Por uma luta contra colonial indígena

Temos vivido momentos muito difíceis porque nos deparamos com a verdade: Nosso excesso de eurocentrismos confrontando a necessidade de alimentar nossas raízes rememorando nossos ancestrais.

Diversos jovens indígenas caminham pelas ruas e se reconhecem como “pardos” perdidos em um “não lugar” vítimas do racismo étnico e vítimas também da repressão militar nas periferias.

Sem acesso a políticas e direitos humanos, caminham inconscientes de suas raízes, mas com um desejo de reparo, buscam tantas formas de religar: jongo, maracatu, capoeira as quintas feiras, fogueiras em terrenos baldios, centros espiritualistas, medicinas tradicionais indígenas, movimento anarcopunk são tantos os caminhos que essa juventude se arrisca a fazer porque sabe que têm pertencimento!

Alguns já entenderam que tudo que nos ocorre veio através das caravelas, porque tiveram muita vontade de acessar essas memórias, e seguem firmes apesar de tanto luto e orfandade.

Já outros por medo do racismo evitam falar que são indígenas, e por anos ocultaram ou ocultam a informação porque sempre viveram nas cidades estudando e trabalhando, ou porque apenas seus pais nasceram em reservas e só visitam as aldeias em festividades ou quando têm dinheiro pra isso, como se nascer em uma reserva fosse determinar alguma coisa, Companheiros! Quem criou reservas não fomos nós indígenas, mas sim o invasor!

Ambos entenderam inclusive sobre como os invasores aplicaram ideias destruidoras que nos dividem nos dando a falsa sensação de que precisamos deles para lutar, através de seus ideais e líderes pelo Estado ou pela religião.

Esse é o modo de operação da colonização, ocultar de você quem você é, e de onde vem a luta que te faz estar vivo hoje!

Te convidamos a olhar melhor suas raízes, chegou um tempo em que não podemos mais seguir assim nesse ritmo, nossa luta não sai do lugar porque precisamos buscar quem somos, não nos conhecemos o suficiente, nossas lutas estão paradas, ocultas silenciadas olhem pra Abya Yala: México, Bolívia, Chile, Argentina se levantando para lutar, construindo uma luta ancestral, se auto declarando e tornando mundos autônomos possíveis, e nós aqui, não sabemos nada sobre como nossos parentes sobreviveram para que nós estivéssemos vivos!

Esperando que o estado faça algo por nós! Não, não fará!

Saber quem somos faz parte da Descolonização e isso não tem preço ou barganha que pague!

Eu lhes pergunto: Porque a colonização roubou toda nossa memória ancestral?

Pergunte-se quantas vezes for necessário!

Autonomia Indígena Libertária – AIL

agência de notícias anarquistas-ana

Ao pôr-do-sol
O brilho humilde
Das folhas de capim.

Paulo Franchetti

Um patriota, um idiota!

Presidente da Petrobras faz nova defesa de projeto ecocida na Foz do Amazonas | “Pessoas realmente preocupadas com o meio ambiente defendem o decrescimento e não o desenvolvimento sustentável”

O presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates, segue convicto no plano ecocida de expandir a produção de petróleo na Margem Equatorial, em uma das áreas de interesse da Petrobras na bacia da Foz do Amazonas.

Nesse sentido, na semana passada, em encontro com os governadores da Amazônia Legal, Prates defendeu o nefasto projeto de exploração na maior floresta tropical do mundo.

Para Prates, a Margem Equatorial tem potencial para se tornar “a primeira região do mundo a desenvolver uma reserva de petróleo com muita responsabilidade, muitas contrapartidas socioambientais.”

“A atividade [exploração] é fundamental para manter a produção de petróleo brasileira após o esgotamento do pré-sal. Vamos intensificar os estudos [sobre a região] e atualizar dados”, disse o presidente ecocida da estatal.

Contra exploração de petróleo na Amazônia

“Em um momento de emergência climática, seguir defendendo a exploração petrolífera, a produção e a queima de combustíveis fósseis é um disparate. Ainda mais no bioma amazônico, uma região tão sensível. Na minha opinião o presidente da Petrobras se assemelha muito ao ex-ministro do Meio Ambiente do governo Bolsonaro Ricardo Salles. Ambos são ecocidas, entusiastas de projetos que causam danos graves ao meio ambiente, aos povos indígenas. E tudo com essa conversa mole de que vão criar mais empregos e desenvolvimento”, diz a ambientalista Mônica Martins.

Já para o eco-anarquista J. B., “a posição de Prates demonstra a farsa do desenvolvimento sustentável e da “transição energética justa”. Imagine comemorar a poluição, a destruição de ecossistemas e a possibilidade de derramamentos em nome de um produto que só piora o aquecimento global? A exploração de petróleo precisa diminuir, não ser compensada por “desenvolvimento da região”. Isso é vender o futuro. Pessoas realmente preocupadas com o meio ambiente defendem o decrescimento e não o desenvolvimento sustentável”.

“É o capitalismo destruidor de sempre dando as cartas. Sabemos que esse projeto desenvolvimentista apoiado por Lula está na contramão de qualquer solução básica de questões ambientais. O que resta de natureza deve ser preservado. Mais do que parar o desenvolvimento capitalista, é necessário que as áreas degradadas sejam recuperadas. O único projeto aceitável da Petrobras, seria assumir que já passou da hora de decretar o fim da sua existência. Por outro lado, é um tanto desanimador não ver grandes movimentações, pessoas nas ruas gritando contra dito projeto monstruoso”, analisa a eco-anarquista Sabrina Vargas.

* Na foto em destaque, Lula e o presidente da Petrobras

Conteúdos relacionados:

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2024/03/27/petroleo-ameaca-oncas-e-maior-manguezal-do-mundo-na-amazonia/

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2023/10/17/estatal-deve-perfurar-o-primeiro-poco-na-foz-do-amazonas-em-2024/

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2023/12/19/ativistas-protestam-contra-leilao-do-fim-do-mundo-precisamos-deixar-as-florestas-em-pe-nao-explorar-o-chao-e-os-mares/

agência de notícias anarquistas-ana

Canto da cigarra.
O vento espalha
Suave despedida.

Raimundo Gadelha

[Rússia] O anarquista Lev Skoryakin emigrou

O anarquista e ex-preso político Lev Skoryakin “finalmente saiu da Rússia e dos países amigos do regime de Putin”. Foi assim que o defensor dos direitos humanos Ivan Astashin (na foto com Lev) relatou sobre sua saída.

Lembre-se de que, em dezembro de 2021, Skoryakin e o segundo réu no caso – Ruslan Abasov – foram detidos e presos por suspeita de “hooliganismo com armas”, devido à ação contra um escritório do FSB no sudoeste de Moscou e de estarem segurando faixas e queimando sinalizadores no escritório. Posteriormente, os jovens foram liberados do centro de detenção provisória sob a proibição de determinadas ações, na sequência os ativistas emigraram.

No Quirguistão, Lev Skoryakin emitiu um passaporte alemão substituto e recebeu proteção humanitária da Alemanha, mas em novembro de 2023 ele foi sequestrado em Bishkek e levado à força para a Rússia, onde foi torturado.

Em 13 de dezembro de 2023, Lev foi condenado a pagar uma multa e liberado no tribunal.

Fonte: https://avtonom.org/news/lev-skoryakin-emigriroval

Conteúdos relacionados:

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2023/10/26/o-anarquista-lev-skoryakin-foi-sequestrado-no-quirguistao/

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2023/11/08/russia-ativista-russo-e-encontrado-em-prisao-de-moscou-apos-desaparecer-no-quirguistao/

agência de notícias anarquistas-ana

mar não tem desenho
o vento não deixa
o tamanho…

Guimarães Rosa

[EUA] Uma breve introdução às anarquias ecológicas

Desde o início, parece óbvio que seria impossível reduzir as práticas eco-anarquistas ao que pode ser escrito e registrado para qualquer pessoa ler, da mesma forma que é impossível para qualquer indivíduo visitar um rio e escrever tudo o que há nele. Dessa forma, mesmo como uma “breve introdução”, este texto não consegue fazer justiça ao assunto em questão. Também é importante afirmar que não existe um monólogo coletivo ideológico totalizante, ao qual todas as anarquias ecológicas possam ser reduzidas. As tentativas de reduzir as práxis anarquistas ecológicas a monólogos menores, como anarcoprimitivismo, anarquia verde, anarquismo indígena, anarquismo decolonial, veganarquismo, ecologia social, anarquismo pagão, anarco-naturismo, anarco-niilismo, anarquia primal e qualquer outro que eu tenha deixado de mencionar, podem muito bem refletir muitas tendências gerais semelhantes que fazem parte da maioria das práxis; e, da mesma forma, nenhuma delas explica a singularidade e as diferenças individuais de cada habitat e da vida de cada ser vivo.

Assim como a maioria dos animais que vivem nos oceanos do mundo pode nadar e a maioria dos animais que vivem nos bosques e florestas do mundo pode caminhar, embora sejam totalmente diferentes e não assimilados em um grande monólogo, sendo a diversidade e a diferença uma característica fundamental dos habitats saudáveis, não há uma práxis ecoanarquista totalizante, nenhum “ismo” redutor e singularizante que tenha de fato reduzido as práxis ao verdadeiro caminho único – embora certamente existam indivíduos que pretendem ter encontrado esse caminho e sustentam que todos devem se conformar à sua ideologia. Essa afirmação da diversidade de anarquias ecológicas coexistentes é uma afirmação que faço de forma totalmente positiva, ao mesmo tempo em que mantenho um pessimismo inevitável em relação à minha capacidade (ou de qualquer outra pessoa) de afirmar adequadamente “tudo isso” – só posso falhar aqui, e isso é maravilhoso.

Uma das semelhanças habituais que observei nas praxes anarquistas ecológicas é a revolta e a rebelião contra a expansão colonialista beligerante do império da agricultura totalitária, embora isso certamente difira em intensidade entre os indivíduos, suas perspectivas e praxes. Essa vontade de resistir ao totalitarismo e ao império é algo que vejo nos esforços de rewilding, cull-resistance, liberação da terra, liberação dos animais e preservação do habitat e das culturas indígenas. Esses esforços diferem totalmente entre indivíduos e lugares, com base nas diferenças geográficas e nas diferenças de vida dos indivíduos.

Talvez o assunto mais divisivo nas conversas eco-anarquistas seja a questão da tecnologia, e sinto afirmar que abordo esse assunto com uma orientação profundamente tecno-pessimista, embora menos purista do que muitos daqueles que se autodenominam anarcoprimitivistas, com os quais tenho me encontrado. Observo que aqueles que se sentem otimistas em relação à progressão tecnológica e ao que a expansão da tecnosfera tem feito, geralmente estão mais inclinados à socioecologia e às ideologias socialistas que buscam conservar as estruturas e práticas industriais dessa cultura por meio de tecnologias “sustentáveis” e “ecologicamente corretas”. Para mim e para o que parece ser a maioria dos indivíduos tecno-pessimistas que encontrei, a revolta contra a tecnologia parece estar enraizada no fato de reconhecê-la como despótica, mediadora e ecologicamente violenta.

Outra semelhança de hábitos e habitats que noto é a das práticas eco-anarquistas, que se preocupam mais com a saúde e o bem-estar, pessoal, relacional, ambiental, corporal e mental, do que com a propriedade ou com as tentativas de construir socialmente futuros para os outros viverem. Essas orientações em relação à saúde e ao bem-estar, em minha experiência, vêm de perspectivas que cuidam da carne, com sentimentos de amor pela vida e pelos vivos. Refletindo sobre isso, percebo dois grandes desafios: a dificuldade de qualquer indivíduo superar as doenças da civilização e, ao mesmo tempo, viver sem se separar do Leviatã, sendo essa separação ecologicamente impossível; e a dificuldade de qualquer medicina-práxis sobreviver sem ser, de certa forma, assimilada pela indústria e pela máquina do trabalho.

O último hábito das práxis eco-anarquistas que noto, que em grande parte tem a sensação de tentar curar, é o da ecdise. O que quero dizer com ecdise é o desprendimento da pele que contém as toxinas dessa cultura, tornando-nos os animais que de fato somos e uma experiência de ser feral; como viver entre a cidade/império/colonialismo/estatismo/civilização/Leviatã e o habitat selvagem/anarquia/tribo; que não são ecologicamente separados, embora sejam presenças muito diferentes dentro do corpo deste mundo. Talvez em sua forma mais simples, isso pode ser experimentado na nudez.

Como esta breve introdução é e só poderia ser um fracasso, sugiro que qualquer pessoa que queira uma introdução melhor às eco-anarquias vá até onde crescem as ervas daninhas e viva a vida selvagem.

Julian Langer

Fonte: https://www.freespiritanarchist.com/post/a-brief-introduction-to-ecological-anarchies

Tradução > Contrafatual

agência de notícias anarquistas-ana

Brisa de outono
Como flechas de sombras
Os pássaros voltam.

Jorge Lescano

[Grécia] Vídeo | Exarchia: Passeata solidária à Ocupação Notara 26

Imagens da passeata solidária à Ocupa de Imigrantes e Refugiados Notara 26, no sábado, 30 de março de 2024, no bairro de Exarchia, Atenas.

Centenas de pessoas apoiaram a convocatória da Ocupa de Imigrantes e Refugiados Notara 26, e coletivamente foi passada uma mensagem de que a comunidade não vai sair de Exarchia.

Como escreve a própria Assembleia de Notara no seu folheto:

“Numa condição em que encontrar habitação, especialmente para as mulheres imigrantes, se torna cada dia mais difícil, onde os bairros são invadidos pelo turismo, pela comercialização e pela cultura de consumo, deslocando aqueles que não podem pagar os aluguéis exorbitantes dos proprietários.

Numa condição em que os espaços públicos de socialização e politização são destruídos e os ocupas são criminalizados e processados, os espaços livres do Estado e do capital devem ter o nosso apoio contínuo e coletivo, mas também a nossa dedicação em multiplicá-los.”

>> Veja o vídeo (04:27) aqui:

https://www.youtube.com/watch?v=MzIbkQtiMQA

Conteúdo relacionado:

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2024/03/29/grecia-apelo-para-a-marcha-solidaria-a-ocupacao-de-imigrantes-e-refugiados-notara-26/

agência de notícias anarquistas-ana

Entardecer
Sob o velho telhado
Retornam pardais.

Hidemasa Mekaru

Cultive Resistência (A)!

O Festival Cultive Resistência aconteceu durante os dias 29, 30 e 31 de março de 2024, no Espaço Semente Negra, em Peruíbe, no litoral Sul Paulista, na Região Metropolitana da Baixada Santista, no estado de São Paulo. A ideia do evento é criar um espaço para a troca de ideias, para a construção de redes de apoio, para a divulgação sobre projetos atuais e futuros, para o aprendizado coletivo e para diversas práticas libertárias. A programação (para adultos e crianças) estava repleta de debates, oficinas, exposições, troca de sementes, sarau, apresentações musicais e performance teatral.

Aqui estamos divulgando alguns aspectos, do dia 30 de março, quando houve a participação do Núcleo de Estudos Libertários Carlo Aldegheri (NELCA) no evento. Falamos sobre nossa atuação e, especialmente, sobre o nosso trabalho editorial, com uma maior ênfase a nossa última publicação que foi a reedição do livro “A Escravidão Moderna” de Liev Tolstói.

Ressaltamos os aspectos do autor que consideramos convergentes com o evento: a prática humanista, abstêmia, vegetariana e de compaixão aos animais. Reforçamos as ideias que Tolstói defendia em sua época e, que hoje em dia, podemos classificar como ecologia social: a crítica ao trabalho industrial, o caráter predatório (em diversos sentidos) do trabalho nas fábricas, a defesa do trabalho agrário e da vida no campo, em meio a natureza. Tolstói rejeitava o Estado, a Igreja, a propriedade privada, o militarismo, o nacionalismo e propunha uma nova organização social, com base no trabalho agrário, livremente associado.

Porém, a melhor parte foi o debate onde o público presente contribuiu com interessantes comentários, críticas e apontamentos, enriquecendo de diversas formas a atividade, com exemplos práticos de nosso cotidiano. Agradecemos profundamente a presença de todas as pessoas que foram para prestigiar, organizaram e construíram a atividade conosco.

A escravidão dos homens é uma consequência das leis que foram estabelecidas pelos governos. Ora para libertar os homens há apenas um único meio: destruir os governos!“, Tolstói em ‘A Escravidão Moderna’ (1900).

Biblioteca Carlo Aldegheri

>> Para adquirir o livro “A Escravidão Moderna” de Liev Tolstói, escreva para nelca@riseup.net

Conteúdo relacionado:

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2024/02/06/peruibe-sp-festival-cultive-resistencia/

agência de notícias anarquistas-ana

por entre as vinhas,
ele abraça mais forte
e beija mais doce…

Rosa Clement

[Paraguai] A Tomada de Encarnación, um feito libertário

“Nas ruas alucinadas da mítica Areguá Casacciana, personagens como Octavio Villalba ou Rigoberto Molina, que se recusam a afundar na sonolência de uma siesta, preferem sonhar de olhos abertos, são primos-irmãos dos anarquistas que tomaram a cidade da Encarnación”. Sobre o dia em que Encarnación se tornou a primeira comuna libertária da América, escreve Montserrat Álvarez.

Por Montserrat Álvarez| 18/03/2024

Em 20 de fevereiro de 1931, um grupo de trabalhadores e estudantes tomou a cidade de Encarnación, no departamento de Itapúa, e a proclamou uma comuna libertária. Isto fazia parte de um plano maior para iniciar uma revolução no Paraguai. Obviamente de inspiração anarquista, concebida no calor das brasas do sonho truncado da Comuna de Paris e sob a influência das ideias de Rafael Barrett – além do peso, no movimento da Nova Ideologia Nacional, de membros que não hesitaram declararem-se anarquistas., especialmente trabalhadores e estudantes vindos de uma militância anterior no Centro Obrero Regional Paraguaio (CORP) anarco-sindicalista – essa quixotada fez de Encarnación, durante dezesseis horas, a primeira comuna libertária da América.

Revolucionários de Missiones cruzaram o Paraná naquela manhã para se juntarem à empreitada. Foi notável a participação de anarquistas como Cantalicio Aracuyú, Ciriaco Duarte, León Naboulet, Marcos Kanner, V. Canavesse, J. P. Cuéllar, Ramón Durán e Juan Verdi, para citar alguns. É um anacronismo enganoso sustentar que a Tomada de Encarnación foi realizada “com a liderança do conhecido líder comunista Obdulio Barthe” (1), que era anarquista na época e que participou dessa façanha – um homem tipicamente anarquista feito – movido pelos seus ideais anarquistas da época, como o demonstra o fato de ter sido precisamente em consequência do fracasso do plano – o próprio Barthe o reconhece nas suas memórias (2) – que renunciou a esses ideais e acabou ingressando nas fileiras do partido comunista paraguaio.

A maior parte da classe média rica que se considera “de esquerda” no Paraguai está, por tradição, ligada a esse partido. Portanto, a participação de Barthe costuma ser destacada na Tomada de Encarnación e, numa deliberada distorção retrospectiva para manipular o passado, colocando-o a serviço de interesses partidários, ele é apresentado como um “líder comunista”. Por esta razão, também se omite sistematicamente a menção ao fato histórico de que Barthe participou da Tomada de Encarnación antes de se tornar “comunista” (“comunista” no sentido “oficial” no Paraguai), ou, em suas próprias palavras, antes de renunciando ao seu “palco de sonhos utópicos e aventuras de tipo anarquista” (3) – com o qual admite o quão anarquista foi esta aventura – para finalmente ser nomeado secretário-geral do PC.

Esquece-se também que Encarnación é conhecida como “a primeira comuna libertária da América”, libertária no sentido de anarquista. Por isso, também é esquecido quando se menciona livros como 1931. A Tomada de Encarnación (Assunção, Rafael Peroni, 1985), do historiador anarquista argentino Fernando Quesada, qualquer passagem que chame esse feito libertário pelo seu verdadeiro nome. Por isso, esquece-se mesmo, ao mencionar o prólogo daquele livro, de salientar que o escritor do prólogo, Ciriaco Duarte, que era anarquista, escreveu nele: “esclarecer para a história que [a Tomada da Encarnação] foi não um “ataque infantil e louco à cidade”, segundo a interpretação de Gaona, ou “um assalto à cidade por um grupo de conhecidos comunistas”, segundo a imprensa oficial, é o essencial nesta lista de fatos. Por isso, esquece-se finalmente que a figura que Ninfa Duarte, filha do anarquista Ciriaco, destaca na Tomada de Encarnación é a figura de outro anarquista, Cantalicio Aracuyú:

“No início de 1931 começou a longa greve organizada pelos pedreiros de Assunção. Este movimento ativo originou-se sob a liderança do histórico sindicalista Cantalicio Aracuyú, juntamente com outros proeminentes intelectuais da época, como Obdulio Barthe e Óscar Creydt, e, como fato relevante em sua trajetória, inclui o que aconteceu nos anais da história como a Tomada de Encarnación” (Ninfa Duarte, “Ciriaco Duarte, lutador pelo sindicalismo livre no Paraguai”, Gibralfaro, no. 71, março-abril de 2011) -.

Esses esquecimentos não são novos. Casimiro, aquele personagem de Casaccia, já dito em Os Herdeiros (Barcelona, ​​​​Planeta, 1975), romance que – como Carlos Rama e Ángel Cappelletti, entre outros, observaram em El anarquismo en América Latina (Caracas, Biblioteca Ayacucho, 1990) – recria com precisão a Tomada de Encarnación:

“–Todos os paraguaios são políticos – respondeu Casimiro –. Não há mais nada para fazer aqui. Aqui você falha ou tem sucesso político. Não há outro sucesso… Alguns também se divertem com a história nacional. Mas há poucos verdadeiros historiadores, a maioria são amadores que escrevem uma história pro domo sua…”.

Felizmente, nem todos nós somos tão esquecidos. Um ano depois da “aventura anarquista” – para dizer no modo de Barthe – da Tomada de Encarnación, um dos revolucionários que dela participou, o anarquista León Naboulet, publicou seu depoimento na cidade argentina de Posadas, intitulado: O primeiro indício de tendência anarquista no Paraguai. A Tomada de Encarnación (4), panfleto de 24 páginas que, entre outras coisas, coincide com o já referido prólogo de Ciriaco Duarte ao livro de Fernando Quesada ao expressar o absurdo de atribuir a Tomada de Encarnación aos “comunistas”, como então o fez (e como continua a fazer, como vemos, até hoje) a imprensa paraguaia:

“A imprensa paraguaia qualificou este movimento como comunista. […] A imprensa argentina também fez isso. Porque? Por ignorância, por má-fé, por servilismo. […] O “comunismo” dos bolcheviques vai para a centralização de todas as forças sociais no Estado; o anarquismo vai para a descentralização e a dissolução do Estado. O bolchevismo leva à ditadura; anarquismo, para a liberdade” (pp. 14-15).

Naboulet reivindica, aliás, o espírito libertário que, dissemos antes, animou a Nova Ideologia Nacional e que levou à Tomada de Encarnación:

“A juventude paraguaia que preparou esta revolução e que mais cedo ou mais tarde a levará a bom termo e que escreveu a “Nova Ideologia Nacional” é de tendência anarquista e não “comunista”. Estava ligada à Central Regional de Trabalhadores, que tem a mesma tendência e é a maior força proletária daquela república” (p. 16).

Foram anos turbulentos no Paraguai, anos de guerras e revoluções. Neste canto sul do continente, estes foram os anos de Severino Di Giovanni, de Simón Radowitzki, anarquistas expropriadores, anarquistas de ação direta e ação direta violenta. Porque nem toda ação direta é violenta, e de fato a Tomada de Encarnación ocorreu sem violência – o único ferido no dia 20 de fevereiro foi Aracayú, no tiroteio festivo que comemorou a criação da comuna (5) –. Anos incendiários em que um grito de sangue fervente levou um pacifista como Kurt Wilckens a assassinar o coronel Varela para vingar as suas vítimas. Nas ruas alucinadas da mítica Areguá Casacciana, personagens como Octavio Villalba, como Rigoberto Molina, que se recusam a afundar na sonolência de uma siesta, que preferem sonhar de olhos abertos, que se rebelam contra o peso do destino e conspiram para tomar a cidade e iniciar uma revolução, eles são primos-irmãos desses anarquistas históricos. Dos que tomaram de assalto a pequena cidade de Encarnación e a sonharam, durante dezesseis horas, como o território livre do futuro.

Notas

(1) Um colunista deste jornal incorreu neste anacronismo há poucos dias: “A tomada de Encarnación”, de A. González Delvalle, ABC Color, 11/02/2024.

(2) Obdulio Barthe, Memórias Inéditas, Capiatá, TEA, 2009.

(3) Idem.

(4) León Naboulet, A primeira ameaça da tendência anarquista no Paraguai. A tomada de Encarnación, Posadas, Jean Valjean, 1932.

(5) M. Rivarola: Trabalhadores, utopias e revoluções, Assunção, CDE, 1993.

Fonte:https://www.abc.com.py/edicion-impresa/suplementos/cultural/2024/02/18/la-toma-de-encarnacion-una-gesta-libertaria/

Tradução > Liberto

Conteúdo relacionado:

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2024/03/19/historias-perdidas-do-anarquismo-paraguaio-i-o-passaro-negro-e-o-delorean/

agência de notícias anarquistas-ana

A abelha tristonha,
fauna e flora devastadas,
produz mel amargo.

Leila Míccolis

[São Paulo-SP] Ciclo de debates espaços anarquistas

A Biblioteca Terra Livre comemora, em 2024, seus 15 anos de existência. Será um ano de muitas iniciativas comemorativas e formativas.

Muitas pessoas antes de nós se associaram para criar e manter espaços de organização, luta e sociabilidade numa perspectiva libertária. Projetos em que de certa forma participamos ou que nos influenciou na construção de um acervo, um coletivo e uma sede que pudesse ser a materialização de um novo modo de relação social e política baseado na autogestão e na ação direta.

Para celebrar e relembrar todas essas iniciativas bem como refletir sobre suas práticas, conquistas e desafios, realizaremos o CICLO DE DEBATES: ESPACOS ANARQUISTAS. Ocorrerá no Centro de Cultura Social, o espaço libertário mais duradouro do Brasil, fundado há mais 90 anos.

Os primeiros encontros contarão a história de três espaços emblemáticos dos anos 2000/2010 através da exibição de documentários seguidos de conversa com alguns de seus membros.

Reserve as datas, sempre um sábado às 16h:

  • 20 de abril: Espaço Impróprio
  • 18 de maio: Ativismo ABC
  • 15 de junho: Casa Mafalda

No segundo semestre daremos continuidade ao Ciclo, pois há muita memória e luta na experiência de espaços como o próprio Centro de Cultura Social, o Instituto de Cultura e Ação Libertária, o Espaço Ay Carmela!, a Casa do M.A.R., o Espaço Germinal, a Comuna Goulai Pole, o Centro de Cultura Social Vila Dalva, a Biblioteca Carlo Aldegheri e muitos outros locais de luta e resistência anarquista que deixaram suas marcas nas lutas sociais em seus territórios de atuação.

Sede do CCS-SP, Rua General Jardim, 253, sl. 22. Vila Buarque – SP. Próximo ao metrô República.

agência de notícias anarquistas-ana

folhas flutuam,
onda vai e onda vem
avançam o mar

Thiphany Satomy

[Grécia] Memória | Fascista é jogado no mar

Em 2 de abril de 2013, Stelios Vlamakis (foto), um membro do parlamento grego do partido fascista Aurora Dourada, foi jogado no mar pelos habitantes da cidade portuária de Chania, na Ilha de Creta. Ele fazia parte de um grupo de cerca de dez fascistas que estavam bêbados e fazendo saudações nazistas, e que começaram a atacar dois imigrantes. Na sequência eles  entraram em confronto com os proprietários de comércios na vizinhança e com as pessoas no porto, enquanto a polícia observava sem intervir. Um grupo do movimento anarquista da cidade se reuniu e confrontou os fascistas, ferindo três deles e jogando Vlamakis no mar. Os membros do Aurora Dourada apresentaram uma queixa por agressão contra quatro pessoas, mas elas foram liberadas por ordem do promotor depois que várias testemunhas afirmaram que elas agiram em legítima defesa.

agência de notícias anarquistas-ana

Vendinha de bairro.
Ressona feliz gatinho
no saco de estopa.

Fanny Dupré

[Espanha] Um japonês no coração do anarquismo andaluz

O historiador Masaya Watanabe apresenta em Córdoba “La Andalucía libertaria”, o resultado de uma longa pesquisa iniciada no final dos anos 80 sobre o processo revolucionário camponês anterior à Guerra Civil Espanhola.

Por Aristóteles Moreno | 22/03/2024

Que diabos um japonês está fazendo ao estudar o movimento anarquista andaluz? A resposta é formulada pelo próprio Masaya Watanabe, sentado em uma cadeira de plástico no pátio do Círculo Cultural Juan XXIII, onde ele acabou de apresentar La Andalucía libertaria. São 21h40 de quinta-feira. E, enquanto Watanabe disseca um dos fenômenos mais surpreendentes da história europeia contemporânea, os tambores e as trombetas de uma procissão atravessam as paredes como um prelúdio da Semana Santa.

O hispanista japonês chegou ao anarquismo andaluz por meio do trabalho de Juan Díaz del Moral. E, por sua vez, ele chegou ao notário e historiador cordobês atraído pelos movimentos camponeses do início do século XX. Na origem estavam os enigmas da Guerra Civil Espanhola e seu poder de atração sobre centenas de historiadores, escritores, poetas e jornalistas de todo o mundo. Do Japão, aparentemente, também. Watanabe havia lido Hemingway e o autor americano despertou sua curiosidade sobre aquela carnificina fratricida que antecipou a grande conflagração ideológica e bélica europeia de nosso tempo.

“A Guerra Civil Espanhola é um dos eventos mais importantes e trágicos do século passado”, diz o historiador japonês em uma voz lenta e calma, que quase se perde em meio ao barulho fraterno que envolve o bairro de San Pedro. Watanabe pôs os pés na Espanha pela primeira vez em 1987. E encontrou um país “muito rico cultural e espiritualmente”. Tanto que, no ano seguinte, ele se estabeleceu em Sevilha e, mais tarde, em Málaga, até 1995.

Um ano antes, em 1994, o hispanista apareceu em Castro del Río em uma noite chuvosa. Um grupo de especialistas havia se reunido no vilarejo cordobês para examinar o papel dos movimentos sociais e dos trabalhadores diaristas no período que antecedeu a Guerra Civil. O fenômeno memorial ainda não havia surgido, mas muitas testemunhas diretas do golpe militar de Franco e da atroz repressão que se seguiu ainda estavam vivas. Masaya Watanabe pôde conversar com elas, como lembra o professor Antonio Barragán, amigo e escritor do prólogo da obra do hispanista japonês.

Castro del Río não era um vilarejo qualquer. Juntamente com Bujalance, foi o epicentro da explosão camponesa libertária que se espalhou pelo interior da Andaluzia nas primeiras décadas do século XX como uma força emancipadora em uma Espanha empobrecida e analfabeta, submetida ao jugo latifundista do sul. Nessas terras surgiu o que Watanabe descreve como “anarquismo puro”, que gradualmente transitou para o anarco-sindicalismo e para demandas trabalhistas concretas. “A FAI adotou uma estratégia para conter o possibilismo sindicalista e teve uma atitude beligerante em Castro del Río”, disse Watanabe em sua palestra. Nos primeiros dias do golpe militar, mais de dez municípios de Córdoba, liderados por ativistas militantes, lançaram um projeto sem precedentes de comunismo libertário, que durou apenas algumas semanas.

Aos olhos de Watanabe, o anarquismo tem sido um dos grandes enigmas da história contemporânea da Espanha. “É um fenômeno peculiar à Espanha”, diz ele em conversa com o Cordópolis. Sua paixão por Díaz del Moral o levou a estudar as revoltas camponesas do início do século. Mas seu fascínio pelo movimento libertário teve um impulso decisivo após um encontro pessoal com Abel Paz, historiador autodidata, militante anarco-sindicalista e biógrafo do mítico lutador Buenaventura Durruti. “Fiquei impressionado com suas obras”, admite.

Em todos esses anos, ele mergulhou em bibliotecas e arquivos espanhóis com a tenacidade de um japonês. Todo esse esforço de pesquisa de mais de três décadas está impresso em caracteres asiáticos indecifráveis, o volumoso livro que o professor Barragán nos mostra sorrindo. Trata-se da tese de doutorado de Watanabe, publicada na Universidade de Waseda (Tóquio) em 2015. Desse colossal trabalho acadêmico, nasceu La Andalucía libertaria, agora em um formato mais informativo e condensado, publicado pela editora cordobesa Utopía. “O livro é metodologicamente impecável e tem um suporte científico excepcional”, disse o historiador cordobês na apresentação.

O pesquisador japonês tenta responder a uma das questões colocadas pela historiografia: como é possível que o anarquismo tenha surgido com tanta força na Espanha e na Andaluzia, quando na Europa já estava em declínio? “As massas foram forçadas a sair do jogo político em uma das terras mais sofridas”, explica Watanabe. “E o anarquismo é a expressão mais direta do sentimento dos camponeses”, além de outros movimentos sociais contestados.

Além do sindicalismo reformista, que buscava melhorar as condições de vida desumanas do campesinato, o movimento libertário se propôs outra missão, na visão de Watanabe: “Rejeitar a legitimidade do latifundismo”. O anarquismo puro não aceitava o jogo parlamentar e seu objetivo era a eliminação do Estado e o fim da desigualdade. Mas a Segunda República empreendeu uma reforma agrária morna que decepcionou profundamente as massas camponesas, que esperavam mudanças de longo alcance na estrutura fundiária latifundista.

“Era uma república burguesa”, argumenta Watanabe. “O próprio Azaña possuía um pequeno lote de terra em Alcalá de Henares. No início, ele não tinha interesse na reforma agrária, embora tenha mudado drasticamente sua atitude após a Sanjurjada”, ressalta, referindo-se ao golpe militar fracassado do general José Sanjurjo em agosto de 1932. E, na opinião do historiador japonês, a questão agrária não resolvida acabou tendo uma influência decisiva na rebelião militar de 1936, que pôs fim à primeira experiência democrática da história da Espanha com sangue e fogo.

O próspero movimento anarquista se dissolveu como um cubo de açúcar após a Guerra Civil. A CNT e a FAI desapareceram do mapa político espanhol e não conseguiram se reerguer nem mesmo após a restauração da democracia na década de 1970. Qual foi a chave para o colapso deles? “A repressão”, responde Watanabe. E ele esclarece: “O PCE tinha uma rede organizacional, mas o anarquismo não”. Assim desapareceu o penúltimo reduto anarquista da história contemporânea.

Oitenta anos se passaram e, para o professor de história japonês, a Espanha ainda é um labirinto, como descrito por Gerald Brenan em um livro seminal publicado em 1943. “Viajo muito pela Espanha e ainda há muitas coisas que não consigo entender”, ele reflete com um leve sorriso e uma voz calma em meio ao barulho que passa pela parede do pátio.

Fonte: https://cordopolis.eldiario.es/cordoba-hoy/sociedad/japones-corazon-anarquismo-andaluz_1_11235228.html

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

O trigal maduro
ondula ao vento…
O corvo espera.

Eugénia Tabosa

[Espanha] Pela liberdade dos 6 de Zaragoza

Faz já um mês, centenas de pessoas atenderam ao chamado da Plataforma “Los 6 de Zaragoza” em resposta à dura sentença do Tribunal Supremo, que transmitiu a decisão em 6 de fevereiro passado, impondo penas de 4 anos e 9 meses de prisão, além de vultosas multas econômicas para 6 antifascistas. Ditas condenações supõem uma clara violação do direito de manifestação, pois se produziram após um processo judicial que começou com as detenções realizadas posteriormente a uma manifestação em Zaragoza no dia 17 de janeiro de 2019, convocada em oposição aos discursos de ódio da ultradireita.

Uma sentença que, tal e como se reconhecia no texto, condena por “co-autoria” e não porque haja provas diretas de sua participação nos distúrbios sucedidos após uma manifestação e que provocaram as detenções horas depois dos mesmos, sendo as testemunhas policiais no julgamento o único que serviu para estabelecer a condenação.

Segundo afirmou a Plataforma, “a condenação dos 6 de Zaragoza é uma condenação a todas e todos que nos organizamos politicamente”, “as detenções dos 6 de Zaragoza refletem a decisão política de criminalizar sistematicamente o protesto”.

Esta campanha nasce desde a raiva de ter sido condenados fruto de detenções aleatórias, da ausência de provas incriminatórias e de uma montagem policial. Além disso, relacionam esta sentença com normas vigentes como a conhecida Lei Mordaça, que “reforça o poder político dos aparatos policiais e judiciais, e que este governo de coalizão e o anterior decidiram manter”. “Revogar completamente a Lei Mordaça é uma obrigação democrática”, asseguram.

“A condenação a 4 anos e 9 meses de prisão aos 6 jovens de Zaragoza busca castigá-los para instalar o medo. A liberdade dos jovens de Zaragoza é nosso objetivo, a solidariedade é o caminho para superar a repressão”.

Mais informação da plataforma e do caso:

https://www.absolucion6dezaragoza.info/

contacto@absolucion6dezaragoza.info

twitter.com/Absolucion6Zgz

instagram.com/absolucion6zgz

Tradução > Sol de Abril

Conteúdo relacionado:

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2024/02/07/espanha-a-suprema-corte-condena-quatro-dos-seis-de-zaragoza-a-quatro-anos-e-nove-meses-de-prisao/

agência de notícias anarquistas-ana

Leve brisa
aranha na bananeira
costura uma folha.

Rodrigo de Almeida Siqueira

[Chile] Escute e baixe: Transmissão especial 8 de Março anticarcerário, anarquista e antiespecista

Por La Zarzamora

No dia 8 de março, no território ocupado pelo Estado $hileno, ocorreram várias manifestações anarcofeministas e autônomas de caráter anticarcerário, dando visibilidade às mulheres e aos dissidentes presos.

A Rádio La Zarzamora registrou parte dessas manifestações do lado de fora da Prisão El Manzano, em Concepción, e do CPF de San Joaquín e da Prisão San Miguel, em Santiago.

Embora não tenhamos conseguido fazer uma transmissão ao vivo naquele dia devido à interrupção dos sinais de internet, ainda assim conseguimos reconstruir o que aconteceu para trazê-lo até você em formato de rádio.

Porque nem todas estamos aqui e faltam as presas e os presos!

Presos e presas anarquistas, antiespecistas e da autodefesa para a rua!

Pela destruição da prisão e da sociedade que a sustenta!!!

Ouça e compartilhe:

https://archive.org/details/transmision-8-demaranticarcelarioconce-sanmiguel-2024

lazarzamora.cl

agência de notícias anarquistas-ana

Solidão.
Após a queima de fogos,
Uma estrela cadente.

Shiki

[EUA] Ativista Sentenciade à Prisão por Pintar Estátua de Custer com Spray

Relatório sobre a sentença de ativista anti-colonial em Monroe, Michigan.

Na quarta-feira, 20 de março, diante de um tribunal lotado do condado em Monroe, Michigan, ativista anti-colonial local Peatmoss Ellis foi condenade a 30 dias de prisão por pintar com spray uma mensagem de resistência em uma estátua do General Custer, perpetrador de genocídio da era da Guerra Civil, no Dia dos Povos Indígenas em 2022.

A juíza do Primeiro Distrito, Amanda L. Eicher, afirmou explicitamente que estava impondo a Ellis a sentença máxima possível para dissuadir outros de se envolverem em dissidência.

“Esta sentença draconiana é uma decisão politicamente motivada e o pior cenário possível para um delito leve”, disse o ativista climático local John R. Sullivan. “O objetivo desta decisão é manter o legado do genocídio e da supremacia branca. O condado quer nos dissuadir de revidar contra os crimes passados e em curso do estado contra povos indígenas e outras pessoas racializadas e oprimidas. A resposta do povo, portanto, deve ser o oposto da dissuasão.”

Ellis é co-diretore de um abrigo para pessoas em situação de rua com sede em Ann Arbor, MI, e voluntárie regular em um santuário de animais. Antes de sentenciar Ellis, a juíza Eicher sentenciou várias outras pessoas lutando contra problemas de pobreza e uso de substâncias a pagar milhares de dólares em taxas judiciais e a se submeter a extensas condições de vigilância e probatórias.

“Este não é apenas um ataque à dissidência contra o legado colonial, mas também um ataque aos pobres”, disse Sullivan. “Peatmoss desempenha uma função essencial no abrigo da população sem-teto local. Ao prendê-le durante este período de clima severo, a juíza Eicher está colocando os membros mais vulneráveis de nossa comunidade em grave perigo.”

Custer, que era originalmente de Monroe, Michigan, é responsável pelo deslocamento forçado e assassinato de milhares de indígenas. Ele liderou múltiplos ataques e violações de tratados contra os Sioux Lakota, Cheyenne e Arapaho. Em 2021, as Tribos Unidas de Michigan aprovaram por unanimidade uma resolução pedindo a remoção de sua estátua em Monroe como um símbolo “amplamente percebido como ofensivo e um doloroso lembrete público do legado do genocídio dos povos indígenas e das realidades atuais do racismo sistêmico em nosso país”. Em 2020, uma coalizão de ativistas liderada por pessoas racializadas solicitou que a estátua fosse movida do centro da cidade para um museu. Em resposta a esta petição e a pelo menos mais uma com quase 25.000 assinaturas, o conselho da cidade de Monroe afirmou que não tinha planos de discutir a realocação da estátua.

“Apesar da sentença severa, Peatmoss estava de bom humor durante todo o dia e foi apoiade por muitos de seus amigos e camaradas no tribunal”, disse o amigo de Ellis, Chris Pierce. “A sentença repressiva imposta pela juíza Eicher não danificou o espírito de resistência de Peatmoss. Elu já estão trabalhando para advogar em favor dos companheiros detidos na cadeia do condado de Monroe, organizando um protesto contra uma iniciativa do gerente da cadeia para coletar e destruir livros e revistas dos detentos.”

Para escrever para Peatmoss, envie cartas para Lillian Ellis (Detento #000204306), 100 E 2nd St, Monroe, MI, 48161.

Fonte: https://itsgoingdown.org/activist-sentenced-to-jail-for-spray-painting-custer-statue/

Tradução > fernanda k.

agência de notícias anarquistas-ana

Vermelho céu manchado
Sombras em seus lugares
Lua aparece.

Chang Yi Wei

Mês de Luta Anticolonial

A essa altura de nossa história, todo mundo já deveria saber que a chegada de europeus por estas terras em 22 de abril de 1500 não foi, como algumas pessoas ainda insistem, um “descobrimento”, pois estas terras já eram habitadas por milhões de pessoas. O que aconteceu de fato foi a invasão do território e o genocídio dos povos que aqui viviam, por portugueses, espanhóis e outros povos europeus que buscavam riquezas materiais.

É para contra-celebrar essa data infame que criamos estes cartazes, que possuem um QR code para uma página com alguns de nossos vídeos que abordam a questão do colonialismo. A ideia é que qualquer pessoa possa baixar os arquivos, imprimir cópias e colar por aí em pontos estratégicos. Nas ruas, bares, universidades, espaços culturais, igrejas, etc. (Mas sempre com autorização dos ditos “proprietários”, viu policial?).

Os cartazes estão disponíveis em formato A4 em versão colorida ou preto e branco, e também uma arte específica para impressão em serigrafia. Todos estão disponíveis para download no nosso site:

https://antimidia.org/mes-de-luta-anticolonial/

agência de notícias anarquistas-ana

De repente, latidos,
entre as plantas do jardim,
um gatinho aflito.

Fagner Roberto Sitta da Silva

[Alemanha] Ataque incendiário ao centro de artes marciais neonazista “Gladiator Fight Academy”

Na noite de 25 para 26 de março, um imóvel cuspiu fogo no leste de Halle-sur-Saale, uma cidade a cerca de 20 quilômetros de Leipzig, na região da Saxônia-Anhalt. Só que esse prédio suburbano cinza não era um prédio comum: ele abrigava uma academia de artes marciais chamada “Gladiator Fight Academy”, que os neonazistas locais estavam prestes a inaugurar em abril. Todos os equipamentos do salão pegaram fogo, com danos estimados pela polícia em 250.000 euros. A seguir, um pequeno texto publicado alguns dias depois do ataque no Indymedia Alemanha.

Saudações de Páscoa à “Gladiator Fight Academy”

Não conosco

Em Halle, são feitas regularmente tentativas de assentar ou fortalecer o ambiente extremista de direita. Esse é o caso da abertura planejada do centro de esportes de combate “Gladiator Fight Academy”.

Mas Halle está mais uma vez se mostrando em sua melhor forma e não deixará nenhum espaço para a formação estrutural de militantes fascistas.

Na madrugada de terça-feira (26.03.24), o imóvel onde os fascistas pretendiam montar seu centro de artes marciais foi incendiado. As estimativas iniciais estimam os danos em um quarto de milhão de euros.

Valeu Halle!

A estação de TV alemã MDR escreveu um artigo muito detalhado sobre o assunto. Você pode encontrar um link para a reportagem abaixo. Os corajosos Christopher H. e Theo W. [dois neofascistas responsáveis por essa academia de treinamento] também são apresentados com mais detalhes.

Fonte: https://de.indymedia.org/node/348908

agência de notícias anarquistas-ana

Ao deixar o portão
Do templo zen,
Uma noite estrelada!

Shiki