraso, gostaria de escrever algumas palavras sobre meu camarada e companheiro nos últimos 6 anos de minha vida, K. Xymitiris, que faleceu em um apartamento na Rua Arkadias.

Conheci o camarada Kyriakos na cidade de Berlim há alguns anos. Nossa determinação comum e a agonia por um mundo melhor nos uniram rapidamente. Em conversas à meia-noite no bar onde ele trabalhava, em caminhadas pelas ruas da cidade, trocávamos pontos de vista, e Kyriakos tinha as opiniões e os conhecimentos mais profundos sobre cada uma de minhas preocupações. Nossa visão compartilhada estava simultaneamente criando raízes dentro de nós, criando um forte relacionamento baseado em compreensão mútua, camaradagem e amor.

Juntos, lutávamos e moldávamos nossas opiniões sobre tudo o que nos incomodava. Eu cresci com ele, em uma jornada de descoberta de minha identidade combativa. E Kyriakos estava sempre ao meu lado, não na frente ou atrás, mas ao meu lado. Segurando minha mão, me apoiando, com seu sorriso e sua perspicácia. Sempre dando as respostas corretas enquanto todos nós estávamos enrolando as palavras, clareando a paisagem enquanto todos nós estávamos nos sentindo perdidos.  Com um senso de solidariedade bem desenvolvido, ele sempre esteve ao lado de qualquer pessoa que precisasse, independentemente da repressão, de ser alvo e de seu próprio conforto. Sempre em primeiro lugar em todas as lutas: contra a repressão, a gentrificação, as fábricas de mão de obra, o colonialismo, o patriarcado, as prisões. Indispensável como camarada e como amigo, onde quer que estivesse, preenchia o espaço com sua modéstia e militância.

Ao defender a unidade na luta pela causa revolucionária, o confronto, a militância e o contra-ataque, sempre com respeito aos que estavam ao seu lado, ele abriu espaço onde outros sufocavam. Assim ele viveu, pelo menos ao meu lado, militante e persistente, esperançoso e sorridente. Pronto para tudo, correndo riscos grandes e pequenos, entregava sua vida cotidiana à luta sem pensar duas vezes.

Sempre ao nosso lado

para mim, para seus amigos e camaradas, para qualquer um que precisasse dele para o menor ou maior problema.

Sempre ao nosso lado

para assumir a função mais tediosa, a mais arriscada.

Sempre ao nosso lado

para segurar nossa mão, para nos acompanhar, para abrir o caminho.

Sempre ao lado

do migrante, do abusado, do trabalhador, do prisioneiro.

E sempre ao meu lado

para me apoiar, me ajudar, me ouvir, lutar junto comigo, me abraçar afastando o medo, me encorajar afastando as dúvidas, preencher os dias e as noites com camaradagem e combatividade.

CAMARADA KYRIAKOS

Nenhuma das despedidas é suficiente. Nenhum dos textos pode descrever a dor de sua perda. Em 31/10, fui deixada pela metade, em um caminho onde eu queria você ao meu lado. No dia 31/10 perdi aquele sorriso que só você sabia evocar. No dia 31/10, perdi a esperança que só você conseguia me transmitir. Mas em 31/10 também fiz uma promessa a você, a mim, a nós e a tantos outros, de que você não seria esquecido. No dia 31/10 fiquei para trás para falar de você, da luta que você deu e das que não conseguiu dar. No dia 31/10 levantei meu punho e com minha boca ensanguentada prometi LUTAR. Em 31 de outubro, levantei meu punho e, nos escombros da Rua Arkadias, disse: KYRIAKOS XYMITIRIS, SEMPRE PRESENTE!

Nossos dias mais bonitos

nós ainda não vimos.

E as palavras mais bonitas que eu queria lhe dizer

eu ainda não disse…”

Nazim Hikmet

Com amor incondicional

sua companheira

Marianna M.

Fonte: https://athens.indymedia.org/post/1633086/

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Um tico-tico
Todo colorido
Pinta meu coração.

Kátia Viana Barros

[Alemanha] Berlim: Desligue a indústria de concreto!

As chamas mais uma vez iluminaram as noites escuras e frias de Berlim. Na manhã de 2 de dezembro, tudo o que restava das máquinas e veículos das gigantes do concreto Cemex e HeidelbergMaterials eram escombros e cinzas. Essa não é a primeira vez que essas empresas sofrem um ataque merecido. No inverno de 2023/24, vários caminhões e uma correia transportadora da Cemex foram completamente destruídos pelo fogo e vários caminhões da HeidelbergMaterials, que eram usados para transportar concreto para a rodovia A100, foram incendiados. As duas cartas de confissão declararam a responsabilidade das empresas em projetos de destruição da natureza e colonialismo. Agora, houve outro golpe contra o setor de concreto.

Não é necessário explicar por que essas duas empresas foram novamente visadas. Entendemos esse ato como a continuidade de uma série de ataques aos gigantes do concreto em todo o mundo, como uma ofensiva contra os responsáveis pelo ecocídio que já é uma realidade em muitos territórios. Essas empresas participam ativamente de políticas neocoloniais e lucram com a guerra, a exploração e o genocídio nos países em que estão presentes.

O concreto desempenha um papel importante no mundo atual. Foram construídas inúmeras metrópoles que se assemelham a gaiolas para pessoas, nas quais se respira apenas fumaça de escapamento e miséria. São lugares de alienação, onde não é mais possível ver a beleza inspiradora da natureza selvagem e onde torres sem rosto bloqueiam a luz do sol, pois a idiotice humana tenta arranhar o céu erguendo prédios cada vez mais altos. Mas eles se esquecem de que sempre haverá uma plantinha que encontra uma rachadura no concreto para criar raízes e crescer. Essa cor no cinza sombrio é a prova viva de que a natureza selvagem pode resistir ao concreto opressivo. Assim como, felizmente para nós e infelizmente para eles, há pessoas em todos os lugares que querem destruir seu mundo de concreto. É inspirador e traz um sorriso ao nosso rosto toda vez que ouvimos que, em outros lugares, as empresas que devastam a terra são recebidas com raiva e fogo.

Ou como escreveram os companheiros da “Célula Insurgente para o Maipo/Nova Subversão” do Chile: “Que este fogo seja um abraço para os companheiros que realizaram greves em outros territórios do mundo […] porque sabemos que o ataque deve ser imediato e em todos os territórios onde se encontram as instalações e os meios dos responsáveis pela destruição do planeta. Assim, contribuímos para o diálogo por meio de ações diretas e de confronto, sem qualquer esperança de processos institucionais ou salvadores.”

Que o calor do fogo aqueça os corações de Marianna, Dimitra, Dimitris e Nikos, que estão presos na prisão de Koridallos, em Atenas.

Memória revolucionária para o companheiro Kyriakos e todos os que morreram lutando.

Liberdade e felicidade para Nanuk, Maja, Hanna e todos os outros prisioneiros nas cadeias e para todos os que estão escondidos na imensidão do nada.

Fonte: https://de.indymedia.org/node/474394

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Difícil de ler
Este livro em guarani –
Gatos enamorados.

Suinan Hashimoto

Lançamento: “Foucault, Proudhon, Malatesta: Anarquismo e Governamentalidade”, de Nildo Avelino

O livro Foucault, Proudhon, Malatesta: anarquismo e governamentalidade investiga as reflexões do anarquista francês Pierre-Joseph Proudhon e do anarquista italiano Errico Malatesta sobre o exercício do poder governamental, utilizando uma abordagem dos estudos da governamentalidade, noção elaborada por Michel Foucault para designar o campo estratégico das relações de poder que busca converter o que elas têm de móvel, transformável e reversível, em estados de dominação. Partindo do fato que, no Ocidente, as relações de poder foram constituídas de tal modo por uma proliferação indefinida de técnicas e mecanismos governamentais, que fizeram seu exercício assumir formas sempre mais excessivas e intoleráveis, o autor enfatiza a importância de se estudar essa prática complexa e singular que consiste em governar os indivíduos, transformada pelas sociedades modernas em um dos seus mais essenciais atributos. Mais do que uma prática imemorial, o autor afirma que o governo ganhou um desenvolvimento sem precedentes com a formação dos Estados modernos. Nesse processo, a soberania tomou emprestado do governo a perenidade do seu caráter natural e a permanência da sua natureza providencial: Estados nascem e morrem, mas o governo é eterno. E da sua eternidade, o governo remeterá sempre para a violência de uma força dominadora. No entanto, o autor mostra como o anarquismo foi a única tradição política, na história do Ocidente, que buscou direcionar, especificamente contra o governo, a crítica implacável de um saber que sondou sua existência insidiosa. Embora as resistências ao poder governamental sejam encontradas desde o início da formação do Estado moderno, foram os anarquistas que, jamais cessando de denunciá-lo, produziram, nas lutas em torno e contra ele, a enorme sistematização de um saber antigovernamental. Em suma, trata-se de uma obra importante para pensar, a partir do tríptico Foucault-Proudhon-Malatesta, a potencialidade extraordinária de produção de novas subjetividades presente nas formas de luta contemporâneas contra o governo. O livro não somente nos convida a constituir a nós mesmos como sujeitos transgressivos, mas também mostra o quanto é urgente, em nossa atualidade, a tarefa de constituir a si mesmo como sujeito anárquico.

Foucault, Proudhon, Malatesta: Anarquismo e Governamentalidade

Nildo Avelino

Peso 573 g

Dimensões 23 × 16 × 2 cm

ISBN 9786525069296

Páginas 473

R$105.00

editoraappris.com.br

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vento muda
ares de chuva
tua chegada

Camila Jabur

IV edição da FAF – Programação

Emergindo em meio ao caos e a lama, a IV edição da FAF vai brotar. Surgindo da necessidade e prazer de conspirarmos juntis e repensar maneiras de re.existir em um sistema que consome constantemente nossas vidas nos entendendo como máquinas, e faz o mesmo com a fauna e flora, as matas, águas e ar.

Usurpando da Terra toda sua vida sem pedir licença, sem pensar nos que ali habitam, desde próprios outros humanos a mínimos organismos. A cultura do imediatismo e sede pelo capital faz estragos irreversíveis sem refletir sobre como será daqui a frente, e de como está sendo no presente, ignorando todos os sinais que afetam sempre as camadas mais vulneráveis.

Um mundo onde se compra território, onde o agro queima toda biodiversidade em busca de monocultura e expansão do comércio de animais como objetos de consumo, patentes de sementes, licenças ambientais, tramoias entre o estado e grandes empresas para desalojar comunidades, poluir e desmatar, garimpar terras e minerar montanhas. Onde a prioridade é sempre o “avanço” da sociedade moderna que está acima do que realmente importa e gera vida: a natureza.

A terra não se vende, se demarca! E é mais que urgente a necessidade de articularmos maneiras de abalar e bater de frente com essas estruturas coloniais, difundir ideias como sementes que crescem, resistir como flores que brotam dos asfaltos e incomodar como ervas daninhas!

Vem conosco, 8/12, das 9h às 21h na Praça do Aeromóvel – Av. João Goulart, Centro Histórico, POA

Saúde y (A)!

Feira Anarkista Feminista de Porto Alegre

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Eu limpo meus óculos
mas vejo que me enganei.
É lua nublada.

Neide Rocha Portugal

[Espanha] Joan Busquets Vergés, o último maquis catalão. Novembro de 2024

Durante este mês de novembro, Joan Busquets, “El Senzill”, visitou o Estado espanhol para apresentar sua reivindicação como vítima do franquismo.

Nesta publicação, você encontrará a crônica do evento na FAL (Fundação Anselmo Lorenzo) no dia 19, a coletiva de imprensa em Barcelona e uma conversa entre ele e a historiadora e pesquisadora Dolors Marín. Foto de L.M.

Na manhã de 19 de novembro, a CGT havia convocado uma manifestação em frente ao Congresso dos Deputados em Madri. Um grupo de policiais da Polícia Nacional, expressamente avisado, impediu Joan e vários militantes de desfraldar uma faixa preparada para essa manifestação. Nenhum membro do parlamento, nenhum partido, se dignou a deixar o prédio, a sede da “soberania” do povo espanhol, para receber uma pessoa que deu anos de sua vida pela liberdade.

Palestra na Fundação Anselmo Lorenzo (CNT) em Madri

“Passei mais de 20 anos na prisão, mas meus companheiros tiveram pior sorte e foram fuzilados”. Aos 96 anos de idade, o maquis catalão Joan Busquets, “El Senzill”, viajou a Madri para contar sua experiência de vida como guerrilheiro libertário e exigir reconhecimento e compensação financeira do Estado pelo sofrimento e perseguição a que o regime franquista e as autoridades o submeteram durante a maior parte de sua vida. “Acho que sou o último sobrevivente daquela geração de companheiros, que eram sete ou oito anos mais velhos do que eu. Se ainda restar algum, o que eu não sei, ele deve ter mais de cem anos”. Joan, que ainda tem uma noção clara dos eventos e anedotas em que se envolveu décadas atrás, quando tinha apenas 18 ou 20 anos de idade, começou a agir diretamente na França. Ele entrou em contato com grupos anarquistas e logo se juntou à guerrilha. Embora tenha nascido em julho de 1928, o golpe fascista de 1936 o tenha pego quando ele tinha apenas oito anos de idade e o fim da guerra quando ele tinha onze, ele se lembra perfeitamente da miséria e da fome sofridas por seu povo, bem como da repressão brutal que se seguiu à “vitória” de Franco (que eles chamavam de “paz”). Joan foi “formado” após a Guerra Civil. Ele gradualmente tomou conhecimento e internalizou as ideias libertárias. Seu próprio pai, que trabalhava em uma oficina quando a revolução começou em 19 de julho de 1936, era membro da Confederação Nacional do Trabalho. É interessante observar o relato de Joan sobre como se funcionou durante essa etapa nos pequenos negócios. No caso do local onde seu pai trabalhava, o chefe concordou em se tornar apenas mais um trabalhador, sem se opor a nada. Seu pai, de quem ele se lembra durante a conversa, era responsável pelos materiais que eles usavam e precisavam na oficina.

A reivindicação de Busquets é totalmente justa. O Estado precisa fazer uma reparação completa e não apenas “simbólica” a esse homem cuja vida esteve a serviço da liberdade (ou, como a classe política gosta de dizer, “a serviço da democracia”). É nisso que o advogado do Escritório Jurídico da CGT, Raúl Maíllo, está trabalhando. Eles apresentaram uma queixa em 19 de julho de 2024, e ele está ciente de que o Estado não responderá a esse procedimento iniciado pela organização anarcossindicalista. “São vinte anos de pena cumprida, cinco anos de trabalhos forçados e uma vida inteira de perseguição por lutar pela liberdade. Ele estava muito necessitado e tudo isso o deixou com cicatrizes psicológicas e físicas. Chegou a hora de o Estado espanhol cumprir com Joan”, argumentou Maíllo. “O Estado tem e deve garantir os princípios de Verdade, Justiça e Reparação propostos precisamente pela ONU, e é nisso que temos nos concentrado juridicamente.

A atual Lei da Memória Democrática representa uma ruptura não apenas com a lei anterior, mas também com as sentenças de Franco, que agora são todas nulas e sem efeito. Além disso, a lei atual reconhece o papel fundamental desempenhado pelos combatentes da guerrilha ou maquis na luta contra o regime fascista e sua repressão após a guerra. Para o advogado da CGT, essa nova lei é uma vitória para o Movimento Memorialista, “por isso estamos reivindicando agora o reconhecimento daqueles que deram suas vidas e anos de luta”.

A ação de um maquis

“Fiz muitas viagens com material de guerra comigo. Material que muitas vezes pesava mais de 40 quilos, e a viagem durava sete dias ou mais, porque avançávamos à noite”. Joan levou esse material da França para a Catalunha, especificamente para Manresa. Com ele, planejaram e realizaram sabotagens de diferentes tipos. A sabotagem causou muitos danos ao regime, porque às vezes eles conseguiam desativar as ferrovias ou deixar territórios inteiros sem eletricidade. “Essas sabotagens prejudicaram o regime e também conseguimos que a imprensa estrangeira as divulgasse, o que resultou em uma resistência organizada contra o ditador”. Joan sempre pensou, pelo menos durante seus primeiros anos na guerrilha, que eles seriam capazes de derrubar a ditadura. Mas depois, com o passar do tempo e dos acontecimentos, especialmente em nível internacional, ele mudou de ideia e aceitou, talvez com muita dor, que eles não conseguiriam.

1949 foi um ano em que muitos guerrilheiros antifascistas foram exterminados. “Havia guerrilheiros de diferentes ideologias, como socialistas e comunistas, mas os mais numerosos eram os anarquistas. O grupo maquis de Ramón Capdevila era bem conhecido e muito admirado na França. Os guerrilheiros libertários ou da CNT sempre agiram independentemente de outros grupos ou coletivos maquis”. Isso também se deveu ao fato de que a organização, a própria CNT no exílio, não era favorável a essa forma de luta. No entanto, os maquis anarquistas continuaram a lutar no terreno, independentemente da visão do Comitê Internacional da organização.

Joan foi preso em 1949. Ele passou 20 anos na prisão, onde também não se rendeu. Ele organizou uma fuga, a “fuga de San Miguel de los Reyes (Valência), em 1954. Mas essa ação deu errado e, ao cair de uma das fachadas, quebrou o fêmur. Assim, com essa grave lesão, ele foi preso e brutalmente espancado pela Guarda Civil, e depois transferido para uma cela de castigo, onde passaria mais de uma semana sem atendimento médico. “Meus companheiros de prisão protestaram, protestaram muito e contagiaram outros. O regime não queria que isso continuasse e, por isso, me levaram ao hospital, onde recebi tratamento médico, mas na prisão, as autoridades penitenciárias não queriam nem me deixar dormir em uma cama”. Essas feridas físicas ficaram abertas por mais de 50 anos. “Elas pararam de inflamar em 2000”, explicou Joan durante sua palestra.

Quando foi libertado em 1969, ele reconheceu que teve grandes problemas para se integrar novamente à dinâmica da sociedade da época. Embora tenha tentado “começar” novamente, procurando emprego, a Brigada Social Política literalmente não o deixou viver em paz. Ele era continuamente assediado e perseguido, insultado e acusado. Tudo isso foi um fator determinante na decisão de Joan de ir para a França e se estabelecer lá.

Macarena Amores para a CGT, 20 de novembro de 2024

>> Vídeo <<

 L’últim guerriller maqui viu de Catalunya denuncia l’Estat espanyol i reclama 1 milió d’euros

https://www.youtube.com/watch?v=3O94FXh-Tfk&t=541s

  • Conversa entre Joan Busquets e Dolors Marín

Fonte: https://memorialibertaria.org/joan-busquets-verges-el-ultimo-maquis-catalan-noviembre-2024/

Tradução > Liberto

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agência de notícias anarquistas-ana

Sobre o varal
a cerejeira prepara
o amanhecer

Eugénia Tabosa

[Reino Unido] Rafael Barrett: o negligenciado guerreiro dos paraguaios oprimidos finalmente tem seu lugar ao sol

O cronista anarquista da “tristeza paraguaia” – outrora conhecido somente entre radicais latino-americanos – está finalmente sendo reconhecido no país que ele adotou e recebe agora tradução para o inglês

Por William Costa | 11/11/2024

Quando o escritor anarquista espanhol Rafael Barrett foi contrabandeado de volta ao Paraguai, perto da pequena cidade de Yabebyry, em 1909, não era possível reconhecer o jovem correspondente de jornal que havia chegado à conturbada nação cinco anos antes para cobrir uma revolução armada.

Fisicamente, ele estava sendo consumido por uma infecção de tuberculose que o mataria no ano seguinte. Ideologicamente, ele havia sido transformado pela imersão no que chamou de “tristeza paraguaia”, abandonando os resquícios de sua juventude na elite burguesa de Madri para abraçar o anarquismo e o movimento trabalhista.

Escrevendo na imprensa paraguaia, Barrett se tornou a principal voz a denunciar as terríveis condições e violências estatais que ainda assolavam a população décadas após a apocalíptica Guerra da Tríplice Aliança (1864-70), que havia matado metade da população e levado os interesses imperialistas estrangeiros a se estabelecerem.

No entanto, sua metamorfose teve um preço.

“Ele veio para cá porque seus escritos e ações irritaram o governo paraguaio – ele foi perseguido”, disse Alfredo Esquivel Romero, professor em Yabebyry, onde Barrett se escondeu por um ano em um rancho isolado depois de ser deportado. “Ele se manteve fiel aos seus princípios, escrevendo sobre a realidade que os paraguaios estavam vivendo.”

A exclusão e a censura continuaram após sua morte. Embora Barrett tenha sido elogiado por gigantes da literatura latino-americana, como Jorge Luis Borges, Eduardo Galeano e Augusto Roa Bastos, sua obra passou décadas em relativa obscuridade no turbulento Paraguai do século XX.

Agora, ele está experimentando um ressurgimento esperado entre aqueles que pressionam por mudanças em um país que ainda luta contra profundos males sociais.

“Antes, muito poucas pessoas em Yabebyry sabiam quem ele era”, disse Esquivel Romero, cuja escola está participando da Rota Rafael Barrett, um projeto do ministério da educação para promover os textos de Barrett. “Fizemos murais e concursos de leitura, e Barrett está se tornando mais conhecido em nossa comunidade.”

Condições políticas adversas, incluindo a ditadura de direita de 35 anos do general Alfredo Stroessner (1954-89), fizeram com que a fama de Barrett ficasse limitada por muito tempo aos círculos esquerdistas perseguidos. A primeira edição paraguaia de seus artigos coletados só foi lançada em 1988.

Seguindo seus passos internacionalistas, muitos de seus descendentes tornaram-se figuras importantes em movimentos de esquerda em toda a América Latina, incluindo sua neta Soledad Barrett, que foi assassinada pelo regime militar do Brasil em 1973.

Hoje, a crescente proeminência de Rafael Barrett inclui um aumento nas publicações acadêmicas nos últimos anos, um documentário e a primeira edição em inglês de sua obra.

“Há uma explosão de literatura que aborda questões sociais: a falta de trabalho e oportunidades, migração, exploração, problemas ambientais”, disse Norma Flores Allende, uma jovem escritora salvadorenha que vive no Paraguai. “Muitos de nós, escritores, estamos procurando respostas – um raio de luz – e é isso que encontramos em Barrett.”

Apesar do crescimento econômico, o Paraguai tem um dos níveis mais altos do mundo de crime organizado e uma enorme desigualdade, afetando especialmente as comunidades indígenas e camponesas. Sob o comando do partido de direita Colorado, que governa o país quase ininterruptamente há quase 80 anos, os níveis de percepção da corrupção são os segundos mais altos da América do Sul, enquanto os gastos públicos com saúde e educação estão entre os mais baixos do continente.

“Algumas coisas mudaram, mas muitas continuaram desde a época de Barrett – ele parece muito contemporâneo e relevante”, disse Flores Allende.

Sua contínua relevância é vista em sua obra mais célebre: The Truth of the Yerba Mate Forests [“A verdade das florestas de erva-mate”, em tradução livre]. A série de artigos de 1908 ajudou a expor a “escravidão, a tortura e o assassinato” infligidos aos trabalhadores forçados por empresas internacionais que exploravam a extração de erva-mate.

Luis Rojas, economista do grupo de pesquisa Heñói, disse que a economia do Paraguai continua a se basear na extração de commodities para os mercados internacionais, deixando poucos benefícios para a maioria dos paraguaios.

“Hoje isso é feito com soja, milho transgênico, trigo, arroz, plantações de eucalipto, pecuária: é essencialmente o mesmo modelo”, disse Rojas. “A população é explorada, marginalizada, expulsa das áreas rurais e excluída do acesso à terra.

“O trabalho de Barrett é fundamental para entender o que aconteceu no Paraguai no último século – tudo narrado em um estilo excepcional”, disse Rojas.

Em Yabebyry, onde Barrett passou de fugitivo clandestino a símbolo de orgulho, são grandes as esperanças de que sua escrita também possa ajudar a conduzir a um novo futuro.

“Rafael Barrett plantou uma semente aqui”, disse Esquivel Romero. “Estou convencido de que, por meio desses esforços, veremos nossos jovens mais proeminentes, defendendo a si mesmos e os direitos da comunidade e de seu povo.”

Fonte: https://www.theguardian.com/world/2024/nov/11/rafael-barrett-paraguay-writer

Tradução > anarcademia

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agência de notícias anarquistas-ana

surgidos do escuro,
somem na moita, na noite:
amores de um gato

Issa

[Grécia] Devolução de cimentos aos seus legítimos proprietários

Nossa luta pela vida e pela liberdade está em conflito absoluto com seus planos de desenvolvimento, lei e ordem e com a necropolítica que, em todo o mundo, está transformando rios em fronteiras, montanhas em parques de cimento ou minas, praias em resorts turísticos, mares em depósitos de lixo, nossas necessidades até os meios mais básicos de sobrevivência (moradia, comida, água…) em mercadorias lucrativas e nós em engrenagens da máquina capitalista.

Em 06/05/2024, o Estado despejou novamente o Centro Social Ocupado Ζιζάνια (Zizania), atacou e fechou o prédio. Um ataque a uma comunidade que, com base no cuidado mútuo, na resistência, na solidariedade e na horizontalidade, é um obstáculo real aos seus planos de uma cidade para turistas, investidores e patrões, e não para as pessoas que vivem nela.

Para nos impedir de entrar no prédio, além de colocar bastardos uniformizados e armados para vigiar um imóvel vazio por 3 meses, eles lacraram as portas e janelas da ocupação com cimento.

Depois de recuperar Ζιζάνια e abrir o prédio, fizemos uma visita à Building Infrastructure para devolver a eles o que realmente é deles. O próprio cimento com o qual a ocupação foi selada. Estamos reabastecendo a casa com vida, autoeducação e estruturas de ajuda mútua, eventos e assembleias políticas.

E a história radical da esquina da Fili com a Feron continua.

Ocupação Ζιζάνια para sempre.

10-100-1000 (re)ocupações.

Fonte: https://athens.indymedia.org/post/1633121/

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Balde d’água
subindo pelo poço.
Dentro uma perereca!

Sonia Mori

[Argentina] Novo título para a coleção Utopía Libertaria: “El Apoyo Mutuo” de Piotr Kropotkin

Amigas, amigos, companheiras e companheiros, temos o prazer de comunicar a saída de um novo título da coleção Utopía Libertaria: El apoyo mutuo. Un factor de la evolución de Piotr Kropotkin.

Em suas próprias palavras:

A importância dominante do princípio de ajuda mútua aparece principalmente no campo da ética. Que a ajuda mútua é a verdadeira base de todas as nossas concepções éticas, é algo bastante evidente. Mas qualquer que sejam as opiniões que se tenham com respeito à origem do sentimento ou instinto de ajuda mútua – seja que o atribua a uma causa biológica ou uma sobrenatural- devemos rastrear sua existência até os estágios inferiores do mundo animal; a partir destes estágios podemos seguir sua evolução ininterrupta e, apesar da grande quantidade de forças que lhe opuseram, através de todos os graus do desenvolvimento humano, até a época presente.

O autor do prólogo da presente edição, Matías Blaustein, nos diz:

Ali onde o capitalismo nos propõe dominação e alienação em forma de extrativismo, ali onde capitalismo e extrativismo engendram contaminação, enfermidade e morte, ali onde câncer e capitalismo supõem a aniquilação da autonomia, a autogestão, a solidariedade e a liberdade, só o caminho da liberdade e o apoio mútuo nos apresentam uma alternativa real. Definitivamente, conforme passam os anos cada vez fica mais claro que Kropotkin tinha razão: o tempo lhe deu a razão.

E o autor do posfácio, Frank Mintz nos recorda que:

Kropotkin resistiu até sua morte a que “para escravizar o pensamento” seu livro, entre muitas outras obras, fosse publicado pelo Estado.

Publicamos este livro, como o fez Kropotkin, para que nos emancipemos das muitas travas e correntes sociais que impõe a organização estatal da democracia capitalista, da marxista leninista ou de qualquer partido único ateu e/ou religioso.

https://youtu.be/mW6MKWq4abA

https://www.instagram.com/p/DDDce1Ui2UX/

https://www.facebook.com/shevek.librosdeanarres/videos/1341175713960154/

Libros de Anarres

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(C1204AAR) Ciudad de Buenos Aires 

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Tradução > Sol de Abril

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Neblina sobre o rio,
poeira de água
sobre água.

Yeda Prates Bernis

[Chile] Palavras em solidariedade com o anarquista Felipe Ríos pelos compas detidos em 6 de julho em Villa Francia

Como presos políticos do 6 de julho, desde o módulo 12 do cárcere empresa Santiago1, queremos dar uma afetuosa saudação ao companheiro anarquista Felipe Ríos, atualmente o único preso pelo “Caso 21 de maio”.

Este comunicado surge por causa da perseguição constante que sofreu por parte de funcionários da miserável instituição da gendarmeria, aquele com o objetivo de impedir que o companheiro possa optar pelos benefícios que lhe correspondem esmagar a moral combativa sobre a qual se mantêm a prisão política.

Convidamos a que os gestos de solidariedade se multipliquem em suas diversas expressões com todos os prisioneiros políticos e em especial com aqueles que vivem situações de isolamento, longa condenação e perseguição por parte dos pacos [polícia].

Saudamos também os companheiros do mesmo caso submergidos na clandestinidade e a todos aqueles que vivem hoje foragidos da justiça chilena fascista e lhes desejamos a eterna liberdade.

Liberdade a Felipe Ríos!

Liberdade aos presos políticos subversivos, anarkistas e mapuches!

Viva os que lutam!

Tradução > Sol de Abril

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Jogue estes crisântemos
E todos os que tiver
Dentro do caixão!

Sôseki

Realizado com sucesso mais uma edição da Feira Anarquista de SP | “Sigam plantando as sementes da rebeldia, rumo ao jardim. Viva a anarquia!

A XIV Feira Anarquista de SP aconteceu no dia 24 de novembro. Pelo terceiro ano seguido, coletivos, artistas, movimentos sociais e editoras que se norteiam pelo anarquismo ocuparam a EMEF Des. Amorim Lima durante o dia inteiro.

O evento fluiu tranquilamente. Ano a ano, conseguimos melhorar a organização do espaço, com diálogo, sugestões e críticas de quem expõe na Feira e constrói junto a nós. Circularam cerca de 2 mil pessoas pelo evento. Destacamos, com alegria, a presença cada vez maior das crianças! Coletivos responsáveis por refeições veganas e vegetarianas cumpriram com sucesso a missão de manter todo mundo alimentado para um dia cheio. Foram 7 práticas de artes e esportes; 3 apresentações teatrais; 2 exibições de filmes; 14 rodas de conversa; 9 lançamentos de livros e 1 grande mutirão para devolver a escola limpa e organizada.

Agradecemos a todas as pessoas que somaram, atuando em uma banca de livros ou compartilhando experiências em uma roda de conversa, conspirando com um amigo, amiga ou amigue, ou carregando mesas e cadeiras.

Durante o dia, foi distribuída a zine “Da flor no asfalto ao jardim da anarquia”, uma reflexão escrita recentemente sobre a trajetória desse evento. A versão on-line está no site da Feira Anarquista.

A Feira Anarquista de SP é um espaço para fortalecer coletivos que atuam em diferentes latitudes e longitudes, propagandear práticas e ideias anarquistas para pessoas curiosas e propiciar (re)encontros de pessoas que sonham e trabalham para um mundo onde todas as vidas sejam livres de todas as formas de opressão. É um dia de anarquia em ato, para circular e semear ideias e ações. Se é um evento grande, se essa Flor consegue romper o asfalto dessa cidade de cimento, é só devido a cada uma de vocês que comparecem, estando só ou em bando, mas que chegam com coração aberto, a raiva bem direcionada e os braços dispostos para construir junto.

Recuperando o fôlego e cuidando da pós-produção, seguimos com a certeza de que ano que vem haverá mais uma, e esperamos contar com quem quiser somar, no espírito do apoio mútuo e da solidariedade.

Até lá, sigam plantando as sementes da rebeldia, rumo ao jardim. Viva a anarquia!

>> Mais fotos:

https://www.instagram.com/p/DDAbB9CvLkx/?img_index=1

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agência de notícias anarquistas-ana

Lá, bem sobre a estrada,
a casa entre flores onde
não entrarei nunca.

Alexei Bueno

[Espanha] XXII Encontro do Livro Anarquista de Madri

Anotem em suas agendas os dias 6, 7 e 8 de dezembro, pois será realizada a 22ª edição do Encontro do Livro, um espaço para se reunir, debater, refinar conceitos e, finalmente, promover a disseminação de algumas ideias e debates que ocorrem dentro do anarquismo.

Nesse espaço haverá palestras, workshops… E, claro, editoras e distribuidoras com o objetivo de apoiar e divulgar a propaganda e a literatura anarquista. Nós o incentivamos a vir e participar da disseminação da cultura anarquista e da criação de espaços para gerar comunidade para a luta contra o poder.

Nos vemos entre os livros.

Escuela Popular de Prosperidad “La Prospe” C/ Luis Cabrera 19

A LEITURA PREJUDICA SERIAMENTE A IGNORÂNCIA.

encuentrodellibroanarquista.org

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Tapete de flores
Borboletas coloridas
Natureza bela.

Andréia Bini de Souza Nascimento

[Chile] A 9 anos da detenção dos companheiros Kevin Garrido e Joaquín García | Memória e solidariedade com os que atentam contra o poder

Na madrugada de 19 de novembro de 2015, o companheiro Kevin Garrido, que tinha 18 anos de idade, se dirigiu em sua bicicleta às imediações da Escola de Gendarmeria de San Bernardo, armado de uma bomba, uma lamina e um acendedor. Depois de selecionar o lugar de colocação, o companheiro ativa a bomba que havia fabricado de maneira artesanal (composta por um extintor cheio com mais de 2 kilos de pólvora negra, estilhaços e uma mecha).

Depois da detonação em uma das entradas da escola de carcereiros, o companheiro foi rapidamente perseguido e capturado por um carro civil da bastarda polícia chilena que vinha seguindo seus passos, por causa da colocação de outro artefato explosivo que foi posto na 12° delegacia de San Miguel, em 29 de outubro de 2015, o qual foi adjudicado pela “Conspiração Internacional pela Vingança – Célula Deflagrante Gerasimos Tsakalos” (companheiro da CCF encarcerado na Grécia).

Essa mesma noite, se emite uma ordem de captura para o companheiro anarquista Joaquín García Chancks, que foi qualificado como coautor do atentado realizado na 12° delegacia, junto a Kevin. Na manhã do dia seguinte ambos os companheiros foram expostos em todos os canais de televisão como um troféu para o estado policial chileno: “Me sentaram em uma de suas salas de espetáculos por mais de seis horas a ouvir as palavras que esparramava um promotor com um fedor de vômito. Ante os discursos de juízes e promotores culpando-nos a mim e a meu companheiro e ameaçando-nos com dezenas de anos na prisão esperaram caras de tristeza ou preocupação sem saber que riríamos e insultaríamos em suas caras” (Kevin Garrido, Novembro de 2016).

Após sua formalização, os companheiros ficaram na prisão preventiva na seção de segurança máxima do CAS. Em junho de 2016, após viver 7 meses neste regime de castigo e isolamento, Kevin pediu o translado ao cárcere/empresa Santiago 1, onde foi enviado a diferentes módulos para presos reincidentes, sem passar antes pelos módulos de “novatos” como é o protocolo, evidenciando um claro ato de vingança por parte da gendarmeria. Ainda assim, Kevin jamais pediu considerações a seus miseráveis carcereiros, nem caminhou com temor ao interior do cárcere. Pelo contrário, Kevin viveu o encarceramento com a mesma consequência que praticava na rua, e por isto sempre foi bem recebido por outros presos nos módulos nos quais viveu.

Em julho de 2016, o companheiro Joaquín consegue sair da prisão, com uma prisão domiciliar total, o qual transgrediu em poucos dias. Em setembro de 2016, após estar clandestino por mais de dois meses, Joaquín foi recapturado pela PDI, portando um revólver e munições.

Após 3 anos e 7 meses de encarceramento, realizou-se um extenso julgamento oral contra ambos os companheiros. A instância os declarou culpados do atentado contra a 12ª delegacia de San Miguel, mas além disso a Kevin declararam culpado do atentado contra a escola de gendarmeria e a Joaquín pelo porte de arma de fogo e as munições que portava ao ser recapturado. Por estes delitos, em 05/09/2018 Kevin e Joaquín foram sentenciados a 17 e 13 anos de prisão, respectivamente.

Na manhã da sexta-feira, dia 02 de novembro de 2018, após a contagem matutina, o companheiro Kevin Garrido enfrentou em um conflito com um bastardo preso autoritário, que o atacou covarde e indignamente pelas costas, enquanto o companheiro Kevin ia em busca de sua arma para confrontá-lo. Após este covarde ataque, Kevin permaneceu gravemente ferido, sem receber a assistência médica necessária, esperando a chegada da ambulância durante 1 hora e 15 minutos. Foi transladado ao hospital Barros Luco, onde falece após uma operação de alto risco.

No domingo, dia  5 de novembro se levou a cabo um multitudinário funeral, o qual percorreu desde San Bernardo até o povoamento La Victoria, onde foi recebido por afinidades e companheiros, que acompanharam o cortejo fúnebre com gritos, panfletos, faixas, fogo, pirotecnia e chumbo. Tudo isto sob um grande assédio policial que contou com helicópteros, GOPE, carros policiais, feridos e enfrentamentos.

O companheiro Kevin Garrido nunca se considerou uma vítima do sistema carcerário; pelo contrário, o enfrentou dignamente declarando a guerra a todas as expressões do bastardo autoritarismo que o forma, seja com carcereiros, presos autoritários, juízes ou promotores.

O caminho insurrecional que empreendeu Kevin desde curta idade, o reivindicamos cada ano ao fazê-lo presente na luta de rua, em múltiplas formas de propaganda e em ações diretas que atentam contra a autoridade, o cárcere e a infraestrutura do progresso.

Atualmente o companheiro Joaquín García se encontra prisioneiro no cárcere/empresa La Gonzalina de Rancagua, condenado até novembro de 2028.

“Quem pode dizer que é o primeiro a cursar este caminho, abarrotado sempre de múltiplas trilhas? Herdamos, talvez sem querê-lo, as ferramentas e o ímpeto que outros deixaram, alguns renunciaram, outros foram e outros poucos seguem por aí dando cara, mas o que nunca cessou de existir é o terreno fértil, o espaço antagonista no qual se pode exercer a violência, projetar, amadurecer, diferenciar-se”. (Joaquín García. Dezembro 2018)

Novembro Negro em memória do companheiro
Kevin Garrido e todos os nossos mortos
Liberdade para o companheiro Joaquín García!

>> Em destaque fotografia de Kevin Garrido em uma ação em 2012.

Tradução > Sol de Abril

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agência de notícias anarquistas-ana

Algo faz barulho —
Cai sozinho, sem ajuda,
O espantalho.

Bonchô

[Espanha] Só o povo salva o povo! Reflexões sobre uma catástrofe

Estamos em um momento decisivo para o nosso futuro político. Chegou a hora de decidir e tomar uma posição; não é mais suficiente nadar e depois guardar as roupas. É urgente porque disso dependerá o que seremos nas próximas décadas, e é nosso dever interromper essa deriva histérica que nos relega a seres passivos, espectadores das decisões em que nossas vidas estão em jogo, que nos condena a ser explorados sem fim, que nos desumaniza e nos rouba a vida.

Temos de escolher uma de duas opções: o Estado ou o povo. E, por mais que a mídia ou aqueles cujos salários dependem dela possam nos martelar, não se trata de uma dialética entre pagar ou não pagar impostos, não se trata de saber se estes ou aqueles são incompetentes, pois todos são – eles mesmos reconhecem sua negligência ao entregar a administração de empresas públicas, para as quais foram eleitos, a empresas privadas que eles reconhecem que administram melhor -, ou que o que é necessário é uma mão firme e uma liderança clara, como propõem a ultradireita e a esquerda radical. O que importa é quem elegemos para tomar decisões e por que e como essas decisões são tomadas, porque quando as decisões precisam ser tomadas em uma emergência – mas também em questões econômicas ou educacionais, por exemplo – não deveríamos ter que recorrer a pessoas/personagens que não sabem nada sobre o assunto, o que precisamos é que especialistas que sabem sobre nossos objetivos, que conhecemos e reconhecemos, assumam a liderança.

Precisamos dar um passo à frente e demitir todos os fantoches que tomaram conta de nossas decisões, mandá-los para lugares onde não possam causar danos e repensar tudo desde o início. E o começo não é outro senão os seres humanos, as pessoas que habitam o mundo ao lado de outras espécies animais e vegetais, mas também ao lado de rios e montanhas, ao lado de pomares e campos de grãos e mares e nuvens. Começar a partir daí, do básico da existência: comida, moradia, roupas, amor… e também poesia, filosofia, arte, ciência… e construir um sistema que valorize o outro, que enfatize a interdependência e o apoio mútuo (solidariedade, se você quiser usar uma palavra menos politizada), a diversão e o prazer. Vamos criar uma sociedade que nos faça felizes, onde haja tempo para brincar, para o desenvolvimento pessoal e também, é claro, para o trabalho como algo necessário para manter a vida.

Uma vez que tenhamos pensado nisso e colocado em preto e branco, teremos que ver como nos organizaremos, mas nada de comissões de charlatães ou vendedores ambulantes pagos, nada de recriar o Estado de uma forma mais humana ou de trabalhadores para trabalhadores. Vamos pensar nas pessoas mais válidas ao nosso redor e vamos dar a elas a responsabilidade de serem nossos porta-vozes, evitando que rompam com sua comunidade, que se desconectem para se tornarem mais profissionais, e vamos acompanhá-las contribuindo com nosso conhecimento – que as empresas têm conseguido explorar tão bem. Ninguém poderia ser responsável por nada porque todos nós seríamos responsáveis e, se algo desse errado, teríamos a capacidade de corrigi-lo e, juntos, aprender com ele. Seria difícil fazermos algo pior.

O capitalismo teve séculos de tentativas e erros, várias guerras mundiais e conflitos permanentes, pilhagem e repressão, milhões de inocentes mortos, baseia-se em incentivar o que há de pior em cada ser humano, seu individualismo e egocentrismo, cada um por si e, em suma, chegar a esse ponto em que apenas alguns, cada vez menos, se beneficiam. Chegou a nossa hora, a hora dos outros, aqueles de nós que são mais e têm mãos e pernas e produzem e consomem e sem os quais esse sistema não funcionaria. Só precisamos romper o véu que foi colocado sobre nós para podermos ver claramente que há outras maneiras de nos organizarmos, um novo sistema criado à nossa imagem, no qual não haverá acumulação por poucos.

Vamos nos organizar em bairros, em ateneus, em centros sociais, em grupos habitacionais que lutam contra a gentrificação e a turistificação, em grupos feministas, em qualquer espaço que funcione horizontalmente e, se não houver nenhum, vamos criá-los. Não deixemos os lugares para serem reconstruídos, organizemo-nos também em nossos locais de trabalho em sindicatos combativos e de classe. Vamos criar nossos próprios espaços para mostrar que não queremos os deles, vamos tornar o Estado desnecessário. O tempo está se esgotando e está se tornando cada vez mais urgente.

Será hoje ou amanhã, mas será. Tenho a sensação de que será com sofrimento, mas não precisa ser, é fácil se pensarmos nisso. Hoje é melhor do que amanhã.

Fonte: https://www.elsaltodiario.com/alkimia/solo-pueblo-salva-al-pueblo-reflexiones-torno-una-catastrofe

Tradução > Liberto

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agência de notícias anarquistas-ana

As margaridas
na ciranda, sorridentes
como crianças

Maria Fátima A. V. da Silva

23D: Convocatória para a mobilização nacional contra a escala 6×1! Por 30 horas semanais, sem perdas salariais! Fim do banco de horas já!

Por Coordenação Nacional da FOB

A Federação das Organizações Sindicalistas Revolucionárias do Brasil (FOB) convoca toda a classe trabalhadora para uma ação de mobilização nacional no dia 23 de dezembro de 2024. Nosso objetivo é combater o regime desgastante da escala 6×1 e reivindicar condições dignas de trabalho para todas e todos!

Por que lutar?

A escala 6×1 é fruto da ganância da classe dos patrões, que sacrifica a saúde e a vida social das trabalhadoras e trabalhadores em troca de lucros.- Exigimos 30 horas semanais de trabalho, sem perdas salariais, para garantir mais tempo para viver, estudar e participar de nossas comunidades.

O fim do banco de horas é essencial, pois ele é um instrumento injusto que prolonga as jornadas diárias de trabalho sem o pagamento de hora extra. Além da falta de pagamento das horas acumuladas, seu uso para compensar alguma falta por necessidade são bastante rígidos.

O que faremos?

Neste dia de luta, ocuparemos nossos locais de trabalho e moradia com atividades organizadas pela base:

– Piquetes em frente a locais de trabalho, denunciando a exploração e conscientizando sobre a necessidade da redução da jornada.

– Reuniões nas comunidades, ampliando o diálogo com moradoras e moradores sobre como essa luta nos afeta a todas e todos.

Construção da Greve Geral

Não podemos confiar no parlamento e na sua dinâmica de reuniões e acordos. É preciso mais ação direta, ou seja, mais ação auto-organizada nos locais de trabalho, estudo e moradia. Essa mobilização é um passo fundamental na construção de uma greve geral combativa e popular. Apenas através da organização direta e do enfrentamento ao sistema explorador seremos capazes de conquistar nossas pautas históricas.

Junte-se à luta!

Vamos acumular forças para este dia com atividades preparatórias. É importante realizar atividades em escolas de ensino médio, promovendo debates e formação política junto às novas gerações da classe trabalhadora. O mesmo vale para as faculdades e universidades.

Se vai trabalhar neste dia e não tem condição agir publicamente em seu local de trabalho, participe das atividades preparatórias, articule para que outros trabalhadores possam realizar piquetes em seu local de trabalho.

Ser classe é cumplicidade. Só através da ação coletiva organizada poderemos romper as correntes que nos mantêm presos à lógica do lucro.

23 de dezembro: dia nacional de luta!

Pelo direito à vida, ao descanso e à dignidade! Com força e solidariedade, rumo à vitória! Federação das Organizações Sindicalistas Revolucionárias do Brasil (FOB)

lutafob.org

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quarto escuro
silhuetas se amam
pecado puro

Carlos Seabra

[Espanha] Guadalajara: Recepção popular para Amadeu Casellas, ex-preso anarquista, após 27 anos de prisão

Amadeu Casellas finalmente deixa as masmorras fascistas, e nós o recebemos junto com nossos companheiros da CNT-Guadalajara.

Amadeu passou 27 anos de sua vida na prisão, uma vida que ele dedicou à luta revolucionária. O Estado não o perdoou pelo fato de sua militância ter sido o foco e a luz de muitas gerações de pessoas em todo o mundo, que seguiram seus passos.

Durante muito tempo, ele se envolveu na expropriação de bancos para financiar greves e organizações de trabalhadores, o Estado o prendeu várias vezes e também não o perdoou pelo fato de que, dentro das prisões, ele organizou centenas de presos sociais para lutar contra o tratamento desumano que historicamente receberam.

Nós o receberemos nesta sexta-feira, às 18h, para conversar e fazer um lanche com ele, e para que esse companheiro sinta o calor e o apoio daqueles de nós que veem em sua história um exemplo para todos aqueles que querem transformar a sociedade a partir de suas raízes.

Os benefícios do encontro serão revertidos para o Fundo de Resistência de as @6delasuiza

Fonte: https://kaosenlared.net/guadalajara-recibimiento-popular-a-amadeu-casellas-expreso-anarquista-tras-27-anos-de-carcel/

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Cem anos de idade-
A paisagem das folhas
Caídas no jardim

Bashô