[Itália] A Alta Felicidade do Povo No Tav

por Chiara Sasso, para Volere la Luna

Onde se encontra a vida? Ok, partidos altos. E ainda assim foi o pensamento constante ao ter diante dos olhos filas intermináveis de jovens, há semanas expostos ao sol de julho, pernas e braços bronzeados. Vestindo pouco. Na fila para cafés da manhã, banhos, macarrão, sanduíches, iguarias preparadas nos “fogões em luta”. E por que não também polentas, sanduíches e churrascos. Estamos no Vale de Susa, no Festival Alta Felicidade. Filas sem fim, sempre respeitadas. Nenhum empurrão, irritação ou desvio. Viviana, uma mãe, escreve no Facebook: “Filmei a marcha dos jovens No Tav [Não ao Trem de Alta Velocidade] para que ao menos pelas redes sociais se conhecesse a verdade. Não são vândalos, extremistas, terroristas. Pedem a nós adultos que sejamos honestos, que digamos a verdade, que a contemos direito. Eu os vi, os ouvi falar, rir e conviver, e também chorar. E pensei que o acampamento No Tav é uma das melhores experiências de vida comunitária que os jovens podem ter”.

Chegam de toda a Itália e também do exterior, chegam de carro até Susa, de trem, de moto e depois usam os ônibus fretados gratuitos para alcançar o pequeno município montanhês (900 habitantes). Chegam com mochilas, garrafinhas. Chamam-se “barracas de montagem rápida”: são leves, circulares e num instante estão armadas no gramado, uma ao lado da outra formando uma enorme onda de lonas azuis. Uma onda como o grito que ressoa por toda a área de centenas de jovens que entoam: “somos todos antifascistas”.

Município de Venaus, que ficou famoso após os dias de luta e despejo em 8 de dezembro de 2005. No final do ano farão vinte anos, e são trinta anos desde que a oposição à grande obra começou. Os ônibus fretados, de uma viagem à outra, continuam a despejar centenas de jovens; sob sol ou chuva nada os detém. Nove anos atrás, o primeiro Festival Alta Felicidade. Quanto mudamos? Quantos já não estão entre nós? É bastante normal perguntar, e ainda assim essa sensação de desorientação dissolve-se e recarrega-se refletida em seus rostos, em suas perguntas, na disponibilidade para trabalhar lado a lado com os grupos de “veteranos” que garantem as diversas barracas de comida. Cortam frutas em pedaços para sangria sem fugir a rajadas de perguntas de quem se torna por duas horas tia, avó, curioso para conhecer seu futuro. Sob uma grande tenda, os encontros começam na sexta-feira com a voz de Gaza através do livro de Betta Tusset e do padre Nandino Capovilla, presente na Faixa há mais de vinte anos. Enzo Infantino da associação Sabra&Chatila. Segue-se um debate sobre inteligência artificial com Alberto Puliafito e Stefano Barale. Mudança de palco: fala-se de trabalho com a luta das fábricas. Raffaele Cataldi conta sua experiência na Ilva de Taranto e seu livro “Malesangue”.

GKN Dario Salvetti: “Este trabalho não é vida”. Olha-se para frente para inventar um futuro. Lê-se em seu Instagram: “Três cargobikes serão disponibilizadas como transporte fretado de Susa a Venaus. Como todo experimento, não sabemos como será. Sabemos que é justo tentar. Depois tentar de novo. E depois tentar outra vez. Se não para conseguir, ao menos para falhar melhor. Todas as informações em https://insorgiamo.org/cargo-bike/  Encerra a sexta-feira mais um debate sobre a Palestina e uma conexão com Antonio Mazzeo do navio Handala detido por israelenses. Impossível listar todos os eventos do outro palco “autogestionado”. Impossível listar todas as bandas musicais gratuitas que animaram as noites até tarde.

No sábado, a palavra é dos “Tetrabondi” (tetraplégicos e vagabundos), para superar o paternalismo ligado à deficiência. No vale há muitas experiências positivas que interpretam bem o título do debate: “Às vezes a deficiência é o menor dos meus problemas”. Na mesma manhã, a Cooperativa Il Sogno di una Cosa, com um grupo de jovens, contribui organizando a área dos shows. O domingo é aberto por Angelo Tartaglia, Lorini e Roberto Aprile com uma reflexão sobre energia nuclear e as Confluências cada vez mais necessárias. Segue-se um debate lotado: Assembleia Nacional, um apelo para construir um caminho contra a guerra, o rearmamento, o genocídio da Palestina, intitulado “Guerra à guerra”: “um chamado a todos que querem dialogar e convergir para curvar um destino que parece inevitável”. Ilaria Salis e Patrik Zaki encerraram os três dias de debates e música falando de suas experiências. Os jornais não publicaram uma linha sobre tudo o que houve de positivo. É mais fácil voltar a falar de “franjas” violentas do que de jovens que percorreram a manifestação dançando e cantando. Nas redes surgiu o debate sobre o vale pacificado ou não. E quais instrumentos seriam mais justos de usar. Pensando em acertar contas, incendiou-se o presídio No Tav de San Didero. E a história continua.

Anos atrás, um artigo na Carmilla resumira os dias do festival, não diferentes dos que passaram: “Carteiras e mochilas perdidas, imediatamente recuperadas. Brigas por bêbados inconvenientes, zero. Retórica, zero. Mal-estar por substâncias variadas, zero. Partidos e sindicatos, zero. Traficantes de drogas pesadas, zero. Polícia, zero. Estrelas, músicos, autores arrogantes, zero. Eis, talvez sobre isso ainda valha a pena parar para refletir. Nunca se vira tantos artistas, alguns até inesperados, juntos tomarem posição sobre o No Tav”. Nunca se vira gerações tão diversas colaborando juntas dando vida a uma gigantesca “floresta de Sherwood” que luta contra inimigos muito mais cruéis, perigosos, violentos e sórdidos que o “xerife de Nottingham” a serviço de um único deus: o dinheiro. Nas redes o debate é intenso. Quais instrumentos usar para fazer valer suas razões? Enquanto isso, domingo às 22h, da arena de shows Borgata 8 dicembre, fez-se barulho aderindo ao apelo: “Desertemos o silêncio” pensando em Gaza.

Fonte: https://www.notav.info/post/lalta-felicita-del-popolo-no-tav/  

Tradução > Liberto

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agência de notícias anarquistas-ana

está calor
o sapo coaxa
dentro da bromélia

Akemi Yamamoto Amorim

[Grécia] Relato da assembleia antiespecista aberta sobre o protesto no zoológico

Protesto no Parque Zoológico de Ática (Atenas)

No domingo, 29 de junho, foi realizada uma intervenção em frente ao Parque Zoológico de Ática para marcar os três anos desde o assassinato a sangue frio do chimpanzé que ousou escapar de sua jaula.

Ficamos por uma hora e meia do lado de fora do estacionamento, em frente ao parque aquático com toboáguas adjacente, que pertence ao zoológico. Policiais uniformizados e à paisana estavam presentes no estacionamento e nos disseram que aquele era um espaço privado e que não poderíamos atravessá-lo para nos aproximar da entrada.

Distribuímos textos para carros que passavam, para pessoas que se dirigiam ao parque aquático e para clientes do zoológico. Jogamos panfletos e entoamos palavras de ordem. Perto do fim, atravessamos os policiais em uma pequena marcha, ignorando suas tentativas patéticas de nos impedir repetindo suas falas sobre propriedade privada, e fomos direto até a entrada.

Lá, entoamos muitas palavras de ordem em alto e bom som. Lesueur (o proprietário do zoológico) e sua filha se aproximaram da entrada, visivelmente irritados com nossa presença, bem protegidos por seus seguranças e pelos policiais. Permanecemos ali por um tempo e, em seguida, retornamos ao ponto de encontro original, onde a atividade se encerrou.

Luta intransigente até a libertação total, até a destruição da última prisão.

O LUGAR DOS ANIMAIS SELVAGENS É EM SEUS HABITATS NATURAIS E INDOMADOS, NÃO NAS JAULAS DOS ZOOLÓGICOS
DA PALESTINA À ÁTICA, FOGO EM TODAS AS CELAS
A LUTA PELA LIBERTAÇÃO TOTAL É A LUTA PELA ANARQUIA

Assembleia antiespecista aberta
Anoixti_antispisistiki@riseup.net

Tradução > Contrafatual

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A Brisa Que Sopra
É O Melhor Refresco
Neste Dia Quente

Leonardo Natal

[Rio de Janeiro-RJ] Vem aí a FALA – Rio!

1ª Feira Autônoma, Libertária & Autogestionária

13 de Setembro de 2025 | Das 9h às 19h | Entrada Gratuita

Rua Morais e Silva, 94 – Maracanã (SINTTEL-RJ)

Entre os expositores confirmados está a Anarquia Verde, trazendo artesanato autônomo, saberes da terra e uma prática política que une cuidado, ecologia e resistência popular. É mais que banca — é vivência libertária enraizada no cotidiano.

Além da exposição de artesanatos, o coletivo também participará das atividades da feira com uma contribuição importante sobre anarco-queer, fortalecendo o debate entre corpo, território, sexualidade e insurgência.

A feira contará com palestras, rodas de conversa, livros, shows, gastronomia, cervejas artesanais e artesanatos, além de debates sobre meio ambiente, assembleísmo, lutas periféricas, feminismo, anarquismo, socialismo, queer e educação popular.

Uma oportunidade para fortalecer o que é vivo, coletivo e transformador.

Chegue junto e compartilhe esse sopro de liberdade.

>> Mais infoshttps://www.instagram.com/feirafalario/

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só o galo cantou
sem inspiração nem moldura —
aqui jazz um haicai

Pedalante

[Espanha] Pelo fim do genocídio em Gaza

Assistimos a cada dia com horror às notícias e imagens do genocídio do povo palestino em Gaza. Um genocídio que dura já 22 meses, só comparável com os piores exemplos da história, como o genocídio armênio ou o holocausto nazi, ambos no contexto de duas guerras mundiais.

Em ambos os casos da história a falta de informação foi condição de possibilidade para garantir a impunidade dos assassinos, enquanto perpetraram a matança.

O caso de Gaza na atualidade se assemelha mais ao cenário do Gueto de Varsóvia, convertido em uma macabra versão dos “Jogos de fome”. Enquanto os governos europeus seguem mantendo relações com Israel sem nenhum rubor.

Desde a invasão de Gaza por Israel em outubro de 2023, assistimos ao maior exemplo de limpeza étnica produzido no século XXI, televisado ao vivo pelas próprias vítimas e que jamais tínhamos visto, enquanto os governos ocidentais ignoraram o clamor popular de multitudinárias mobilizações em todo o mundo, exigindo medidas reais para acabar com esta carniçaria.

É a sociedade civil internacional a que tentou romper o bloqueio a Gaza para exigir a abertura da passagem de Rafah, mas a colaboração do governo do Egito com EUA e Israel o impediram permanentemente.

Do mesmo modo que iniciativas humanitárias como a “Flotilha da liberdade” tentaram romper o bloqueio em muitas ocasiões, sem mais apoios que o das organizações sociais.

Assim, durante a noite do passado 26 de julho, em torno das 23h00, foi abordado por tropas israelenses em águas internacionais o barco Handala, carregado com ajuda humanitária e alimentos infantis, em novo ato de pirataria e de violação de direitos humanos do governo de Netanyahu. Barco no qual viajavam 21 civis de diferentes nacionalidades, entre os quais se encontram os cidadãos espanhóis Sergio Toribio Sánchez e Santiago González Vallejo, ambos sequestrados junto ao resto de suas companheiras e companheiros de viagem, pelo governo de Israel.

Uma vez mais os governos europeus não fizeram nada para evitar este novo assalto à Flotilha da liberdade, nem estão tomando medidas reais para pressionar Israel.

Ainda as informações são escassas, mas pelo que podemos saber, o governo de Israel está tratando os ativistas como se tivessem entrado ilegalmente no país apesar de que foram sequestrados pela força em águas internacionais e levados a Israel contra sua vontade. Vários dos ativistas aceitaram um acordo para serem deportados. No total ao menos cinco deles já foram expulsos de Israel. Dois mais, com dupla nacionalidade estadunidense e israelense, se espera que sejam postos em liberdade em breve.

Por outro lado, ao menos doze deles se negaram a aceitar nenhum acordo voluntário de deportação e seguem encarcerados na prisão de Givon, entre os quais se encontram os dois companheiros espanhóis. Desde aqui lhes enviamos todo nosso apoio a eles e a seus familiares em meio da incerteza das últimas horas desde sua detenção.

Todos estes dados sobre o número de detidos do Handala, podem variar enquanto escrevemos este comunicado. Desde a CGT exigimos a posta em liberdade sem acusações de todas as pessoas detidas. O governo espanhol e o ministro Albares de Exteriores, devem tomar quantas ações diplomáticas sejam necessárias para garantir a segurança dos ativistas espanhóis e sua liberação de forma imediata.

A situação da Palestina não é um fruto de um desastre natural, é o resultado de décadas de política colonial e racista do ocidente sobre o Oriente Médio, junto com o projeto sionista de ocupação de terras palestinas. Uma política de apartheid levada ao extremo em Gaza com o governo de Netanyahu. Uma realidade criminosa que tem responsáveis políticos concretos e colaboradores internacionais necessários.

Por isso exigimos aos governos espanhol e europeu que cortem todo tipo de relações diplomáticas e comerciais com Israel.

O governo de Pedro Sánchez não deixou de comercializar armas com Israel. E agora se propõe enviar ajuda humanitária em paraquedas apesar das numerosas críticas internacionais a respeito e, sobretudo desde a própria população de Gaza que alertou do grave risco desta medida para sua segurança. O autoproclamado governo “mais progressista da história” deve decretar de forma imediata um embargo total de armas e a ruptura de relações com o estado genocida, sem mais ambiguidades.

Dentro de pouco se celebrará o segundo aniversário do começo deste terrível genocídio que aumenta especialmente com mulheres e crianças; Desde a CGT fazemos um chamado a toda nossa militância e afiliação a participar ativamente em todas as iniciativas de solidariedade com o povo palestino.

Desde nossa organização trabalharemos sempre desde a unidade de ação com todas as organizações de solidariedade com a Palestina, em colaboração com a comunidade hispano – palestina no Estado espanhol e junto ao resto de sindicatos de classe e combativos comprometidos com a causa do povo palestino, para levar adiante todas aquelas mobilizações que se proponham neste sentido.

Alto ao genocídio!
Embargo de armas!
Fim da cumplicidade de governos e empresas!
Boicote e ruptura de relações com Israel!
Apoio à resistência do povo palestino!
Desde o rio até o mar, Palestina Liberdade!

Secretariado Permanente do Comitê Confederal da CGT

cgt.es

Tradução > Sol de Abril

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agência de notícias anarquistas-ana

A utopia é fruta
que amadurece nas mãos
 dos que ousam colher.

Liberto Herrera

[Grécia] Manifestação em Ilion pela morte do trabalhador Nikos Grammatikopoulos

Na terça-feira, 22 de julho, uma passeata foi realizada em Ilion pela morte de Nikos Grammatikopoulos, um funcionário do serviço técnico da Prefeitura de Ilion, que morreu no sábado, 28 de junho, enquanto trabalhava por dias em meio a uma onda de calor, nos preparativos para a “Noite Branca” [festa comercial de “promoções”], que aconteceria no mesmo dia.

A marcha, acompanhada por aproximadamente 60 manifestantes, partiu da praça central de Ilion e seguiu em direção à Prefeitura, onde a fachada foi pichada, resultando na mobilização de esquadrões da polícia de choque. A Guarda Pretoriana, enviada para proteger o quartel-general dos perpetradores da morte do trabalhador de 65 anos, seguiu a marcha até seu término na praça central de Ilion.

Apesar da baixa participação, a marcha seguiu com um pulso forte, slogans trabalhistas e antiestatais foram gritados, muitos compartilhando textos e pichando slogans, passando a mensagem de que nenhum “sacrifício” no altar da lucratividade do capital ficará sem resposta.

Saudamos e enviamos nossos abraços fraternais a todos aqueles que participaram da marcha, desafiando o calor e apesar das várias semanas que se passaram desde a morte de Nikos Grammatikopoulos. Nenhuma morte de trabalhador no local de trabalho deve ser deixada à mercê das estatísticas frias, sem respostas, sem mobilização e luta.

Nada ficará sem resposta – Não deixaremos que nada seja esquecido
A Prefeitura de Ilion e uma associação comercial mancharam as mãos com sangue
A “Noite Branca” assassina trabalhadores para o lucro de poucos

INICIATIVA DOS ANARQUISTAS DE ANARGYROS – KAMATEROS

protaanka.espivblogs.net

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A terra sangra
A cana avança
Ganância que engana!

Silvio Feitosa

[França] A indominiação e o homo sapiens atual

Por Octavio Alberola

A razão de ser do anarquismo sempre foi a luta contra todas as formas de dominação e, por isso, os anarquistas pretenderam e pretendem ser os mais indominantes. A indominiação implica a recusa em suportar ou exercer a dominação.

Na realidade, a negatividade e a positividade anarquistas foram e são a contestação mais radical à Ordem autoritária e, por isso, merecem um “elogio ardente”, mesmo que não tenham conseguido “destruir nossa dócil submissão à execrável autoridade do instituído” (Tomás Ibáñez).

De fato, como negar essa docilidade e o caráter retórico de nossa indominiação? Ou seja, a inconsequência de nosso comportamento.

É por isso que, para verificar se nossas práticas indominantes são ou não consequentes com tal pretensão, me pareceu muito pertinente o neologismo “indominiação”; pois, mais do que o Poder e a Autoridade, é a dominação que nos obriga a enfrentar o dilema de suportá-la ou rejeitá-la. Além disso, são essas práticas que nos permitem saber se há coerência entre discurso e prática ou se nossa indominiação hoje é apenas retórica.

Por meio da investigação antropológica, sabemos que a dominação nem sempre existiu nas sociedades humanas e, consequentemente, tampouco a submissão e a resistência; pois é a existência da dominação que dá origem à submissão e à resistência. Ou seja: à possibilidade de responder ao dilema de suportá-la ou rejeitá-la.

Além disso, essa investigação também nos ensina que, nas chamadas “sociedades igualitárias”, era o apoio mútuo que regulava seu funcionamento e que foi a colaboração que evitou nelas a dominação e a divisão entre dominantes e dominados.

Portanto, é a existência da dominação nas sociedades humanas, mais do que a do Poder e da Autoridade, que provoca essa divisão e a dos dominados em submissos e resistentes — mesmo que sua resistência nem sempre tenha sido consequente.

Como não considerar a dominação e a indominiação as mais pertinentes para analisar “nossa dócil submissão à execrável autoridade do instituído”? E como ignorar nessa análise o papel decisivo dos níveis evolutivos da sociedade e do aparato cognitivo das pessoas em cada estágio evolutivo do homo sapiens e sua sociedade?

Sim, como ignorar isso, sabendo que são esses níveis evolutivos que determinam o que a dominação e a indominiação são e, consequentemente, os comportamentos dos contemporâneos em cada estágio evolutivo?

De fato, a indominiação do homo sapiens atual é aquela que o estágio evolutivo de hoje possibilita e, por isso, não pode ser considerado seu estágio evolutivo final, muito menos definitivo para sempre.

Daí que a negatividade e a positividade do anarquismo atual sejam as que o aparato cognitivo atual do homo sapiens torna possíveis. Ou seja, as correspondentes ao estágio evolutivo atual de nossa espécie. E, por isso, sua operacionalidade é a dos padrões culturais e padrões atuais.

Goste ou não, os homo sapiens atuais somos o que a evolução de nosso aparato cognitivo nos permite ser e, por isso, a negatividade e a positividade dos anarquistas atuais são tão inoperantes, contraditórias e inconsequentes. Não apenas por nossa integração ao funcionamento da sociedade capitalista, mas também por nossa “dócil submissão à execrável autoridade do instituído” e por pretender superar essa inoperância e inconsequência com a retórica de nossas práticas indominantes.

Falando claramente, o anarquismo dos anarquistas hoje é o dos anarquistas tal como eles são e não como pretendem ser: pois, gostemos ou não, também os anarquistas somos o que a evolução do aparato cognitivo nos possibilita ser.

Mais claro ainda: quando analisamos o funcionamento do mundo atual, os anarquistas também tendemos a denunciar a “dócil submissão à execrável autoridade do instituído” dos outros e a ignorar a nossa, mesmo que nossa resistência seja apenas retórica.

Reconhecer essa contradição inconsequente é, portanto, necessário para não nos enganarmos e podermos colocar a questão de nossa negatividade e positividade em termos reais e não fictícios; pois colocá-la nesses termos é a única maneira — como para os problemas — de saber se essa inconsequência e essa contradição são superáveis.

Os anarquistas deveríamos ser lúcidos e ter a honestidade e a coragem de reconhecer o que realmente somos: o desejo, ou no máximo uma tentativa frustrada, de ser verdadeiros anarquistas indominantes. Não apenas porque a necessidade de sobreviver na sociedade capitalista nos obriga, como aos demais, a nos submeter à Ordem dominante, mas também por estarmos conscientes da impossibilidade de nosso aparato cognitivo funcionar de outra forma que não a imposta pelo nível evolutivo atual. Um nível ainda insuficiente para tornar mais operacional nosso desejo de indominiação.

Em resumo, além do que possa ser a radicalidade de nossa retórica opositora nesta sociedade (não há outra), nossa existência nela nos torna cúmplices dela. A única maneira de não sê-lo é a construção de uma sociedade alternativa baseada na igualdade e na ecosolidariedade. Mas, também nesse caso, o desejo de indominiação não deve ficar apenas na retórica.

Saber e reconhecer isso é o que mais pode nos ajudar a decidir ser indominantes consequentes e a encontrar a maneira de construir essa sociedade alternativa à capitalista.

Fonte: https://redeslibertarias.com/2025/05/22/la-indominacion-y-el-homo-sapiens-actual/

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

haja mio,
da gata errando
em seu eterno cio

João César dos Santos

[Espanha] Em recordação e homenagem a Octavio Alberola, companheiro

O abandono da utopia e do conceito ético da revolução conduziu as ideologias revolucionárias a sua esclerose e ruína.” – Octavio Alberola
 
Converter o anarquismo em uma rotina, um hábito, que só se exterioriza certos dias e em uma intimidade sectária na qual se fala muito de revolução, mas na qual não se faz nada para realizá-la seria negá-lo e reduzi-lo a um simples entretenimento.” – Octavio Alberola
 
A notícia do falecimento de Octavio Alberola no passado dia 23 de julho, me agita o pensamento e me obriga a escrever umas palavras em sua memória.
 
Conhecemos Octavio Alberola através das recordações compartilhadas com companheiros do Sindicato. Alguns haviam sido alunos de José Alberola, seu pai, na escola racionalista de Fraga, nos anos trinta do século XX. Não eram recordações reduzidas ao puramente anedótico da família Alberola Suriñach e do menino Octavio que foi, durante sua estadia em Fraga, que também, foram conversações sobre sua ação militante e intelectual e a leitura do livro Octavio Alberola y Ariane Gransac. El anarquismo español y la acción revolucionaria 1961-1974, além de artigos seus aparecidos na imprensa libertária desses anos. Conversações enriquecedoras, que iam mais além de compartilhar ou não sua maneira de entender A Ideia ou de idolatrar a sua pessoa. No que sim se coincidia, era na de valorizar seu compromisso firme e desinteressado e seu profundo humanismo.
 
Fraga foi um dos lugares de infância onde viveu, graças à arriscada vida de sua família. Seu pai, o mestre racionalista e militante anarquista José Alberola e sua mãe Clara Suriñach, mestra, companheira e colaboradora fiel na árdua tarefa de semear a semente do conhecimento por povoados e cidades da Espanha pobre e obreira. Semeadura que a família Alberola Suriñach levaria consigo por terras do México, onde viverão o exílio forçado pela guerra e o fascismo, e que o ativismo libertário de Octavio prolongaria por diferentes latitudes da América e Europa e sua luta antifranquista na Espanha.
 
Com o final de Octavio Alberola, no Movimento Libertário perdemos não só um companheiro dos mais lúcidos do pensamento anarquista atual, distanciado sempre de posições dogmáticas; também de “possibilismos vários”. Vai-se também uma parte de nossa história, das mais interessantes e frutíferas. Companheiro que permaneceu ativo e atento, pronto a compartilhar, desinteressadamente, dando exemplo de vida e compromisso. Ficamos com o legado escrito e ativismo militante que sem dúvida nos ajudará a enriquecer nosso pensamento e a ação vindoura.
 
Animo desde aqui à leitura de um de seus últimos livros, Revolución o Colapso, Entre el Azar y la Necesidad. E a excelente biografia de Agustín Comotto, El Peso de las Estrellas.
 
Sirva esta carta aberta para mandar abraços fraternos a toda sua família e companheiros mais próximos, desde as mesmas terras que banha o Cinca e que um dia compartilhou Octavio Alberola.
 
Saúde e anarquia
 
J. Carlos Chiné. Pedreiro e anarcossindicalista no meio rural
Fraga, 27 de julho de 2025
baixcincallibertari@gmail.com
 
Tradução > Sol de Abril
 
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agência de notícias anarquistas-ana
 
O olhar do tsuru —
no lago, um só reflexo:
o inverno inteiro
 
Pedalante

Hebert Nieto, Memória Anarquista Combativa!

Dando um sopro nas brasas acessas da nossa memória anarquista combativa iluminamos com as labaredas desse fogo a vida, a luta e a morte do companheiro anarquista Hebert Nieto. Que foi assassinado por um esquadrão da morte das forças repressivas do estado do Uruguai, em 24 de julho de 1971.

54 anos se passaram e durante estas décadas a memória da vida, da luta e da morte de Hebert Nieto segue reverberando e impulsionando agitações anarquistas. Este ano em Montevideo diferentes individualidades anarquistas realizaram uma jornada de atividades, o Mês de Memória Combativa Hebert Nieto, que se iniciou com uma troca de ideia no dia 10 de julho, seguiu com uma belíssima pintura mural na Praça Seregni junto a descentralizadas pixações e culminou no dia 24 com a Marcha à 54 anos do assassinato de Hebert Nieto pelas mãos do estado. Impulsionando com esta jornada agitação anarquista através da memória combativa, do debate e da intervenção nas ruas com propaganda e protesto.

Todo companheiro que tomba lutando deixa uma cicatriz na movimentação anarquista, que é ideia e prática de confrontação a dominação, ao poder e a autoridade, as cicatrizes, os companheiros mortos lutando, são parte marcante de nossa história e atualidade. Hebert Nieto, Polinice Matei, Durruti, Louis Ling, Sacco e Vanzeti, Punk Mauri, Urubu, Angry, Alexis Grigolopoulos, Carlo Giuliani, Santiago Maldonado e muitos outros companheiros verteram sua vida e sangue confrontando o luxo, a miséria, a exploração, inspirados nas ideias e práticas anarquistas, ainda mortos inspiram lutas do presente, não descansam em paz, seguem vivos no calor das lutas. 

As décadas de 1960, 70 e 80 na América do Sul foram marcadas pelo terrorismo de estado com a imposição de ditaduras cívico militares implementadas em conchavos entre as elites, as forças armadas e os EUA. Isto no Brasil, no Uruguai, na Argentina, no Chile, no Paraguai, na Bolívia, formando uma unidade na ação repressiva contra dissidentes, o macabro Plano Condor. As ditaduras e os processos de sua implementação com esquadrões da morte paraestatais, tortura, desaparecimentos, censuras, brutas violações, é uma história comum a todos na América do Sul e é neste contexto que é assassinado Hebert Nieto.

No Uruguai nas décadas de 1960-70 até o golpe militar de 1973 foi de acirrado conflito social onde os trabalhadores através de seus sindicatos e os estudantes mobilizados, enfrentaram as imposições dos governos e dos empresários com luta e solidariedade em uma projeção revolucionária. As ideias e práticas anarquistas, com fortes raízes na região, evidenciava seu eco tanto no meio estudantil como entre trabalhadores, imprimindo com suas práticas um caráter assembleário e combativo nos movimentos reivindicativos. E é aí desde as lutas da movimentação estudantil que Hebert Nieto se aproxima das ideias e práticas anarquistas as abraçando com compromisso e entusiasmo.

Se soma a Resistencia Obrera Estudantil (ROE) e a Federação Anarquista Uruguaia (FAI). Além das lutas estudantis, como o amplo rechaço ao US-AID, os estudantes realizavam distintas ações em solidariedade com os trabalhadores em conflito com os patrões fomentando lutas, laços e força social autônoma. 

O estado do Uruguai estava sob o governo de Pacheco, uma democracia influenciada pela “Doutrina de Segurança Nacional” com crescentes presos políticos e torturas, início de um processo que consolidou a ditadura nos anos seguintes. 

Como aluno do Instituto de Enseñanza de la Construccion Hebert Nieto conjuntamente com seus colegas lograram através da mobilização a ampliação das estruturas do instituto e se não fosse pouco assumem e gestionam a obra, trabalhando juntos de forma coletiva em sua construção, eram afinal estudantes da escola de construção, inspirados na autogestão, praticando o pensar e o fazer.


Na tarde de inverno de 24 de julho de 1971 uma turma de estudantes trabalhava na reforma do instituto no terraço do prédio. Hebert Nieto estava aí. Ao mesmo tempo em frente ao instituto, na Rua Arenal Grande zona cêntrica de Montevideo, estudantes secundaristas realizavam um pedágio entre os automóveis juntando recursos para apoiar os trabalhadores em greve da empresa Cicssa.

Uma pessoa em automóvel arremete sobre os secundaristas que de pronto apedrejam o carro. Policiais à paisana aparecem disparando contra os secundaristas, que se refugiam dentro do prédio do instituto. Defendendo os secundaristas, em resposta, desde o terraço os estudantes envolvidos na obra lançam escombros nos policiais que recuam e se abrigam. Logo chega novos reforços policiais que largam disparando com armas de fogo contra os estudantes atrincheirados no instituto que respondem com uma chuva de pedras. O diretor do instituto sai e dialoga com a polícia, que acorda em cessar as hostilidades e que a obra dos estudantes no terraço siga. A polícia recua e aparentemente tudo se acalma, porém as forças repressivas tiveram outra ideia. Os serviços de inteligência chefiados por Victor Castiglioni acompanhado de policiais em civil e uniformizados acudem ao local em grande contingente.

Victor Castiglioni e seus agentes do departamento de informações e inteligência haviam sido adestrados pelo agente da CIA Dan Mitrione, instrutor policial de contra insurgência especializado em interrogatórios e tortura, quem adestrou as forças repressivas no Brasil e no Uruguai nos anos 60 a serviço dos EUA elevando o uso da tortura contra presos entre as policias do Brasil e do Uruguai. No Brasil Dan Mitrione esteve instruindo as policias em técnicas de tortura em Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Porto Alegre durante os anos de 1960 à 1967.

Em 1969 diante da crescente agitação social é enviado pelo EUA ao Uruguai onde adestra policiais como Castiglioni e outros psicopatas. No ano seguinte Dan Mitrione é sequestrado e executado pelo grupo guerrilheiro Tupamaro, fato que virou um filme de Costas Garvas, Estado de Sítio. As prisões, torturas, ataques de grupos fascistas cresceram, os esquadrões da morte paraestatais entraram em cena.

Na tarde de 24 de julho de 1971 Hebert Nieto foi alvo do esquadrão da morte. Hebert Nieto já havia sido detido três vezes e era reconhecido pelo departamento de inteligência, que seguia seus passos. Chegando ao prédio do instituto de construção Victor Castiglioni esparrama seus reforços policiais na área, são vistos quatro policiais em traje civil com rifles telescópicos que se posicionam no entorno, um deles no prédio de um banco em frente ao instituto.

Enquanto a obra no terraço seguia a tocaia é armada. O acordo policial é rompido com rajadas de metralhadora e tiros com armas curtas contra o prédio do instituto, gases lacrimogênios também são lançados. O franco atirador policial armado com um rifle telescópico desde o prédio do banco elege em meio ao grupo de estudantes Hebert Nieto, mira e dispara, atravessando com o projétil os pulmões e o coração do jovem anarquista de 16 anos que foi atingido de perfil caindo morto no ato. Uma execução covarde e planificada. Ocorrida durante a chamada “paz eleitoral” do governo Pacheco.

A polícia prontamente recusa qualquer responsabilidade afirmando que o tiro que matou Hebert Nieto partiu dos próprios estudantes. Um médico legista desenha a situação: tiro de rifle calibre 22 a uma distância de 30 metros. Exatamente a posição do franco atirador posicionado no prédio do banco próximo ao instituto de construção. Após o laudo a casa do médico legista é alvo de ataques a bomba.

A execução de Hebert Nieto não freou as múltiplas lutas sociais daqueles dias, mas bem as acirraram. Seu funeral foi um ato político de dor, raiva e revolta que reuniu cerca de 200 mil pessoas até o cemitério norte, com o caixão envolto pela bandeira vermelho e negra. Seus companheiros anarquistas lhe conheciam por “Negro Manoel” e “El Monje” foi diante de seu assassinato que conheceram seu verdadeiro nome, Hebert Nieto, oculto pelas práticas de segurança.

Se esparramaram pixações e murais de denúncia e revolta pela cidade, assim como panfletos que convocaram para uma paralização, que foi respondido pelos sindicatos combativos. Durante vários dias ocorreram manifestações ferozes incendiando carros de luxo, apedrejando guaritas policiais e sedes políticas ligadas ao governo, as barricadas expressaram a dor e a revolta nas ruas. Também em cidades do interior manifestações contra o assassinato de Hebert Nieto se fizeram sentir.

Os responsáveis pela execução de Hebert Nieto jamais foram oficialmente apontados. Victor Castiglioni quem comandou a operação, assim como reconhecidos torturadores e assassinos no Brasil, foi homenageado com o passar dos anos por parlamentar uruguaio não sem o vibrante rechaço daqueles que mantem acessa a memória.

Hebert Nieto em sua curta e intensa existência deixou com sua vida, sua luta e sua morte sementes de rebeldia que não se apagam e que a cada inverno rebrota com gestos e ações anarquistas.

Porto Alegre (RS)
26 julho 2025

Invasão Sonora Pela Terra Contra o Capital
invasaosonora.noblogs.org

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agência de notícias anarquistas-ana

Avó na rede
ouve o sabiá cantar –
a neta cochicha histórias

Pedalante

[Itália] Assassinatos em nome do lucro! O massacre nos locais de trabalho

Três de nossos irmãos trabalhadores da construção civil foram ASSASSINADOS hoje (28/07), em Nápoles, pelos patrões — sujos assassinos que, por lucro e dinheiro, não garantem a devida SEGURANÇA a quem gera riqueza. Eles só pensam em aumentar sua conta bancária; e, para isso, AUMENTAM O RITMO DE TRABALHO E ELIMINAM A SEGURANÇA.
 
Os sindicatos oficiais, todos os políticos e o governo são os responsáveis, os criminosos! O massacre que ocorre nos locais de trabalho é responsabilidade deles! É preciso convocar imediatamente uma GREVE GERAL NACIONAL POR TEMPO INDETERMINADO DE TODO O MUNDO DO TRABALHO, até que haja SEGURANÇA TOTAL nos locais de trabalho e a REDUÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO EM 4 HORAS para todos os setores.
 
TODO O NOSSO APOIO E NOSSO AFETO VÃO PARA OS FAMILIARES DOS NOSSOS IRMÃOS ASSASSINADOS EM NOME DO LUCRO!
 
Grupo Anarquista “Francesco Mastrogiovanni” de Nápoles – FAI
 
Tradução > Liberto
 
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agência de notícias anarquistas-ana
 
Choveu de manhã:
as lagartas abrem trilhas
na folha de urtiga
 
Luiz Bacellar

[EUA] Circle Aleph convoca para envio de artigos | Reacender a tradição literária anarquista judaica

Ensaios, discussões, resenhas de livros, histórias, poesias, lashon hara, arte, comentários sobre o Talmud, história de comentários da parashá, pesquisas, relatórios ou qualquer outra coisa que esteja relacionada tangencialmente ao judaísmo e à política radical. Esta primeira edição de uma revista periódica tem como objetivo reacender a tradição literária anarquista judaica, fomentar debates e discussões e disseminar informações contrárias em todas as fronteiras. Os envios devem ser feitos até 1º de agosto (aproximadamente) para lançamento inicial em Rosh Hashanah.
 
Tema ou foco opcional: o que significa anarquismo judaico e qual é sua utilidade? Entre em contato para fazer perguntas ou para enviar seu trabalho para circlealeph@proton.me
 
Tradução > transanark/acervo trans-anarquista
 
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agência de notícias anarquistas-ana
 
Folha no rio
vai para o mar sem volta –
chorão se renova.
 
Anibal Beça

[Espanha] Juan El Largo

Uma geração de luta antifranquista vai desaparecendo nestes tempos sombrios, em que a ameaça fascista retorna com força renovada. Octavio Alberola faleceu em julho de 2025. Resumir sua trajetória política e vital não é o objetivo aqui, embora sejam inevitáveis algumas pinceladas essenciais.
 
Participou do congresso da CNT em Limoges (França) em 1961, após a morte de Quico Sabaté em 1960, que levou à reunificação da organização, dividida no exílio. Coordenou seu organismo secreto, cujo objetivo final era assassinar Franco: a Defensa Interior (DI), conhecida como “El Submarino”. A partir de 1963, quando os militantes Francisco Granados e Joaquín Delgado foram executados por Franco por um atentado que não cometeram, dedicou-se a revisar suas sentenças de morte.
 
Membro do grupo Primero de Mayo, organizou o sequestro de um banqueiro em 1974, ligado aos GARI, sempre na luta antifranquista. Exilado, preso, perseguido – uma vida anarquista e de ação foi a de Octavio. Heterodoxo, opunha-se à paralisia interna causada pela burocracia e pelo apego a posições apolíticas imobilistas no exílio. Enfrentou o setor ortodoxo representado por Federica Montseny e Germinal Esgleas, que paralisavam a organização no exílio francês.
 
Manteve laços com militantes históricos como Juan García Oliver e Cipriano Mera, e com os mais jovens da época: Luís Andrés EdoFloreal CuadradoSilvio MateucciSalvador GurrucharriStuart Christie… Até o fim, liderou a revisão das condenações de Granados e Delgado, executados no garrote vil.
 
Conheci-o em 2006, em Madrid, por intermédio de Salvador Gurrucharri, enquanto pesquisava sobre o falsificador anarquista Laureano Cerrada para meu livro Café Combat. Octavio recebeu-me cordialmente e, embora não se comprometesse com as perguntas mais delicadas que lhe fiz, foi sempre extremamente correto e respeitoso, inclusive com protagonistas com os quais tinha divergências ou sobre os quais duvidava seriamente. Vinte anos depois, posso afirmar que as poucas pistas que me deu eram corretas e foram de grande ajuda. Além disso, conectou-me com alguns daqueles jovens cuja atividade clandestina com Cerrada me era inacessível. Octavio abriu-me a porta.
 
Seu livro, escrito com sua companheira Ariane Gransac, El anarquismo español y la acción revolucionaria (1961-1974) (Editora Ruedo Ibérico, 1975), é um texto fundamental para o estudo do movimento libertário espanhol no exílio francês.
 
Obrigado, Octavio. Que a terra te seja leve.
Por Miguel Sarró, Mutis.

Imagem de Juan Venganza
 
Fonte:https://www.todoporhacer.org/juan-el-largo/ 
 
Tradução > Liberto
 
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agência de notícias anarquistas-ana
 
rio formiga –
carrega versos que a
ventania trouxe
 
Pedalante

[Itália] A marcha No Tav invade os canteiros (VÍDEO)

Queríamos uma grande manifestação No Tav [Não ao Trem de Alta Velocidade], e, como sempre, a realidade superou todas as expectativas!

Mais de 10 mil pessoas participaram da marcha (26/07) que começou no início da tarde em Venaus, rumo aos canteiros da devastação: símbolos concretos do ultraje ao território e à história do Vale de Susa.

Uma longa e colorida serpente, formada por pessoas de todas as idades, dividiu-se em três grupos, alcançando os canteiros (ativos ou futuros) do Tav em Giaglione, no distrito de Traduerivi (Susa) e em San Didero. Lugares tomados pelo concreto, cercados e blindados como fortalezas militares. Não é por acaso que, há anos, sejam protegidos dessa forma: servem para defender interesses alheios àqueles que vivem, atravessam e defendem esses territórios.

As ações realizadas hoje pelo Movimento No Tav em todo o vale demonstram, mais uma vez, que existe uma oposição irredutível, determinada a não assistir em silêncio à destruição de seu território. É uma defesa generosa e coletiva da montanha, de sua natureza e da saúde de quem ali vive todos os dias. Um ato de amor pela nossa terra, de quem não se rende e continua lutando por um futuro que não está à venda, nem a serviço dos poderosos nem de interesses especulativos.

A ação se tornou concreta: em Traduerivi, conseguiu-se invadir a área do canteiro com todo o cortejo, abrindo uma brecha entre arame farpado e barreiras Jersey, danificando de forma irreversível estruturas e máquinas do canteiro. Em San Didero, também houve sabotagens: inutilizaram-se algumas máquinas de trabalho e viaturas policiais, além da estrutura que seria usada como futuros escritórios da Sitaf.

Em San Didero, a polícia não economizou bombas de gás lacrimogêneo, lançadas na altura do rosto, com o objetivo de ferir os manifestantes.

Em Clarea, a ação chegou ao perímetro do sítio de Chiomonte, percorrendo trilhas. Aqui também foi aberta uma passagem, permitindo que os No Tav invadissem a área e a ocupassem por mais de uma hora, período em que algumas estruturas foram novamente sabotadas.

Na volta, os diferentes grupos se reuniram, celebrando o que foi um dia intenso e marcante de luta No Tav. Longe de estar pacificado, o Vale de Susa continua sendo um território a defender e libertar!

Avante, No Tav!

>> Assista o vídeo aquihttps://vimeo.com/1104781411?fl=pl&fe=ti  

Fonte: https://www.notav.info/post/la-marcia-no-tav-invade-i-cantieri-video/

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

Pinhão cozido
Sabor quente na noite fria
Inverno acolhe

Pedalante

[Uruguai] Fotos e proclama da marcha a 54 anos do assassinato de Hebert Nieto [mês de memória combativa]

Aqui, faz 54 anos, Hebert Nieto era assassinado pelo Estado, Estado que em cumplicidade com os ricos e poderosos arrebataram a vida de um lutador social, um companheiro. Ele, em um gesto de solidariedade, vinha para colaborar com os estudantes da Escola de Construção IEC, que construíam salões para um sistema educativo que assim como agora está a serviço do mercado.
 
Renegamos o vitimismo, Hebert não era uma vítima, lutava por uma ideia e isso foi o que o levou à morte. Morte que pretendia ser exemplo para o movimento revolucionário e qualquer um que desafiasse o poder ou a ordem estabelecida, mas longe de amedrontar as pessoas, pelo contrário. Os gestos de solidariedade se multiplicaram, essa mesma noite se levanta uma barricada na Plaza Libertad. Nos dias seguintes se replicam as ações em diversos departamentos do interior e de seu sepultamento participaram mais de 100.000 pessoas.
 
Hoje estamos aqui mantendo ativamente a memória do companheiro, entendendo que a revolução não é coisa de ontem, que o anarquismo não é uma ideia melancólica do passado fica demonstrado nas mãos que hoje o põem em prática. Em tempos onde o sistema nos satura de informação, onde o chamado à desmobilização é constante, onde as marchas são uma procissão com garrafa térmica e mate, onde tratam de silenciar nossos companheiros atrás das grades das prisões. Nós seguimos nos negando a vegetar em vida.
 
Entendemos que há que pensar fora da caixa, que hoje mais do que nunca é necessário multiplicar as ações contra as estruturas do Estado-Capital. Joguemos abaixo as grades da sociedade carcerária e de todas as jaulas. Fortaleçamos as ações de solidariedade e apoio mútuo.
 
Herbert Nieto, tua morte será vingada.
Morte ao Estado e viva a anarquia!
 
*Proclama lido na marcha de ontem (24/07), na Escola de Construção IEC.
 
>> Mais fotoshttps://periodicoanarquia.wordpress.com/2025/07/25/fotos-y-proclama-de-la-marcha-a-54-anos-del-asesinato-de-hebert-nieto-mes-de-memoria-combativa/
 
Tradução > Sol de Abril
 
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agência de notícias anarquistas-ana
 
Relâmpago —
Ontem a leste,
Hoje a oeste.
 
Issa

[Espanha] 6 de La Suiza: uma campanha mais ampla por sua Liberdade

Piquetes informativos por Astúrias e uma campanha internacional de assinaturas pela liberdade plena de Las 6 de La Suiza. São as duas iniciativas que anunciaram em coletiva de imprensa esta quarta-feira (23/07) à tarde o conjunto do movimento sindical asturiano, um total de nove organizações.

Em uma coletiva de imprensa ocorrida esta tarde ante uma concentração de dezenas de pessoas, representantes de CC OO, CGT, CNT, Coletivo de Trabalhadores, CSI; Intersindical Asturiana, Sindicato Asturiano, UGT e USO informaram que incrementarão as ações de apoio às seis sindicalistas, cinco mulheres e um homem, que cumprem suas condenações em regime de semi liberdade no Centro de Integração Social do cárcere de Astúrias.

O movimento sindical asturiano considera que o terceiro grau não é solução para este conflito e exigem a liberdade plena das companheiras presas.

Os sindicatos e o grupo de apoio convocaram piquetes informativos, que começarão no próximo 1º de agosto às portas do Parque de Feiras Luis Adaro, de Gijón, onde se celebrará a inauguração da Feira de Mostras, e começarão uma campanha internacional de coleta de assinaturas.

#6DeLaSuiza #HacerSindicalismoNoEsDelito
#NoEstaisSolas #RespondemosUnidas #Conlas6delaSuiza

> Fazer sindicalismo NÃO é delito <

Tradução > Sol de Abril

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agência de notícias anarquistas-ana

A estrela do lago
novamente brilha… brilha…
As chuvas de inverno.

Hokushi Tachibana

[São Bernardo do Campo-SP] Educação e Anarquismo

Dia 02 de agosto, sábado, às 15h00, vamos receber Adri Rosanegra (sindicalizada), Antônio Carlos (professor escola pública) e Rodrigo Rosa (Biblioteca Terra Livre) para uma conversa sobre Educação e Anarquismo.

Cada qual com suas experiências e bagagem teórica vem trazer sua contribuição para pensarmos a educação a partir de uma perspectiva mais revolucionária!

Onde? No Projeto Meninos e Meninas de Rua

Endereço? Rua Jurubatuba, 1610, São Bernardo do Campo (SP)

agência de notícias anarquistas-ana

Suave impressão de asas
abrindo em tempo-semente
e pausa suspiro

Nazareth Bizutti

[Itália] Octavio Alberola morreu: seus 96 anos foram uma luta perene pela anarquia.

Octavio Alberola: A chama anarquista que não se apagou!
 
Octavio Alberola Suriñach
(Alaior, Menorca, 1928 – 24 de julho de 2025)

 
Nascido no seio de uma família profundamente anarquista e racionalista – seu pai foi professor na Escola Moderna de Ferrer Guardia e agente cultural em Aragão –, Octavio viveu os horrores da Guerra Civil e o exílio, viajando pela França e pelo México desde os 10 anos. Foi durante esse exílio que absorveu as ideias anarquistas, forjou seu caráter e decidiu dedicar toda a sua vida à emancipação da humanidade.
 
Engenheiro e físico formado pela UNAM, vinculou-se às Juventudes Libertárias e à CNT; participou do Movimento 26 de Julho em Cuba e definiu sua vida com uma palavra de ordem: “A revolução não serve para satisfazer uma vingança, mas para dar um exemplo“. Sua luta o levou a fundar, como representante da FIJL, o grupo clandestino Defesa Interior (1961-1965), a última tentativa libertária de luta armada contra o regime de Franco, que organizou ações contra o franquismo, incluindo a frustrada tentativa de assassinato de Franco e outros atentados. Em meados dos anos 1960, fundou o Grupo Primeiro de Maio (1966-1974). Foi preso na Bélgica (1968) e na França (1974), passando cerca de um ano e meio atrás das grades por seu compromisso inabalável. Após a morte de Franco, continuou sua militância: colaborou com a CGT na Espanha, com a COJRA na França, com a Rádio Libertaire e com várias iniciativas de resgate da memória, como a revisão dos processos de Franco e o apoio aos libertários em Cuba.
 
Na biografia íntimo-documental “O Peso das Estrelas“, Octavio revela sua capacidade de reflexão ética, sua firme recusa ao autoritarismo e sua contínua disposição para revisar e renovar suas convicções a partir de uma perspectiva humanista.
 
Sua vida é testemunho de um pensamento em ação, de uma rebeldia com consciência, de luta armada. Sua voz, até o fim de seus 96 anos, foi uma voz de dignidade e esperança.
 
Epitáfio:

Aqui jaz Octavio Alberola,
semente de justiça plantada na adversidade,
fogo do pensamento que ilumina o caminho do povo,
fúria contra o opressor, ternura pelo oprimido.
Sua vida foi um canto à liberdade responsável,
um exemplo perene de luta pela humanidade.

.
Que sua memória inspire nossa capacidade de ação,
que sua integridade seja um estandarte em tempos de desespero,
que seu olhar comprometido com o bem comum
nos guie na construção de um mundo mais justo.


Fonte: https://sardegnaanarchica.wordpress.com/2025/07/24/octavio-alberola-e-morto-i-suoi-96-anni-sono-stati-una-lotta-perenne-per-lanarchia/
 
Tradução > Liberto
 
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agência de notícias anarquistas-ana
 
um dia a casa cai
e nasce dos seus escombros
um novo haikai.
 
José Carlos de Souza